Escândalo no quartel: investigação revela que morte de soldado divulgada como suicídio foi forjada para acobertar homicídio

Testemunhas revelam que foram coagidas por coronel do Exército para acobertar assassinato em alojamento. Escândalo no quartel: investigação revela que morte de soldado foi forjada
Chegou ao fim a investigação da morte de um soldado, atingido por um tiro na cabeça, dentro do alojamento do quartel, no Rio de Janeiro. O Ministério Público Militar concluiu que Wenderson Nunes Otávio não cometeu suicídio. Testemunhas declararam que receberam ordens para ficar em silêncio. Veja a reportagem completa no vídeo acima.
O caso
Desde 15 de janeiro, Adilson e Cristiana esperavam por resposta e Justiça. O filho do casal, Wenderson Nunes Otávio, conhecido no Exército como soldado Otávio, foi encontrado morto com um tiro na cabeça dentro de um alojamento militar no Rio de Janeiro. Inicialmente, o Exército comunicou à família que se tratava de suicídio. No entanto, uma investigação do Ministério Público Militar revelou uma versão diferente.
Segundo a denúncia, o disparo foi feito por Jonas Gomes Figueira, ex-soldado do 26º Batalhão de Infantaria Paraquedista. O terceiro sargento Alessandro dos Reis Monteiro também foi indiciado por não fiscalizar a entrada da arma no alojamento, o que é proibido pelas normas militares.
"O Figueira era amigo do meu filho. Ele vivia dentro da minha casa. Ele me chamava de tia e eu tinha uma consideração muito grande por ele. Eu senti para mim que tinha sido um acidente. Eu sei que foi um acidente, só que eu gostaria que ele me falasse. Eu acho que ele queria falar. Mas ele foi proibido", relata Cristiana.
"É difícil. Acidente acontece, mas mentir, não", diz Adilson.
Depoimentos
De acordo com os depoimentos colhidos, Figueira costumava brincar com armas dentro do alojamento e que já chegou a aportar e encostar a arma na cabeça de um colega. Segundo a investigação, no dia da tragédia, ele teria apontado uma pistola 9mm para Wenderson, acreditando que a arma estava descarregada, e efetuado o disparo enquanto o colega calçava o coturno.
Militares relataram que ao Fantástico que o comandante do batalhão, Douglas Santos Leite, reuniu os militares logo após o ocorrido e determinou que a versão oficial seria de suicídio. Também teria proibido qualquer contato com a família da vítima.
“Mesmo assim, a gente falou. Porque estava errado”, disse um dos soldados ouvidos pelo Fantástico.
Mensagens obtidas pelo Ministério Público mostram que superiores tentaram identificar os militares que prestaram depoimento e reforçaram a ordem de silêncio.
Para os pais de Wenderson, a dor permanece, mas há um sentimento de alívio.
“Muito aliviado em saber que a Justiça está sendo feita e que os culpados sejam penalizados e responsabilizados pelo crime que eles fizeram com o meu filho", disse Adriano.
"Claro que a dor não vai passar, mas estou aliviada em saber que a Justiça está sendo feita", completa Cristina.
A defesa de Jonas Figueira se manifestou por nota e diz que recebe com tranquilidade a denúncia oferecida pelo Ministério Público Militar por suposta autoria atribuída a este no crime de homicídio qualificado e que entende que não há justa causa para a presente ação ou para uma futura condenação de Jonas pelos crimes que lhe são imputados. E que Jonas afirma ser inocente, o que ficará provado ao fim do processo.
O Fantástico conversou com o comandante Douglas e ele disse que iria se manifestar através da assessoria do Exército. Em nota, o Centro de Comunicação Social do Exército disse que, desde o momento do ocorrido, todas as ações realizadas pelo Comando do 26º Batalhão de Infantaria Paraquedista foram pautadas pelo estrito cumprimento das normas e em rigorosa observância das atribuições relativas ao cargo do comandante. Tudo visando a garantir a lisura do processo e minimizar a disseminação de informações inverídicas.
A nota também diz que, em nenhum momento, o Comando da Organização Militar afirmou, perante familiares ou militares do batalhão, qualquer conclusão sobre a dinâmica dos fatos. E finaliza afirmando que todas as providências adotadas seguiram rigorosamente os preceitos legais, com total comprometimento com a verdade, a integridade, a ética, a justiça e o respeito ao militar falecido e sua família.
Escândalo no quartel: investigação revela que morte de soldado foi forjada
Reprodução/TV Globo
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Chegou ao fim a investigação da morte de um soldado, atingido por um tiro na cabeça, dentro do alojamento do quartel, no Rio de Janeiro. O Ministério Público Militar concluiu que Wenderson Nunes Otávio não cometeu suicídio. Testemunhas declararam que receberam ordens para ficar em silêncio. Veja a reportagem completa no vídeo acima.
O caso
Desde 15 de janeiro, Adilson e Cristiana esperavam por resposta e Justiça. O filho do casal, Wenderson Nunes Otávio, conhecido no Exército como soldado Otávio, foi encontrado morto com um tiro na cabeça dentro de um alojamento militar no Rio de Janeiro. Inicialmente, o Exército comunicou à família que se tratava de suicídio. No entanto, uma investigação do Ministério Público Militar revelou uma versão diferente.
Segundo a denúncia, o disparo foi feito por Jonas Gomes Figueira, ex-soldado do 26º Batalhão de Infantaria Paraquedista. O terceiro sargento Alessandro dos Reis Monteiro também foi indiciado por não fiscalizar a entrada da arma no alojamento, o que é proibido pelas normas militares.
"O Figueira era amigo do meu filho. Ele vivia dentro da minha casa. Ele me chamava de tia e eu tinha uma consideração muito grande por ele. Eu senti para mim que tinha sido um acidente. Eu sei que foi um acidente, só que eu gostaria que ele me falasse. Eu acho que ele queria falar. Mas ele foi proibido", relata Cristiana.
"É difícil. Acidente acontece, mas mentir, não", diz Adilson.
Depoimentos
De acordo com os depoimentos colhidos, Figueira costumava brincar com armas dentro do alojamento e que já chegou a aportar e encostar a arma na cabeça de um colega. Segundo a investigação, no dia da tragédia, ele teria apontado uma pistola 9mm para Wenderson, acreditando que a arma estava descarregada, e efetuado o disparo enquanto o colega calçava o coturno.
Militares relataram que ao Fantástico que o comandante do batalhão, Douglas Santos Leite, reuniu os militares logo após o ocorrido e determinou que a versão oficial seria de suicídio. Também teria proibido qualquer contato com a família da vítima.
“Mesmo assim, a gente falou. Porque estava errado”, disse um dos soldados ouvidos pelo Fantástico.
Mensagens obtidas pelo Ministério Público mostram que superiores tentaram identificar os militares que prestaram depoimento e reforçaram a ordem de silêncio.
Para os pais de Wenderson, a dor permanece, mas há um sentimento de alívio.
“Muito aliviado em saber que a Justiça está sendo feita e que os culpados sejam penalizados e responsabilizados pelo crime que eles fizeram com o meu filho", disse Adriano.
"Claro que a dor não vai passar, mas estou aliviada em saber que a Justiça está sendo feita", completa Cristina.
A defesa de Jonas Figueira se manifestou por nota e diz que recebe com tranquilidade a denúncia oferecida pelo Ministério Público Militar por suposta autoria atribuída a este no crime de homicídio qualificado e que entende que não há justa causa para a presente ação ou para uma futura condenação de Jonas pelos crimes que lhe são imputados. E que Jonas afirma ser inocente, o que ficará provado ao fim do processo.
O Fantástico conversou com o comandante Douglas e ele disse que iria se manifestar através da assessoria do Exército. Em nota, o Centro de Comunicação Social do Exército disse que, desde o momento do ocorrido, todas as ações realizadas pelo Comando do 26º Batalhão de Infantaria Paraquedista foram pautadas pelo estrito cumprimento das normas e em rigorosa observância das atribuições relativas ao cargo do comandante. Tudo visando a garantir a lisura do processo e minimizar a disseminação de informações inverídicas.
A nota também diz que, em nenhum momento, o Comando da Organização Militar afirmou, perante familiares ou militares do batalhão, qualquer conclusão sobre a dinâmica dos fatos. E finaliza afirmando que todas as providências adotadas seguiram rigorosamente os preceitos legais, com total comprometimento com a verdade, a integridade, a ética, a justiça e o respeito ao militar falecido e sua família.
Escândalo no quartel: investigação revela que morte de soldado foi forjada
Reprodução/TV Globo
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