‘A arte tirou a dor daquele lugar’: mãe de jovem que morreu ao ser arrastada por enxurrada fala sobre homenagem em grafite

Sara Gabrielli, de 18 anos, morreu após ser levada por uma enxurrada em Campinas (SP), em outubro de 2024. Família da jovem e artista eternizaram sorriso da jovem em um mural no local do acidente. Grafite em mural homenageia menina morta em enchente em Campinas
Após perder a filha em uma enxurrada, Eliane Fátima de Souza, mãe de Sara Gabrielli, decidiu transformar o lugar onde perdeu a filha em um espaço de homenagem. A jovem de 18 anos, foi vista sendo levada pela enxurrada em outubro do ano passado. O rosto da jovem foi desenhado em grafite no muro da Avenida Sylvio Moro em Campinas (SP), local em que desapareceu.
O mural foi idealizado pela mãe, com apoio da irmã de Sara e de um artista que se comoveu com a história e decidiu fazer o trabalho de forma voluntária. Nesta terça-feira (17), A jovem completaria 19 anos de idade.
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“A ideia era que aquele lugar, onde me causou tanta dor, tivesse outra visão”, diz Eliane.
Segundo a mãe, a ideia principal da arte era ressignificar um espaço marcado por sofrimento.
“De alguma maneira, eu queria eternizar a Sara. Porque falar da Sara é a coisa mais fácil para mim como mãe”, afirma.
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No início, Eliane relata que teve dificuldades para encontrar alguém que topasse realizar o trabalho artístico em um preço acessível para a família. Foi então que a irmã de Sara, Andreina Gabriela Souza, encontrou o perfil do grafiteiro de Sumaré (SP), Weslen, conhecido como Gelinho, nas redes sociais.
“Expliquei a situação, falei que eu era irmã da Sara. Ele falou que soube do caso e que faria de bom coração, que não cobraria nada”, conta Andreina.
Weslen se comoveu com a história e aceitou o pedido, sem cobrar pelo serviço. “Falei: 'não vou cobrar nada, só me ajuda com o material. Vamos fazer essa homenagem.' Era uma forma de tentar aliviar a dor dessa mãe”, disse o artista.
Durante a criação, Weslen buscou representar a essência de Sara com cores vibrantes e um sorriso marcante. “Eu deixei o sorriso dela bem grande no mural 'pra' trazer essa ênfase mesmo, de conforto”, explicou.
Homenagem a jovem que morreu ao ser levada por enxurrada em Campinas
Arquivo pessoal
Presente de dia das mães
A homenagem finalizada foi revelada para Eliane no retorno de uma viagem no Dia das Mães — data que hoje ela considera dolorosa e não consegue mais passar em casa. "Não quis passar o dia das mães na minha casa, porque seria bem difícil mesmo", conta.
“Foi o melhor presente do Dia das Mães que eu podia ter 'ganho'... Aquela arte tirou toda a minha dor daquele lugar. Eu chego lá, eu tenho outra visão.”, contou a mãe, emocionada.
Andreina recebeu as primeiras imagens do mural ainda em andamento, mas decidiu esperar para conferir o resultado pessoalmente. Foi ao lado da mãe que ela viu o grafite pronto pela primeira vez.
“Quando chegamos no lugar, vimos aquele sorriso. Era o sorriso que a gente via todos os dias quando ela chegava em casa. Agora tá ali, naquele paredão, 'pra' todo mundo ver o 'quanto' especial ela era”, relembra Andreina.
Antes da homenagem, Eliane evitava o local. Chegou a dizer que passava por ali com 'raiva'. “Minha filha não foi a única. Outras pessoas caíram e morreram. A arte também foi um sinal de alerta. A menina caiu aqui. Então, aqui é enchente. Aqui dá ruim”, afirma.
Mulher é arrastada pela enxurrada durante temporal em Campinas
Forma de protesto
Além de consolar, a pintura também é uma forma de protesto contra o descaso que a mãe afirma ter enfrentado após a morte da filha.
“Nem inquérito abriram. Não tive apoio de ninguém. Só foi mais uma que caiu lá. Nunca vai ter um ponto final 'pra' mim, como mãe. Mas aquilo mudou tudo”, desabafa Eliane.
A dor da perda continua presente na vida da família, mas agora, ao passar pelo local, há também o consolo da lembrança viva. “Nossa Sara era o nosso coração fora do peito”, afirma Andreina.
Homenagem a jovem que morreu ao ser levada por enxurrada em Campinas
Arquivo pessoal
O que diz a SSP?
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública informou que a morte da jovem foi apontada como indeterminada e que diligências ainda estão sendo feitas para esclarecer o ocorrido.
"O caso mencionado é investigado no 11º DP de Campinas. A autoridade policial recebeu o laudo pericial, o qual apontou a causa da morte como indeterminada. Diligências seguem em andamento visando o esclarecimento dos fatos", diz a nota.
O g1 também questionou a prefeitura de Campinas, mas não obteve retorno.
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Após perder a filha em uma enxurrada, Eliane Fátima de Souza, mãe de Sara Gabrielli, decidiu transformar o lugar onde perdeu a filha em um espaço de homenagem. A jovem de 18 anos, foi vista sendo levada pela enxurrada em outubro do ano passado. O rosto da jovem foi desenhado em grafite no muro da Avenida Sylvio Moro em Campinas (SP), local em que desapareceu.
O mural foi idealizado pela mãe, com apoio da irmã de Sara e de um artista que se comoveu com a história e decidiu fazer o trabalho de forma voluntária. Nesta terça-feira (17), A jovem completaria 19 anos de idade.
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“A ideia era que aquele lugar, onde me causou tanta dor, tivesse outra visão”, diz Eliane.
Segundo a mãe, a ideia principal da arte era ressignificar um espaço marcado por sofrimento.
“De alguma maneira, eu queria eternizar a Sara. Porque falar da Sara é a coisa mais fácil para mim como mãe”, afirma.
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'Por pouco a gente não conseguiu', diz fotógrafo que tentou ajudar jovem levada por enxurrada em Campinas
No início, Eliane relata que teve dificuldades para encontrar alguém que topasse realizar o trabalho artístico em um preço acessível para a família. Foi então que a irmã de Sara, Andreina Gabriela Souza, encontrou o perfil do grafiteiro de Sumaré (SP), Weslen, conhecido como Gelinho, nas redes sociais.
“Expliquei a situação, falei que eu era irmã da Sara. Ele falou que soube do caso e que faria de bom coração, que não cobraria nada”, conta Andreina.
Weslen se comoveu com a história e aceitou o pedido, sem cobrar pelo serviço. “Falei: 'não vou cobrar nada, só me ajuda com o material. Vamos fazer essa homenagem.' Era uma forma de tentar aliviar a dor dessa mãe”, disse o artista.
Durante a criação, Weslen buscou representar a essência de Sara com cores vibrantes e um sorriso marcante. “Eu deixei o sorriso dela bem grande no mural 'pra' trazer essa ênfase mesmo, de conforto”, explicou.
Homenagem a jovem que morreu ao ser levada por enxurrada em Campinas
Arquivo pessoal
Presente de dia das mães
A homenagem finalizada foi revelada para Eliane no retorno de uma viagem no Dia das Mães — data que hoje ela considera dolorosa e não consegue mais passar em casa. "Não quis passar o dia das mães na minha casa, porque seria bem difícil mesmo", conta.
“Foi o melhor presente do Dia das Mães que eu podia ter 'ganho'... Aquela arte tirou toda a minha dor daquele lugar. Eu chego lá, eu tenho outra visão.”, contou a mãe, emocionada.
Andreina recebeu as primeiras imagens do mural ainda em andamento, mas decidiu esperar para conferir o resultado pessoalmente. Foi ao lado da mãe que ela viu o grafite pronto pela primeira vez.
“Quando chegamos no lugar, vimos aquele sorriso. Era o sorriso que a gente via todos os dias quando ela chegava em casa. Agora tá ali, naquele paredão, 'pra' todo mundo ver o 'quanto' especial ela era”, relembra Andreina.
Antes da homenagem, Eliane evitava o local. Chegou a dizer que passava por ali com 'raiva'. “Minha filha não foi a única. Outras pessoas caíram e morreram. A arte também foi um sinal de alerta. A menina caiu aqui. Então, aqui é enchente. Aqui dá ruim”, afirma.
Mulher é arrastada pela enxurrada durante temporal em Campinas
Forma de protesto
Além de consolar, a pintura também é uma forma de protesto contra o descaso que a mãe afirma ter enfrentado após a morte da filha.
“Nem inquérito abriram. Não tive apoio de ninguém. Só foi mais uma que caiu lá. Nunca vai ter um ponto final 'pra' mim, como mãe. Mas aquilo mudou tudo”, desabafa Eliane.
A dor da perda continua presente na vida da família, mas agora, ao passar pelo local, há também o consolo da lembrança viva. “Nossa Sara era o nosso coração fora do peito”, afirma Andreina.
Homenagem a jovem que morreu ao ser levada por enxurrada em Campinas
Arquivo pessoal
O que diz a SSP?
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública informou que a morte da jovem foi apontada como indeterminada e que diligências ainda estão sendo feitas para esclarecer o ocorrido.
"O caso mencionado é investigado no 11º DP de Campinas. A autoridade policial recebeu o laudo pericial, o qual apontou a causa da morte como indeterminada. Diligências seguem em andamento visando o esclarecimento dos fatos", diz a nota.
O g1 também questionou a prefeitura de Campinas, mas não obteve retorno.
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