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Crise climática afeta 70% da produção de castanha em reserva extrativista no AP, diz Embrapa 

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Crise climática afeta 70% da produção de castanha em reserva extrativista no AP, diz Embrapa 
Análise apontou estar 2 °C mais quente na Reserva Extrativista do Rio Cajari, no Sul do estado. Pelo menos 300 famílias são afetadas pela baixa produção. Embrapa trabalha na plantação de 'Castanheiras melhoradas' para amenizar o problema.  Castanheira na Reserva Extrativista do Rio Cajari, no Amapá
Marcelino Guedes/Embrapa
Um estudo realizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) no Amapá apontou um impacto de 70% na produção de castanha-da-amazônia de dentro da Reserva Extrativista do Rio Cajari (Resex Cajari), no Sul do estado, pelo aumento da temperatura. 
A análise apontou que estar 2 °C mais quente, fazendo com que as castanheiras altas na Amazônia sequem sem frutificar. Essa é a segunda vez que o problema acontece, em 2017 foi registrada uma queda de 40 a 50%, conforme a Embrapa. 
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À época, o estudo analisou os frutos de 205 castanheiras da região. Os dados apontaram que a principal interferência climática aconteceu por conta do fenômeno El Niño entre 2015 e 2016. Após 8 anos, a crise volta a preocupar os especialistas. 
Segundo o pesquisador líder do estudo, Marcelino Guedes, a queda na produção é a mais grave enfrentada. Pelo menos 300 famílias, que atuam em 13 regiões da reserva, estão sendo afetadas. 
“Foi uma queda realmente muito brusca, que não ocorreu só aqui no Amapá, mas ocorreu em toda a Amazônia, inclusive fora do Brasil. Então, isso levou a gente a realmente associar essa queda brusca na produção à questão da crise climática, que vem se acentuando e aumentando a frequência desses eventos extremos nos últimos anos. No caso da castanha, principalmente quando predominou o El Niño, aqui na Amazônia Oriental”, disse Guedes. 
O pesquisador destaca que a queda na produção é sentida na safra seguinte. A crise de 2025 é consequência da estiagem severa sentida nos anos de 2023 e 2024. 
“A produção do fruto da castanha demora mais de um ano. Então, 2017 foi logo depois do El Niño, que ocorreu em 2015 e 2016, foram dois anos seguidos. Até então, era o mais forte que tinha acontecido em toda a Amazônia. A gente estima que naquela época chegou a ter uma perda média de produção em torno de 40 a 50%. Nessa safra de 2025, depois também de dois El Niño muito fortes, 2023 e 2024, principalmente no médio Amazonas, que grandes rios secaram e quilômetros de água viraram praticamente deserto de areia [...] isso afetou mais drasticamente a safra deste ano, com uma média de 70% da produção”, disse Marcelino. 
El Niño na Amazônia
GETTY IMAGES
O que é o El Niño? O El Niño é um fenômeno atmosférico-oceânico que ocorre quando a temperatura das águas do oceano Pacífico Equatorial fica mais quente do que a média normal, influenciando no calor e umidade de várias regiões do mundo.
A reserva, que é monitorada de forma contínua pela Embrapa desde 2007, possui mais de 70 mil castanheiras, segundo um levantamento da instituição.
Plantio de novas castanheiras
Marcelino Guedes, mostra as mudas de castanheiras melhoradas
Mariana Ferreira/g1
De acordo com o pesquisador, não há uma solução direta para o problema. Há uma forma de amenizar. A Embrapa trabalha com o manejo florestal sustentável e a regeneração com novas espécies em áreas do entorno dos castanhais.
O chamado “Plantio de enriquecimento” coleta castanha das árvores mais frutíferas para a criação de novas mudas. A ideia é usar os frutos de uma “mãe saudável” para gerar um “filho saudável”.  
"A principal estratégia, na verdade, é promover a renovação dos castanhais. As castanheiras vivem centenas de anos, tem castanheira que pode viver mais de mil anos. E, logicamente, essas castanheiras, assim como a gente, quanto mais velha uma castanheira, mais sensível ela é. Mais suscetível, por exemplo, a uma crise climática, a uma doença. Então, assim, é muito urgente a renovação dos castanhais, porque as castanheiras mais jovens são mais residentes”, afirmou Marcelino. 
A expectativa é que após o plantio, em 8 anos as primeiras castanhas sejam colhidas. O período de colheita é o mesmo intervalo de tempo da última crise, o que para Embrapa prova que com a renovação das árvores a baixa na produção será menor. 
Castanheira na Reserva Extrativista do Rio Cajari, no Amapá
Marcelino Guedes/Embrapa
Guedes informou ainda que a própria natureza auxilia nesse processo. Roedores como as cutias, por exemplo, pegam as sementes e enterram em roças para se alimentarem posteriormente. Como não conseguem encontrar todos os frutos depois, eles germinam e nascem nesses locais.
Mais de 60 famílias participaram do projeto “Castanha na Roça”, que realizou o plantio de mudas na região. 
Impacto para os Extrativistas 
Extrativistas colhendo castanhas na Reserva
Antônio Ramos Pinto/Arquivo pessoal
A saca do fruto que custava R$300 saltou para R$1.200, segundo a Embrapa. Do Ouriço são extraídas castanhas que seriam consumidas tanto in natura, quanto para derivados. Como para a produção de alimentos e cosméticos. 
O aumento é sentido pelos Extrativistas e pelo consumidor final. Apesar da alta nos preços, não há fruto para ser vendido, pois não houve produção suficiente, e o pouco que foi colhido chega na mesa do consumidor final com valores alterados. 
Antônio Pinto Ramos, é presidente da Associação dos Trabalhadores do Alto da Reserva Agroextrativista do Rio Cajari, afirma que o extrativismo da castanha é a principal fonte de renda da população ribeirinha do Sul do estado. 
“Os moradores são afetados pelo seguinte: tem pessoas que têm filhos na escola ou que fazem faculdade em Laranjal do Jari ou em Macapá, dai tem as mensalidades para serem pagas [...] tem o comércio local que não gira, tem pessoas que se endividaram contando com uma safra positiva, tudo isso conta e afeta”, disse Antônio.  
A associação está trabalhando em alternativas para diminuir o impacto aos trabalhadores, junto a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). 
A expectativa por parte da Embrapa é que em 2006 a produção do fruto se normalize.
Agricultura Amazônica é discutida na Embrapa Amapá
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