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MP de SP assina acordo com órgão antimáfia da Itália para combater organizações criminosas

MP de SP assina acordo com órgão antimáfia da Itália para combater organizações criminosas
Acordo prevê o compartilhamento de dados e informações, intercâmbio de experiências e capacitação de membros e funcionários. Procurador nacional antimáfia e antiterrorismo da Itália, Giovanni Melillo, assina acordo com Ministério Público.
Reprodução/MP-SP
O Ministério Público de São Paulo e a Procuradoria Nacional Antimáfia e Antiterrorismo da Itália assinaram um acordo de cooperação nesta quarta-feira (25) para o combate de organizações criminosas.
A parceria prevê o compartilhamento de dados e informações, intercâmbio de experiências e capacitação de membros e funcionários.
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Durante a cerimônia, o procurador nacional antimáfia e antiterrorismo, Giovanni Melillo, destacou que a Itália e o Brasil enfrentam fenômenos criminais de extrema gravidade.
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Melillo está no Brasil também para tratar de outro acordo, este com a Procuradoria-Geral da República (PGR), que prevê a criação de equipes conjuntas de investigação permanente para o enfrentamento de máfias e redes criminosas transnacionais.
Havia a expectativa de que o pacto com a PGR fosse assinado na terça-feira (24), mas isso não ocorreu. Até o momento, não há previsão oficial para a formalização do documento.
Acordo inédito mira elo entre PCC e máfia italiana
Como o g1 e a GloboNews anteciparam, a iniciativa é inédita. Nunca promotorias firmaram um acordo para compartilhamento de informações permanente e sem prazo para acabar. Antes, havia apenas investigações colaborativas pontuais entre as polícias dos países.
Nesta quarta (25), o procurador nacional antimáfia italiano também participa do seminário internacional “Crime Organizado e Mercados Ilícitos no Brasil e na América Latina: Construindo uma Agenda de Ação”.
O evento reúne no campus da USP, em São Paulo, especialistas, autoridades do sistema de justiça e lideranças políticas para debater estratégias, legislações e cooperação internacional no enfrentamento às redes criminosas.
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Interrogatórios conjuntos
As tratativas para a criação desse acordo começaram no ano passado, quando autoridades italianas convidaram procuradores brasileiros a participar das investigações sobre o tráfico internacional de drogas da facção criminosa PCC para a Europa.
As informações sobre o esquema foram reveladas pelo traficante italiano Vincenzo Pasquino preso no Brasil e extraditado, que fez acordo de delação com a Justiça da Itália e está preso em Roma. Pasquino morou na cidade de São Paulo, onde negociava com a facção criminosa.
Um documento enviado pela Direção Nacional Antimáfia e Antiterrorismo da Itália para a PGR em Brasília e para as procuradorias no Rio de Janeiro e em São Paulo sobre a delação do traficante italiano mostra que é proposto que os procuradores brasileiros realizem interrogatórios conjuntos com o criminoso para que os dois países possam conseguir mais informações sobre o esquema internacional de tráfico.
Segundo o ofício encaminhado ao Brasil, as drogas saíam do país em grande quantidade pelo mar para famílias de mafiosos na Itália.
Necessidade de cooperação constante
Mesa 'O modelo antimáfia italiano' do II Seminário Internacional Segurança Pública, Direitos Humanos e Democracia
Cíntia Acayaba/g1
Uma comitiva de investigadores italianos participou de um seminário sobre segurança pública, direitos humanos e democracia promovido pelo IREE em São Paulo em maio. Tanto os procuradores estrangeiros quanto os brasileiros reforçaram que o combate às máfias e ao tráfico internacional de drogas não pode funcionar sem a cooperação entre autoridades estrangeiras.
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"Na Itália, antigamente, a cooperação se limitava na fase final (da investigação). Hoje, felizmente, temos instrumentos de investigação para que possamos fazer a intervenção ainda durante o processo. Temos resultados nas investigações com a ajuda de brasileiros que são importantíssimos. É muito importante termos essa cooperação”, disse Giovanni Bombardieri, procurador distrital antimáfia de Turim.
"Chegar tarde significa não atacar esse grupo criminoso", completou.
Giovanni Bombardieri, procurador da República da Direção Distrital Antimáfia de Turim
Cíntia Acayaba/g1
Segundo o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, que investiga o crime organizado há mais de 20 anos, as equipes de investigação serão como forças-tarefas que envolvem promotores, procuradores e policiais, mas a diferença é que serão permanentes.
Interessante que tenham equipes permanentes, com investigações aqui e lá. A princípio, o acordo será só com a Itália, mas pode avançar para países com mais integrantes.
"A maior contribuição que a Itália pode dar ao Brasil é demonstração de que, de maneira coordenada e integrada, é possível que nós possamos criar as agências, as equipes de investigação subordinadas a essas agências, para que todos nós possamos combater esse fenômeno, que já foi neglicenciado há mais de três décadas nesse país, como aconteceu na Itália", ressaltou.
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Quem é Pasquino
Pasquino tinha posição de liderança na máfia da Calábria, a Ndrangheta, uma das mais poderosas da Itália.
Nas investigações, ele foi visto como o maior intermediário do tráfico de cocaína da América do Sul para os clãs mafiosos da ‘Ndrangheta. Nessa atuação, além do PCC, ele teria contato também com a facção Comando Vermelho (CV).
No jargão do Judiciário italiano, Pasquino agora se tornou um "pentito", um arrependido. É o equivalente, no Brasil, ao delator que fecha acordo de delação premiada. O mafioso chegou ao Brasil em 2017, quando começou a trabalhar com o envio de drogas para a Itália.
Primeiro ele morou no Paraná, por cuja fronteira com países vizinhos entram grandes carregamentos de cocaína. Depois, mudou-se para São Paulo, ponto de saída das drogas para a Europa.
Em maio de 2021, uma operação conjunta entre Polícia Federal, Interpol e polícia italiana prendeu, em um flat em João Pessoa, Vincenzo e Rocco Morabito, um dos traficantes italianos mais procurados na época.
Vida em São Paulo
A polícia paulista já vinha investigando o criminoso, que usava imóveis no litoral e na capital de São Paulo.
"O Vicenzo morou no bairro do Tatuapé. Ele tinha um apartamento e também se utilizava de um apartamento no bairro do Morumbi e dois apartamentos no Guarujá. Eram bases que eram utilizadas para encontros com outros narcotraficantes, dentre eles traficantes italianos e até mesmo albaneses", disse o delegado Fernando Santiago, do Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc).
Vicenzo andava acompanhado de dois seguranças albaneses. São eles que, segundo a polícia, aparecem em imagens entrando no elevador de um dos prédios em que o criminoso morava.
Brasil como rota
Um estudo feito por uma ONG dedicada ao combate do crime organizado internacional mostra que a facção brasileira desempenha um papel logístico no tráfico internacional ao distribuir a cocaína que é produzida na América do Sul.
Segundo a pesquisa, o envio da droga para a Europa tem a participação da Máfia dos Bálcãs. O estudo aponta que o estado de São Paulo, onde nasceu o PCC, está em uma posição considerada estratégica para o tráfico, especialmente por conta do maior porto da América do Sul.
“Mais da metade da cocaína apreendida no país acontece no porto de Santos. Olhando só pro porto de Santos são várias formas de embarcar a droga para que ela chegue no continente europeu”, diz Isabela Vianna, socióloga e pesquisadora.

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