É #FAKE que 'verme diabético' provoca diabetes tipo 2

Publicação falsa tenta vender produto sem comprovação científica. Alegação foi desmentida por diretora da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e por professor de endocrinologia da Universidade Federal do Maranhão, que falaram ao Fato ou Fake. É #FAKE que verme diabético provoca diabetes tipo 2
Reprodução
Circula nas redes sociais uma publicação afirmando que um "verme diabético se aloca no pâncreas e causa picos mortais de glicose e diabetes tipo 2". É FAKE.
Selo fake
G1
? O que a publicação falsa diz?
A página imita a aparência de um site de notícias e tem um vídeo, que abre sem controles claros. Não é possível pausar ou avançar o conteúdo. O título de uma suposta entrevista diz: "Alerta urgente: cientistas brasileiros descobrem verme diabético que se aloca no pâncreas e causa picos mortais de glicose e diabetes tipo 2!" .
O vídeo tem uma hora de duração. Com muitas imagens de bancos de fotos, ele é emocionalmente apelativo, com foco em gerar medo ou urgência. Abaixo, a página falsa faz propaganda de um produto chamado Insucaps, com links para venda direta. No rodapé do site de propaganda, em letras miúdas, a fabricante admite que o item não tem intenção de dar diagnósticos, curas ou prevenir doenças.
⚠️ Por que o conteúdo é falso?
O Fato ou Fake mostrou o conteúdo falso a Joana Dantas, diretora do departamento de dislipidemia e aterosclerose da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e presidente da regional do Rio de Janeiro da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD).
Também consultou Wellington Santana, professor de endocrinologia da Universidade Federal do Maranhão e diretor do Departamento de Diabetes da SBEM. Os dois desmentiram as alegações falsas do vídeo.
A explicação de Joana Dantas
Diabetes tipo 2 não é causado por um verme – e não há nenhuma evidência científica disso. O que o suposto médico aponta no vídeo não traz nenhuma evidência séria de que o diabetes é causado por verme.
Na verdade, o diabetes é causado pela resistência à insulina associada a uma secreção deficiente de insulina no pâncreas. Em cerca de 80 a 90% dos casos tá associado com excesso de peso e obesidade e aumento de circunferência abdominal. Com isso há um aumento da resistência à insulina e evoluindo com uma redução da secreção pancreática de insulina, causando diabetes. É uma deficiência pancreática relativa.
"A resistência à insulina faz com que a gente tenha dificuldade para a insulina agir no nosso corpo. Com isso o pâncreas tem que produzir mais, mais e mais e ele não consegue produzir tudo o que ele deveria. E aí a pessoa acaba fazendo diabetes. Então essa é a principal fisiopatologia do diabetes tipo 2, é a resistência à insulina, e esse aumento da secreção, mas que essa secreção não é suficiente para controlar a glicose do indivíduo", afirmou.
É perigoso o que ele fala que está associado à verme, que tem na água, que tem no alimento, e isso não condiz com a realidade. Realmente não tem nada em literatura séria.
Ainda tem estudos em animais com resveratrol e com o transveratrol mostrando que pode, em modelos animais melhorar a resistência à insulina e melhorar a glicemia, mas em humanos os estudos são pequenos e com várias questões metodológicas que não permitem definir como uma medicação, mas mais mais estudos estão em andamento. Em relação à fibra de beterraba, ela é uma fibra que é importante na dieta, das pessoas. O magnésio não tem indicação para tratar no caso do diabetes, não tem evidência que magnésio melhora o diabetes.
"A gente tem que tomar muito cuidado porque a gente ouve muita coisa errada. Ele até coloca alguns estudos, mas eu fiz uma revisão agora no Pubmed e a conclusão é exatamente de que em humanos mais estudos são necessários, principalmente em relação ao transreveratrol", diz.
O tratamento do diabetes consiste em mudança do estilo de vida e não como ele falou, que a pessoa pode comer pizza. Na verdade, ninguém tem que comer pizzas e doces, independente de ter diabetes ou não. Mas as pessoas que têm diabetes vão precisar aderir melhor a uma dieta saudável, que é a recomendação, atividade física regular e medicações que vão atuar na resistência à insulina, na perda de peso e também na secreção de insulina no pâncreas e alguns casos até insulina. Então muito erro nesses nesse vídeo É importante a gente sinalizar o que é certo.
Ela frisa que o resveratrol não é uma medicação para tratar verme. E diabetes não é causado por verme. "Enfim, é uma falácia", diz.
A explicação de Wellington Santana
Não há qualquer relação entre o surgimento do diabetes tipo 2 e a presença de um verme no pâncreas. "Como se não bastasse, o suposto médico afirmou ainda que descobriu um tratamento para esse verme: uma combinação da substância “transresveratrol” com a “fibra de beterraba” e o “extrato concentrado de magnésio”, que ele comercializa em cápsulas sob o nome de Insucaps. De acordo com o vídeo, o “revolucionário, inovador e 100% natural” Insucaps “mataria o verme diabético", “curando” o diabetes por “atacar diretamente o problema”. Obviamente, trata-se de uma informação falsa.
O material de divulgação do Insucaps tem alguns sinais claros de charlatanismo, listados no livro “Ciência Picareta”, de Ben Goldacre: falta de rigor científico (“verme” que não existe causando doença complexa), falsas promessas (97% de eficácia, melhora imediata, perda de 8 kg de peso corporal e devolução de dinheiro em caso de insatisfação), polarização (“medicamento revolucionário, barato e 100% natural, que ataca o problema diretamente” vs. “remédios caros e artificiais da indústria, que não curam a doença e só visam o lucro”).
A população precisa estar alerta. De acordo com a Federação Internacional de Diabetes, a doença acomete 16,6 milhões de adultos só no Brasil. Qualquer campanha enganosa dirigida a essa população, especialmente em caráter sensacionalista e apelativo, tem o potencial de arrecadar muito dinheiro.
Antes de acreditar em qualquer informação divulgada na internet, consulte um profissional de saúde da sua confiança, e desconfie de medicamentos milagrosos que prometem a cura para doenças crônicas.
O Fato ou Fake já desmentiu uma publicação em que um homem cita bactéria e recomenda produto para diabetes. O título da publicação falsa é: "Urgente: Especialista revela bactéria diabética que está causando picos mortais de glicose em milhões de brasileiros!". A Anvisa proibiu o suplemento que se beneficiava da mensagem falsa.
Um vídeo que desmentia a relação entre a diabetes e vermes rendeu às cientistas Laura Marise e Ana Bonassa, do canal Nunca Vi Um Cientista, um processo judicial movido por um nutricionista e influenciador que pretendia vender um "protocolo de desparasitação". O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu decisão da Justiça de São Paulo que condenou as duas cientistas a pagarem indenização por danos morais.
É #FAKE que verme diabético provoca diabetes tipo 2
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Adicione nosso número de WhatsApp +55 (21) 97305-9827 (após adicionar o número, mande uma saudação para ser inscrito
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Circula nas redes sociais uma publicação afirmando que um "verme diabético se aloca no pâncreas e causa picos mortais de glicose e diabetes tipo 2". É FAKE.
Selo fake
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? O que a publicação falsa diz?
A página imita a aparência de um site de notícias e tem um vídeo, que abre sem controles claros. Não é possível pausar ou avançar o conteúdo. O título de uma suposta entrevista diz: "Alerta urgente: cientistas brasileiros descobrem verme diabético que se aloca no pâncreas e causa picos mortais de glicose e diabetes tipo 2!" .
O vídeo tem uma hora de duração. Com muitas imagens de bancos de fotos, ele é emocionalmente apelativo, com foco em gerar medo ou urgência. Abaixo, a página falsa faz propaganda de um produto chamado Insucaps, com links para venda direta. No rodapé do site de propaganda, em letras miúdas, a fabricante admite que o item não tem intenção de dar diagnósticos, curas ou prevenir doenças.
⚠️ Por que o conteúdo é falso?
O Fato ou Fake mostrou o conteúdo falso a Joana Dantas, diretora do departamento de dislipidemia e aterosclerose da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e presidente da regional do Rio de Janeiro da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD).
Também consultou Wellington Santana, professor de endocrinologia da Universidade Federal do Maranhão e diretor do Departamento de Diabetes da SBEM. Os dois desmentiram as alegações falsas do vídeo.
A explicação de Joana Dantas
Diabetes tipo 2 não é causado por um verme – e não há nenhuma evidência científica disso. O que o suposto médico aponta no vídeo não traz nenhuma evidência séria de que o diabetes é causado por verme.
Na verdade, o diabetes é causado pela resistência à insulina associada a uma secreção deficiente de insulina no pâncreas. Em cerca de 80 a 90% dos casos tá associado com excesso de peso e obesidade e aumento de circunferência abdominal. Com isso há um aumento da resistência à insulina e evoluindo com uma redução da secreção pancreática de insulina, causando diabetes. É uma deficiência pancreática relativa.
"A resistência à insulina faz com que a gente tenha dificuldade para a insulina agir no nosso corpo. Com isso o pâncreas tem que produzir mais, mais e mais e ele não consegue produzir tudo o que ele deveria. E aí a pessoa acaba fazendo diabetes. Então essa é a principal fisiopatologia do diabetes tipo 2, é a resistência à insulina, e esse aumento da secreção, mas que essa secreção não é suficiente para controlar a glicose do indivíduo", afirmou.
É perigoso o que ele fala que está associado à verme, que tem na água, que tem no alimento, e isso não condiz com a realidade. Realmente não tem nada em literatura séria.
Ainda tem estudos em animais com resveratrol e com o transveratrol mostrando que pode, em modelos animais melhorar a resistência à insulina e melhorar a glicemia, mas em humanos os estudos são pequenos e com várias questões metodológicas que não permitem definir como uma medicação, mas mais mais estudos estão em andamento. Em relação à fibra de beterraba, ela é uma fibra que é importante na dieta, das pessoas. O magnésio não tem indicação para tratar no caso do diabetes, não tem evidência que magnésio melhora o diabetes.
"A gente tem que tomar muito cuidado porque a gente ouve muita coisa errada. Ele até coloca alguns estudos, mas eu fiz uma revisão agora no Pubmed e a conclusão é exatamente de que em humanos mais estudos são necessários, principalmente em relação ao transreveratrol", diz.
O tratamento do diabetes consiste em mudança do estilo de vida e não como ele falou, que a pessoa pode comer pizza. Na verdade, ninguém tem que comer pizzas e doces, independente de ter diabetes ou não. Mas as pessoas que têm diabetes vão precisar aderir melhor a uma dieta saudável, que é a recomendação, atividade física regular e medicações que vão atuar na resistência à insulina, na perda de peso e também na secreção de insulina no pâncreas e alguns casos até insulina. Então muito erro nesses nesse vídeo É importante a gente sinalizar o que é certo.
Ela frisa que o resveratrol não é uma medicação para tratar verme. E diabetes não é causado por verme. "Enfim, é uma falácia", diz.
A explicação de Wellington Santana
Não há qualquer relação entre o surgimento do diabetes tipo 2 e a presença de um verme no pâncreas. "Como se não bastasse, o suposto médico afirmou ainda que descobriu um tratamento para esse verme: uma combinação da substância “transresveratrol” com a “fibra de beterraba” e o “extrato concentrado de magnésio”, que ele comercializa em cápsulas sob o nome de Insucaps. De acordo com o vídeo, o “revolucionário, inovador e 100% natural” Insucaps “mataria o verme diabético", “curando” o diabetes por “atacar diretamente o problema”. Obviamente, trata-se de uma informação falsa.
O material de divulgação do Insucaps tem alguns sinais claros de charlatanismo, listados no livro “Ciência Picareta”, de Ben Goldacre: falta de rigor científico (“verme” que não existe causando doença complexa), falsas promessas (97% de eficácia, melhora imediata, perda de 8 kg de peso corporal e devolução de dinheiro em caso de insatisfação), polarização (“medicamento revolucionário, barato e 100% natural, que ataca o problema diretamente” vs. “remédios caros e artificiais da indústria, que não curam a doença e só visam o lucro”).
A população precisa estar alerta. De acordo com a Federação Internacional de Diabetes, a doença acomete 16,6 milhões de adultos só no Brasil. Qualquer campanha enganosa dirigida a essa população, especialmente em caráter sensacionalista e apelativo, tem o potencial de arrecadar muito dinheiro.
Antes de acreditar em qualquer informação divulgada na internet, consulte um profissional de saúde da sua confiança, e desconfie de medicamentos milagrosos que prometem a cura para doenças crônicas.
O Fato ou Fake já desmentiu uma publicação em que um homem cita bactéria e recomenda produto para diabetes. O título da publicação falsa é: "Urgente: Especialista revela bactéria diabética que está causando picos mortais de glicose em milhões de brasileiros!". A Anvisa proibiu o suplemento que se beneficiava da mensagem falsa.
Um vídeo que desmentia a relação entre a diabetes e vermes rendeu às cientistas Laura Marise e Ana Bonassa, do canal Nunca Vi Um Cientista, um processo judicial movido por um nutricionista e influenciador que pretendia vender um "protocolo de desparasitação". O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu decisão da Justiça de São Paulo que condenou as duas cientistas a pagarem indenização por danos morais.
É #FAKE que verme diabético provoca diabetes tipo 2
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