ENTREVISTA: presidente da Stellantis diz que volta do carro popular precisa de ‘esforço conjunto’ com o governo

Em exclusiva ao g1, Emanuele Cappellano, chefe do grupo para a América do Sul, comenta o aumento do preço do carro zero no Brasil e os planos da montadora para acompanhar a forte concorrência na corrida pela eletrificação. Emanuele Cappellano, presidente da Stellantis para a América do Sul
Fábio Tito/g1
Emanuele Cappellano, presidente da Stellantis para a América do Sul, em entrevista ao g1.
Fábio Tito/g1
O sonho de ter um carro próprio está cada vez mais difícil para muitos brasileiros. Em 2016, o Fiat Mobi na versão mais simples custava R$ 31.900. Hoje, o modelo mais básico da marca, o Fiat Mobi Like, é vendido por R$ 77.990, um aumento de 145%.
O aumento exorbitante não se deve apenas à inflação, que acumula 61,2% no período, mas também “ao crescimento dos custos de produção e à incorporação de novas tecnologias”, afirma Emanuele Cappellano, presidente da Stellantis na América do Sul, em entrevista exclusiva ao g1.
O avanço dos carros é notável, mas o bolso não tem acompanhado. O salário mínimo teve um aumento de apenas 72%, de R$ 880 para R$ 1.509. Pior, a parte que sobra dos salários após o pagamento do “básico”, como aluguel, luz, água, comida, transporte, caiu de 45% para 42% da renda do brasileiro, uma clara mostra da redução do poder de compra.
Há solução? Para Cappellano, a indústria automobilística poderia oferecer carros mais acessíveis contanto que houvesse um “esforço conjunto” do governo para reduzir os custos de produção. Segundo ele, a combinação de esforços é essencial para tornar os veículos populares uma realidade novamente.
“Deve ser uma combinação entre o esforço da indústria com um o esforço do governo, das instituições nesse sentido, mas objetivamente a tecnologia custa, e a produção custa. Então, deve ser um esforço conjunto”, diz o executivo.
“Qual é a melhor resposta que a indústria pode dar? É tentar alavancar a indústria brasileira. Porque é mais acessível [produzir aqui] e, dependendo menos de importações, a torna mais competitiva. [No Brasil,] temos um custo do trabalho um pouco menor que em outras regiões do mundo.”
A Stellantis, que reúne marcas como Fiat, Jeep, Peugeot, Citroën e RAM, anunciou em março de 2024 um investimento de R$ 30 bilhões entre 2025 e 2030, com o lançamento de 40 novos modelos. Não se espera, porém, que os modelos mais básicos fiquem mais acessíveis.
Pelo contrário, a Stellantis tem investido na diversificação da sua plataforma de veículos com tecnologia mais moderna de propulsão, para que os carros atendam às diferentes demandas de conjunto motriz.
“Na nossa visão, a tecnologia de híbrido leve (mild hybrid) ou pleno (HEV), são investimentos que tem uma demanda e utilização maiores. É por isso que a gente privilegia [este tipo de veículo]. De qualquer forma, do ponto de vista industrial, a escolha que a Stellantis fez foi a de adotar plataformas que são flexível na adoção de [diferentes] tecnologias.”
“A mesma plataforma pode adotar um mild hybrid, um HEV, um motor tradicional ou até a ser elétrico, mantendo a flexibilidade para atender ao consumidor brasileiro”, afirma Capellano.
Veja a entrevista na íntegra no vídeo abaixo.
Emanuele Cappellano, presidente da Stellantis para a América do Sul, concede entrevista ao g1.
A seguir, clique nos links para assistir aos cortes com os principais destaques.
Carro popular depende do apoio do governo;
Stellantis vê previsibilidade no Brasil
Demanda por SUVs não é uma 'tendência radical';
Citroën e Peugeot sofrem com poucos lançamentos.
Emanuele Cappellano, presidente da Stellantis para a América do Sul, em entrevista ao g1.
Fábio Tito/g1
Carro popular depende de apoio do governo
Carro popular depende de apoio do governo
Os carros estão cada vez mais seguros e tecnológicos a cada ano e isso custa, diz o chefe da Stellantis.
As tecnologias incorporadas que ajudaram a elevar o preço dos veículos, incluem airbags adicionais, freios ABS, controles eletrônicos de tração e estabilidade, novos sistemas de controle de emissões e motores com tecnologia mais eficiente.
Como parte destas tecnologias faz parte da legislação brasileira, Cappellano afirma que indústria e governo precisam melhorar a sinergia para que o “carro popular” realmente exista.
“A indústria pode trabalhar no que é básico do básico, para ser vendido no mercado, mas de fato a tecnologia mínima indispensável para cumprir com a lei e respeitar também coisas, como descarbonização, impõe necessariamente um aumento de custo”, diz o executivo.
Volte para o início.
Stellantis vê previsibilidade no Brasil
Stellantis vê previsibilidade no Brasil
Segundo Cappellano, o Brasil oferece previsibilidade ao setor automotivo, impulsionada por programas de descarbonização com diretrizes já definidas para os próximos anos e, sobretudo, pelas metas de transição tecnológica.
Esses fatores levaram o grupo Stellantis a direcionar, em 2024, 93,75% de todo o investimento na América do Sul para o país — R$ 30 bilhões dos R$ 32 bilhões destinados à região.
Ele aponta que, mesmo com a alta da taxa de juros, atualmente fixada em 14,75%, nada muda para o ciclo de investimentos nem para a previsão de lançamento de veículos no Brasil.
“A razão para a Stellantis ter anunciado um investimento tão relevante é, na verdade, a previsibilidade. Além disso, toda a indústria anunciou um novo ciclo de investimentos no início do ano passado”, afirma.
Emanuele Cappellano, presidente da Stellantis para a América do Sul, em entrevista ao g1.
Fábio Tito/g1
Cappellano destacou que o programa Mover (Mobilidade Verde e Inovação), do governo federal, auxiliou na previsibilidade mencionada por ele e solidificou a intenção da Stellantis de investir no país.
O plano de incentivo de longo prazo tem como objetivo impulsionar a pesquisa e desenvolvimento (P&D) no setor automotivo. Para isso, oferece créditos financeiros que variam de 50% a 320% do valor investido.
A promessa é de que, entre 2024 e 2028, o programa disponibilizará um total de R$ 19,3 bilhões em créditos, que poderão ser usados para abater tributos federais.
Volte para o início.
Demanda por SUVs não é uma 'tendência radical'
Demanda por SUVs não é uma 'tendência radical'
O mercado de carros no Brasil passou as últimas décadas dominado pelos hatches compactos, como Fiat Argo, Volkswagen Polo e Chevrolet Onix. Mas, desde 2020, os SUVs tornaram-se os mais desejados pelos consumidores brasileiros.
Naquele ano, os SUVs representaram 32,7% dos emplacamentos, enquanto os hatches corresponderam a 29,45% das vendas. Hoje, já são 53%.
Capellano conta que não é o formato da carroceria que aumenta ou diminui o retorno de investimento de um produto e reconheceu que a demanda por SUVs está em alta, mas que não está escrita em pedra.
“Não existe hoje uma diferença de lucratividade relacionada a forma, o tamanho do carro. A lucratividade é muito relacionada a escala de produção, as tecnologias colocadas nos carros e a demanda. Então, não necessariamente ter um SUV [na gama] gera mais lucro do que um hatch”, disse o executivo.
“Existe uma demanda, mas não são tendências radicais. Então, não é algo como ‘não tem mais hatch e agora é tudo SUV’, ou ‘não tem mais SUV, agora é tudo picape’”, afirma.
Volte para o início.
Citroën e Peugeot sofrem por poucos lançamentos ok
Citroën e Peugeot sofrem por poucos lançamentos
A Stellantis controla duas marcas francesas, Citroën e Peugeot. Ambas já estiveram entre as empresas com os carros mais vendidos pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), mas não ficaram nem entre as 10 fabricantes com mais emplacamentos no Brasil em 2024.
Desde 2022, quando a Peugeot ficou na décima posição, as duas marcas não aparecem entre as 10 mais vendidas no Brasil. Cappellano destaca que fatores históricos e a falta de novos lançamentos têm dificultado a trajetória das marcas.
“Existe, claramente, uma visibilidade de marca que tem razões históricas. São marcas que têm uma presença menor, na consistência de lançamentos de produtos, mas a oferta para o cliente vai criar também um crescimento para essas marcas”, aponta o executivo.
Ele cita os lançamentos recentes de Peugeot 208 e 2008, e do Citroën Basalt. A ideia é driblar a má fama que as marcas francesas fixaram no mercado brasileiro sob a liderança da PSA, antes da fusão com a FCA e o surgimento da Stellantis.
A grande massa de consumidores ainda não tem noção que os carros das marcas francesas compartilham o mesmo conjunto motriz dos da Fiat e Jeep e o próprio Capellano reconhece: “é uma questão de tempo”.
Volte para o início.
Emanuele Cappellano, presidente da Stellantis para a América do Sul, em entrevista ao g1.
Fábio Tito/g1
Fábio Tito/g1
Emanuele Cappellano, presidente da Stellantis para a América do Sul, em entrevista ao g1.
Fábio Tito/g1
O sonho de ter um carro próprio está cada vez mais difícil para muitos brasileiros. Em 2016, o Fiat Mobi na versão mais simples custava R$ 31.900. Hoje, o modelo mais básico da marca, o Fiat Mobi Like, é vendido por R$ 77.990, um aumento de 145%.
O aumento exorbitante não se deve apenas à inflação, que acumula 61,2% no período, mas também “ao crescimento dos custos de produção e à incorporação de novas tecnologias”, afirma Emanuele Cappellano, presidente da Stellantis na América do Sul, em entrevista exclusiva ao g1.
O avanço dos carros é notável, mas o bolso não tem acompanhado. O salário mínimo teve um aumento de apenas 72%, de R$ 880 para R$ 1.509. Pior, a parte que sobra dos salários após o pagamento do “básico”, como aluguel, luz, água, comida, transporte, caiu de 45% para 42% da renda do brasileiro, uma clara mostra da redução do poder de compra.
Há solução? Para Cappellano, a indústria automobilística poderia oferecer carros mais acessíveis contanto que houvesse um “esforço conjunto” do governo para reduzir os custos de produção. Segundo ele, a combinação de esforços é essencial para tornar os veículos populares uma realidade novamente.
“Deve ser uma combinação entre o esforço da indústria com um o esforço do governo, das instituições nesse sentido, mas objetivamente a tecnologia custa, e a produção custa. Então, deve ser um esforço conjunto”, diz o executivo.
“Qual é a melhor resposta que a indústria pode dar? É tentar alavancar a indústria brasileira. Porque é mais acessível [produzir aqui] e, dependendo menos de importações, a torna mais competitiva. [No Brasil,] temos um custo do trabalho um pouco menor que em outras regiões do mundo.”
A Stellantis, que reúne marcas como Fiat, Jeep, Peugeot, Citroën e RAM, anunciou em março de 2024 um investimento de R$ 30 bilhões entre 2025 e 2030, com o lançamento de 40 novos modelos. Não se espera, porém, que os modelos mais básicos fiquem mais acessíveis.
Pelo contrário, a Stellantis tem investido na diversificação da sua plataforma de veículos com tecnologia mais moderna de propulsão, para que os carros atendam às diferentes demandas de conjunto motriz.
“Na nossa visão, a tecnologia de híbrido leve (mild hybrid) ou pleno (HEV), são investimentos que tem uma demanda e utilização maiores. É por isso que a gente privilegia [este tipo de veículo]. De qualquer forma, do ponto de vista industrial, a escolha que a Stellantis fez foi a de adotar plataformas que são flexível na adoção de [diferentes] tecnologias.”
“A mesma plataforma pode adotar um mild hybrid, um HEV, um motor tradicional ou até a ser elétrico, mantendo a flexibilidade para atender ao consumidor brasileiro”, afirma Capellano.
Veja a entrevista na íntegra no vídeo abaixo.
Emanuele Cappellano, presidente da Stellantis para a América do Sul, concede entrevista ao g1.
A seguir, clique nos links para assistir aos cortes com os principais destaques.
Carro popular depende do apoio do governo;
Stellantis vê previsibilidade no Brasil
Demanda por SUVs não é uma 'tendência radical';
Citroën e Peugeot sofrem com poucos lançamentos.
Emanuele Cappellano, presidente da Stellantis para a América do Sul, em entrevista ao g1.
Fábio Tito/g1
Carro popular depende de apoio do governo
Carro popular depende de apoio do governo
Os carros estão cada vez mais seguros e tecnológicos a cada ano e isso custa, diz o chefe da Stellantis.
As tecnologias incorporadas que ajudaram a elevar o preço dos veículos, incluem airbags adicionais, freios ABS, controles eletrônicos de tração e estabilidade, novos sistemas de controle de emissões e motores com tecnologia mais eficiente.
Como parte destas tecnologias faz parte da legislação brasileira, Cappellano afirma que indústria e governo precisam melhorar a sinergia para que o “carro popular” realmente exista.
“A indústria pode trabalhar no que é básico do básico, para ser vendido no mercado, mas de fato a tecnologia mínima indispensável para cumprir com a lei e respeitar também coisas, como descarbonização, impõe necessariamente um aumento de custo”, diz o executivo.
Volte para o início.
Stellantis vê previsibilidade no Brasil
Stellantis vê previsibilidade no Brasil
Segundo Cappellano, o Brasil oferece previsibilidade ao setor automotivo, impulsionada por programas de descarbonização com diretrizes já definidas para os próximos anos e, sobretudo, pelas metas de transição tecnológica.
Esses fatores levaram o grupo Stellantis a direcionar, em 2024, 93,75% de todo o investimento na América do Sul para o país — R$ 30 bilhões dos R$ 32 bilhões destinados à região.
Ele aponta que, mesmo com a alta da taxa de juros, atualmente fixada em 14,75%, nada muda para o ciclo de investimentos nem para a previsão de lançamento de veículos no Brasil.
“A razão para a Stellantis ter anunciado um investimento tão relevante é, na verdade, a previsibilidade. Além disso, toda a indústria anunciou um novo ciclo de investimentos no início do ano passado”, afirma.
Emanuele Cappellano, presidente da Stellantis para a América do Sul, em entrevista ao g1.
Fábio Tito/g1
Cappellano destacou que o programa Mover (Mobilidade Verde e Inovação), do governo federal, auxiliou na previsibilidade mencionada por ele e solidificou a intenção da Stellantis de investir no país.
O plano de incentivo de longo prazo tem como objetivo impulsionar a pesquisa e desenvolvimento (P&D) no setor automotivo. Para isso, oferece créditos financeiros que variam de 50% a 320% do valor investido.
A promessa é de que, entre 2024 e 2028, o programa disponibilizará um total de R$ 19,3 bilhões em créditos, que poderão ser usados para abater tributos federais.
Volte para o início.
Demanda por SUVs não é uma 'tendência radical'
Demanda por SUVs não é uma 'tendência radical'
O mercado de carros no Brasil passou as últimas décadas dominado pelos hatches compactos, como Fiat Argo, Volkswagen Polo e Chevrolet Onix. Mas, desde 2020, os SUVs tornaram-se os mais desejados pelos consumidores brasileiros.
Naquele ano, os SUVs representaram 32,7% dos emplacamentos, enquanto os hatches corresponderam a 29,45% das vendas. Hoje, já são 53%.
Capellano conta que não é o formato da carroceria que aumenta ou diminui o retorno de investimento de um produto e reconheceu que a demanda por SUVs está em alta, mas que não está escrita em pedra.
“Não existe hoje uma diferença de lucratividade relacionada a forma, o tamanho do carro. A lucratividade é muito relacionada a escala de produção, as tecnologias colocadas nos carros e a demanda. Então, não necessariamente ter um SUV [na gama] gera mais lucro do que um hatch”, disse o executivo.
“Existe uma demanda, mas não são tendências radicais. Então, não é algo como ‘não tem mais hatch e agora é tudo SUV’, ou ‘não tem mais SUV, agora é tudo picape’”, afirma.
Volte para o início.
Citroën e Peugeot sofrem por poucos lançamentos ok
Citroën e Peugeot sofrem por poucos lançamentos
A Stellantis controla duas marcas francesas, Citroën e Peugeot. Ambas já estiveram entre as empresas com os carros mais vendidos pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), mas não ficaram nem entre as 10 fabricantes com mais emplacamentos no Brasil em 2024.
Desde 2022, quando a Peugeot ficou na décima posição, as duas marcas não aparecem entre as 10 mais vendidas no Brasil. Cappellano destaca que fatores históricos e a falta de novos lançamentos têm dificultado a trajetória das marcas.
“Existe, claramente, uma visibilidade de marca que tem razões históricas. São marcas que têm uma presença menor, na consistência de lançamentos de produtos, mas a oferta para o cliente vai criar também um crescimento para essas marcas”, aponta o executivo.
Ele cita os lançamentos recentes de Peugeot 208 e 2008, e do Citroën Basalt. A ideia é driblar a má fama que as marcas francesas fixaram no mercado brasileiro sob a liderança da PSA, antes da fusão com a FCA e o surgimento da Stellantis.
A grande massa de consumidores ainda não tem noção que os carros das marcas francesas compartilham o mesmo conjunto motriz dos da Fiat e Jeep e o próprio Capellano reconhece: “é uma questão de tempo”.
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Emanuele Cappellano, presidente da Stellantis para a América do Sul, em entrevista ao g1.
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