Por que o mar recua de forma impressionante antes da chegada de um tsunami?

Por que o mar recua antes do tsunami?
Vídeos gravados na última semana mostram que, pouco tempo antes de um tsunami atingir a costa da Rússia, do Japão e do Havaí, o mar recuou de forma abrupta e significativa.
➡️O mesmo aconteceu em 2004, em Phuket, na Tailândia, quando banhistas ficaram impressionados com o “encolhimento” do oceano e caminharam sobre a areia, pegando peixes. Eles não imaginavam o tamanho da onda que os atingiria em seguida.
➡️Em Palu, na Indonésia, em 2018, pessoas correram em direção à praia para observar o fenômeno do recuo marítimo. Elas tiveram ainda menos tempo para escapar do tsunami que estava prestes a ocorrer.
Por que pode haver uma retração do oceano antes de desastres como os citados acima?
Em 26 de dezembro de 2004, Tilly Smith, aos 10 anos, sabia a resposta — e a informação fez com que ela salvasse vidas na praia de Maikhao, na Tailândia. Ao perceber o recuo significativo do mar, a menina lembrou-se do que aprendera na escola semanas antes e começou a gritar: “Tsunami, tsunami!”.
Vamos aos detalhes:
SIMULAÇÃO de timelapse mostra como o oceano pode recuar antes de um tsunami
Reprodução/Redes sociais
O que é um tsunami?
Tsunami é uma onda de grande comprimento gerada principalmente por terremotos no fundo do mar (erupções vulcânicas e deslizamentos submarinos são outras causas possíveis). Com o movimento das placas tectônicas, seja abaixando ou erguendo o fundo do oceano, uma enorme massa de água é deslocada, de forma brusca.
“O corpo d’água é violentamente deslocado para cima, fazendo elevar o nível do mar nas imediações”, afirma Lucas Penha, analista educacional de geografia da Fundação Bradesco.
Tsunamis são terremotos que acontecem no mar
Arte/g1
Por que o mar recua antes do tsunami?
Como toda onda, o tsunami tem crista (ponto mais alto) e vale/cavado (ponto mais baixo).
?Imagine um surfista em um “tubo” no mar, sugere Fernanda Cantisani Zuquim, professora de geografia do Colégio Bandeirantes. “Ele fica dentro da concavidade da onda. Acima dele, está a crista. À frente, embaixo, o vale.”
Aí é que está: para a crista se formar, a água que está à frente no mar é “puxada”. No caso do tsunami, em que a coluna d’água é movimentada desde o fundo até a superfície, isso acontece em proporções muitíssimo maiores, expondo o fundo do mar.
É esse o fenômeno que levará a uma possível retração do oceano.
Mas sempre que houver tsunami, poderemos ver o recuo prévio do mar? Não, afirma Marcelo Dottori, professor-doutor do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP).
“Só quando é a parte mais baixa da onda [vale ou cavado] que chega primeiro à costa, e não a crista, que acontece esse recuo", diz.
Ou seja: nem todo tsunami vai emitir esse alerta prévio de “mar encolhendo”. “Não dá para dizer, por exemplo, que determinado local é mais propício a ter ondas na costa começando pelo cavado. Tudo vai depender da maneira como o tsunami se formou naquele episódio”, explica o especialista da USP.
Entenda o que é a crista e o que é o vale de uma onda
Arte/g1
E todo recuo acentuado do oceano é sinal de tsunami?
“Se for um recuo muito grande, provavelmente sim, é o caso de um tsunami”, diz Dottori.
?Mas, atenção: não confunda esse fenômeno com a maré baixa:
Antes do tsunami: recuo enorme e rápido do mar, expondo áreas da costa que dificilmente ficam descobertas.
Na maré baixa: recuo não tão significativo e muito mais lento (pode durar horas). Corresponde a uma variação regular e previsível do nível do mar, causada pela atração gravitacional da Lua e do Sol.
Uma dica é considerar o local do fenômeno: no Brasil, por exemplo, é improvável que haja um tsunami, já que, no Atlântico Sul, as placas da América do Sul e da África são divergentes, ou seja, se afastam e praticamente não geram essas grandes ondas. Mas, se o recuo for muito grande e rápido, e ainda se manifestar em regiões como a do Pacífico (como na costa do Japão ou da Indonésia), fique atento e aja imediatamente.
O ideal é procurar abrigo seguro, o mais distante possível da costa e em lugar alto, mesmo que a onda ainda não seja vista.
Placas tectônicas do Atlântico Sul não costumam gerar tsunamis
Arte/g1
Quanto tempo passa entre o recuo do mar e a chegada da onda?
Na oceanografia, o conceito de “período” define o tempo para uma onda ir de seu ponto mais baixo até o mais alto (ou vice-versa).
Uma onda fraca, comum no dia a dia, tem período de 5 a 8 segundos.
Já nos tsunamis, afirma Dottori, esses intervalos entre a crista e o vale da mesma onda são da ordem de 10 a 15 minutos.
“A pessoa pode tentar se abrigar nesse intervalo. Ainda assim, é pouco tempo. Precisa perceber a situação e agir de imediato”, afirma.
Observação: O tempo estimado aqui corresponde ao intervalo entre a crista e o vale da mesma onda . No entanto, tsunamis costumam ocorrer em sequência de ondas, com vários ciclos sucessivos. Por isso, outras podem atingir a costa minutos depois da primeira, e até com mais força — o que torna ainda mais urgente buscar abrigo em local alto e distante da praia logo ao primeiro sinal de perigo.
Por que a onda fica mais alta exatamente quando chega à costa?
No mar aberto, a profundidade típica é de cerca de 4 mil metros. O tsunami, neste ponto, está viajando a 200 m/s (720 km/h), velocidade de um avião de cruzeiro.
Quando a onda começa a se aproximar da costa, a profundidade do mar é reduzida para aproximadamente 10 metros. “Isso leva a uma diminuição da velocidade e a um acúmulo de massa de água”, explica Dottori.
É como se a imensa quantidade de líquido tivesse menos espaço para se acomodar. Resultado: ela ultrapassa os limites e avança sobre o litoral.
Vídeos gravados na última semana mostram que, pouco tempo antes de um tsunami atingir a costa da Rússia, do Japão e do Havaí, o mar recuou de forma abrupta e significativa.
➡️O mesmo aconteceu em 2004, em Phuket, na Tailândia, quando banhistas ficaram impressionados com o “encolhimento” do oceano e caminharam sobre a areia, pegando peixes. Eles não imaginavam o tamanho da onda que os atingiria em seguida.
➡️Em Palu, na Indonésia, em 2018, pessoas correram em direção à praia para observar o fenômeno do recuo marítimo. Elas tiveram ainda menos tempo para escapar do tsunami que estava prestes a ocorrer.
Por que pode haver uma retração do oceano antes de desastres como os citados acima?
Em 26 de dezembro de 2004, Tilly Smith, aos 10 anos, sabia a resposta — e a informação fez com que ela salvasse vidas na praia de Maikhao, na Tailândia. Ao perceber o recuo significativo do mar, a menina lembrou-se do que aprendera na escola semanas antes e começou a gritar: “Tsunami, tsunami!”.
Vamos aos detalhes:
SIMULAÇÃO de timelapse mostra como o oceano pode recuar antes de um tsunami
Reprodução/Redes sociais
O que é um tsunami?
Tsunami é uma onda de grande comprimento gerada principalmente por terremotos no fundo do mar (erupções vulcânicas e deslizamentos submarinos são outras causas possíveis). Com o movimento das placas tectônicas, seja abaixando ou erguendo o fundo do oceano, uma enorme massa de água é deslocada, de forma brusca.
“O corpo d’água é violentamente deslocado para cima, fazendo elevar o nível do mar nas imediações”, afirma Lucas Penha, analista educacional de geografia da Fundação Bradesco.
Tsunamis são terremotos que acontecem no mar
Arte/g1
Por que o mar recua antes do tsunami?
Como toda onda, o tsunami tem crista (ponto mais alto) e vale/cavado (ponto mais baixo).
?Imagine um surfista em um “tubo” no mar, sugere Fernanda Cantisani Zuquim, professora de geografia do Colégio Bandeirantes. “Ele fica dentro da concavidade da onda. Acima dele, está a crista. À frente, embaixo, o vale.”
Aí é que está: para a crista se formar, a água que está à frente no mar é “puxada”. No caso do tsunami, em que a coluna d’água é movimentada desde o fundo até a superfície, isso acontece em proporções muitíssimo maiores, expondo o fundo do mar.
É esse o fenômeno que levará a uma possível retração do oceano.
Mas sempre que houver tsunami, poderemos ver o recuo prévio do mar? Não, afirma Marcelo Dottori, professor-doutor do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP).
“Só quando é a parte mais baixa da onda [vale ou cavado] que chega primeiro à costa, e não a crista, que acontece esse recuo", diz.
Ou seja: nem todo tsunami vai emitir esse alerta prévio de “mar encolhendo”. “Não dá para dizer, por exemplo, que determinado local é mais propício a ter ondas na costa começando pelo cavado. Tudo vai depender da maneira como o tsunami se formou naquele episódio”, explica o especialista da USP.
Entenda o que é a crista e o que é o vale de uma onda
Arte/g1
E todo recuo acentuado do oceano é sinal de tsunami?
“Se for um recuo muito grande, provavelmente sim, é o caso de um tsunami”, diz Dottori.
?Mas, atenção: não confunda esse fenômeno com a maré baixa:
Antes do tsunami: recuo enorme e rápido do mar, expondo áreas da costa que dificilmente ficam descobertas.
Na maré baixa: recuo não tão significativo e muito mais lento (pode durar horas). Corresponde a uma variação regular e previsível do nível do mar, causada pela atração gravitacional da Lua e do Sol.
Uma dica é considerar o local do fenômeno: no Brasil, por exemplo, é improvável que haja um tsunami, já que, no Atlântico Sul, as placas da América do Sul e da África são divergentes, ou seja, se afastam e praticamente não geram essas grandes ondas. Mas, se o recuo for muito grande e rápido, e ainda se manifestar em regiões como a do Pacífico (como na costa do Japão ou da Indonésia), fique atento e aja imediatamente.
O ideal é procurar abrigo seguro, o mais distante possível da costa e em lugar alto, mesmo que a onda ainda não seja vista.
Placas tectônicas do Atlântico Sul não costumam gerar tsunamis
Arte/g1
Quanto tempo passa entre o recuo do mar e a chegada da onda?
Na oceanografia, o conceito de “período” define o tempo para uma onda ir de seu ponto mais baixo até o mais alto (ou vice-versa).
Uma onda fraca, comum no dia a dia, tem período de 5 a 8 segundos.
Já nos tsunamis, afirma Dottori, esses intervalos entre a crista e o vale da mesma onda são da ordem de 10 a 15 minutos.
“A pessoa pode tentar se abrigar nesse intervalo. Ainda assim, é pouco tempo. Precisa perceber a situação e agir de imediato”, afirma.
Observação: O tempo estimado aqui corresponde ao intervalo entre a crista e o vale da mesma onda . No entanto, tsunamis costumam ocorrer em sequência de ondas, com vários ciclos sucessivos. Por isso, outras podem atingir a costa minutos depois da primeira, e até com mais força — o que torna ainda mais urgente buscar abrigo em local alto e distante da praia logo ao primeiro sinal de perigo.
Por que a onda fica mais alta exatamente quando chega à costa?
No mar aberto, a profundidade típica é de cerca de 4 mil metros. O tsunami, neste ponto, está viajando a 200 m/s (720 km/h), velocidade de um avião de cruzeiro.
Quando a onda começa a se aproximar da costa, a profundidade do mar é reduzida para aproximadamente 10 metros. “Isso leva a uma diminuição da velocidade e a um acúmulo de massa de água”, explica Dottori.
É como se a imensa quantidade de líquido tivesse menos espaço para se acomodar. Resultado: ela ultrapassa os limites e avança sobre o litoral.
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