Siri ou caranguejo? Entenda as principais diferenças entre esses crustáceos

Apesar de pertencerem ao mesmo grupo taxonômico, siris e caranguejos têm diferenças marcantes na morfologia, no comportamento e até na forma como se locomovem. Caranguejo-amarelo é espécie nativa ameaçada de extinção
kirstjjj / iNaturalist
Siri e caranguejo são nomes populares usados para crustáceos bastante semelhantes à primeira vista. Ambos pertencem ao grupo dos decápodes (Decapoda), ordem que reúne animais com cinco pares de pernas. E sim, o nome correto é perna, não “pata”, já que esse termo é reservado para vertebrados.
Ambos fazem parte da infraordem Brachyura, conhecida como a dos "caranguejos verdadeiros", que inclui cerca de 6.500 espécies. No entanto, nem todo caranguejo é um siri, mas todo siri é um tipo de caranguejo. A explicação está na taxonomia: siri não passa de um nome popular dado aos membros da Portunidae, uma das várias famílias de caranguejos.
A principal diferença entre eles está no formato do corpo e nas adaptações morfológicas ligadas à locomoção, como explica o biólogo Felipe Ribeiro, professor do Departamento de Biologia da Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da USP (FFCLRP-USP). Segundo ele, os siris têm o corpo achatado e hidrodinâmico.
Além disso, o último par de pernas desses crustáceos tem formato plano e achatado, como se fossem nadadeiras - adaptação que facilita muito os movimentos na água.
Siri-azul (Callinectes sapidus) também é nativo, mas não está ameaçado
amber15792 / iNaturalist
No caso dos caranguejos, o corpo é mais globoso e robusto. A carapaça não é tão achatada porque muitas espécies vivem em ambientes terrestres ou de água doce e precisam de uma câmara branquial maior para auxiliar na respiração fora da água.
Isso também explica por que eles caminham ao invés de nadar. Mas, embora algumas espécies de caranguejo até consigam nadar, não o fazem com a mesma eficiência dos siris.
Habitat e comportamento
Quando o assunto é habitat, siris são majoritariamente marinhos ou estuarinos (regiões onde o rio encontra o mar). Raramente são encontrados em água doce. Já os caranguejos são mais versáteis: podem viver no mar, em rios, e até em ambientes terrestres, com adaptações que permitem independência total da água salgada para a reprodução.
“Dificilmente você vai encontrar um siri na água doce. Já os caranguejos, eles podem ocupar tanto o ambiente marinho como o ambiente de água doce sendo que algumas espécies são completamente independentes do mar para se reproduzir. Outras espécies, que ocupam o ambiente terrestre, utilizam o mar apenas para se reproduzir”, explica Felipe.
O comportamento também varia. Siris costumam ser mais ágeis e agressivos, principalmente algumas espécies invasoras, como o siri-capeta (Callinectes helleri). Caranguejos, por outro lado, tendem a ser mais lentos e menos hostis.
Como semelhança, ambos têm dietas bastante amplas, atuando como verdadeiros “limpadores” do ambiente aquático. Alimentam-se de vegetais, matéria em decomposição, outros invertebrados e até de pequenos crustáceos.
“Eu digo que eles fazem a dieta da sopa, né? O que dá sopa eles comem! Eles comem basicamente tudo, então têm uma dieta bem ampla”, brinca o pesquisador.
Nativo, indivíduo da espécie Trichodactylus petropolitanus foi registrado em Petrópolis (RJ)
diogoluiz / iNaturalist
Curiosamente, existem espécies morfologicamente muito parecidas com siris, mas que não têm o último par de pernas modificado para a natação. Essas espécies são consideradas um “meio-termo” entre siris e caranguejos e pertencem à superfamília Portunoidea, da qual a família Portunidae (dos siris verdadeiros) faz parte.
Desafios para conservação
Outra semelhança infeliz é que tanto siris quanto caranguejos sofrem com os impactos da poluição e das mudanças climáticas. Alterações no pH e na concentração de oxigênio da água causadas por resíduos industriais, esgoto doméstico e as próprias mudanças climáticas afetam diretamente a sobrevivência desses animais e também daqueles que fazem parte de sua dieta.
Esses crustáceos, que despertam curiosidade e fazem parte da cultura e alimentação de muitas comunidades, são também importantes indicadores ambientais. Compreender suas diferenças ajuda não só a identificá-los corretamente, mas também a valorizar sua biodiversidade e reforçar a necessidade de conservação dos ambientes aquáticos.
De acordo com o ICMBio, espécies como o caranguejo-amarelo, o guaiamu e o caranguejo-uçá aparecem como ameaçadas, recebendo medidas de proteção legal e monitoramento. Por outro lado, os membros da família Portunidae (siris) não figuram na lista de ameaçados.
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Siri e caranguejo são nomes populares usados para crustáceos bastante semelhantes à primeira vista. Ambos pertencem ao grupo dos decápodes (Decapoda), ordem que reúne animais com cinco pares de pernas. E sim, o nome correto é perna, não “pata”, já que esse termo é reservado para vertebrados.
Ambos fazem parte da infraordem Brachyura, conhecida como a dos "caranguejos verdadeiros", que inclui cerca de 6.500 espécies. No entanto, nem todo caranguejo é um siri, mas todo siri é um tipo de caranguejo. A explicação está na taxonomia: siri não passa de um nome popular dado aos membros da Portunidae, uma das várias famílias de caranguejos.
A principal diferença entre eles está no formato do corpo e nas adaptações morfológicas ligadas à locomoção, como explica o biólogo Felipe Ribeiro, professor do Departamento de Biologia da Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da USP (FFCLRP-USP). Segundo ele, os siris têm o corpo achatado e hidrodinâmico.
Além disso, o último par de pernas desses crustáceos tem formato plano e achatado, como se fossem nadadeiras - adaptação que facilita muito os movimentos na água.
Siri-azul (Callinectes sapidus) também é nativo, mas não está ameaçado
amber15792 / iNaturalist
No caso dos caranguejos, o corpo é mais globoso e robusto. A carapaça não é tão achatada porque muitas espécies vivem em ambientes terrestres ou de água doce e precisam de uma câmara branquial maior para auxiliar na respiração fora da água.
Isso também explica por que eles caminham ao invés de nadar. Mas, embora algumas espécies de caranguejo até consigam nadar, não o fazem com a mesma eficiência dos siris.
Habitat e comportamento
Quando o assunto é habitat, siris são majoritariamente marinhos ou estuarinos (regiões onde o rio encontra o mar). Raramente são encontrados em água doce. Já os caranguejos são mais versáteis: podem viver no mar, em rios, e até em ambientes terrestres, com adaptações que permitem independência total da água salgada para a reprodução.
“Dificilmente você vai encontrar um siri na água doce. Já os caranguejos, eles podem ocupar tanto o ambiente marinho como o ambiente de água doce sendo que algumas espécies são completamente independentes do mar para se reproduzir. Outras espécies, que ocupam o ambiente terrestre, utilizam o mar apenas para se reproduzir”, explica Felipe.
O comportamento também varia. Siris costumam ser mais ágeis e agressivos, principalmente algumas espécies invasoras, como o siri-capeta (Callinectes helleri). Caranguejos, por outro lado, tendem a ser mais lentos e menos hostis.
Como semelhança, ambos têm dietas bastante amplas, atuando como verdadeiros “limpadores” do ambiente aquático. Alimentam-se de vegetais, matéria em decomposição, outros invertebrados e até de pequenos crustáceos.
“Eu digo que eles fazem a dieta da sopa, né? O que dá sopa eles comem! Eles comem basicamente tudo, então têm uma dieta bem ampla”, brinca o pesquisador.
Nativo, indivíduo da espécie Trichodactylus petropolitanus foi registrado em Petrópolis (RJ)
diogoluiz / iNaturalist
Curiosamente, existem espécies morfologicamente muito parecidas com siris, mas que não têm o último par de pernas modificado para a natação. Essas espécies são consideradas um “meio-termo” entre siris e caranguejos e pertencem à superfamília Portunoidea, da qual a família Portunidae (dos siris verdadeiros) faz parte.
Desafios para conservação
Outra semelhança infeliz é que tanto siris quanto caranguejos sofrem com os impactos da poluição e das mudanças climáticas. Alterações no pH e na concentração de oxigênio da água causadas por resíduos industriais, esgoto doméstico e as próprias mudanças climáticas afetam diretamente a sobrevivência desses animais e também daqueles que fazem parte de sua dieta.
Esses crustáceos, que despertam curiosidade e fazem parte da cultura e alimentação de muitas comunidades, são também importantes indicadores ambientais. Compreender suas diferenças ajuda não só a identificá-los corretamente, mas também a valorizar sua biodiversidade e reforçar a necessidade de conservação dos ambientes aquáticos.
De acordo com o ICMBio, espécies como o caranguejo-amarelo, o guaiamu e o caranguejo-uçá aparecem como ameaçadas, recebendo medidas de proteção legal e monitoramento. Por outro lado, os membros da família Portunidae (siris) não figuram na lista de ameaçados.
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