Quem são os brasileiros que tiveram visto cancelado pelo governo Trump

Ana Flor comenta revogação de vistos por causa do Mais Médicos: 'Brasil é a bola da vez'
O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (13) a revogação dos vistos americanos de Mozart Júlio Tabosa Sales, secretário do Ministério da Saúde do Brasil, e Alberto Kleiman, um ex-funcionário do governo brasileiro.
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Mais Médicos: o que é o programa e como foi a participação cubana no projeto
A decisão foi revelada pelo secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio. Ele disse que o programa Mais Médicos, em que o governo federal brasileiro contratou cubanos para conseguir preencher vagas no Sistema Único de Saúde (SUS), foi "um golpe diplomático inconcebível".
A contratação de médicos cubanos pelo Mais Médicos ocorreu entre 2013 e 2018 (veja mais abaixo).
Ao falar do Mais Médicos, o governo Trump diz que Mozart Sales e Alberto Kleiman "usaram a OPAS como intermediária com a ditadura cubana para implementar o programa sem seguir os requisitos constitucionais brasileiros, driblando as sanções dos EUA a Cuba e, conscientemente, pagando ao regime cubano o que era devido aos trabalhadores médicos cubanos".
"Esse esquema enriquece o corrupto regime cubano e priva o povo cubano de cuidados médicos essenciais. (...) Dezenas de médicos cubanos que atuaram no programa relataram ter sido explorados pelo regime cubano como parte do programa", argumenta o documento.
Mozart Sales, em 2024
Pedro Alves/g1
Veja quem são os brasileiros sancionados:
Mozart Sales
Mozart Júlio Tabosa Sales é secretário de Atenção Especializada à Saúde.
Ele é médico formado pela Universidade de Pernambuco, com residência em Clínica Médica, especialização em Medicina Legal e doutorado em Saúde Integral pelo Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip).
Servidor concursado do Hospital Universitário Oswaldo Cruz desde 1999, também é médico legista do Instituto de Medicina Legal de Pernambuco.
Na vida pública, foi vereador do Recife entre 2004 e 2008 e presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal. No governo federal, ocupou cargos como assessor e chefe de gabinete no Ministério da Saúde e, entre 2012 e 2014, foi secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde.
Nesse período, participou da criação do programa Mais Médicos, lançado no governo Dilma Rousseff.
Alberto Kleiman
Alberto Kleiman
Reprodução/Redes Sociais
Atualmente, Alberto Kleiman é diretor da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) para a COP 30.
Até setembro de 2024, ele estava diretamente envolvido na organização do evento, na Secretaria Extraordinária para a COP 30, vinculada à Casa Civil.
Kleiman trabalhou na área de Relações Internacionais em diferentes gestões do PT na Prefeitura de São Paulo e na Presidência da República, até chegar ao Ministério da Saúde, em abril de 2012, durante o governo Dilma Rousseff.
Segundo seu perfil em uma rede social, ele permaneceu à frente do Departamento Internacional da pasta até janeiro de 2015.
Telegramas revelam que partiu de Cuba a proposta de criação do Mais Médicos
A investigação do governo Trump sobre a Opas e seu papel no programa Mais Médicos começou já no primeiro mandato do republicano.
Em 2020, o então secretário de Estado americano, Mike Pompeo, exigiu que a Opas esclarecesse seu envolvimento no envio de médicos cubanos ao Brasil. Assim como Marco Rubio, Pompeo também acusou a organização de “facilitar o trabalho forçado” de médicos cubanos por meio do programa.
Além disso, Pompeo afirmou na ocasião que a administração Trump cobraria prestação de contas "de todas as organizações internacionais de saúde que dependem de recursos de contribuintes americanos".
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos EUA, comemorou a decisão de Rubio. Ele disse que "a medida é também um recado inequívoco: nem ministros, nem burocratas dos escalões inferiores, nem seus familiares estão imunes. Mais cedo ou mais tarde, todos os que contribuírem para sustentar esses regimes responderão pelo que fizeram — e não haverá lugar para se esconder."
O que era o Mais Médicos?
O programa Mais Médicos foi criado em 2013 pelo então governo Dilma Rousseff (PT) para levar profissionais de medicina às periferias das grandes cidades e a municípios do interior.
Na ocasião, porém, sofreu críticas por parte de parlamentares da oposição e de entidades médicas por prever a possibilidade de médicos estrangeiros poderem atuar.
Isso porque a maioria desses profissionais era de Cuba, fruto de uma parceria do governo brasileiro com a Organização Panamericana de Saúde (Opas), escritório regional da Organização Mundical de Saúde (OMS).
No governo Jair Bolsonaro (PL), o Ministério da Saúde trocou o nome do programa para "Médicos pelo Brasil". A participação dos profissionais de Cuba foi encerrada em 2018, após a eleição de Bolsonaro, por iniciativa de Havana.
Desde então, os cubanos só podem atuar caso passem pela prova de validação do diploma em território brasileiro.
Relançado em 2023, o Mais Médicos conta hoje em dia com cerca de 24,7 mil médicos atuando em 4,2 mil municípios. No edital mais recente, 3.173 médicos selecionados iniciaram suas atividades em 1.618 municípios e 26 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs) no início de julho de 2025.
O programa prioriza médicos brasileiros registrados no CRM, brasileiros formados no exterior e estrangeiros habilitados.
Moraes e outros ministros já haviam tido vistos revogados
Secretário de Trump anuncia revogação do visto americano de Alexandre de Moraes e de 'seus aliados'
Em julho, os Estados Unidos já haviam suspendido os vistos de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), e de outros sete ministros do tribunal.
Marco Rubio, secretário de Estado do governo Donald Trump, que cuida das relações dos Estados Unidos com os outros países, anunciou que revogou os vistos americanos para Moraes, "de seus aliados e de seus familiares imediatos".
De acordo com fontes do governo federal, além Moraes, tiveram seus vistos suspensos:
Luis Roberto Barroso, o presidente da Corte;
Edson Fachin, vice-presidente;
Dias Toffoli;
Cristiano Zanin;
Flavio Dino;
Cármen Lúcia; e
Gilmar Mendes.
Além dos ministros, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, também teve a permissão para entrar nos Estados Unidos suspensa.
Os ministros André Mendonça, Nunes Marques e Luiz Fux ficaram de fora da lista.
Ministros durante a sessão plenária do STF.
Carlos Moura/SCO/STF
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) emitiu uma nota na qual manifesta "solidariedade e apoio" aos ministros do STF atingidos pela revogação de vistos dos Estados Unidos.
Segundo ele, essa é "mais uma medida arbitrária e completamente sem fundamento do governo dos Estados Unidos".
"A interferência de um país no sistema de Justiça de outro é inaceitável e fere os princípios básicos do respeito e da soberania entre as nações", acrescentou Lula.
O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (13) a revogação dos vistos americanos de Mozart Júlio Tabosa Sales, secretário do Ministério da Saúde do Brasil, e Alberto Kleiman, um ex-funcionário do governo brasileiro.
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Mais Médicos: o que é o programa e como foi a participação cubana no projeto
A decisão foi revelada pelo secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio. Ele disse que o programa Mais Médicos, em que o governo federal brasileiro contratou cubanos para conseguir preencher vagas no Sistema Único de Saúde (SUS), foi "um golpe diplomático inconcebível".
A contratação de médicos cubanos pelo Mais Médicos ocorreu entre 2013 e 2018 (veja mais abaixo).
Ao falar do Mais Médicos, o governo Trump diz que Mozart Sales e Alberto Kleiman "usaram a OPAS como intermediária com a ditadura cubana para implementar o programa sem seguir os requisitos constitucionais brasileiros, driblando as sanções dos EUA a Cuba e, conscientemente, pagando ao regime cubano o que era devido aos trabalhadores médicos cubanos".
"Esse esquema enriquece o corrupto regime cubano e priva o povo cubano de cuidados médicos essenciais. (...) Dezenas de médicos cubanos que atuaram no programa relataram ter sido explorados pelo regime cubano como parte do programa", argumenta o documento.
Mozart Sales, em 2024
Pedro Alves/g1
Veja quem são os brasileiros sancionados:
Mozart Sales
Mozart Júlio Tabosa Sales é secretário de Atenção Especializada à Saúde.
Ele é médico formado pela Universidade de Pernambuco, com residência em Clínica Médica, especialização em Medicina Legal e doutorado em Saúde Integral pelo Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip).
Servidor concursado do Hospital Universitário Oswaldo Cruz desde 1999, também é médico legista do Instituto de Medicina Legal de Pernambuco.
Na vida pública, foi vereador do Recife entre 2004 e 2008 e presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal. No governo federal, ocupou cargos como assessor e chefe de gabinete no Ministério da Saúde e, entre 2012 e 2014, foi secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde.
Nesse período, participou da criação do programa Mais Médicos, lançado no governo Dilma Rousseff.
Alberto Kleiman
Alberto Kleiman
Reprodução/Redes Sociais
Atualmente, Alberto Kleiman é diretor da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) para a COP 30.
Até setembro de 2024, ele estava diretamente envolvido na organização do evento, na Secretaria Extraordinária para a COP 30, vinculada à Casa Civil.
Kleiman trabalhou na área de Relações Internacionais em diferentes gestões do PT na Prefeitura de São Paulo e na Presidência da República, até chegar ao Ministério da Saúde, em abril de 2012, durante o governo Dilma Rousseff.
Segundo seu perfil em uma rede social, ele permaneceu à frente do Departamento Internacional da pasta até janeiro de 2015.
Telegramas revelam que partiu de Cuba a proposta de criação do Mais Médicos
A investigação do governo Trump sobre a Opas e seu papel no programa Mais Médicos começou já no primeiro mandato do republicano.
Em 2020, o então secretário de Estado americano, Mike Pompeo, exigiu que a Opas esclarecesse seu envolvimento no envio de médicos cubanos ao Brasil. Assim como Marco Rubio, Pompeo também acusou a organização de “facilitar o trabalho forçado” de médicos cubanos por meio do programa.
Além disso, Pompeo afirmou na ocasião que a administração Trump cobraria prestação de contas "de todas as organizações internacionais de saúde que dependem de recursos de contribuintes americanos".
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos EUA, comemorou a decisão de Rubio. Ele disse que "a medida é também um recado inequívoco: nem ministros, nem burocratas dos escalões inferiores, nem seus familiares estão imunes. Mais cedo ou mais tarde, todos os que contribuírem para sustentar esses regimes responderão pelo que fizeram — e não haverá lugar para se esconder."
O que era o Mais Médicos?
O programa Mais Médicos foi criado em 2013 pelo então governo Dilma Rousseff (PT) para levar profissionais de medicina às periferias das grandes cidades e a municípios do interior.
Na ocasião, porém, sofreu críticas por parte de parlamentares da oposição e de entidades médicas por prever a possibilidade de médicos estrangeiros poderem atuar.
Isso porque a maioria desses profissionais era de Cuba, fruto de uma parceria do governo brasileiro com a Organização Panamericana de Saúde (Opas), escritório regional da Organização Mundical de Saúde (OMS).
No governo Jair Bolsonaro (PL), o Ministério da Saúde trocou o nome do programa para "Médicos pelo Brasil". A participação dos profissionais de Cuba foi encerrada em 2018, após a eleição de Bolsonaro, por iniciativa de Havana.
Desde então, os cubanos só podem atuar caso passem pela prova de validação do diploma em território brasileiro.
Relançado em 2023, o Mais Médicos conta hoje em dia com cerca de 24,7 mil médicos atuando em 4,2 mil municípios. No edital mais recente, 3.173 médicos selecionados iniciaram suas atividades em 1.618 municípios e 26 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs) no início de julho de 2025.
O programa prioriza médicos brasileiros registrados no CRM, brasileiros formados no exterior e estrangeiros habilitados.
Moraes e outros ministros já haviam tido vistos revogados
Secretário de Trump anuncia revogação do visto americano de Alexandre de Moraes e de 'seus aliados'
Em julho, os Estados Unidos já haviam suspendido os vistos de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), e de outros sete ministros do tribunal.
Marco Rubio, secretário de Estado do governo Donald Trump, que cuida das relações dos Estados Unidos com os outros países, anunciou que revogou os vistos americanos para Moraes, "de seus aliados e de seus familiares imediatos".
De acordo com fontes do governo federal, além Moraes, tiveram seus vistos suspensos:
Luis Roberto Barroso, o presidente da Corte;
Edson Fachin, vice-presidente;
Dias Toffoli;
Cristiano Zanin;
Flavio Dino;
Cármen Lúcia; e
Gilmar Mendes.
Além dos ministros, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, também teve a permissão para entrar nos Estados Unidos suspensa.
Os ministros André Mendonça, Nunes Marques e Luiz Fux ficaram de fora da lista.
Ministros durante a sessão plenária do STF.
Carlos Moura/SCO/STF
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) emitiu uma nota na qual manifesta "solidariedade e apoio" aos ministros do STF atingidos pela revogação de vistos dos Estados Unidos.
Segundo ele, essa é "mais uma medida arbitrária e completamente sem fundamento do governo dos Estados Unidos".
"A interferência de um país no sistema de Justiça de outro é inaceitável e fere os princípios básicos do respeito e da soberania entre as nações", acrescentou Lula.
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