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Manifestantes ocupam a Avenida Paulista neste sábado durante a 17ª Marcha da Maconha

Manifestantes ocupam a Avenida Paulista neste sábado durante a 17ª Marcha da Maconha
Evento acontece desde o início dos anos 2.000 e entre as principais pautas da manifestação está a legalização da cannabis no Brasil, para fins medicinais e recreativo. Manifestantes realizam neste sábado (14) da 17ª edição da Marcha da Maconha em São Paulo, na Avenida Paulista.
Berverlin Albuquerque/g1
Manifestantes realizam neste sábado (14) da 17ª edição da Marcha da Maconha em São Paulo. O ato, que acontece na Avenida Paulista, reúne ativistas, usuários, profissionais da saúde e representantes de movimentos sociais que defendem a legalização da cannabis no Brasil.
A Marcha da Maconha é realizada anualmente em diversas cidades brasileiras desde o início dos anos 2.000 e se consolidou como um dos maiores atos antiproibicionistas da América Latina.
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Entre as principais pautas da manifestação está a legalização da maconha como forma de reparação histórica. De acordo com os organizadores, discutir a regulação da substância sem considerar os impactos sociais da guerra às drogas é "perpetuar a exclusão de populações que historicamente sofreram com a criminalização, especialmente jovens negros e moradores de periferias".
Também há críticas ao interesse crescente do setor privado no mercado da cannabis. Segundo os organizadores, há uma preocupação de que o processo de legalização beneficie apenas quem já detém poder econômico, deixando de fora justamente as populações mais afetadas pela repressão policial.
“O clima tá tenso: 'reparação, direitos e liberdade' é o tema que levanta a discussão no sentido de chamar atenção para a crise climática e também para a violência policial, que tem se agravado em lugares como a Baixada Santista, a Cracolândia e a Favela do Moinho. Desde o fim da pandemia, também incluímos a pauta da reparação histórica e a defesa de uma anistia ampla para quem foi pego com até 40 gramas. A estimativa deste ano é reunir 80 mil pessoas na Paulista”, afirma Luiz Fernando Petty, representante da organização da Marcha da Maconha de São Paulo.
Manifestantes realizam neste sábado (14) da 17ª edição da Marcha da Maconha em São Paulo, na Avenida Paulista.
Berverlin Albuquerque/g1
A discussão sobre a legalização da maconha tem ganhado espaço no debate público nos últimos anos. Em junho de 2024, o Supremo Tribunal Federal (STF) descriminalizou o porte de maconha para uso pessoal, estabelecendo a quantidade de até 40 gramas como critério para diferenciar usuários de traficantes.
Também desde 2024, a cidade de São Paulo passou a distribuir medicamentos à base de canabidiol (CBD) pelo Sistema Único de Saúde (SUS), ampliando o acesso a tratamentos medicinais com derivados da cannabis.
Artistas como Marcelo D2 e BNegão também estiveram no evento neste sábado (14).
Canabidiol e saúde
Entre os manifestantes, muitas histórias mostram como a maconha vai além do uso recreativo e tem impacto direto na saúde e na qualidade de vida.
Giuliana e Gisele participam da Marcha da Maconha há quatro anos. Foi Giuliana quem levou a namorada pela primeira vez em 2021 e, desde então, as duas seguem juntas no ativismo. Ambas são biólogas e usam o canabidiol como aliado na saúde.
Giuliana já fazia uso recreativo da cannabis, mas conta que, ao ter acesso ao óleo medicinal, sua qualidade de vida melhorou significativamente. Hoje, ela trata questões de saúde com o canabidiol e também acompanha de perto o tratamento do pai, que usa o óleo para dores no joelho.
“Minhas tias também usam para ansiedade. Aqui em casa, praticamente todo mundo já entende e se trata com cannabis”, afirmou.
Manifestantes realizam neste sábado (14) da 17ª edição da Marcha da Maconha em São Paulo, na Avenida Paulista.
Berverlin Albuquerque/g1
Gisele, de 35 anos, iniciou o tratamento com canabidiol há quatro meses, para lidar com ansiedade e os efeitos da herpes-zóster. Antes, tomava Dramin, que a deixava sonolenta e sem disposição: “Com o óleo, senti uma diferença real. Tenho muito mais qualidade de vida”, comentou.
Ela faz tratamento particular e afirma que o custo é alto: cerca de R$ 600 mensais, considerando importação e acompanhamento médico: “Ainda é inacessível para muita gente. Pelo SUS, seria viável e necessário”, defende.
Agora, o casal planeja dar o próximo passo: cultivar cannabis em casa. “Temos um quarto vazio e queremos transformar em espaço de cultivo. É um caminho para termos mais autonomia sobre o tratamento e diminuir custos.”
O casal Giuliana e Gisele, que fazem uso do canabidiol para fins medicinais.
Berverlin Albuquerque/g1
Justiça social e o futuro da legalização
Nikolas, de 28 anos, também participa da manifestação anualmente desde 2017, com exceção dos anos de pandemia. Morador de Santo André, na Gande São Paulo, ele trabalha como entregador e, nas horas vagas, treina como lutador de muay thai. Mesmo sem redes sociais — usa apenas WhatsApp e YouTube —, ele sempre dá um jeito de saber onde e quando será a manifestação.
Para ele, a legalização da maconha é inevitável, mas teme que o processo beneficie apenas quem tem poder econômico.
“A violência está cada vez mais escancarada. Esse tema precisa ser debatido de verdade, mas acho que só vai virar realidade mesmo quando quem tem dinheiro e influência quiser”, afirma. Nikolas defende que a discussão precisa vir acompanhada de justiça social. “Não adianta legalizar e deixar quem mais sofreu com a repressão de fora.”
A Polícia Militar acompanha o protesto na capital paulista e, até a última atualização desta reportagem, não havia registro de incidentes.
*Com supervisão de Rodrigo Rodrigues

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