Linnpy

G
G1
2h

De ícone de desenvolvimento a palco de lendas: conheça a história da Boyes, fábrica que pode se tornar condomínio em Piracicaba

Kit Costura Viagem Acessórios Agulhas e muito mais
Kit Costura Viagem Acessórios Agulhas e muito mais
Kit Costura Viagem Acessórios Agulhas Linha Tesoura Bolsa c/ Zíper Completo C/ 42 Peças
Shopee Patrocinado
De ícone de desenvolvimento a palco de lendas: conheça a história da Boyes, fábrica que pode se tornar condomínio em Piracicaba
Movimento contrário aponta ameaças a área de preservação e qualidade de vida de vizinhos, enquanto a empresa responsável diz que haverá revitalização e acesso público. Fábrica vira tema de debates em Piracicaba após anúncio de construção de residencial no local
A Fábrica Boyes, em Piracicaba (SP), já foi símbolo do desenvolvimento da cidade, tinha cargos desejados pelos trabalhadores locais e até foi o berço de lendas. Atualmente, o prédio está abandonado e é tema de debates, após anúncio de um projeto de construção de um condomínio residencial de prédios no local.
? Participe do canal do WhatsApp do g1 Piracicaba
A fábrica centenária de tecidos teve atividades paralisadas em 1996 e fica na Avenida Beira Rio, conhecida como Rua do Porto, ponto turístico e histórico de Piracicaba.
"Ali foi criado por Luiz de Queiroz. Luiz de Queiroz foi o homem que trouxe a agricultura científica para o Brasil através da Esalq [Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da USP]. Piracicaba foi, através dele, a segunda cidade do Brasil com luz elétrica. Piracicaba, então, tem um patrimônio histórico fantástico e ele cria essa fábrica de de tecidos", relembra o jornalista e historiador Cecílio Elias Neto.
Segundo ele, devido à sua importância, o complexo recebia autoridades nacionais.
"Aquela casa que ele construiu ao lado recebeu ministros da Agricultura, recebeu presidentes da República, recebeu grandes escritores, prêmio Nobel de literatura. Tudo ali é histórico. É o nosso berço. Tudo ali é o nosso berço", acrescenta.
Parte externa em situação de abandono na fábrica Boyes em Piracicaba
Edijan Del Santo/EPTV
Orgulho de trabalhadores
Márcia Aparecida Rocha ainda guarda a carteira de trabalho com registro de servente de produção na fábrica. Foi seu primeiro emprego, aos 12 anos.
"Eu passei minha juventude aqui. Juventude inteirinha aqui, nos anos 70. Quanta gente não podia estar trabalhando até hoje aqui? Quanta família não estava tirando o custo de vida aqui? Meu Deus do céu. Foi um pecado [o fim da fábrica]", afirma.
O historiador se recorda sobre o anseio e orgulho por trabalhar na empresa e como ela fazia parte da rotina dos moradores, em meio a cartões postais da cidade.
"As moças iam [trabalhar na fábrica], as famílias queriam trabalhar. Eu vou fazer 85 anos. Eu me lembro de quando, inclusive, o pessoal da fábrica terminava, ia ficar à beira do do Rio [Piracicaba], as moças namorando, iam atravessando de barco para ir até em Engenho Central e voltar. Era uma cidade nossa, era nossa história. Isso foi até o fechamento da fábrica de tecidos", relembra.
Folclore
Cecílio lembra até das lendas que nasceram nos prédios do complexo fabril.
"Era o nosso símbolo de tudo, inclusive do folclore. Porque a gente lembrava, por exemplo, o que acontecia na fábrica, que tinha fantasma na fábrica, que tinha o homem da capa preta na fábrica, que tinha a Rosa de Jesus, que era a curadora dos escravos", explica.
Audiência discute aprovação de construção de condomínio em área de indústria de Piracicaba
Sinais de abandono
Os prédios da Fábrica Boyes têm apresentado estrutura comprometida, como queda de telhados, pisos e pilastras danificados, acúmulo de lixo, mato alto e pichações.
A constatação foi feita pela equipe de reportagem da EPTV, afiliada da TV Globo, que entrou no imóvel pela primeira vez, na manhã desta terça-feira (20). Veja vídeo acima ? .
Instalações da Fábrica Boyes por dentro
Projeto de condomínio
O projeto de condomínio prevê a demolição de seis dos 13 prédios da área da antiga fábrica para a construção de quatro torres residenciais de aproximadamente 90 metros de altura.
A demolição foi aprovada com a maioria dos votos dos membros Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural (Codepac) em uma reunião extraordinária em junho de 2023. Foram 12 votos favoráveis e apenas um voto contrário a esse projeto.
Galpão em estado de abandono na fábrica Boyes em Piracicaba
Edijan Del Santo/EPTV
Argumentos contra
Representantes de movimento contrário à destruição dos locais para a construção das torres afirmam que a ação trará:
ameaças à biodiversidade local e a uma área de preservação permanente (APP), que inclui a descaracterização do braço do Rio Piracicaba, que passa dentro do território da Boyes.
danos à saúde e à qualidade de vida da população vizinha;
aumento dos transtornos urbanos, pois a construção de prédios residenciais pode atrair mais pessoas para o local.
"Quando você diz: 'olha, vamos recuperar a fábrica, que realmente é uma fábrica interessante, mas vamos colocar quatro torres em volta' [...] Não pode, é até norma do tombamento. Qualquer imóvel tombado não pode ter nada maior nas proximidades. Então, para nós a questão é o local. Fazer as torres em outro local, tudo bem", argumenta Juan Sebastianes, presidente da Associação Amigos da Cidadania e do Meio Ambiente (Amapira).
A Prefeitura de Piracicaba afirmou à EPTV que o Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Piracicaba recebeu a solicitação para o tombamento do conjunto arquitetônico e paisagístico Boyes, composto pela antiga fábrica, a Praça Dona Ermelinda Ottoni de Souza Queiroz e o Palacete Luiz de Queiroz.
E acrescentou que parte da construção já é tombada desde 2004.
Projeto Boulevard Boyes
Reprodução/KTV
Argumentos a favor
Já a empresa responsável pelo projeto disse que a área do "Boulevard Boyes" terá 60% de acesso público. E também apontou como “aspectos positivos” os seguintes pontos:
revitalização e a valorização da fisionomia dos prédios históricos;
preservação, construções de novos espaços;
cubos comerciais para pequenos empreendedores (artistas e artesões) criação de torres;
residenciais totalmente sustentáveis, com arquitetura integrada com os prédios preservados e ao próprio Engenho Central.
A empresa também destacou que as torres atendem aos pré-requisitos da Prefeitura de Piracicaba no tocante à altura e sombreamento.
"Nós já temos aprovação no Codepac, temos parecer positivo do do DPH, que é o departamento técnico, da Procuradoria do Estado e do relator do Condephaat, com indicação positiva. [....] Todo o patrimônio da área térrea está sendo preservado. E esse investimento é feito, na verdade, pelos edifícios que são residenciais", afirma o presidente da empresa responsável pelo empreendimento, Júlio Takano.
Antiga fábrica de tecido Boyes em Piracicaba
Claudia Assencio/g1
Audiência pública
O Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) realizou, nesta terça-feira (20), uma audiência pública para ouvir diversos setores da sociedade sobre o projeto de construção de prédios privados na área da antiga Fábrica Boyes.
Após a audiência, onde houve discursos favoráveis e contrários ao empreendimento, conselheiros do Condephaat vão votar se o órgão aprova ou não a construção.
Paralelamente, o movimento contrário busca o tombamento do Complexo Beira-Rio, onde fica o prédio onde funcionava a fábrica, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Veja mais notícias da região no g1 Piracicaba

Para ler a notícia completa, acesse o link original:

Ler notícia completa

Comentários 0

Não há mais notícias para carregar