Retirada da vesícula foi o 3° procedimento mais realizado pelo SUS em 2024; entenda quem precisa operar e o que são os cálculos

Retirada da vesícula foi o 3° procedimento mais realizado pelo SUS em 2024
A pedra na vesícula atinge uma em cada cem pessoas no mundo e é mais comum entre as mulheres. De cada dez pessoas que têm o problema, 7 a 8 não terão sintomas e poderão nunca necessitar de cirurgia. Mas a retirada da vesícula por videolaparoscopia, que é o procedimento menos invasivo para o problema, foi o terceiro mais realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no ano passado. Segundo o Ministério da Saúde, foram 182 mil cirurgias ao todo.
O Bem-Estar conversou com uma paciente que fez essa cirurgia recentemente e com a gastroenterologista Marina Pamponet para entender melhor essa condição e o tratamento.
A vesícula biliar faz parte do sistema biliar e tem a função de armazenar a bile, um conteúdo produzido pelo fígado, que é importante na digestão de gorduras e é excretada no intestino. Mas quando existe um desequilíbrio na bile, ocorre a cristalização, chamada de pedras ou cálculos.
A fisioterapeuta Camila Fontana descobriu que tinha diversas pedras após uma ultrassonografia de abdômen total, solicitada pela ginecologista.
“Eu tinha um pouco de refluxo e alguns desconfortos gastrointestinais, mas eu achava que era algo que eu tinha comido e não tinha caído bem. E minha alimentação nunca foi muito rica em gordura”, conta a paciente.
Nesta reportagem você vai ver:
O que causa a pedra na vesícula (colelitíase)?
Quem não está acima do peso também pode ter pedra na vesícula?
Qual é a prevalência da condição?
Quais são os sintomas das pedras na vesícula?
Os casos mais preocupantes
A dor na vesícula pode ser confundida com outro problema?
É possível prevenir pedra na vesícula?
Como é feito o diagnóstico dos cálculos biliares?
Como é o tratamento?
Todo caso de cálculo precisa de cirurgia?
Podemos viver sem a vesícula?
Qual é o risco de ignorar o problema da pedra na vesícula?
Os cálculos continuam se formando ao longo da vida?
1. O que causa a pedra na vesícula (colelitíase)?
Alguns fatores levam à formação dos cálculos biliares. Na prática, o líquido biliar vai se tornando mais denso até formar as pedras.
Existe mais de um tipo de cálculo, mas o mais comum é aquele causado pelo estilo de vida e dieta rica em gordura, explica Pamponet.
Veja quem tem mais chances de desenvolver pedra na vesícula:
Pessoas com obesidade
Mulheres (por questões hormonais)
Pessoas mais velhas (por questões hormonais e pela motilidade da vesícula, já que o ritmo do organismo tende a diminuir)
Quem está fazendo dieta parenteral (a alimentação que não usa o trato gastrointestinal acaba diminuindo o estímulo da vesícula, diminuindo sua motilidade e gerando acúmulo de bile)
Pessoas que tenham feito cirurgia bariátrica, especialmente pela perda rápida de peso (por isso algumas pessoas já retiram a vesícula nesse tipo de cirurgia)
Pessoas que comem muitos alimentos ricos em gordura
OBS: há relatos sobre cálculos na vesícula que surgiram após o uso de medicamentos análogos ao GLP-1, que promovem perda de peso rápida, comparável ao resultado da cirurgia bariátrica. Como se trata de algo recente, são necessários estudos mais aprofundados para comprovar essa relação direta.
2. Quem não está acima do peso também pode ter pedra na vesícula?
Sim. Não é só a obesidade que está associada à pedra na vesícula. O tipo de dieta conta muito, além das questões hormonais.
A vesícula biliar tem a função de armazenar a bile, um conteúdo produzido pelo fígado, que é importante na digestão de gorduras e é excretada no intestino
Reprodução Bem-Estar
3. Qual é a prevalência da condição?
Pedras na vesícula são mais comuns em mulheres.
Em geral, a cada 10 pessoas, de 1 a 2 podem ter cálculos.
A prevalência de colelitíase nos países ocidentais é estimada entre 10% e 20%, estando associada a fatores de risco como obesidade, dieta rica em gorduras, hábitos alimentares inadequados e avanço da idade.
No Brasil, os levantamentos são escassos, mas estima-se uma prevalência comparável a de outros países ocidentais, variando entre 7% e 20%.
4. Quais são os sintomas das pedras na vesícula?
Apesar de a incidência do problema ser alta na população, a maioria das pessoas não tem sintomas.
Quando há sintomas, o mais comum é a dor na região superior direita do abdômen, uma cólica.
Existe a chance de ocorrer inflamação da vesícula (colecistite), com dor mais intensa e persistente, o que pode levar à febre. Nesses casos, a pessoa costuma procurar atendimento médico devido à intensidade dos sintomas.
5. Os casos mais preocupantes
Quando a pedra sai da vesícula e vai para o colédoco, canal que liga a vesícula ao intestino, o cálculo pode obstruir a passagem da bile para o intestino. Isso é chamado de coledocolitíase.
Além da dor, uma manifestação comum dessa condição é a coloração amarela dos olhos e da pele, pois a bile não consegue sair do canal e extravasa para o sangue. Pode haver também coceira no corpo devido aos ácidos biliares.
Em alguns casos, a inflamação da vesícula pode levar à pancreatite, pela proximidade da vesícula com o pâncreas. A principal causa de pancreatite é a pedra na vesícula.
6. A dor na vesícula pode ser confundida com outro problema?
A cólica característica da pedra na vesícula surge normalmente após a alimentação, que ativa o processo de liberação da bile e depois desaparece. Essa dor pode ser confundida com outras cólicas, dor no estômago ou cólica intestinal.
7. É possível prevenir pedra na vesícula?
Muitos fatores podem estar envolvidos na formação dos cálculos, mas em geral é importante evitar dietas muito gordurosas e perdas de peso muito rápidas. Manter um estilo de vida ativo e saudável é fundamental.
8. Como é feito o diagnóstico dos cálculos biliares?
A ultrassonografia abdominal é o melhor exame para avaliação. Quando o paciente não tem sintomas, os cálculos costumam ser descobertos em exames de rotina.
O especialista que acompanha esse tipo de condição é o gastroenterologista ou o cirurgião do aparelho digestivo, em casos cirúrgicos.
9. Como é o tratamento?
O tratamento é a cirurgia de retirada da vesícula. No procedimento, o cirurgião retira a vesícula junto com o cálculo - ele não abre a vesícula para a retirada.
Além da cirurgia, há medicamentos muito específicos para cálculos, mas eles são exceção, segundo Pamponet.
10. Todo caso de cálculo precisa de cirurgia?
Não. A cirurgia é indicada para:
Pacientes com sintomas atribuíveis ao cálculo
Obstrução da via biliar
Pacientes que tiveram pancreatite
Mesmo sem sintomas, pode haver indicação cirúrgica quando:
O cálculo é grande (acima de 2 cm)
Há pólipos na vesícula além dos cálculos
Há alterações sugestivas de câncer na vesícula ou calcificações
11. Podemos viver sem a vesícula?
Sim. A vesícula não produz bile, apenas armazena. Sem ela, não há prejuízo nutricional. É como se a gente perdesse o estoque de bile. O fígado continua funcionando e produzindo bile. Algumas pessoas que retiram a vesícula podem ter diarreia ao comer alimentos gordurosos.
“A digestão não é prejudicada, embora o ciclo de reabsorção de algumas enzimas pelo organismo possa ser alterado, causando essas diarreias. Os sintomas decorrentes da retirada da vesícula podem ser tratados com medicação (a depender da intensidade)”, explica Pamponet.
12. Qual é o risco de ignorar o problema da pedra na vesícula?
Se o cálculo for assintomático e pequeno, não há problema. O importante é saber se há ou não indicação cirúrgica. O acompanhamento dos cálculos pode ser feito por exames de rotina.
No SUS, muitas pessoas não fazem ultrassonografia dessa parte do abdômen em exames anuais de rotina, como costuma ocorrer na rede particular, segundo Pamponet.
Mas o Ministério da Saúde informa que o SUS oferece tratamento integral aos pacientes diagnosticados com cálculo na vesícula biliar, incluindo tratamento clínico, com medicamentos para alívio da dor e desconforto; ou cirúrgico, sendo a colecistectomia (remoção da vesícula) o procedimento mais comum, geralmente realizado por videolaparoscopia.
No ano passado, a colecistectomia por videolaparoscopia (menos invasiva) foi o 3º procedimento mais realizado no país, com mais de 182 mil procedimentos. Já a colecistectomia convencional foi a 5ª cirurgia mais realizada no SUS, com 135 mil procedimentos.
“Não é preciso se preocupar excessivamente ao identificar a presença de um cálculo. O correto é ficar atento aos sintomas. Se surgirem, a pessoa deve procurar o médico para avaliação”, explica a gastroenterologista.
13. Os cálculos continuam se formando ao longo da vida?
Mesmo após o diagnóstico de um cálculo, outros podem continuar se formando na vesícula. Essa condição pode progredir ou permanecer estável por anos.
LEIA TAMBÉM:
Ozempic e outros inibidores de apetite podem causar perda muscular: como evitar?
Fila da bariátrica: CFM amplia o público elegível, mas SUS realiza apenas 10% dos procedimentos
A pedra na vesícula atinge uma em cada cem pessoas no mundo e é mais comum entre as mulheres. De cada dez pessoas que têm o problema, 7 a 8 não terão sintomas e poderão nunca necessitar de cirurgia. Mas a retirada da vesícula por videolaparoscopia, que é o procedimento menos invasivo para o problema, foi o terceiro mais realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no ano passado. Segundo o Ministério da Saúde, foram 182 mil cirurgias ao todo.
O Bem-Estar conversou com uma paciente que fez essa cirurgia recentemente e com a gastroenterologista Marina Pamponet para entender melhor essa condição e o tratamento.
A vesícula biliar faz parte do sistema biliar e tem a função de armazenar a bile, um conteúdo produzido pelo fígado, que é importante na digestão de gorduras e é excretada no intestino. Mas quando existe um desequilíbrio na bile, ocorre a cristalização, chamada de pedras ou cálculos.
A fisioterapeuta Camila Fontana descobriu que tinha diversas pedras após uma ultrassonografia de abdômen total, solicitada pela ginecologista.
“Eu tinha um pouco de refluxo e alguns desconfortos gastrointestinais, mas eu achava que era algo que eu tinha comido e não tinha caído bem. E minha alimentação nunca foi muito rica em gordura”, conta a paciente.
Nesta reportagem você vai ver:
O que causa a pedra na vesícula (colelitíase)?
Quem não está acima do peso também pode ter pedra na vesícula?
Qual é a prevalência da condição?
Quais são os sintomas das pedras na vesícula?
Os casos mais preocupantes
A dor na vesícula pode ser confundida com outro problema?
É possível prevenir pedra na vesícula?
Como é feito o diagnóstico dos cálculos biliares?
Como é o tratamento?
Todo caso de cálculo precisa de cirurgia?
Podemos viver sem a vesícula?
Qual é o risco de ignorar o problema da pedra na vesícula?
Os cálculos continuam se formando ao longo da vida?
1. O que causa a pedra na vesícula (colelitíase)?
Alguns fatores levam à formação dos cálculos biliares. Na prática, o líquido biliar vai se tornando mais denso até formar as pedras.
Existe mais de um tipo de cálculo, mas o mais comum é aquele causado pelo estilo de vida e dieta rica em gordura, explica Pamponet.
Veja quem tem mais chances de desenvolver pedra na vesícula:
Pessoas com obesidade
Mulheres (por questões hormonais)
Pessoas mais velhas (por questões hormonais e pela motilidade da vesícula, já que o ritmo do organismo tende a diminuir)
Quem está fazendo dieta parenteral (a alimentação que não usa o trato gastrointestinal acaba diminuindo o estímulo da vesícula, diminuindo sua motilidade e gerando acúmulo de bile)
Pessoas que tenham feito cirurgia bariátrica, especialmente pela perda rápida de peso (por isso algumas pessoas já retiram a vesícula nesse tipo de cirurgia)
Pessoas que comem muitos alimentos ricos em gordura
OBS: há relatos sobre cálculos na vesícula que surgiram após o uso de medicamentos análogos ao GLP-1, que promovem perda de peso rápida, comparável ao resultado da cirurgia bariátrica. Como se trata de algo recente, são necessários estudos mais aprofundados para comprovar essa relação direta.
2. Quem não está acima do peso também pode ter pedra na vesícula?
Sim. Não é só a obesidade que está associada à pedra na vesícula. O tipo de dieta conta muito, além das questões hormonais.
A vesícula biliar tem a função de armazenar a bile, um conteúdo produzido pelo fígado, que é importante na digestão de gorduras e é excretada no intestino
Reprodução Bem-Estar
3. Qual é a prevalência da condição?
Pedras na vesícula são mais comuns em mulheres.
Em geral, a cada 10 pessoas, de 1 a 2 podem ter cálculos.
A prevalência de colelitíase nos países ocidentais é estimada entre 10% e 20%, estando associada a fatores de risco como obesidade, dieta rica em gorduras, hábitos alimentares inadequados e avanço da idade.
No Brasil, os levantamentos são escassos, mas estima-se uma prevalência comparável a de outros países ocidentais, variando entre 7% e 20%.
4. Quais são os sintomas das pedras na vesícula?
Apesar de a incidência do problema ser alta na população, a maioria das pessoas não tem sintomas.
Quando há sintomas, o mais comum é a dor na região superior direita do abdômen, uma cólica.
Existe a chance de ocorrer inflamação da vesícula (colecistite), com dor mais intensa e persistente, o que pode levar à febre. Nesses casos, a pessoa costuma procurar atendimento médico devido à intensidade dos sintomas.
5. Os casos mais preocupantes
Quando a pedra sai da vesícula e vai para o colédoco, canal que liga a vesícula ao intestino, o cálculo pode obstruir a passagem da bile para o intestino. Isso é chamado de coledocolitíase.
Além da dor, uma manifestação comum dessa condição é a coloração amarela dos olhos e da pele, pois a bile não consegue sair do canal e extravasa para o sangue. Pode haver também coceira no corpo devido aos ácidos biliares.
Em alguns casos, a inflamação da vesícula pode levar à pancreatite, pela proximidade da vesícula com o pâncreas. A principal causa de pancreatite é a pedra na vesícula.
6. A dor na vesícula pode ser confundida com outro problema?
A cólica característica da pedra na vesícula surge normalmente após a alimentação, que ativa o processo de liberação da bile e depois desaparece. Essa dor pode ser confundida com outras cólicas, dor no estômago ou cólica intestinal.
7. É possível prevenir pedra na vesícula?
Muitos fatores podem estar envolvidos na formação dos cálculos, mas em geral é importante evitar dietas muito gordurosas e perdas de peso muito rápidas. Manter um estilo de vida ativo e saudável é fundamental.
8. Como é feito o diagnóstico dos cálculos biliares?
A ultrassonografia abdominal é o melhor exame para avaliação. Quando o paciente não tem sintomas, os cálculos costumam ser descobertos em exames de rotina.
O especialista que acompanha esse tipo de condição é o gastroenterologista ou o cirurgião do aparelho digestivo, em casos cirúrgicos.
9. Como é o tratamento?
O tratamento é a cirurgia de retirada da vesícula. No procedimento, o cirurgião retira a vesícula junto com o cálculo - ele não abre a vesícula para a retirada.
Além da cirurgia, há medicamentos muito específicos para cálculos, mas eles são exceção, segundo Pamponet.
10. Todo caso de cálculo precisa de cirurgia?
Não. A cirurgia é indicada para:
Pacientes com sintomas atribuíveis ao cálculo
Obstrução da via biliar
Pacientes que tiveram pancreatite
Mesmo sem sintomas, pode haver indicação cirúrgica quando:
O cálculo é grande (acima de 2 cm)
Há pólipos na vesícula além dos cálculos
Há alterações sugestivas de câncer na vesícula ou calcificações
11. Podemos viver sem a vesícula?
Sim. A vesícula não produz bile, apenas armazena. Sem ela, não há prejuízo nutricional. É como se a gente perdesse o estoque de bile. O fígado continua funcionando e produzindo bile. Algumas pessoas que retiram a vesícula podem ter diarreia ao comer alimentos gordurosos.
“A digestão não é prejudicada, embora o ciclo de reabsorção de algumas enzimas pelo organismo possa ser alterado, causando essas diarreias. Os sintomas decorrentes da retirada da vesícula podem ser tratados com medicação (a depender da intensidade)”, explica Pamponet.
12. Qual é o risco de ignorar o problema da pedra na vesícula?
Se o cálculo for assintomático e pequeno, não há problema. O importante é saber se há ou não indicação cirúrgica. O acompanhamento dos cálculos pode ser feito por exames de rotina.
No SUS, muitas pessoas não fazem ultrassonografia dessa parte do abdômen em exames anuais de rotina, como costuma ocorrer na rede particular, segundo Pamponet.
Mas o Ministério da Saúde informa que o SUS oferece tratamento integral aos pacientes diagnosticados com cálculo na vesícula biliar, incluindo tratamento clínico, com medicamentos para alívio da dor e desconforto; ou cirúrgico, sendo a colecistectomia (remoção da vesícula) o procedimento mais comum, geralmente realizado por videolaparoscopia.
No ano passado, a colecistectomia por videolaparoscopia (menos invasiva) foi o 3º procedimento mais realizado no país, com mais de 182 mil procedimentos. Já a colecistectomia convencional foi a 5ª cirurgia mais realizada no SUS, com 135 mil procedimentos.
“Não é preciso se preocupar excessivamente ao identificar a presença de um cálculo. O correto é ficar atento aos sintomas. Se surgirem, a pessoa deve procurar o médico para avaliação”, explica a gastroenterologista.
13. Os cálculos continuam se formando ao longo da vida?
Mesmo após o diagnóstico de um cálculo, outros podem continuar se formando na vesícula. Essa condição pode progredir ou permanecer estável por anos.
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