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Projetos sociais de karatê levam crianças e adolescentes para campeonato internacional na capital: 'Ver a evolução não tem preço'

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Projetos sociais de karatê levam crianças e adolescentes para campeonato internacional na capital: 'Ver a evolução não tem preço'
Projetos Karatê Cidadania e Criança que luta vence são de Sorocaba (SP) e Iperó (SP). Ambos vão competir no Open das Américas, que reúne cerca de 4 mil atletas de nove países diferentes, no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo (SP). Criança que luta vence reúne menores de idade para a prática de artes marciais
Arquivo pessoal
Karatê. A palavra que descreve a arte marcial japonesa, quando traduzida ao português, significa "mãos vazias", devido à utilização apenas das mãos e pés, sem a necessidade de armas. Porém, quando colocada em prática, a atividade vai muito além de apenas aprender golpes, incentivando também o desenvolvimento da disciplina, do respeito e da inclusão.
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É pensando principalmente na última característica que o professor Alex Calixto - ou sensei, como é chamado dentro do ambiente de treinamento - decidiu criar um projeto social em Iperó (SP) com o objetivo de atrair crianças e adolescentes socialmente vulneráveis para um esporte totalmente novo.
Alex conta que o projeto foi inicialmente idealizado ainda em 2000. Na época, a vontade era alta, mas o incentivo não, fazendo com que os primeiros resultados não fossem totalmente positivos.
"Na primeira aula que convidei as crianças, encheu de gente. Nós tínhamos a vontade, mas não o incentivo. Não tinha como fazer sozinho. Eu tinha apenas 25 para 26 anos, então, não tinha maturidade e nem estabilidade financeira para fazer acontecer. Não desenvolvia, eu tinha que comprar kimono, pagar a troca de faixa. Não estudei direito", lembra.
Projeto está situado em Iperó (SP)
Arquivo pessoal
A campanha foi instalada oficialmente apenas em 2013. Para ele, ver o êxito do processo representa a realização de um sonho que ele havia projetado ainda na adolescência.
"Eu treino karatê desde os meus 13 anos e hoje eu tenho 51. Sou de Iperó e ia a Sorocaba (SP) para treinar na Rua da Penha. Meu pai gastava com passagem, com kimono, troca de faixas, participação em campeonato. Eu via como um esporte caro, então, queria deixar acessível para que mais crianças e adolescentes pudessem fazer e que o karatê trouxesse mais benefícios às pessoas", explica.
E por falar de participação em campeonato, a equipe de Alex é considerada referência nas competições às quais comparece. Entre esta quinta-feira (15) e domingo (18), os alunos participarão do campeonato Open das Américas, que reúne quase 4 mil atletas de nove países diferentes.
O processo preparatório dos atletas não é fácil. De acordo com Alex, a arte marcial é um tipo de esporte bem direcionado e, por isso, as resistências física e mental devem ser abordadas com frequência.
"Todo samurai precisa estar com a espada bem afiada. Lógico que, quando chegamos mais perto da data, fazemos um afunilamento e priorizamos tópicos relacionados à luta. Corrigir a guarda, um golpe e, claro, todo o trabalho emocional. Eles precisam desenvolver confiança. Colocamos na cabeça deles que perder é parte do jogo, mas que eles são sempre capazes de ganhar", compartilha.
Atletas já trouxeram diversas medalhas para a cidade
Arquivo pessoal
O "faixa preta" ainda ressalta que, em um campeonato, o ponto mais interessante de ser analisado é a igualdade entre os participantes. Apesar de cada um viver em uma realidade diferente, lá todos são vistos como competidores de mesmo nível.
"É um competindo contra o outro com um kimono branco e uma faixa na cintura. Essa igualdade faz com que uma criança não olhe para a outra como a filha do engenheiro, a filha do médico, ela olha simplesmente como um amigo. Isso serve de incentivo para que ela seja uma pessoa melhor sempre", celebra.
"Não há preconceito, não há separação. Então, quando tem esses eventos, nós vamos com vontade. Para as crianças, é a oportunidade da vida delas, é a oportunidade de alguém que vem de um bairro desfavorecido, é a oportunidade de quem vem de uma cidade pequena. Nos últimos campeonatos, conseguimos ganhar de 'gente grande', como Sorocaba e Itapetininga (SP). A consagração deste tipo de evento é muito bacana", completa.
Projeto existe desde 2013
Arquivo pessoal
Segundo Alex, o projeto trouxe diversas memórias que ele pretende carregar para a vida. Entre elas, está a primeira aula oficial, dada por sua esposa, Ivânia Calixto, hoje já falecida.
"A 'sensei' Ivânia era uma aluna minha que virou 'faixa preta'. Em 2 de abril de 2013, foi ela que deu a primeira aula do Criança que luta vence. Tudo começou muito pela força de vontade dela, com uma turma muito pequenininha. Ela era uma mulher fantástica, uma pessoa extraordinária que ajudou a tirar tudo do papel", conta.
A sede do projeto está localizada na Avenida Vilma de Freitas, 412-2, no bairro George Oetterer. Mais informações podem ser obtidas nas redes sociais da campanha.
Karatê Cidadania
Projeto está situado no Habiteto, em Sorocaba (SP)
Arquivo pessoal
Os ideais das artes marciais também são replicados à risca em Sorocaba. Desde 2020, a Associação Okinawa Karatê promove, por meio do projeto Karatê Cidadania, aulas para menores de idade em situação de vulnerabilidade social em diferentes pontos da cidade.
Roberto Ferreira é responsável, junto de outras três pessoas, pelas aulas no Conjunto Habitacional "Ana Paula Eleutério", conhecido popularmente como Habiteto, na zona norte da cidade. Ele comenta que o projeto surgiu em um momento considerado inoportuno, devido à chegada da pandemia do Covid-19.
"O projeto surgiu no dia 1º de maio, assim que a pandemia chegou. Todas as academias fecharam, então, eu comecei a treinar na garagem da minha casa casa, junto com o meu filho, que, mesmo tendo só 13 anos, também dá aulas. Os amigos dele viam e pediam para participar, então, foi crescendo e fomos para um salão. Hoje, tenho cerca de 120 alunos", explica.
Projeto reúne crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade
Diogo Del Cistia/g1
Atualmente, o projeto é gratuito para todos os alunos. Segundo Roberto, a contribuição financeira é voluntária, com os exames de faixa - feitos para graduar o atleta de acordo com suas capacidades - sendo a única despesa obrigatória, isso se o atleta for confirmado. Desta forma, as doações são sempre bem-vindas, inclusive para a participação em campeonatos.
"Não há mensalidade. Ele só precisa pagar os exames de faixa, que são entre R$ 35 e 40 a cada três ou quatro meses. Nós sempre pedimos uma contribuição de R$ 20 para ajudar a transportá-los aos campeonatos da capital e colocamos em uma caixa que chamamos de 'caixinha das crianças'. Vamos juntando o dinheiro e, quando chega em períodos como esses, arcamos com a despesa para que os aluninhos que não têm condições consigam participar", detalha.
"Se eles continuarem frequentando as aulas, nós também conseguimos a doação dos kimonos, que são as roupas para treinar. Caso ele pare, nós pedimos ele de volta para que consigamos doar para outros alunos que estão chegando ou precisando", completa.
Roberto é o fundador do projeto
Diogo Del Cistia/g1
Assim como o projeto de Alex, o Karatê Cidadania também comparecerá ao Open das Américas. Troféus e medalhas a nível nacional existem de sobra no currículo da associação.
"No ginásio, acontece um campeonato interestilos de karatê a cada mês. São diversas associações e federações reunidas ao mesmo tempo. Nós procuramos ir sempre e, devido ao bom rendimento dos nossos alunos, estamos voltando sempre com medalhas para casa", diz.
Ao g1, o fundador pontua que os resultados são frutos de muito esforço e dedicação, tanto das crianças, como dos professores. Para este torneio, serão levados entre 40 e 50 atletas, que passaram por um processo preparatório intenso.
Exame de faixas é a única despesa que os alunos possuem
Diogo Del Cistia/g1
"Nós procuramos preparar os atletas nos treinamentos do dia a dia. Quando chegamos mais próximo da data, dividimos em treinos de competições, onde trabalhamos bastante a parte da luta. O condicionamento físico também é imprescindível. Procuro mostrar a eles como funciona, qual é a movimentação que eles devem fazer, as técnicas corretas. É um processo longo", destaca.
Para as crianças e adolescentes, voltar com a medalha para casa, na maioria das vezes, é a melhor das recompensas. Já na visão dos professores, não tem preço que pague ver cada um dos alunos com um sorriso no rosto.
"Eu gosto muito de ver a evolução deles no karatê, na escola e na vida. Isso não tem preço. A carinha de felicidade deles se destacando em dias de campeonato e exames de faixa me faz muito feliz. Ver uma criança que começou aos três, quatro anos e continuar até hoje, como é o caso do meu filho, 'faixa marrom' aos 13 anos, muito bonito. São características que me marcam para a vida toda", finaliza.
Associação está presente em diversos pontos da cidade
Diogo Del Cistia/g1
O líder da associação, Marcelino de Almeida, comenta que o intuito dos projetos sociais vai além da introdução de um esporte novo aos alunos. Para ele, o karatê também é sinônimo de educação.
"É muito mais que um projeto esportivo. Ele também é educacional. Nós visamos levar valores aos alunos, como respeito e disciplina, para contribuir na formação como cidadão. Queremos que eles sejam conscientes", comenta.
"Tivemos diversos casos em que os alunos tiveram uma melhora no desempenho escolar depois dos treinos. Eles começam a atuar de uma forma melhor na sociedade. Nosso intuito é incluir, é ser participativo", diz.
Atualmente, a Associação Okinawa Karatê está presente de forma gratuita em diversos bairros da cidade e engloba atletas de diferentes idades, incluindo os idosos. Confira a lista completa:
Wanel Ville (para alunos pagantes);
Habiteto;
Jardim São Marcos - Movimento das Mulheres Negras de Sorocaba (Momunes);
Júlio de Mesquita Filho;
Carandá;
Jardim Ipiranga;
Parque Laranjeiras - CEU das Artes;
Vila Progresso - Chácara do Idoso.
As aulas podem variar em relação a dias, horários e faixas etárias. Mais informações podem ser obtidas por meio das redes sociais.
*Colaborou sob supervisão de Gabriela Almeida
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