Conheça lenda sobre rio onde canoas navegam carregando almas, em Goiás

Histórias populares falam de embarcações subindo o rio sem motor e ninguém remando. Leito do Rio das Almas foi palco de disputas, mortes, garimpo e do surgimento de crenças populares, diz historiador. Rio das Almas na década de 1940
Arquivo pessoal/Bento Fleury Curado
Com raízes na mitologia, a cidade de Ceres, na região central do estado, foi batizada com o nome de uma deusa romana e carrega uma lenda sobre canoas que são vistas navegando sozinhas no Rio das Almas. As águas do rio que nasce em Goiás e desagua no Maranhão são cercadas de mística. De acordo com pesquisadores, o leito do rio foi palco de disputas, mortes, garimpo e do surgimento de crenças populares.
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De acordo com o professor, pesquisador e doutor em Geografia, Bento Alves Araújo Jayme Fleury Curado, a lenda das canoas remete de forma específica ao município de Ceres. Ele relata que no estudo feito pela folclorista goiana Regina Lacerda (1919-1992), a lenda pode ter vindo na época que os primeiros habitantes começaram a povoar o lugar.
"O conjunto dessas coisas sobrenaturais, para passar de uma geração para outra, outras histórias que eram contadas naquela região, que é uma cidade muito nova, com gente vinda de todos os lados, foi uma povoação que se deu naquela época da expansão da agricultura", explica Bento.
Rio das Almas, em Goiás
Wesley Costa/O Popular
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O professor explica que o nome da cidade está ligado à mitologia. Ceres é citada como deusa da terra que recebia um sacrifício para purificar a casa após um funeral e também era associada ao submundo e às fronteiras entre os vivos e os mortos. Do memos modo, a canoa muitas vezes é ligada à mitologia como transporte que levava as almas.
"Essa lenda é recorrente na região, dizendo que as canoas sobem esse rio. A lenda específica relata as histórias dessas embarcações que se movem sozinhas, elas se movem sem motor, sem tripulação, subindo o rio", disse Bento sobre o estudo de Regina Lacerda.
Bento cita ainda que vários municípios cresceram com populações ribeirinhas. "Então poderia ser a alma desses antigos garimpeiros e que morreram ali, na busca do ouro, no fundo das águas, o mistério das águas, porque a água é sempre um mistério" disse.
O professor lembra de Caronte, o barqueiro de Hades na mitologia grega que levava as almas para o inferno em sua canoa. "Então a canoa também vem dessa dominação e talvez por uma analogia tenha chegado até os tempos atuais. Na antiguidade clássica, ela tinha essa dominação de levar para o bem e levar para o mal", enfatizou.
Fotografia de garimpeiros no Rio das Almas na década de 1940
Arquivo pessoal/Bento Fleury Curado
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A lenda
Para entender a lenda, Bento Fleury cita novamente o estudo da folclorista Regina Lacerda, em que conta sobre o Rio das Almas que nasce nos Pirineus, em Pirenópolis, e, àdiante, separa o estado de Goiás, prossegue pelo Rio do Pilar e Santana, até desaguar no Rio Maranhão.
"Como Pirenópolis é uma das cidades mais antigas, correm várias lendas relacionadas à questão da mineração dessa região, que foi muito violenta no sentido de disputa pelos minerais entre os indígenas da região e entre os garimpeiros", pontua o professor.
Segundo o professor Bento, a partir daí é possível entender o nome do rio. De acordo com os relatos descritos por Regina Lacerda, o nome "Almas" vem das muitas mortes que aconteceram no leito do rio por causa de brigas, doenças que acometiam os garimpeiros e assassinatos. Tudo isso torna o rio cheio de almas.
"Então essa lenda não pertence apenas ao município de Ceres. Daí lá talvez ela tenha sido mais desenvolvida. Um rio carregado de simbologias da morte. Daí, Rio das Almas", conclui Bento.
Fotografia mostra ponte sobre o Rio das Almas, em Pirenópolis
Arquivo pessoal/Bento Fleury Curado
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Arquivo pessoal/Bento Fleury Curado
Com raízes na mitologia, a cidade de Ceres, na região central do estado, foi batizada com o nome de uma deusa romana e carrega uma lenda sobre canoas que são vistas navegando sozinhas no Rio das Almas. As águas do rio que nasce em Goiás e desagua no Maranhão são cercadas de mística. De acordo com pesquisadores, o leito do rio foi palco de disputas, mortes, garimpo e do surgimento de crenças populares.
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De acordo com o professor, pesquisador e doutor em Geografia, Bento Alves Araújo Jayme Fleury Curado, a lenda das canoas remete de forma específica ao município de Ceres. Ele relata que no estudo feito pela folclorista goiana Regina Lacerda (1919-1992), a lenda pode ter vindo na época que os primeiros habitantes começaram a povoar o lugar.
"O conjunto dessas coisas sobrenaturais, para passar de uma geração para outra, outras histórias que eram contadas naquela região, que é uma cidade muito nova, com gente vinda de todos os lados, foi uma povoação que se deu naquela época da expansão da agricultura", explica Bento.
Rio das Almas, em Goiás
Wesley Costa/O Popular
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O professor explica que o nome da cidade está ligado à mitologia. Ceres é citada como deusa da terra que recebia um sacrifício para purificar a casa após um funeral e também era associada ao submundo e às fronteiras entre os vivos e os mortos. Do memos modo, a canoa muitas vezes é ligada à mitologia como transporte que levava as almas.
"Essa lenda é recorrente na região, dizendo que as canoas sobem esse rio. A lenda específica relata as histórias dessas embarcações que se movem sozinhas, elas se movem sem motor, sem tripulação, subindo o rio", disse Bento sobre o estudo de Regina Lacerda.
Bento cita ainda que vários municípios cresceram com populações ribeirinhas. "Então poderia ser a alma desses antigos garimpeiros e que morreram ali, na busca do ouro, no fundo das águas, o mistério das águas, porque a água é sempre um mistério" disse.
O professor lembra de Caronte, o barqueiro de Hades na mitologia grega que levava as almas para o inferno em sua canoa. "Então a canoa também vem dessa dominação e talvez por uma analogia tenha chegado até os tempos atuais. Na antiguidade clássica, ela tinha essa dominação de levar para o bem e levar para o mal", enfatizou.
Fotografia de garimpeiros no Rio das Almas na década de 1940
Arquivo pessoal/Bento Fleury Curado
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A lenda
Para entender a lenda, Bento Fleury cita novamente o estudo da folclorista Regina Lacerda, em que conta sobre o Rio das Almas que nasce nos Pirineus, em Pirenópolis, e, àdiante, separa o estado de Goiás, prossegue pelo Rio do Pilar e Santana, até desaguar no Rio Maranhão.
"Como Pirenópolis é uma das cidades mais antigas, correm várias lendas relacionadas à questão da mineração dessa região, que foi muito violenta no sentido de disputa pelos minerais entre os indígenas da região e entre os garimpeiros", pontua o professor.
Segundo o professor Bento, a partir daí é possível entender o nome do rio. De acordo com os relatos descritos por Regina Lacerda, o nome "Almas" vem das muitas mortes que aconteceram no leito do rio por causa de brigas, doenças que acometiam os garimpeiros e assassinatos. Tudo isso torna o rio cheio de almas.
"Então essa lenda não pertence apenas ao município de Ceres. Daí lá talvez ela tenha sido mais desenvolvida. Um rio carregado de simbologias da morte. Daí, Rio das Almas", conclui Bento.
Fotografia mostra ponte sobre o Rio das Almas, em Pirenópolis
Arquivo pessoal/Bento Fleury Curado
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