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Brasil interrompe alta no fluxo de turistas estrangeiros após passar a cobrar vistos de EUA, Canadá e Austrália

Brasil interrompe alta no fluxo de turistas estrangeiros após passar a cobrar vistos de EUA, Canadá e Austrália
País recebeu 25,3% a mais de turistas desses país no primeiro trimestre, se comparado a 2024. Com novas regras, desde abril, tendência se inverteu e Brasil registrou queda de 0,6%. Governo retoma exigência de visto para turistas dos EUA, Canadá e Austrália
Dados sobre a chegada de turistas dos Estados Unidos, Canadá e Austrália ao Brasil apontam que, no segundo trimestre deste ano, os números positivos que vinham sendo registrados nos meses anteriores "desapareceram".
O motivo pode estar em uma medida que entrou em vigor no dia 10 de abril: a retomada da exigência de visto para turistas desses países, prevista em um decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
?A medida foi tomada pelo governo Lula por conta de um entendimento do governo de que esse tipo de norma demanda reciprocidade, e não pode ser tomada de forma unilateral, como foi o caso.
?Na época em que foi lançada, a expectativa era a de que os países beneficiados também suspendessem a exigência para turistas brasileiros, o que não aconteceu. Por isso, a determinação de visto foi retomada.
Empresas de turismo de AL foram as que mais cresceram no Brasil em agosto
Divulgação
Os dados compilados pela Embratur a partir de informações da Polícia Federal e do Ministério do Turismo mostram uma inversão no fluxo de turistas.
No primeiro trimestre de 2025, foram 320.229 estrangeiros entrando no país contra 255.522 em 2024, um aumento de 25,3%.
No segundo trimestre, já com a nova regra, foram 176.491 pessoas contra 177.526 em 2024, uma redução de 0,6%.
Dos três países, os Estados Unidos foram responsáveis pelo maior fluxo de turistas ao Brasil no primeiro semestre, com 410 mil visitantes — o equivalente a 83% dos 497 mil turistas.
Além disso, os americanos ainda representam quase 8% das 5,3 milhões de pessoas que visitaram ao território brasileiro entre janeiro e junho de 2025, considerando todos os países.
Entenda o caso
O texto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em maio de 2023, revogava outro decreto originalmente criado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que dispensava visto, de forma unilateral — quando só uma das partes se sujeita — para esses países e o Japão.
Quando o novo decreto foi apresentado, o governo Lula justificou que a ideia inicial do texto não foi cumprida.
O objetivo era acabar com a imposição de forma unilateral, na expectativa de que os países também retirassem a exigência de visto para brasileiros. O que, na prática, não tinha acontecido até então.
Mas, meses depois, a medida surtiu efeito com o Japão, que topou também suspender a exigência de vistos. Os demais (EUA, Canadá e Austrália), no entanto, mantiveram a necessidade de vistos.
A questão, porém, gerou incômodo do Congresso. A decisão de retomar a exigência de vistos passou a ser alvo de parlamentares, principalmente no Senado, onde foi aprovado um projeto que busca derrubar a determinação presidencial que prevê a obrigatoriedade do visto.
Entre as justificativas, está a de que a exigência de autorização de entrada no país para viajantes desses países prejudicaria o turismo, ao desestimular a vinda de estrangeiros para o Brasil.
Entretanto, desde março o texto segue parado à espera de tramitação na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, da Câmara dos Deputados. O relator designado para a matéria é o deputado Marcel Van Hatten (Novo-RS).
O texto ainda precisa passar pela Comissão de Constituição e Justiça e pelo plenário da Câmara. Não há um prazo para que isso ocorra.
O que o Senado argumenta?
Os senadores que votaram pela sustação do decreto (de liberar o visto) justificam que a exigência de vistos poderia reduzir o fluxo de turistas internacionais, afetando setores como hotelaria, alimentação e transporte.
O relator da proposta, senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), afirmou que o crescimento do turismo no Brasil nos últimos anos é um indicador da importância da isenção de vistos.
? O Brasil recebeu 6,7 milhões de turistas estrangeiros em 2024, um aumento de 14,6% em relação ao ano anterior, segundo dados do governo.
? Só em 2023, a quantidade de turistas de EUA, Canadá e Austrália cresceu 8% em relação a 2022, chegando a 728 mil visitantes.
Para os defensores da medida, o turismo representa bilhões de reais injetados na economia, e qualquer barreira burocrática pode prejudicar o setor.
Além disso, argumentam que a taxa cobrada para emissão dos vistos (cerca de US$ 80 por pessoa, ou R$ 400) não entra no Orçamento Geral da União, mas sim no orçamento do Itamaraty. Ou seja, o valor arrecadado não seria um argumento suficiente para justificar a exigência.
O senador Carlos Portinho (PL-RJ), autor do projeto, criticou a decisão do governo Lula de restabelecer a exigência:
"O presidente exorbita do seu poder ao revogar a isenção de vistos. Isso cria mais burocracia para o turismo e prejudica estados e municípios que dependem dessa atividade", afirmou.
Itamaraty é contra isenção
Assessores do Itamaraty encaminharam uma nota a senadores criticando o projeto e defendendo a volta da exigência de vistos.
No documento, os técnicos argumentam que a medida está alinhada à política migratória brasileira, baseada nos princípios da reciprocidade e igualdade de tratamento.
Além disso, o Ministério das Relações Exteriores aponta que a decisão de suspender a exigência de vistos não resultou em um aumento significativo no número de turistas desses países.
Segundo dados da Polícia Federal, os cidadãos dos EUA, Canadá, Austrália e Japão representavam 8,8% do total de visitantes estrangeiros em 2019 – ano em que o governo Bolsonaro aprovou a isenção. Em 2024, esse percentual permaneceu praticamente o mesmo: 8,4%.

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