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Cadeira inspirada em saberes indígenas torna partos mais rápidos e seguros em RO

Cadeira inspirada em saberes indígenas torna partos mais rápidos e seguros em RO
Psicóloga cria cadeira que revoluciona o parto natural
Um equipamento simples, sem motores ou tecnologia embarcada, está mudando a forma como mulheres vivenciam o parto na rede pública de saúde de Porto Velho. Criada pela psicóloga Sônia Marini, a cadeira "Elisa" permite que gestantes adotem posições mais naturais e confortáveis durante o trabalho de parto, favorecendo a gravidade e respeitando os ritmos do corpo.
A inspiração para a criação da cadeira veio de uma combinação de vivências pessoais e referências culturais indígenas. Sônia via nos corredores da maternidade de Porto Velho a dificuldade de algumas mulheres em trabalho de parto e relembrava também o sofrimento envolvendo os partos da própria mãe.
“Percebi que faltava alguma coisa, daí eu lembrei da minha história, que a minha mãe teve os filhos de cócoras, mas também dos povos originários daqui, daí eu fui pesquisando os povos originários. Ela surge dessa necessidade. Eu queria deixar a mulher mais confortável", explica a psicóloga.
A cadeira é construída com base de ferro e alças de tecido impermeável, pensada para oferecer segurança e liberdade de movimento. Sem motores ou botões eletrônicos, ela permite que a mulher fique com os pés firmes no chão, podendo se levantar ou mudar de posição conforme a necessidade. O equipamento recebeu esse nome em homenagem ao primeiro bebê que nasceu através dele.
Mas como ela funciona? Ao permitir que a gestante adote posições verticalizadas, como a de cócoras, a cadeira ajuda a ampliar o canal pélvico e facilita a descida do bebê. Essa postura reduz a pressão sobre a região lombar, melhora a oxigenação e acelera a dilatação do colo do útero. Além disso, a liberdade de movimento ajuda a aliviar a dor e diminui a necessidade de intervenções médicas.
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Cadeira Elisa
Rede Amazônica
"Com a Elisa, o tempo [de parto] abreviou a ponto de, por exemplo, algumas pacientes, de segundo filho, estando com três ou quatro centímetros, irem à 'expulsão' em uma hora ou 40 minutos, sem lacerações importantes, sem aparecimento de edemas importantes e sem uso de qualquer medicamento para ajudar", exemplifica a médica obstetra e ginecologista, Márcia Rocha.
A cadeira Elisa também é utilizada em sessões de fisioterapia pélvica durante o pré-natal, auxiliando gestantes na preparação corporal para o parto. Seu formato permite trabalhar posturas, respiração e consciência muscular, fundamentais para fortalecer a região pélvica e reduzir tensões que podem dificultar a passagem do bebê.
"O colo do útero, ele dilata em até 10 centímetros, mas quando o bebezinho passa pelo colo do útero, ele ainda passa por toda a estrutura muscular. Se essa estrutura tiver vulnerável, tiver enfraquecida e tensionada, esse bebezinho ele vai passar lacerando ali a musculatura. A gente precisa trabalhar toda essa parte muscular e estrutural. Na vivência com a cadeira Elisa, a gente vê assim já um cenário totalmente diferente de trabalho de parto. Esse trabalho de parto, ele tem sido muito mais confortável", comenta a fisioterapeuta Rebeca Meira.
Adesão da rede municipal
A cadeira "Elisa" passou a ser usada na Maternidade Municipal Mãe Esperança de Porto Velho este ano, como parte da política de humanização do parto. A estrutura foi aprovada pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Rondônia (Crea), garantindo segurança para uso na rede pública.
Segundo a direção da unidade, de janeiro a abril deste ano foram realizados mais de 400 partos normais, número 62% maior que o de cesarianas no mesmo período.
O equipamento também é utilizado na rede particular de saúde. Em uma das unidades, estima-se que cerca de 80 crianças tenham nascido com auxílio dele, nos primeiros seis meses de 2025.
Cadeira Elisa
Rede Amazônica

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