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Festa de Santo Antônio em Barbalha: saiba como surgiu a tradição do pau da bandeira

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Festa de Santo Antônio em Barbalha: saiba como surgiu a tradição do pau da bandeira
Nesta sexta-feira (16) acontece o corte da árvore para a 97ª edição da festa, um jatobá com aproximadamente 23 metros de altura e 1,15 metro de perímetro. No Cariri, há registros desse ritual desde o século XIX. A cerimônia acontecerá no Sítio Flores, na zona rural do município.
Bruno Gomes/SVM
O corte do pau da bandeira de Santo Antônio acontece nesta sexta-feira (16), em Barbalha, no Cariri cearense. A cerimônia, que acontece no Sítio Flores, na zona rural do município, marca o início simbólico da tradicional Festa de Santo Antônio de Barbalha.
Para a 97ª edição da festa, a árvore escolhida para o corte é um jatobá, com aproximadamente 23 metros de altura e 1,15 metro de perímetro. "Mais do que cortar uma árvore, estamos perpetuando um gesto ancestral que remonta às origens da cidade", afirma o prefeito Guilherme Saraiva.
A concentração dos carregadores e da comitiva acontecerá no Mercado Público Municipal. Em seguida, haverá uma caminhada até a Igreja Matriz de Santo Antônio, onde receberão a bênção antes de prosseguir até a mata.
Após o corte, a árvore será deixada na mata, na chamada "cama do pau", onde perde líquidos e se torna mais leve, aguardando o carregamento e hasteamento da bandeira do padroeiro, marcado para o dia 1º de junho.
Veja como foi o evento em 2024:
Festa no corte do pau da bandeira em Barbalha
Conheça a história da Festa de Santo Antônio
A origem da festa de Santo Antônio no Brasil remonta ao período colonial, quando o culto aos santos católicos já era uma prática profundamente enraizada na cultura popular. No caso de Santo Antônio, conhecido como santo casamenteiro e milagreiro, essas relações muitas vezes assumiam formas inusitadas, como simpatias em que sua imagem era virada de cabeça para baixo em protesto pela demora dos milagres.
Em Barbalha, no Ceará, o culto a Santo Antônio teve início no século XVIII, período em que o povoado ainda estava em formação, conforme explica o doutor em História Social e professor da Universidade Federal do Cariri (UFCA), Jucieldo Ferreira Alexandre.
Desde então, a festa dedicada ao santo passou por diversas transformações, mas segue sendo um elemento central da identidade local. O festejo reafirma, ano após ano, os laços de devoção da comunidade com Santo Antônio, cuja memória permanece viva na fé e nas tradições do povo barbalhense.
É preciso entender que não há como congelar uma celebração. Como um bem cultural imaterial, a mudança é constante. É justamente esse processo de adaptação que permite que uma prática cultural sobreviva: sendo ressignificada, permanece socialmente relevante para um grupo social ou uma cidade.
Corte do pau da bandeira
A Festa de Santo Antônio movimenta não apenas Barbalha, mas todo o Cariri cearense.
Bruno Gomes/SVM
A tradição de erguer o mastro com a bandeira do santo padroeiro é uma prática antiga e profundamente enraizada na cultura popular. No Cariri, há registros desse ritual desde o século XIX, como aponta Jucieldo. Um exemplo é o relato do médico Freire Alemão, que em 1860 descreveu o hasteamento de um pau de bandeira no Crato, celebrado com música, foguetes e ampla participação do povo.
A historiadora Simone Pereira da Silva ressalta ainda as influências indígenas presentes na festa de Barbalha, como as corridas com toras e os ritos ligados às árvores. Além disso, a memória popular associa a disseminação dessa prática às missões do Padre Ibiapina, que atuou na região na segunda metade do século XIX.
Embora pareça simbólica a associação entre Santo Antônio e o tradicional pau da bandeira de Barbalha, Jucieldo esclarece que essa relação é apenas uma coincidência. Existe, de fato, uma antiga narrativa hagiográfica – como eram chamadas as histórias de santos na Idade Média – que conecta o santo a uma árvore.
Segundo essas histórias, em busca de isolamento e maior proximidade com Deus, frei Antônio teria vivido por um tempo numa cela construída entre os galhos de uma nogueira. No entanto, essa passagem não tem ligação direta com a tradição barbalhense.
“A celebração de erguer mastros com bandeiras envolve os santos padroeiros em geral. Não é uma exclusividade de Santo Antônio", aponta o professor.
Tradição que conquistou o reconhecimento nacional
A festa de Barbalha se destaca como uma das mais grandiosas do Brasil. De acordo com Jocieldo, a prática de carregamento e hasteamento do mastro se destaca por sua imponência, algo que não se encontra de forma tão vistosa em outras regiões do Nordeste ou do país.
"O tamanho do tronco, o longo percurso percorrido pelos carregadores - em um ritual sacrificial que também é tomado pela galhofa, misturando o sagrado e profano -, a inclusão do desfile dos grupos de tradição – que desde os anos 1970 fazem o cortejo de abertura da festa - e o clima animado que toma as ruas da cidade atestam a grandiosidade do festejo", observa o professor.
Esses fatores, combinados com a profunda conexão da celebração com a população local de Barbalha e do Cariri, explicam o reconhecimento da festa como patrimônio cultural nacional pelo IPHAN.
Impacto econômico
A Festa de Santo Antônio não apenas mobiliza Barbalha, mas todo o Cariri cearense. Durante o período festivo, a região experimenta um impulso econômico significativo, com um aumento na demanda que pode variar de 37% a 60%. Esse crescimento beneficia diretamente os empreendedores locais, que, com a elevação das vendas, conseguem se manter competitivos no mercado regional.
"É importante salientar que toda a cadeia produtiva é impactada. O setor varejista, os setores alimentícios (hipermercados, restaurantes, cafeterias) e de bebidas, vestuário, calçadista, hotelaria e transporte aumentam a oferta de bens e serviços a fim de atender o crescimento da demanda", pontua o prefeito Guilherme Saraiva.
Dados da Câmara de Dirigentes Lojistas de Barbalha (2024) mostram que o município registrou um crescimento superior a 30% no volume de negócios no ano passado. Com isso, o mercado local movimentou mais de R$ 12 milhões, posicionando Barbalha como uma vitrine para novos investidores em busca de promover suas marcas, além de fortalecer parcerias locais e regionais.
Além de impulsionar o turismo, a festa tem um impacto significativo na geração de emprego e renda. Artesãos, músicos, vendedores ambulantes, guias turísticos e diversos empreendedores se beneficiam diretamente do evento.
Responsabilidade ambiental
A Festa de Santo Antônio em Barbalha, além de ser um grande evento cultural, também se destaca por suas ações de responsabilidade ambiental. A Prefeitura anunciou que será realizado o replantio de mudas nativas como parte do processo de celebração.
O prefeito reforçou que o corte do jatobá será feito de forma responsável, com a devida autorização dos órgãos ambientais e em uma área previamente destinada para esse fim. O plantio de novas mudas nativas será realizado no local da extração, assegurando a preservação e a sustentabilidade durante a festa.
“O jatobá é uma árvore nativa da nossa região, conhecida por sua imponência, resistência e importância cultural para o povo do Cariri. Ao escolher um jatobá, estamos também homenageando a nossa Chapada do Araripe e reafirmando o compromisso com a sustentabilidade”, afirma.
Serviço: Corte do pau da bandeira de Santo Antônio 2025
Quando: sexta (16), às 7h (Concentração no Mercado Público, às 6h);
Onde: Sítio Flores.
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