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Leão XIV é o papa que mais conhece o Brasil

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Leão XIV é o papa que mais conhece o Brasil
Antes de se tornar o novo papa Leão XIV, Prevost esteve diversas vezes no Brasil, onde marcou fiéis e religiosos por sua simplicidade, escuta atenta e proximidade com os mais pobres. Leão XIV em julho de 2013, no colégio agostiniano Mendel em São Paulo, por ocasião do encontro mundial de jovens Agostinianos. O de suéter listrado é o filósofo Sandson Almeida Rotterdan
Arquivo Pessoal de Sandson Almeida Rotterdan via BBC
Nenhum papa da Igreja Católica esteve tantas vezes em tantos lugares brasileiros como Leão XIV, o sumo pontífice que foi eleito na quinta-feira (8) para suceder papa Francisco (1936-2025).
Entre 2001 e 2013, durante os seus dois mandatos consecutivos como superior geral da Ordem de Santo Agostinho, ele visitou o país pelo menos cinco vezes e esteve, segundo a reportagem da BBC News Brasil apurou, ao menos uma vez em cada uma das comunidades agostinianas do país.
Isso significa que ele visitou os seis estados da federação que tinham unidades dessa ordem naquela época: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Mato Grosso e Goiás.
Uma das vezes em que esteve no Brasil, Leão XIV ainda era missionário no Peru, nos anos 1990. Nas outras quatro visitas, ele já era superior geral, em 2004, 2008, 2012 e 2013.
Francisco, seu antecessor, esteve no Brasil oficialmente somente duas vezes — uma como papa, em 2013, outra como cardeal arcebispo de Buenos Aires, em 2007. Antes dele, somente dois outros papas haviam pisado no país: Bento XVI (1927-2022), que visitou o país em 2007, João Paulo II (1920-2005), o primeiro a visitar a maior nação católica do planeta.
João Paulo II cumpriu três visitas oficiais ao Brasil, em 1980, em 1991 e em 1997. E, em 1982, quando ia para a Argentina, fez um rápido discurso no aeroporto, durante sua escala no Rio de Janeiro. Em termos de localidades, João Paulo II ainda é um nome a ser superado: em 12 dias ele esteve em 12 unidades da federação em sua primeira viagem ao país.
Leão XIV visita Basílica de Santa Maria Maggiore, onde está sepultado o papa Francisco
Por muito pouco Prevost não teria vindo ao Brasil ainda neste ano de 2025. Ele era presença confirmada, como pregador convidado, na Assembleia Geral dos Bispos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) que estava marcada para ocorrer entre 30 de abril e 9 de maio em Aparecida — o evento foi suspenso por conta do conclave.
Os que conviveram com ele nas viagens ao Brasil são unânimes em descrevê-lo como um homem que gosta mais de ouvir do que de falar e, ao menos nos primeiros contatos, é um tanto tímido. Ao mesmo tempo, destacam sua simplicidade e a acessibilidade a todos os que o abordam. Em geral, essas pessoas se referem a ele somente como "padre Prevost".
"Ele é um homem muito culto e muito afável. Discreto, ouve muito e fala pouco. Mas presta muita atenção. É muito fraterno na relação pessoal", observa à BBC News Brasil o frade Paulo Gabriel Lopez Blanco, que conhece o religioso norte-americano há 25 anos e esteve com ele em diversas ocasiões no Brasil e em outros países.
"Prevost é um homem silencioso, mas muito afável e firme nas decisões. Sabe escutar. Quando ganha confiança, se torna mais espontâneo. Mas é fácil no trato, gentil, culto e religioso. Esses são os traços da sua personalidade", revela o amigo.
Desde que Prevost foi eleito papa, algumas imagens dele em situações triviais acabaram viralizando. Por exemplo, a cena em que ele está com um copo de cerveja na mão, em Belo Horizonte.
"São fotos que mostram a informalidade de suas vindas ao Brasil. A que ele está com a cerveja foi na comemoração dos 70 anos do Colégio Santo Agostinho [da capital mineira, em 2004]", conta à BBC News Brasil o frade Jeferson Felipe da Cruz, gerente de identidade e pastoralidade da mantenedora dos colégios de Santo Agostinho. Na ocasião, conforme conta o religioso, houve uma cerimônia no teatro da escola e, em seguida, uma confraternização. "Ofereceram a ele que provasse uma cerveja brasileira", ressalta.
Em 2004, celebrações de 70 anos do Colégio Santo Agostinho, em Belo Horizonte
Arquivo Colégio Santo Agostinho
Naquela mesma viagem, em visita a uma paróquia mantida pelos agostinianos, ele foi fotografado se servindo de um prato muito comum na culinária mineira. "O frango com quiabo foi em um almoço comunitário. Ele, muito simples, muito próximo de todos, foi lá e se serviu da panela", recorda Cruz.
Profissão Solene de três novos frades no Recanto Santo Agostinho, 2012
Arquivo Colégio Santo Agostinho
"Essas fotos retratam um homem que experimenta a vida do povo, que não se impõe, se serve daquilo que lhe servem", analisa o religioso. "De alguém que pensa 'se é isso que o povo do país, o povo da cidade está comendo, é o que eu vou comer também'. É um bom sinal de humanidade para o papa."
Em 2013, Prevost veio ao Brasil ainda nos preparativos para a Jornada Mundial da Juventude, ocorrida no Rio de Janeiro com a participação do então papa Francisco. A professora Letícia Scalice, que dá aula de ensino religioso no Colégio Agostiniano Mendel, de São Paulo, foi uma das que conviveram com ele, que ministrou uma vivência catequética para jovens em São Paulo.
Em seguida, o grupo foi junto ao Rio.
"Ele foi sempre muito simpático e proativo. Estava disposto a ajudar, inclusive nas traduções de outras línguas que precisávamos fazer durante o período preparatório. Carismático e disposto, tinha um ar calmo, o tempo todo sereno", recorda ela, em depoimento à BBC News Brasil.
Na memória de Scalice ficou especialmente marcado o trabalho assistencial que esses jovens resolveram fazer em um bairro periférico na Região Metropolitana de São Paulo. "Fomos a Guarulhos visitar algumas casas. Era uma favela. Subimos muito para chegar nessas casas. E ele foi junto. Foi fazer orações ali, entrou nas casas, acolheu as pessoas que estavam lá e isso com certeza demonstra muita humildade, um olhar diferenciado para o próximo, um olhar de cuidado e de afeto", comenta ela.
Foto de visita de Prevost em 2013 a comunidade periférica de Guarulhos
Arquivo Pessoal/Leticia Scalice
"Ele foi à casa de pessoas que não conhecíamos, em um lugar de acesso complicado. Fez um trajeto de humildade e amor", afirma.
O filósofo Sandson Almeida Rotterdan, professor no Colégio Santa Doroteia, em Belo Horizonte, esteve com Prevost em duas das suas visitas ao Brasil. Em conversa com a BBC News Brasil, diz não se recordar em específico de nenhum tema conversado no tête-a-tête porque nos encontros de jovens agostinianos dos quais participava as interações informais eram marcadas por "amenidades".
De acordo com Rotterdan, ele demonstrava interesse em conhecer "as pessoas comuns", perguntando de onde cada um era, o que cada um fazia profissionalmente, tentando perceber se havia conhecidos em comum. "Era esse o cotidiano", recorda.
Rotterdan define Prevost como "um cara muito acessível, de uma fala até um tanto sedutora, pois muito fundamentada e, ao mesmo tempo, muito atrativa". "Zero estrelismo, ele é uma pessoa de trato simples", diz.
O único dos entrevistados pela BBC News Brasil que afirma se lembrar de comentários específicos de Prevost sobre a realidade brasileira foi o frade Cruz, que esteve pessoalmente com o hoje papa em 2012 e em 2013.
"Nas conversas informais, quando visitávamos comunidades, ele comentava muito sobre a cultura e a expressão da vida religiosa. Em certa medida demonstrava preocupação: o país estava passando por movimentos de altos e baixos na dimensão política e econômica", relata o religioso.
Em 2012, no Recanto Santo Agostinho (atual Ilali), ele celebrou a Profissão Solene de três novos frades
Arquivo Colégio Santo Agostinho
Segundo Cruz, o então padre Prevost dizia que "os agostinianos precisam ficar próximos dos pobres, dos marginais, dos excluídos da sociedade". "Por trás dessa recomendação havia a consideração de que no país essa era uma realidade que ainda grita. E que a Igreja deve se tornar próxima das pessoas", comenta.
Blanco revela que ao longo desses 25 anos, suas conversas sempre giraram em torno de preocupações quanto ao "processo de renovação da vida religiosa na América Latina". Como ocupou posições de destaque no episcopado da região e, mais recentemente, comandou o Dicastério para os Bispos do Vaticano, parece que a crise das vocações é uma das questões sobre as quais o atual papa reflete.
O frade Blanco ressalta que Prevost reforçava a necessidade que os religiosos tenham compromisso "no serviço ao povo" e que, "na realidade latino-americana" é preciso assumir "a opção pelos pobres" e ter um olhar para a "inculturação do mundo indígena". Segundo o religioso, também eram lembrados os problemas ambientais e de pobreza na realidade do continente.
Cruz ressalta que Prevost visitou "todas as comunidades de agostinianos do Brasil" na época em que foi superior da ordem. Sua viagens ao país eram sempre "encontros que se davam em virtude de agendas próprias de nossa ordem".
Profissão Solene do Frei Jeferson, presidida por ele em dezembro de 2012, em Mário Campos, no ilali
Arquivo Colégio Santo Agostinho
No Vaticano
Provavelmente o último brasileiro — com exceção dos sete cardeais que participaram do conclave — que interagiu com Prevost antes que ele virasse papa Leão XIV, o filósofo e publicitário Marcus Tullius foi um dos 25 integrantes de um grupo latino-americano que participou de uma missa privada celebrada por ele em uma capela subterrânea na Basílica de São Pedro, em frente ao túmulo onde se acredita que estão os restos mortais de Pedro, apóstolo considerado pelos católicos o primeiro papa.
"Era um encontro, um curso promovido pela Cáritas", conta ele, à BBC News Brasil. Tullius é o coordenador de comunicação para a América Latina da instituição humanitária da Igreja Católica.
"O grupo era pequeno e ele fez questão de cumprimentar a todos, um a um", recorda. "Percebi nele uma pessoa acolhedora, me chamou a atenção seu gesto de escuta, sua fala serena."
O publicitário disse que, para ele, foi marcante a postura de Prevost. "Um homem muito simples. Chegou tranquilo, caminhando com uma maletinha onde estavam suas vestes e seus paramentos. Não tinha ninguém o acompanhando, carregando as suas coisas, mesmo ele sendo cardeal. Quando terminou, fez da mesma maneira: tirou os paramentos, pegou a maletinha e seguiu adiante para suas outras responsabilidades", relembra.
Foto da missa celebrada por Prevost em janeiro deste ano, da qual participou um brasileiro
Marcus Tullius via BBC

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