Auroras boreais e tempestades geomagnéticas podem se tornar mais comuns e intensas, aponta estudo sobre ciclo solar

Nova fase de alta atividade solar pode intensificar auroras em latitudes médias, aponta estudo. Sabrina Chinellato fotografou uma aurora boreal pouco antes de aterrisar na Noruega
Sabrina Chinellato
Um novo estudo publicado na revista científica "Space Weather" sugere que o Sol pode estar iniciando uma fase de atividade elevada que pode durar várias décadas, aumentando a frequência e a intensidade das auroras boreais — fenômenos luminosos que normalmente ocorrem perto dos polos, mas que têm sido observados em latitudes médias, como em partes dos Estados Unidos e da Europa.
O que diz o estudo e quem são os autores
A pesquisa foi conduzida por Kalvyn Adams, do Departamento de Astrofísica e Ciências Planetárias da Universidade do Colorado, em parceria com cientistas da Dartmouth College, Universidade da Pensilvânia e do Laboratório de Pesquisa de Veículos Espaciais da Força Aérea dos Estados Unidos. O artigo, intitulado “Turnover in Gleissberg Cycle Dependence of Inner Zone Proton Flux”, foi publicado em março.
Metodologia: análise de 40 anos de dados
Os pesquisadores analisaram mais de 40 anos de dados coletados por satélites ambientais da NOAA que orbitam a Terra e cruzam a Anomalia do Atlântico Sul (SAA) — uma região onde o campo magnético terrestre é mais fraco, permitindo a entrada e observação de partículas energéticas vindas do espaço, como prótons de alta energia.
Essa área é estratégica para o estudo porque funciona como uma “janela” natural para monitorar as partículas que compõem a radiação espacial próxima à Terra, especialmente na zona interna dos cinturões de radiação.
Aurora boreal é vista em Sodankyla, na Finlândia
Alexander Kuznetsov/All About Lapland via Reuters
Principais descobertas
O estudo identificou uma mudança significativa na Anomalia do Atlântico Sul (região onde o campo magnético da Terra é mais fraco, facilitando a entrada de partículas energéticas na atmosfera): após décadas de aumento no fluxo de prótons, houve uma queda acentuada a partir de 2022, coincidindo com o início do atual ciclo solar (ciclo 25). Essa redução é explicada pelo aumento da radiação solar, que aquece e expande a atmosfera terrestre, intensificando a perda dessas partículas.
Esse padrão é consistente com a hipótese do Ciclo Centennial de Gleissberg (CGC), uma oscilação secular da atividade solar com duração aproximada de 80 a 100 anos, que modula períodos de maior ou menor atividade do Sol.
O que é o Ciclo Centennial de Gleissberg?
O CGC é um ciclo solar de longo prazo identificado por variações recorrentes no número e intensidade das manchas solares ao longo de séculos. Segundo os autores, o Sol teria recentemente passado por um mínimo prolongado e estaria agora entrando em uma fase de ascensão, o que pode resultar em ciclos solares mais intensos nas próximas décadas.
Impactos na ocorrência das auroras boreais
O aumento da atividade solar está diretamente ligado a um maior número e intensidade de tempestades geomagnéticas — eventos que interagem com o campo magnético da Terra e são a principal causa das auroras boreais. Conforme destacado no estudo: “Maior atividade solar geralmente significa mais, e mais intensas, tempestades geomagnéticas — uma causa essencial para espetaculares exibições de auroras.”
Em maio de 2024, por exemplo, uma tempestade solar extrema permitiu a observação das auroras em latitudes médias, como o centro dos Estados Unidos e partes da Europa, evento considerado o mais intenso desde 2003.
Rara aurora boreal ilumina o céu noturno de Altay, em região autônoma da China
Controvérsias e opiniões de especialistas
Apesar do otimismo dos autores, a comunidade científica ainda debate a interpretação dos dados. O físico solar Scott McIntosh, ouvido pela revista Forbes, recomenda cautela e afirma que é “cedo demais” para afirmar que o CGC entrou em uma nova fase de alta atividade, ressaltando a necessidade de mais estudos e dados para confirmar essa tendência.
Implicações para satélites e missões espaciais
A diminuição do fluxo de prótons na zona interna dos cinturões de radiação pode reduzir a exposição de satélites a essas partículas altamente energéticas, especialmente ao cruzarem a Anomalia do Atlântico Sul, o que pode diminuir certos riscos para a operação dessas tecnologias.
Por outro lado, o aumento da atividade solar implica maior frequência de tempestades solares extremas, como a registrada em maio de 2024, que podem afetar satélites, redes elétricas e comunicações.
Por que isso importa para o público e para a ciência
As mudanças na atividade solar influenciam não apenas a beleza das auroras, mas também têm impacto direto em tecnologias espaciais, comunicações e redes elétricas na Terra. Compreender os ciclos solares e suas variações de longo prazo é fundamental para o planejamento de missões espaciais, proteção de infraestruturas e previsão de eventos climáticos espaciais.
Além disso, a possibilidade de auroras mais intensas e visíveis em regiões mais ao sul pode despertar maior interesse público e científico sobre o fenômeno.
Auroras boreais são registradas do espaço
Sabrina Chinellato
Um novo estudo publicado na revista científica "Space Weather" sugere que o Sol pode estar iniciando uma fase de atividade elevada que pode durar várias décadas, aumentando a frequência e a intensidade das auroras boreais — fenômenos luminosos que normalmente ocorrem perto dos polos, mas que têm sido observados em latitudes médias, como em partes dos Estados Unidos e da Europa.
O que diz o estudo e quem são os autores
A pesquisa foi conduzida por Kalvyn Adams, do Departamento de Astrofísica e Ciências Planetárias da Universidade do Colorado, em parceria com cientistas da Dartmouth College, Universidade da Pensilvânia e do Laboratório de Pesquisa de Veículos Espaciais da Força Aérea dos Estados Unidos. O artigo, intitulado “Turnover in Gleissberg Cycle Dependence of Inner Zone Proton Flux”, foi publicado em março.
Metodologia: análise de 40 anos de dados
Os pesquisadores analisaram mais de 40 anos de dados coletados por satélites ambientais da NOAA que orbitam a Terra e cruzam a Anomalia do Atlântico Sul (SAA) — uma região onde o campo magnético terrestre é mais fraco, permitindo a entrada e observação de partículas energéticas vindas do espaço, como prótons de alta energia.
Essa área é estratégica para o estudo porque funciona como uma “janela” natural para monitorar as partículas que compõem a radiação espacial próxima à Terra, especialmente na zona interna dos cinturões de radiação.
Aurora boreal é vista em Sodankyla, na Finlândia
Alexander Kuznetsov/All About Lapland via Reuters
Principais descobertas
O estudo identificou uma mudança significativa na Anomalia do Atlântico Sul (região onde o campo magnético da Terra é mais fraco, facilitando a entrada de partículas energéticas na atmosfera): após décadas de aumento no fluxo de prótons, houve uma queda acentuada a partir de 2022, coincidindo com o início do atual ciclo solar (ciclo 25). Essa redução é explicada pelo aumento da radiação solar, que aquece e expande a atmosfera terrestre, intensificando a perda dessas partículas.
Esse padrão é consistente com a hipótese do Ciclo Centennial de Gleissberg (CGC), uma oscilação secular da atividade solar com duração aproximada de 80 a 100 anos, que modula períodos de maior ou menor atividade do Sol.
O que é o Ciclo Centennial de Gleissberg?
O CGC é um ciclo solar de longo prazo identificado por variações recorrentes no número e intensidade das manchas solares ao longo de séculos. Segundo os autores, o Sol teria recentemente passado por um mínimo prolongado e estaria agora entrando em uma fase de ascensão, o que pode resultar em ciclos solares mais intensos nas próximas décadas.
Impactos na ocorrência das auroras boreais
O aumento da atividade solar está diretamente ligado a um maior número e intensidade de tempestades geomagnéticas — eventos que interagem com o campo magnético da Terra e são a principal causa das auroras boreais. Conforme destacado no estudo: “Maior atividade solar geralmente significa mais, e mais intensas, tempestades geomagnéticas — uma causa essencial para espetaculares exibições de auroras.”
Em maio de 2024, por exemplo, uma tempestade solar extrema permitiu a observação das auroras em latitudes médias, como o centro dos Estados Unidos e partes da Europa, evento considerado o mais intenso desde 2003.
Rara aurora boreal ilumina o céu noturno de Altay, em região autônoma da China
Controvérsias e opiniões de especialistas
Apesar do otimismo dos autores, a comunidade científica ainda debate a interpretação dos dados. O físico solar Scott McIntosh, ouvido pela revista Forbes, recomenda cautela e afirma que é “cedo demais” para afirmar que o CGC entrou em uma nova fase de alta atividade, ressaltando a necessidade de mais estudos e dados para confirmar essa tendência.
Implicações para satélites e missões espaciais
A diminuição do fluxo de prótons na zona interna dos cinturões de radiação pode reduzir a exposição de satélites a essas partículas altamente energéticas, especialmente ao cruzarem a Anomalia do Atlântico Sul, o que pode diminuir certos riscos para a operação dessas tecnologias.
Por outro lado, o aumento da atividade solar implica maior frequência de tempestades solares extremas, como a registrada em maio de 2024, que podem afetar satélites, redes elétricas e comunicações.
Por que isso importa para o público e para a ciência
As mudanças na atividade solar influenciam não apenas a beleza das auroras, mas também têm impacto direto em tecnologias espaciais, comunicações e redes elétricas na Terra. Compreender os ciclos solares e suas variações de longo prazo é fundamental para o planejamento de missões espaciais, proteção de infraestruturas e previsão de eventos climáticos espaciais.
Além disso, a possibilidade de auroras mais intensas e visíveis em regiões mais ao sul pode despertar maior interesse público e científico sobre o fenômeno.
Auroras boreais são registradas do espaço
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