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Fed mantém juros dos EUA na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano, ainda de olho no efeito Trump

Fed mantém juros dos EUA na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano, ainda de olho no efeito Trump
Essa é a quarta decisão consecutiva em que o BC americano mantém as taxas inalteradas. Previsão é de dois cortes neste ano, enquanto o Fed analisa os impactos da política tarifária do republicano. Foto de arquivo: O presidente dos EUA, Donald Trump, observa Jerome Powell, seu indicado para presidir o Federal Reserve (Fed), durante discurso na Casa Branca, em Washington, EUA, em 2 de novembro de 2017.
REUTERS/Carlos Barria/Foto de arquivo
O Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, manteve as taxas de juros do país inalteradas na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano. A decisão unânime, anunciada nesta quarta-feira (18), veio em linha com as expectativas do mercado financeiro.
Essa foi a quarta reunião seguida em que o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) optou por não alterar o referencial de juros. Em maio, o colegiado destacou a perspectiva econômica "incerta" e a atenção a riscos ao justificar sua posição.
O comitê reafirmou hoje que as incertezas em torno das perspectivas econômicas seguem elevadas, mas ponderou que elas diminuíram em relação à última reunião. A postura cautelosa do Fed reflete, principalmente, a política tarifária do presidente Donald Trump.
Os membros do Fomc voltaram a projetar dois cortes nos juros ainda este ano (o primeiro em setembro), totalizando uma redução de 0,50 ponto percentual (p.p.) até o fim de 2025. Para os anos seguintes, porém, a flexibilização na política monetária deverá ser menor do que o previsto nas reuniões anteriores. (leia mais abaixo)
“Por enquanto, estamos bem posicionados para esperar e obter mais informações sobre a provável trajetória da economia antes de considerar qualquer ajuste em nossa política monetária”, disse o presidente do Fed, Jerome Powell, após o anúncio.
As decisões sobre as taxas de juros nos EUA geram efeitos no Brasil. Quando as taxas permanecem elevadas, há maior pressão para que a Selic, a taxa básica de juros brasileira, também permaneça alta por mais tempo. Além disso, há impactos no câmbio. (veja também mais abaixo)

O anúncio desta quarta-feira foi o quarto desde que Donald Trump tomou posse como 47º presidente dos EUA, em 20 de janeiro. O cenário, porém, ficou mais adverso de lá para cá, diante da guerra tarifária promovida pelo republicano e da escalada dos conflitos no Oriente Médio.
Economistas e agentes do mercado têm feito uma série de alertas sobre os impactos nos EUA das taxas aplicadas a outros países — em especial, contra os principais parceiros comerciais dos norte-americanos. Algumas tarifas estão em vigor. Outras, foram suspensas.
O grande destaque vai para a guerra comercial entre EUA e China. Os norte-americanos chegaram a anunciar taxas de até 145% sobre produtos chineses importados. Pequim, então, respondeu com alíquotas de até 125% sobre a importação de itens dos EUA.
Em 12 de maio, as duas maiores economias do mundo firmaram um acordo sobre o tarifaço, com redução das taxas por 90 dias. Acusações de falta de cumprimento dos termos, porém, exigiram uma renegociação, cuja trégua está na mesa para avaliação de Trump e do presidente Xi Jinping.
Mesmo com a suspensão da escalada tarifária, agentes financeiros seguem receosos sobre os rumos da guerra comercial. A preocupação cresce com a aproximação da retomada das taxas do chamado "Dia da Libertação" de Trump, que atingiu mais de 180 países. A medida volta a valer no início de julho.
Trump diz que não planeja demitir Powell, mas volta a pressionar Fed por juros mais baixos
O que disse o Fomc
Em comunicado, o comitê reiterou nesta quarta que a atividade econômica dos EUA continuou a se expandir "em um ritmo sólido", com taxa de desemprego estabilizada em níveis baixos e um mercado de trabalho igualmente sólido.
Diante do cenário, a inflação do país "permanece um pouco elevada", citou o Fomc. Em maio, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) ficou em 2,4% no acumulado em 12 meses — ainda acima da meta de 2% do Fed.
O comitê também reforçou que as incertezas sobre o cenário econômico diminuíram, apesar de seguirem elevadas.
"O Comitê busca alcançar o máximo emprego e uma inflação de 2% ao ano no longo prazo. A incerteza quanto às perspectivas econômicas diminuiu, mas continua elevada. O Comitê está atento aos riscos para ambos os lados de seu duplo mandato", disse, em comunicado.
O Fomc também reiterou que "continuará monitorando as implicações das informações recebidas" e que está "preparado para ajustar a orientação da política monetária conforme apropriado caso surjam riscos que possam dificultar o alcance dos objetivos do Comitê".
Projeções
Em relatório que traz previsões para a economia norte-americana, os integrantes do Fomc reafirmaram nesta quarta a expectativa de dois cortes na taxa básica de juros este ano. A previsão é que, até o fim de 2025, o referencial seja reduzido em um total de 0,50 ponto percentual (p.p.).
O comitê, por outro lado, também diminuiu a projeção de ritmo de corte para os anos seguintes, ao prever uma queda de 0,25 ponto em 2026 e outra do mesmo valor em 2027.
No novo reajuste de rotas em meio à política econômica de Trump, as projeções apontam ainda que a inflação norte-americana seguirá em 2,4% até 2026, antes de cair para 2,1% em 2027, com uma taxa de desemprego praticamente estável.
Além disso, as autoridades do Fed preveem crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,4% em 2025, abaixo dos 1,7% projetados em março.
Prédio do Federal Reserve dos EUA em Washington, EUA (maio/2020)
Kevin Lamarque / Reuters
Efeitos da política tarifária
Apesar de o objetivo central de Trump ser priorizar a indústria nacional (e usar as tarifas como barganha em negociações), a cobrança de taxas sobre a importação de produtos encarece o custo de itens produzidos dentro dos EUA, o que tende a pressionar a inflação.
Além disso, a incerteza diante do vaivém tarifário e das ameaças do republicano tem prejudicado a confiança dos consumidores, levantando temores de que a maior economia do mundo possa enfrentar um período de esfriamento — ou, em cenários mais pessimistas, uma recessão.
Um dos principais dados recentes que ajudam a medir a temperatura da economia dos EUA é o resultado do PIB. Conforme divulgação no fim de abril, a economia do país registrou queda de 0,3% em taxa anualizada no primeiro trimestre. Foi o primeiro recuo em três anos.
?A taxa anualizada mostra como a economia cresceria em um ano se o ritmo atual for mantido. Essa medida é usada para facilitar a comparação com o crescimento de outros períodos.
O resultado contrariou as primeiras expectativas dos analistas, que previam uma alta de 0,3% para o período, e foi puxado por uma grande quantidade de bens importados por empresas que queriam evitar custos mais altos da política de tarifas anunciada pelo presidente dos EUA.
A confiança do consumidor gerou impactos, à medida que o sentimento empresarial também despencou. As companhias aéreas, por exemplo, citam incerteza devido às tarifas, enquanto economistas alertam que as taxas aumentarão os custos para empresas e famílias.
Enquanto isso, o Fed continua ignorando os apelos de Trump por cortes imediatos. Nesta quarta, o republicano voltou a atacar o presidente do BC americano, Jerome Powell, ao chamá-lo de "estúpido" e afirmar que a taxa de juros deveria ser reduzida pela metade.
Reflexos no Brasil — e nos mercados
Juros elevados nos EUA aumentam o rendimento das Treasuries, os títulos públicos americanos.
Como são considerados os produtos de investimento mais seguros do mundo, as Treasuries com rentabilidades mais altas atraem investidores estrangeiros, que encaminham seus recursos para os EUA e dão força para o dólar.
Em outra perspectiva: o movimento tende a reduzir o volume de investimentos estrangeiros no Brasil, desvalorizando o real em relação à moeda norte-americana.
Além disso, dólar em nível elevado aumenta a pressão sobre a inflação por aqui, com reflexos no ciclo de alta de juros que o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central do Brasil, tem aplicado.

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