De alfaiate a ótica: anúncios antigos em bancos do Bosque dos Jequitibás guardam história do comércio de Campinas

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Cerca de 49 bancos de granilite, instalados entre as décadas de 50 a 70, trazem anúncios de comércios que não existe mais ou que resistem ao tempo. Anúncios antigos em bancos do Bosque dos Jequitibás guardam história do comércio de Campinas
Reprodução/EPTV
Sentar em um dos bancos do Bosque dos Jequitibás, em Campinas (SP), é como folhear um jornal antigo. Estampados com anúncios de restaurantes, lojas e serviços que marcaram época, os 49 assentos em granilite revelam um passado quase esquecido.
Alguns dos anunciantes já não existe mais, mas outros resistem ao tempo. Eram alfaiates, bares, fábricas de café e até de espelho. A variedade é um retrato da cidade que, aos poucos, virava metrópole com o desenvolvimento da região central entre as décadas de 50 e 70.
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Comerciantes doavam bancos em troca de propaganda
A publicidade nos bancos dos bosques e praças era bom negócio. Isso porque os parques sempre estiveram entre os espaços de lazer favoritos de toda a população, como explica o secretário de Serviços Públicos Ernesto Paulella.
"Na época, ele [o comerciante] cedia o banco em troca da propaganda. Ele doava o banco para a prefeitura com a sua propaganda. A cidade, então, ganhava um equipamento público sem dispor de recursos em troca dessa publicidade", detalha.
Aliás, não é difícil notar que os bancos estão ali há tantos anos. As publicidades foram deterioradas pelo tempo. Algumas mal se consegue ler com clareza. Nas mais legíveis, os telefones denunciam a idade: alguns tinham apenas quatro dígitos.
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Campinas, 251 anos: quem são as pessoas que dão nome às principais ruas da metrópole? Conheça as histórias
Ótica resiste ao tempo e às transformações do centro de Campinas
Roberto Francisco é proprietário de ótica que está anunciado em banco do bosque
Reprodução/EPTV
Entre árvores e o som dos pássaros, um dos bancos traz o anúncio de uma ótica lendária da metrópole. Ela está no mesmo lugar desde a década de 1970. "Na época não tinha muitos lugares para fazer anúncios, não era como hoje, e quando apareceu a oportunidade, nós pagamos o banco para colocá-lo no bosque do Jequitibás", lembra o proprietário Roberto Francisco.
"As pessoas vinham aqui e falam eu vi o banco lá no bosque, eu vi o nome de vocês lá no bosque. Isso aí para nós é a felicidade. Mais de 50 anos, a propaganda está valendo".
O Centro de Campinas enfrenta desafios contínuos, com esvaziamento após o surgimento de grandes shoppings. A ótica tradicional hoje enfrenta a concorrência de grandes redes do ramo. "É complicado, mas é gratificante também ainda estar aqui. O Centro de Campinas tem muita história e é um lugar que ainda há de ser bonito", comenta a filha de Roberto, Luciana Francisco.
À convite da EPTV, afiliada da TV Globo, Roberto visitou o bosque para rever o anúncio. "Acho que fazia uns quatro anos que eu não dava um passeio aqui nesse bosque. Mudou alguma coisa? Mudou bastante. Inclusive o banco não era aqui, era ali. Agora puseram o banco numa praça. Estou muito feliz de vê-lo aqui nessa praça".
Bar histórico está no banco e na memória do campineiro
Tatiana é sócia-proprietária de um restaurante que também tem anúncio em banco antigo do Bosque dos Jequitibás
Reprodução/EPTV
Tatiana Maiumi Skakae é sócia-proprietária de outro um bar que também está entre os anúncios. No comando do estabelecimento desde 2019, ela não imaginava que o local representava tanto para os clientes.
"Imediatamente, quando a gente entrou, já vieram clientes perguntando quem são vocês? De onde vocês vêm? Qual é a história de vocês? O que vocês entendem disso? Sentiu que era deles. Fazia parte da história de cada um. Então, o que me chamou a atenção foi isso".
"É que não tem um documento da constituição, porque, quando ele surgiu, era antes das instituições governamentais, de registro de empresa. Então, o que a gente tem é registro de publicidade, de revistinha, essas coisas", comenta.
O maître Luciano Alves dos Santos é um dos mais antigos na casa. Para ele, só atravessa o tempo o restaurante que respeita os clientes, atende bem e com qualidade. "Estou ficando até emocionado, porque é uma realidade. O que mais importa na nossa vida são os bons relacionamentos.
"Para a gente construir isso, a gente não pode perder o amor pelas pessoas. Como eu atendo pessoas, eu sirvo pessoas, eu procuro dentro de mim sempre atender as pessoas como gostaria de ser atendido".
Visitar o bosque é reencontrar memórias
Quando a maioria dos bancos chegou ao Bosque dos Jequitibás, a região metropolitana de Campinas tinha entre 500 e 700 mil habitantes. Atualmente são 3 milhões. Testemunhas silenciosas da história de um comércio em crescimento, eles carregam décadas de memórias daqueles negócios que moldaram a cidade e a ajudaram a crescer.
"Quando eu entro aqui, eu volto no tempo. É impressionante, eu acabei de falar hoje, foi impressionante. Eu estava voltando no tempo e estava me sentindo com 15 anos. Campinas é isso, é história e é um lugar que a gente é muito acolhido. E vê o que acontece com o crescimento dela", afirma o mestre de taekwondo Tilico Palermo.
"Eu diria que prestar atenção nessas publicidades remete o cidadão a conhecer um pouco do seu passado, do passado dos seus parentes, dos seus amigos, e como era a vida naquela era, como era viver sem internet, como era viver sem televisão, e como era a forma de comunicação".
Anúncio antigo de fábrica de espelhos no Bosque dos Jequitibás, em Campinas
Reprodução/EPTV
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Reprodução/EPTV
Sentar em um dos bancos do Bosque dos Jequitibás, em Campinas (SP), é como folhear um jornal antigo. Estampados com anúncios de restaurantes, lojas e serviços que marcaram época, os 49 assentos em granilite revelam um passado quase esquecido.
Alguns dos anunciantes já não existe mais, mas outros resistem ao tempo. Eram alfaiates, bares, fábricas de café e até de espelho. A variedade é um retrato da cidade que, aos poucos, virava metrópole com o desenvolvimento da região central entre as décadas de 50 e 70.
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Comerciantes doavam bancos em troca de propaganda
A publicidade nos bancos dos bosques e praças era bom negócio. Isso porque os parques sempre estiveram entre os espaços de lazer favoritos de toda a população, como explica o secretário de Serviços Públicos Ernesto Paulella.
"Na época, ele [o comerciante] cedia o banco em troca da propaganda. Ele doava o banco para a prefeitura com a sua propaganda. A cidade, então, ganhava um equipamento público sem dispor de recursos em troca dessa publicidade", detalha.
Aliás, não é difícil notar que os bancos estão ali há tantos anos. As publicidades foram deterioradas pelo tempo. Algumas mal se consegue ler com clareza. Nas mais legíveis, os telefones denunciam a idade: alguns tinham apenas quatro dígitos.
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Roberto Francisco é proprietário de ótica que está anunciado em banco do bosque
Reprodução/EPTV
Entre árvores e o som dos pássaros, um dos bancos traz o anúncio de uma ótica lendária da metrópole. Ela está no mesmo lugar desde a década de 1970. "Na época não tinha muitos lugares para fazer anúncios, não era como hoje, e quando apareceu a oportunidade, nós pagamos o banco para colocá-lo no bosque do Jequitibás", lembra o proprietário Roberto Francisco.
"As pessoas vinham aqui e falam eu vi o banco lá no bosque, eu vi o nome de vocês lá no bosque. Isso aí para nós é a felicidade. Mais de 50 anos, a propaganda está valendo".
O Centro de Campinas enfrenta desafios contínuos, com esvaziamento após o surgimento de grandes shoppings. A ótica tradicional hoje enfrenta a concorrência de grandes redes do ramo. "É complicado, mas é gratificante também ainda estar aqui. O Centro de Campinas tem muita história e é um lugar que ainda há de ser bonito", comenta a filha de Roberto, Luciana Francisco.
À convite da EPTV, afiliada da TV Globo, Roberto visitou o bosque para rever o anúncio. "Acho que fazia uns quatro anos que eu não dava um passeio aqui nesse bosque. Mudou alguma coisa? Mudou bastante. Inclusive o banco não era aqui, era ali. Agora puseram o banco numa praça. Estou muito feliz de vê-lo aqui nessa praça".
Bar histórico está no banco e na memória do campineiro
Tatiana é sócia-proprietária de um restaurante que também tem anúncio em banco antigo do Bosque dos Jequitibás
Reprodução/EPTV
Tatiana Maiumi Skakae é sócia-proprietária de outro um bar que também está entre os anúncios. No comando do estabelecimento desde 2019, ela não imaginava que o local representava tanto para os clientes.
"Imediatamente, quando a gente entrou, já vieram clientes perguntando quem são vocês? De onde vocês vêm? Qual é a história de vocês? O que vocês entendem disso? Sentiu que era deles. Fazia parte da história de cada um. Então, o que me chamou a atenção foi isso".
"É que não tem um documento da constituição, porque, quando ele surgiu, era antes das instituições governamentais, de registro de empresa. Então, o que a gente tem é registro de publicidade, de revistinha, essas coisas", comenta.
O maître Luciano Alves dos Santos é um dos mais antigos na casa. Para ele, só atravessa o tempo o restaurante que respeita os clientes, atende bem e com qualidade. "Estou ficando até emocionado, porque é uma realidade. O que mais importa na nossa vida são os bons relacionamentos.
"Para a gente construir isso, a gente não pode perder o amor pelas pessoas. Como eu atendo pessoas, eu sirvo pessoas, eu procuro dentro de mim sempre atender as pessoas como gostaria de ser atendido".
Visitar o bosque é reencontrar memórias
Quando a maioria dos bancos chegou ao Bosque dos Jequitibás, a região metropolitana de Campinas tinha entre 500 e 700 mil habitantes. Atualmente são 3 milhões. Testemunhas silenciosas da história de um comércio em crescimento, eles carregam décadas de memórias daqueles negócios que moldaram a cidade e a ajudaram a crescer.
"Quando eu entro aqui, eu volto no tempo. É impressionante, eu acabei de falar hoje, foi impressionante. Eu estava voltando no tempo e estava me sentindo com 15 anos. Campinas é isso, é história e é um lugar que a gente é muito acolhido. E vê o que acontece com o crescimento dela", afirma o mestre de taekwondo Tilico Palermo.
"Eu diria que prestar atenção nessas publicidades remete o cidadão a conhecer um pouco do seu passado, do passado dos seus parentes, dos seus amigos, e como era a vida naquela era, como era viver sem internet, como era viver sem televisão, e como era a forma de comunicação".
Anúncio antigo de fábrica de espelhos no Bosque dos Jequitibás, em Campinas
Reprodução/EPTV
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