Robocalls: Procon de Porto Alegre vai investigar esquema de disparo de ligações automatizadas; entenda como funciona

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Anúncio partiu do diretor-executivo do órgão. Segundo Anatel, brasileiros receberam cerca de 23 bilhões de ligações automatizadas em dois meses. 23 mil ligações por segundo: o Fantástico investiga como funcionam os robôs programados para tirar você do sério
O Procon de Porto Alegre vai abrir uma investigação para apurar as "robocalls" ou "chamada de robô", em tradução livre.
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Robocall: São ligações automatizadas realizadas em grande quantidade, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
O anúncio partiu do diretor-executivo do Procon de Porto Alegre, Wambert di Lourenzo, em uma apuração do Grupo de Investigação da RBS (GDI).
A investigação revelou, neste domingo (27), durante reportagem no Fantástico, o que está por trás dos chamados e como as empresas de telemarketing conseguem falsificar números para evitar rastreamento e induzir as pessoas a atenderem as ligações.
"Então, como Procon, nós vamos abrir investigação, a partir da tua reportagem, para tentar chegar aos fornecedores que usam esse serviço. E vamos oficiar também a polícia para que possa abrir investigação", declarou Wambert.
Na maioria das vezes, ao realizar os disparos em massa, as empresas buscam uma "prova de vida". O objetivo é identificar se o número está ativo, explica o ex-funcionário da um callcenter do RS, que pediu para não ser identificado.
"A gente tem que testar toda essa base para saber se os clientes que estão ali são ativos ou não, se os telefones que a gente recebeu dessa empresa que quer cobrar dívida são ativos ou não e para isso a gente usa um sistema de ligações robotizadas, onde um computador gera números aleatórios e liga para esses clientes em ligações curtas de no máximo 10 segundos para testar se o cliente vai atender ou não", conta um ex-funcionário de uma empresa de telemarketing.
Brasileiros recebem 23 bilhões de ligações automatizadas em dois meses, diz Anatel.
Reprodução/RBSTV
Leia também:
Por que recebemos ligações mudas que desligam sozinhas – e como evitá-las
Anatel determina que operadoras de telefonia notifiquem empresas que fazem ligações abusivas
23 mil ligações telefônicas automatizadas por segundo
Segundo a Anatel, entre janeiro e fevereiro deste ano, os brasileiros receberam uma média de 23 mil ligações telefônicas automatizadas por segundo. No período, esse tipo de ligação telefônica acumulou 24 bilhões de ligações, um aumento de 12% em relação aos mesmo bimestre de 2024.
O esquema envolve três níveis de prestadores de serviços. O primeiro é responsável por fornecer milhões de dados cadastrais usados pelas empresas no contato com os consumidores. São listas segmentadas por idade, profissão e até mesmo faixa de renda, muitas vezes vazadas de bancos de dados oficiais.
Ao negociar com uma dessas empresas, a reportagem obteve uma amostra com 60 cadastros.
"A gente trabalha com, a partir de mil registros, né? Mil contatos saem em R $150, é acessível, entendeu?", disse o vendedor .
Com as listas, as empresas contratam ferramentas de disparo em massa de ligações. O sistema é conhecido como Unidade de Resposta Automática (URA) Reversa.
Normalmente, esses mecanismos usam uma forma de ligação telefônica via internet conhecida como Voip, fornecida à parte ou vendida em pacotes incorporados à própria ferramenta.
Esse sistema automatizado, também chamado de "metralhadora", dispara ligações em massa para até milhões de telefones. O objetivo é realizar uma espécie de "prova de vida", ou seja, identificar se o número está ativo, explicou o ex-funcionário da um call-center do Rio Grande do Sul, que pediu para não ser identificado.
Procon de Porto Alegre vai investigar ligações automáticas
Reprodução/RBSTV
O GDI negociou com uma empresa que vende a ferramenta. A funcionária disse que o sistema permite "maquiar" o identificador de chamada, e até programar o código de DDD que vai aparecer no visor do consumidor.
Assim, por exemplo, uma empresa baseada em São Paulo pode disparar uma ligação automática para o RS e fazer aparecer, no visor de quem recebe a chamada, o código de área do RS.
"É mais provável da pessoa atender uma ligação que seja na região dela, do que 'ah, estou olhando aqui no meu celular e tem alguém me ligando lá de São Paulo. Eu não estou em São Paulo'. A chance da pessoa atender, às vezes, é menor. Mas aí o intuito é isso, é aparecer binando com o DDD da região, mesmo que você não esteja", ressalta a vendedora da empresa.
O advogado especialista em crimes cibernéticos, José Milagre, adverte que esse tipo de prática pode caracterizar fraude eletrônica com pena de até oito anos de reclusão.
Mas não é só o código de área que pode ser alterado. Os sistemas automatizados criam números aleatórios, que não existem, como revelou o funcionário de uma empresa que vende planos de telefonia para operar sistemas de robocall:
"Se eu bloquear cada um desses números, vai resolver?" perguntou o repórter.
"Não. Não vai adiantar nada. Porque é centenas de milhares de números. Se eu ligar pra você cem vezes, vai ser cem números diferentes", respondeu o vendedor.
Anatel busca soluções
A Agência Nacional de Telecomunicações diz que trabalha para combater as ligações abusivas.
"Desde junho de 2022, que foi uma primeira cautelar mais enérgica da Anatel, até março deste ano, nós já reduzimos 222 bilhões de chamadas circulando nas redes de telecomunicações", garante Cristiana Camarate, Superintendente de Relações com Consumidores da Anatel
A superintendente informou que já está em fase de testes uma ferramenta que busca autenticar as ligações.
"Chama-se Origem Verificada. Quando o seu celular tocar, vai aparecer a logo da empresa que está te ligando, o nome dela e o motivo pelo qual ela está te ligando. Então, se o consumidor quiser atender naquele momento, ele pode atender com tranquilidade, não será uma fraude", explica Cristiana.
Nota da Associação Brasileira de Telesserviços
"A Associação Brasileira de Telesserviços (ABT) esclarece que suas associadas trabalham com informações de contatos fornecidas pelos seus clientes, não fazendo a "compra de listas de dados", assim como atuam fortemente para evitar "ligações mudas" ou insistentes, garantindo a identificação de quem está ligando.
E para combater práticas abusivas de segmentos do mercado e fraudes de criminosos que se passam por call centers verdadeiros, a ABT tem apoiado
ações e regulamentações da Anatel, incluindo a implementação de tecnologia de autenticação de chamadas adotada com sucesso nos EUA e Canadá e outras medidas que vedam a não identificação de chamadas e restringem ligações mudas. Ao mesmo tempo, na autorregulação do setor já constam regras que vedam tais práticas.
Por fim, a Associação e suas associadas firmam o compromisso de seguir trabalhando em prol do cumprimento de todas as regras da legislação e da autorregulação citadas, a fim de proteger os consumidores, combatendo abusos e resgatando a confiança no uso do telefone."
VÍDEOS: Tudo sobre o RS
O Procon de Porto Alegre vai abrir uma investigação para apurar as "robocalls" ou "chamada de robô", em tradução livre.
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Robocall: São ligações automatizadas realizadas em grande quantidade, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
O anúncio partiu do diretor-executivo do Procon de Porto Alegre, Wambert di Lourenzo, em uma apuração do Grupo de Investigação da RBS (GDI).
A investigação revelou, neste domingo (27), durante reportagem no Fantástico, o que está por trás dos chamados e como as empresas de telemarketing conseguem falsificar números para evitar rastreamento e induzir as pessoas a atenderem as ligações.
"Então, como Procon, nós vamos abrir investigação, a partir da tua reportagem, para tentar chegar aos fornecedores que usam esse serviço. E vamos oficiar também a polícia para que possa abrir investigação", declarou Wambert.
Na maioria das vezes, ao realizar os disparos em massa, as empresas buscam uma "prova de vida". O objetivo é identificar se o número está ativo, explica o ex-funcionário da um callcenter do RS, que pediu para não ser identificado.
"A gente tem que testar toda essa base para saber se os clientes que estão ali são ativos ou não, se os telefones que a gente recebeu dessa empresa que quer cobrar dívida são ativos ou não e para isso a gente usa um sistema de ligações robotizadas, onde um computador gera números aleatórios e liga para esses clientes em ligações curtas de no máximo 10 segundos para testar se o cliente vai atender ou não", conta um ex-funcionário de uma empresa de telemarketing.
Brasileiros recebem 23 bilhões de ligações automatizadas em dois meses, diz Anatel.
Reprodução/RBSTV
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Anatel determina que operadoras de telefonia notifiquem empresas que fazem ligações abusivas
23 mil ligações telefônicas automatizadas por segundo
Segundo a Anatel, entre janeiro e fevereiro deste ano, os brasileiros receberam uma média de 23 mil ligações telefônicas automatizadas por segundo. No período, esse tipo de ligação telefônica acumulou 24 bilhões de ligações, um aumento de 12% em relação aos mesmo bimestre de 2024.
O esquema envolve três níveis de prestadores de serviços. O primeiro é responsável por fornecer milhões de dados cadastrais usados pelas empresas no contato com os consumidores. São listas segmentadas por idade, profissão e até mesmo faixa de renda, muitas vezes vazadas de bancos de dados oficiais.
Ao negociar com uma dessas empresas, a reportagem obteve uma amostra com 60 cadastros.
"A gente trabalha com, a partir de mil registros, né? Mil contatos saem em R $150, é acessível, entendeu?", disse o vendedor .
Com as listas, as empresas contratam ferramentas de disparo em massa de ligações. O sistema é conhecido como Unidade de Resposta Automática (URA) Reversa.
Normalmente, esses mecanismos usam uma forma de ligação telefônica via internet conhecida como Voip, fornecida à parte ou vendida em pacotes incorporados à própria ferramenta.
Esse sistema automatizado, também chamado de "metralhadora", dispara ligações em massa para até milhões de telefones. O objetivo é realizar uma espécie de "prova de vida", ou seja, identificar se o número está ativo, explicou o ex-funcionário da um call-center do Rio Grande do Sul, que pediu para não ser identificado.
Procon de Porto Alegre vai investigar ligações automáticas
Reprodução/RBSTV
O GDI negociou com uma empresa que vende a ferramenta. A funcionária disse que o sistema permite "maquiar" o identificador de chamada, e até programar o código de DDD que vai aparecer no visor do consumidor.
Assim, por exemplo, uma empresa baseada em São Paulo pode disparar uma ligação automática para o RS e fazer aparecer, no visor de quem recebe a chamada, o código de área do RS.
"É mais provável da pessoa atender uma ligação que seja na região dela, do que 'ah, estou olhando aqui no meu celular e tem alguém me ligando lá de São Paulo. Eu não estou em São Paulo'. A chance da pessoa atender, às vezes, é menor. Mas aí o intuito é isso, é aparecer binando com o DDD da região, mesmo que você não esteja", ressalta a vendedora da empresa.
O advogado especialista em crimes cibernéticos, José Milagre, adverte que esse tipo de prática pode caracterizar fraude eletrônica com pena de até oito anos de reclusão.
Mas não é só o código de área que pode ser alterado. Os sistemas automatizados criam números aleatórios, que não existem, como revelou o funcionário de uma empresa que vende planos de telefonia para operar sistemas de robocall:
"Se eu bloquear cada um desses números, vai resolver?" perguntou o repórter.
"Não. Não vai adiantar nada. Porque é centenas de milhares de números. Se eu ligar pra você cem vezes, vai ser cem números diferentes", respondeu o vendedor.
Anatel busca soluções
A Agência Nacional de Telecomunicações diz que trabalha para combater as ligações abusivas.
"Desde junho de 2022, que foi uma primeira cautelar mais enérgica da Anatel, até março deste ano, nós já reduzimos 222 bilhões de chamadas circulando nas redes de telecomunicações", garante Cristiana Camarate, Superintendente de Relações com Consumidores da Anatel
A superintendente informou que já está em fase de testes uma ferramenta que busca autenticar as ligações.
"Chama-se Origem Verificada. Quando o seu celular tocar, vai aparecer a logo da empresa que está te ligando, o nome dela e o motivo pelo qual ela está te ligando. Então, se o consumidor quiser atender naquele momento, ele pode atender com tranquilidade, não será uma fraude", explica Cristiana.
Nota da Associação Brasileira de Telesserviços
"A Associação Brasileira de Telesserviços (ABT) esclarece que suas associadas trabalham com informações de contatos fornecidas pelos seus clientes, não fazendo a "compra de listas de dados", assim como atuam fortemente para evitar "ligações mudas" ou insistentes, garantindo a identificação de quem está ligando.
E para combater práticas abusivas de segmentos do mercado e fraudes de criminosos que se passam por call centers verdadeiros, a ABT tem apoiado
ações e regulamentações da Anatel, incluindo a implementação de tecnologia de autenticação de chamadas adotada com sucesso nos EUA e Canadá e outras medidas que vedam a não identificação de chamadas e restringem ligações mudas. Ao mesmo tempo, na autorregulação do setor já constam regras que vedam tais práticas.
Por fim, a Associação e suas associadas firmam o compromisso de seguir trabalhando em prol do cumprimento de todas as regras da legislação e da autorregulação citadas, a fim de proteger os consumidores, combatendo abusos e resgatando a confiança no uso do telefone."
VÍDEOS: Tudo sobre o RS
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