Atendeu e a ligação caiu? Saiba como robôs usam chamadas como 'provas de vida'

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As chamadas automáticas, conhecidas como robocalls, são disparadas por sistemas computadorizados e têm como principal objetivo atingir o maior número possível de pessoas em um curto intervalo de tempo. Robocalls: entenda como as chamadas indesejadas funcionam como 'provas de vida'
Quem nunca recebeu uma ligação indesejada? Uma oferta de telemarketing, um aviso falso de que você ganhou na loteria ou, pior ainda, um golpe. Essas chamadas têm se tornado cada vez mais comuns no Brasil, onde, por mês, aproximadamente 20 bilhões de ligações são feitas, sendo 10 bilhões delas realizadas por robôs.
As chamadas automáticas, conhecidas como robocalls, são disparadas por sistemas computadorizados e têm como principal objetivo atingir o maior número possível de pessoas em um curto intervalo de tempo.
Elas duram, em média, apenas seis segundos, tempo suficiente para identificar se a linha está ativa. Para os consumidores, o efeito é irritante, já que muitas vezes, ao atender, a ligação simplesmente cai.
"Eu não sei qual é a finalidade disso", diz um morador, refletindo o desconforto de muitos. O fato de a ligação cair é, na verdade, uma técnica chamada "prova de vida".
"Se a ligação é atendida, isso indica que o dono da linha está vivo e ativo", explica Cristiana Camarate, superintendente de Relações com Consumidores da Anatel.
Isso permite que os robôs filtrem números válidos para que as empresas possam direcionar suas estratégias de marketing para consumidores ativos.
A prática é amplamente utilizada por centrais de telemarketing para reduzir o tempo gasto com chamadas que não levariam a resultados.
"Quando a gente recebe essa base telefônica, a gente tem que testar para saber se os clientes estão ativos", conta um ex-funcionário de call center. Ele revela que, a partir desse filtro, os atendentes passam a ligar apenas para números "ativos".
Ligações automáticas indesejadas, chamadas de "robocalls"
Fantástico
A empresária Rosaura Brito, de Santo Antônio da Patrulha, no Rio Grande do Sul, recebe entre 30 a 40 chamadas por dia. Mesmo tendo se cadastrado no site "Não Me Perturbe" da Anatel, ela continua sendo bombardeada por essas ligações automáticas.
"Eu estou trabalhando, e o telefone não para de tocar", conta. Rosaura se vê obrigada a não atender números desconhecidos, mas isso pode resultar em problemas, como o ocorrido com Gabriela Scholl, funcionária pública de Santana do Livramento, que perdeu a oportunidade de fazer um exame médico porque não atendeu a uma dessas chamadas.
Essas chamadas também afetam serviços essenciais, como hospitais.
"Já tivemos pacientes que perderam o transplante porque não atenderam o telefone", relata Jaqueline Bica, enfermeira da Santa Casa, no Rio Grande do Sul. No setor de recursos humanos, Silvana Ribeiro, gerente de RH, alerta que candidatos que não atendem às chamadas podem perder vagas de emprego.
Em janeiro e fevereiro deste ano, o Brasil registrou cerca de 24 bilhões de robocalls, um aumento de 12% em relação ao mesmo período de 2024.
Esse fenômeno vem gerando uma série de problemas para os brasileiros. Enquanto isso, a Anatel segue combatendo as ligações abusivas. Desde 2022, a agência reduziu 222 bilhões de chamadas circulando nas redes de telecomunicações e implementa novas medidas como o sistema "Origem Verificada", que permitirá ao consumidor ver a identidade da empresa antes de atender a ligação.
Entretanto, a prática não se limita ao telemarketing. Quadrilhas do crime organizado também se aproveitam dessas tecnologias para aplicar golpes. Especialistas alertam que os criminosos frequentemente gravam palavras como "sim" ou "não" durante a conversa, que podem ser usadas para fraudar contratos.
Investigações realizadas pelo Fantástico também revelaram que empresas de telemarketing frequentemente compram listas com dados pessoais, incluindo números de telefone, e os utilizam para disparar essas ligações automáticas. "Eu me sinto invadido, é um absurdo", afirmou Matheus Arend, psicólogo de Guaíba, no Rio Grande do Sul, cujo número apareceu em uma dessas listas.
Além de ilegal, a prática de alterar o DDD das ligações para fazê-las parecerem locais também é comum e é considerada uma fraude. Isso é feito para aumentar a probabilidade de o consumidor atender à chamada, sem saber que está lidando com um sistema automatizado.
Empresas de telemarketing e especialistas em crimes cibernéticos alertam que a utilização desses sistemas é passível de punição.
José Milagre, advogado especializado em crimes digitais, destaca que, dependendo do caso, as empresas podem ser acusadas de falsidade ideológica, fraude eletrônica e até mesmo associação criminosa.
"São ligações muito autênticas, parecem reais, fazendo com que as vítimas não consigam discernir que elas estão caindo num golpe", explica. "É importante destacar que muitos criminosos vão pedir, vão forçar você a dizer palavras como sim e não, porque isso pode ficar gravado e ser utilizado contra você em outros contratos. Então jamais diga nenhuma palavra, não interaja, bloqueie esses números."
Em resposta ao aumento das robocalls, a Anatel afirma que está intensificando o combate a essas práticas. A previsão é que, com o sistema "Origem Verificada", os consumidores consigam identificar as chamadas legítimas, dando-lhes mais segurança e controle sobre as ligações que recebem.
Para aqueles que continuam sendo incomodados por essas chamadas, a recomendação é clara: bloquear os números desconhecidos e não interagir com elas. No entanto, a falta de uma solução definitiva e a continuidade das chamadas automáticas geram frustração para milhões de brasileiros que, cada vez mais, esperam um pouco de sossego.
Veja a reportagem completa no vídeo abaixo:
23 mil ligações por segundo: o Fantástico investiga como funcionam os robôs programados para tirar você do sério
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Quem nunca recebeu uma ligação indesejada? Uma oferta de telemarketing, um aviso falso de que você ganhou na loteria ou, pior ainda, um golpe. Essas chamadas têm se tornado cada vez mais comuns no Brasil, onde, por mês, aproximadamente 20 bilhões de ligações são feitas, sendo 10 bilhões delas realizadas por robôs.
As chamadas automáticas, conhecidas como robocalls, são disparadas por sistemas computadorizados e têm como principal objetivo atingir o maior número possível de pessoas em um curto intervalo de tempo.
Elas duram, em média, apenas seis segundos, tempo suficiente para identificar se a linha está ativa. Para os consumidores, o efeito é irritante, já que muitas vezes, ao atender, a ligação simplesmente cai.
"Eu não sei qual é a finalidade disso", diz um morador, refletindo o desconforto de muitos. O fato de a ligação cair é, na verdade, uma técnica chamada "prova de vida".
"Se a ligação é atendida, isso indica que o dono da linha está vivo e ativo", explica Cristiana Camarate, superintendente de Relações com Consumidores da Anatel.
Isso permite que os robôs filtrem números válidos para que as empresas possam direcionar suas estratégias de marketing para consumidores ativos.
A prática é amplamente utilizada por centrais de telemarketing para reduzir o tempo gasto com chamadas que não levariam a resultados.
"Quando a gente recebe essa base telefônica, a gente tem que testar para saber se os clientes estão ativos", conta um ex-funcionário de call center. Ele revela que, a partir desse filtro, os atendentes passam a ligar apenas para números "ativos".
Ligações automáticas indesejadas, chamadas de "robocalls"
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A empresária Rosaura Brito, de Santo Antônio da Patrulha, no Rio Grande do Sul, recebe entre 30 a 40 chamadas por dia. Mesmo tendo se cadastrado no site "Não Me Perturbe" da Anatel, ela continua sendo bombardeada por essas ligações automáticas.
"Eu estou trabalhando, e o telefone não para de tocar", conta. Rosaura se vê obrigada a não atender números desconhecidos, mas isso pode resultar em problemas, como o ocorrido com Gabriela Scholl, funcionária pública de Santana do Livramento, que perdeu a oportunidade de fazer um exame médico porque não atendeu a uma dessas chamadas.
Essas chamadas também afetam serviços essenciais, como hospitais.
"Já tivemos pacientes que perderam o transplante porque não atenderam o telefone", relata Jaqueline Bica, enfermeira da Santa Casa, no Rio Grande do Sul. No setor de recursos humanos, Silvana Ribeiro, gerente de RH, alerta que candidatos que não atendem às chamadas podem perder vagas de emprego.
Em janeiro e fevereiro deste ano, o Brasil registrou cerca de 24 bilhões de robocalls, um aumento de 12% em relação ao mesmo período de 2024.
Esse fenômeno vem gerando uma série de problemas para os brasileiros. Enquanto isso, a Anatel segue combatendo as ligações abusivas. Desde 2022, a agência reduziu 222 bilhões de chamadas circulando nas redes de telecomunicações e implementa novas medidas como o sistema "Origem Verificada", que permitirá ao consumidor ver a identidade da empresa antes de atender a ligação.
Entretanto, a prática não se limita ao telemarketing. Quadrilhas do crime organizado também se aproveitam dessas tecnologias para aplicar golpes. Especialistas alertam que os criminosos frequentemente gravam palavras como "sim" ou "não" durante a conversa, que podem ser usadas para fraudar contratos.
Investigações realizadas pelo Fantástico também revelaram que empresas de telemarketing frequentemente compram listas com dados pessoais, incluindo números de telefone, e os utilizam para disparar essas ligações automáticas. "Eu me sinto invadido, é um absurdo", afirmou Matheus Arend, psicólogo de Guaíba, no Rio Grande do Sul, cujo número apareceu em uma dessas listas.
Além de ilegal, a prática de alterar o DDD das ligações para fazê-las parecerem locais também é comum e é considerada uma fraude. Isso é feito para aumentar a probabilidade de o consumidor atender à chamada, sem saber que está lidando com um sistema automatizado.
Empresas de telemarketing e especialistas em crimes cibernéticos alertam que a utilização desses sistemas é passível de punição.
José Milagre, advogado especializado em crimes digitais, destaca que, dependendo do caso, as empresas podem ser acusadas de falsidade ideológica, fraude eletrônica e até mesmo associação criminosa.
"São ligações muito autênticas, parecem reais, fazendo com que as vítimas não consigam discernir que elas estão caindo num golpe", explica. "É importante destacar que muitos criminosos vão pedir, vão forçar você a dizer palavras como sim e não, porque isso pode ficar gravado e ser utilizado contra você em outros contratos. Então jamais diga nenhuma palavra, não interaja, bloqueie esses números."
Em resposta ao aumento das robocalls, a Anatel afirma que está intensificando o combate a essas práticas. A previsão é que, com o sistema "Origem Verificada", os consumidores consigam identificar as chamadas legítimas, dando-lhes mais segurança e controle sobre as ligações que recebem.
Para aqueles que continuam sendo incomodados por essas chamadas, a recomendação é clara: bloquear os números desconhecidos e não interagir com elas. No entanto, a falta de uma solução definitiva e a continuidade das chamadas automáticas geram frustração para milhões de brasileiros que, cada vez mais, esperam um pouco de sossego.
Veja a reportagem completa no vídeo abaixo:
23 mil ligações por segundo: o Fantástico investiga como funcionam os robôs programados para tirar você do sério
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