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Jovem morto por PMs foi baleado após motorista fugir de blitz por causa de IPVA atrasado: 'A única arma que tinha era aquelas em gel'

Jovem morto por PMs foi baleado após motorista fugir de blitz por causa de IPVA atrasado: 'A única arma que tinha era aquelas em gel'
Perseguição policial em que jovem foi morto começou após motorista furar blitz
O motorista do carro em que um jovem de 29 anos foi baleado e morto em uma perseguição da Polícia Militar (PM), em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, disse que fugiu da blitz porque o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) do veículo estava atrasado. Ele e passageiros do automóvel negam que atiraram contra os policiais, como alegou a corporação (veja vídeo acima).
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O motorista do veículo, um técnico de fibra óptica de 23 anos que não quis se identificar, contou que decidiu não parar na blitz com medo de o carro ser apreendido. Ele também disse que não havia arma de fogo dentro do automóvel.
"Teve esse erro que eu passei, por conta que o IPVA do meu carro estava atrasado. [...] Não tinha arma no veículo. Até porque é tudo trabalhador, pai de família. Eles [os policiais] tentaram forjar essa arma. A única arma que tinha era aquelas armas em gel", afirmou o motorista.
No banco de trás do veículo, estavam o técnico de celular Lucas Ricardo da Silva, de 25 anos, que foi baleado na bunda, e levado ao Hospital da Restauração, no Derby, no Centro do Recife. Ao lado dele, estava o técnico de informática Lucas Brendo da Silva, de 29 anos, que levou um tiro no pescoço e morreu na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) da Imbiribeira, na Zona Sul.
O g1 teve acesso ao Boletim de Ocorrência (BO) registrado no sábado (12). O documento cita crimes como porte ilegal de arma, desobediência, resistência, direção perigosa, dano, depredação e morte por intervenção de agente do estado.
Ainda de acordo com o boletim de ocorrência desse caso:
os policiais realizavam abordagens de trânsito quando deram ordem de parada ao veículo.
o motorista desobedeceu e fugiu em alta velocidade, tentando derrubar as motos dos PMs;
os ocupantes do carro atiraram contra os policiais, que revidaram;
o carro bateu em outro veículo estacionado;
os dois ocupantes da frente do carro saíram e o motorista entrou em luta corporal com os policiais;
depois que todos foram contidos, os PMs perceberam que os dois passageiros do banco de trás estavam feridos;
duas armas foram encontradas no carro.
Vídeo mostra PMs rendendo homens e pânico em ônibus após jovem ser baleado em blitz em Jaboatão
Os jovens que estavam no veículo negam essa versão da Polícia Militar.
“Em nenhum momento eles [policiais] conseguiram ficar à frente da gente ou do lado, [estavam] sempre atrás. [...] Eu me desesperei quando eles começaram a efetuar os disparos e tentei subir no meio-fio. O carro ficou lento, foi onde atingiu o Lucas Brendo. Quando o Lucas Ricardo viu o Lucas Brendo baleado, ele já começou a gritar desesperadamente”, contou o motorista.
Um técnico de fibra óptica de 24 anos que estava no banco da frente do carro e preferiu não se identificar disse que os policiais tentaram incriminá-los.
“A todo momento eles [os policiais] queriam fazer da gente culpado, só que a gente estava tranquilo. Em nenhum momento a gente resistiu à prisão, aceitou tudo. Foi para a UPA tranquilo, chegou no DHPP [Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa] tranquilo, só que eles ainda alegaram que a gente resistiu à prisão”, afirmou o técnico de fibra óptica.
'Não houve disparo', diz advogado
Câmeras de segurança no trajeto entre Setúbal, na Zona Sul do Recife, e a Estrada da Batalha, em Jaboatão dos Guararapes, podem ajudar na investigação, segundo o advogado das famílias, Ernesto Felipe.
“Não tinha arma, não houve disparo, tanto é que os supostos acusados não foram autuados. Não houve perícia residuográfica, não foi encaminhado para o IML [Instituto de Medicina Legal] para fazer corpo de delito, ou seja, não houve nada. [...] Vamos fazer os devidos requerimentos, ver no local do crime se tem câmeras. Vamos tomar as devidas providências e provar a inocência”, afirmou Ernesto.
Procurada pelo g1, a Secretaria de Defesa Social de Pernambuco informou que a Corregedoria da SDS instaurou uma Investigação Preliminar para acompanhar o inquérito. O procedimento segue protocolo estabelecido e atende à recomendação do Ministério Público de Pernambuco de apurar todas as intervenções policiais que resultam em morte.
Pais estão inconformados
Lucas Brendo, de 29 anos, morreu após ser baleado durante uma bliz da Polícia Militar no Grande Recife
Reprodução/Instagram
Nas redes sociais, Lucas Brendo se apresentava como designer, profissional de marketing e especialista em serviços de internet. Horas antes do encontro com a blitz, ele publicou um vídeo, na praia, esperando os amigos para jogar futebol. Os pais do jovem estão inconformados com a morte dele.
“Eu desabei. É uma dor muito forte, porque eu só tenho ele. [...] Meu coração está partido, não estou comendo, só estou vivendo porque Deus está me plantando de pé. [...] Eu sou um pai e eduquei meu filho para ser um cidadão”, disse o mestre de capoeira Cícero Conceição da Silva.
“Ele era um filho maravilhoso pra mim. Ele cuidava de mim, dos irmãos, dos amigos. [Ele me prometeu] uma casa, por que eu moro num apartamento. Ele disse, ‘a senhora não gosta do apartamento, eu vou botar a senhora numa casa’, [...] desde pequeno ele prometia”, contou a mãe, Ana Paula Aparecida.
Lucas Ricardo, que também foi baleado, foi internado no Hospital da Restauração. Segundo o pai dele, Marivaldo Severino Ricardo, o jovem não consegue mexer as pernas.
“Ele está hospitalizado e aguardando fazer uma ressonância da perna direita porque não está sentindo a perna nem o dedo, não está sentindo nada. Para pegar a perna dele e ele sentir alguma coisa, tem que pegar outra pessoa para suspender. [...] O médico vai fazer uma ressonância para ver se vai poder operar ou não”, declarou Marivaldo.
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