Idosos que se conheceram em abrigo se casam na data em que os dois fazem aniversário

Precisa de dar um Up em suas redes sociais?
Chame no Whatsapp temos os melhores planos para cuidar de suas redes sociais
BID Midia Patrocinado

Cerimônia foi realizada na tarde desta quarta-feira (14) no Lar Torres de Melo, em Fortaleza. Idosos que se conheceram em abrigo se casam na data em que os dois fazem aniversário.
O pedido de um abraço foi decisivo. Antônio havia deixado o Lar Torres de Melo, que abriga idosos em Fortaleza, para ir ao enterro de um sobrinho. No retorno, reencontrou Maria do Socorro. Ela abriu os braços convidando para o gesto. A força daquele abraço confirmou a paixão entre os dois, que até então conviviam como amigos e, a partir desta quarta-feira (14), se tornaram marido e mulher.
✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Ceará no WhatsApp
Neste ano, o dia 14 de maio trouxe várias mudanças para o casal. Maria do Socorro Ferreira completou 78 anos. Antônio Pereira completou 77. Foi também o dia em que os dois passaram a viver como casados dentro da instituição.
Compartilhar a mesma data de aniversário, para eles, é um sinal de que nasceram para se encontrar. Depois de outros relacionamentos amorosos e de algumas perdas familiares, eles se conheceram em 2021. Foi no fim de 2024 que eles começaram o namoro.
Na cerimônia organizada por familiares e funcionários da instituição, Maria do Socorro e Antônio trocaram alianças e dançaram uma valsa para celebrar o amor que surgiu entre os dois no cotidiano.
Idosos que se conheceram em abrigo se casam na data em que os dois fazem aniversário.
Davi Rocha/SVM
Conversas e passeios juntos
A proximidade entre o casal se fortaleceu nas conversas no refeitório, nos corredores e nas áreas de convivência do Lar Torres de Melo.
Situada no bairro Jacarecanga, a instituição tem quase 120 anos de história e atende 200 idosos. O lar presta assistência integral aos idosos, com atividades e projetos voltados para a promoção humana e qualidade de vida.
Maria do Socorro lembra de quando viu Antônio pela primeira vez, após o lanche da tarde. Ele era recém-chegado na casa, e eles se cumprimentaram e perguntaram o nome um do outro.
“Ele vinha e conversava com a minha companheira de quarto. E eu pensava assim: ‘mas ô idosinho bonitinho’. Mas eu não dizia pra ninguém”, conta Maria do Socorro.
Quando descobriram que tinham a mesma data de aniversário, Antônio sugeriu que eles comprassem um bolo para comemorarem juntos. Outra demonstração de carinho era quando ele chegava com uma cocada para compartilhar com ela.
LEIA TAMBÉM:
Felicidade vem depois dos 60? Por que idosos são mais felizes do que jovens no Brasil e no mundo, segundo pesquisa
Abandono, solidão e recomeço: as histórias dos idosos e de quem luta por uma velhice mais digna
Dados do IBGE: gráficos mostram por que o Brasil envelhece mais rápido e está ainda mais feminino
A proximidade entre o casal se fortaleceu nas conversas e convivência do Lar Torres de Melo.
Davi Rocha/SVM
No início, Maria achava que uma outra residente da casa tinha interesse em Antônio. Isso fez com que ela fosse mais reservada nas interações até ele garantir que não estava envolvido com ninguém.
“Eu disse a ele que não queria dor de cabeça. Porque se uma pessoa queria bem a ele, ia ficar aquele clima difícil. E eu vim pra cá foi pra descansar a cabeça na minha velhice, é um lugar que eu gosto muito. Só quando eu morrer é que saio daqui”, explicou Maria.
Os dois participaram também de vários passeios do projeto Retratando a Vida, promovido pela instituição para o resgate de memórias culturais e afetivas dos participantes. Com a iniciativa, eles estavam sempre juntos em visitas a pontos turísticos da cidade, como a praia da Beira Mar e a Ponte Metálica.
“Ela veio pra cá junto com a irmã, mas a irmã dela faleceu. E eu vim pra cá também, morreu muita gente da minha família. Então o mesmo sofrimento dela é o meu. Agora vamos nos casar. Ela vai cuidar de mim e eu vou cuidar dela”, declarou Antônio.
O casamento
O casamento aconteceu nesta quarta-feira, no Lar Torres de Melo, em Fortaleza.
Davi Rocha/SVM
Na manhã desta quarta-feira (14), o salão voltado para atividades artísticas do Lar Torres de Melo se transformou em estúdio para o “dia de noiva” de Maria do Socorro.
O vestido era um dos sonhos dela e foi providenciado pela equipe da instituição. Um detalhe importante foi não deixar o vestido muito longo nem usar grinalda. O cuidado foi para prezar pela segurança da noiva, que tem dificuldade de locomoção e poderia tropeçar.
A cerimônia foi uma bênção especial dada aos noivos na presença de familiares e amigos. Isso porque eles não poderiam ter um casamento civil e religioso oficialmente, pois Antônio não é legalmente divorciado.
O “sim” do casal representou o início de uma nova fase. Antes vivendo em quartos coletivos, eles agora terão um novo quarto, adaptado pelos funcionários para permitir maior privacidade. O cômodo deles também conta com móveis e itens doados pelos parentes dos dois.
Nesta nova modalidade de acolhimento na instituição, o objetivo é que eles continuem com a convivência coletiva, se alimentando e participando de atividades com os outros residentes, como explica Lúcia Severo, diretora administrativa do Lar Torres de Melo.
Outra atenção da equipe é ao acompanhar a convivência do novo casal. Na rotina da instituição, um dos cuidados prestados é a mediação dos conflitos entre os residentes com base no diálogo.
Maria do Socorro e Antônio se comprometeram em manter uma relação de respeito e companheirismo. Para eles, a expectativa é de vivenciar uma nova fase do amor que chegou na terceira idade.
Lembranças do passado e sonhos de futuro
O casal não enxerga a terceira idade como impedimento para seguir sonhando e planejando o futuro.
Davi Rocha/SVM
Maria do Socorro nasceu em Groaíras, no interior do Ceará. Ela morou na cidade até os sete anos. A família se mudou para Fortaleza, onde ela começou a estudar e acabou abandonando a escola para trabalhar no beneficiamento de castanhas.
Ela se casou aos 33 anos e ficou viúva aos 52, sem ter tido filhos. “O meu esposo era 17 anos mais velho que eu. Parece que eu só gostava de gente idosa”, brinca.
Com a viuvez, Maria voltou a morar com a mãe, no bairro Pirambu. Após a morte do pai, da mãe e da irmã, passou a morar no Lar Torres de Melo, em setembro de 2021.
No mesmo ano, a instituição virou a nova morada de Antônio. Ele nasceu em Teresina e chegou no Ceará na década de 1960. Ele já serviu ao Exército e teve diversas atividades, como técnico em fogões e motorista de ônibus.
Ele já foi casado por oito anos e, depois, morou com uma companheira por 22 anos. Antônio é pai de um filho. Tanto Maria do Socorro como Antônio têm o apoio de sobrinhos como principais contatos deles fora do Lar Torres de Melo.
Para ele, a instituição também é um lugar que auxilia a perseguir novos sonhos. Desde que chegou à casa, ele foi estimulado a concluir o Ensino Fundamental. Agora, estuda para concluir o Ensino Médio, na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA).
Um dos convidados para o casamento dele com Maria do Socorro foi o diretor da escola que ele frequenta todo dia, no Centro. Agora, Antônio se emociona quando confessa o próximo objetivo: tentar uma vaga na universidade.
“Tem gente que diz: ‘o que tu quer estudando agora, e se tu se formar com 80 anos e morrer?’ Eu não tô pensando que eu vou morrer. Se eu for pensar nisso aí, eu não boto nem o pé na rua, achando que o carro vai me atropelar”, diz Antônio.
A vontade dele é se formar em Direito para atuar em defesa dos idosos e dos residentes do Lar Torres de Melo, buscando retribuir o acolhimento que recebeu na instituição.
Assista aos vídeos mais vistos do Ceará:
O pedido de um abraço foi decisivo. Antônio havia deixado o Lar Torres de Melo, que abriga idosos em Fortaleza, para ir ao enterro de um sobrinho. No retorno, reencontrou Maria do Socorro. Ela abriu os braços convidando para o gesto. A força daquele abraço confirmou a paixão entre os dois, que até então conviviam como amigos e, a partir desta quarta-feira (14), se tornaram marido e mulher.
✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Ceará no WhatsApp
Neste ano, o dia 14 de maio trouxe várias mudanças para o casal. Maria do Socorro Ferreira completou 78 anos. Antônio Pereira completou 77. Foi também o dia em que os dois passaram a viver como casados dentro da instituição.
Compartilhar a mesma data de aniversário, para eles, é um sinal de que nasceram para se encontrar. Depois de outros relacionamentos amorosos e de algumas perdas familiares, eles se conheceram em 2021. Foi no fim de 2024 que eles começaram o namoro.
Na cerimônia organizada por familiares e funcionários da instituição, Maria do Socorro e Antônio trocaram alianças e dançaram uma valsa para celebrar o amor que surgiu entre os dois no cotidiano.
Idosos que se conheceram em abrigo se casam na data em que os dois fazem aniversário.
Davi Rocha/SVM
Conversas e passeios juntos
A proximidade entre o casal se fortaleceu nas conversas no refeitório, nos corredores e nas áreas de convivência do Lar Torres de Melo.
Situada no bairro Jacarecanga, a instituição tem quase 120 anos de história e atende 200 idosos. O lar presta assistência integral aos idosos, com atividades e projetos voltados para a promoção humana e qualidade de vida.
Maria do Socorro lembra de quando viu Antônio pela primeira vez, após o lanche da tarde. Ele era recém-chegado na casa, e eles se cumprimentaram e perguntaram o nome um do outro.
“Ele vinha e conversava com a minha companheira de quarto. E eu pensava assim: ‘mas ô idosinho bonitinho’. Mas eu não dizia pra ninguém”, conta Maria do Socorro.
Quando descobriram que tinham a mesma data de aniversário, Antônio sugeriu que eles comprassem um bolo para comemorarem juntos. Outra demonstração de carinho era quando ele chegava com uma cocada para compartilhar com ela.
LEIA TAMBÉM:
Felicidade vem depois dos 60? Por que idosos são mais felizes do que jovens no Brasil e no mundo, segundo pesquisa
Abandono, solidão e recomeço: as histórias dos idosos e de quem luta por uma velhice mais digna
Dados do IBGE: gráficos mostram por que o Brasil envelhece mais rápido e está ainda mais feminino
A proximidade entre o casal se fortaleceu nas conversas e convivência do Lar Torres de Melo.
Davi Rocha/SVM
No início, Maria achava que uma outra residente da casa tinha interesse em Antônio. Isso fez com que ela fosse mais reservada nas interações até ele garantir que não estava envolvido com ninguém.
“Eu disse a ele que não queria dor de cabeça. Porque se uma pessoa queria bem a ele, ia ficar aquele clima difícil. E eu vim pra cá foi pra descansar a cabeça na minha velhice, é um lugar que eu gosto muito. Só quando eu morrer é que saio daqui”, explicou Maria.
Os dois participaram também de vários passeios do projeto Retratando a Vida, promovido pela instituição para o resgate de memórias culturais e afetivas dos participantes. Com a iniciativa, eles estavam sempre juntos em visitas a pontos turísticos da cidade, como a praia da Beira Mar e a Ponte Metálica.
“Ela veio pra cá junto com a irmã, mas a irmã dela faleceu. E eu vim pra cá também, morreu muita gente da minha família. Então o mesmo sofrimento dela é o meu. Agora vamos nos casar. Ela vai cuidar de mim e eu vou cuidar dela”, declarou Antônio.
O casamento
O casamento aconteceu nesta quarta-feira, no Lar Torres de Melo, em Fortaleza.
Davi Rocha/SVM
Na manhã desta quarta-feira (14), o salão voltado para atividades artísticas do Lar Torres de Melo se transformou em estúdio para o “dia de noiva” de Maria do Socorro.
O vestido era um dos sonhos dela e foi providenciado pela equipe da instituição. Um detalhe importante foi não deixar o vestido muito longo nem usar grinalda. O cuidado foi para prezar pela segurança da noiva, que tem dificuldade de locomoção e poderia tropeçar.
A cerimônia foi uma bênção especial dada aos noivos na presença de familiares e amigos. Isso porque eles não poderiam ter um casamento civil e religioso oficialmente, pois Antônio não é legalmente divorciado.
O “sim” do casal representou o início de uma nova fase. Antes vivendo em quartos coletivos, eles agora terão um novo quarto, adaptado pelos funcionários para permitir maior privacidade. O cômodo deles também conta com móveis e itens doados pelos parentes dos dois.
Nesta nova modalidade de acolhimento na instituição, o objetivo é que eles continuem com a convivência coletiva, se alimentando e participando de atividades com os outros residentes, como explica Lúcia Severo, diretora administrativa do Lar Torres de Melo.
Outra atenção da equipe é ao acompanhar a convivência do novo casal. Na rotina da instituição, um dos cuidados prestados é a mediação dos conflitos entre os residentes com base no diálogo.
Maria do Socorro e Antônio se comprometeram em manter uma relação de respeito e companheirismo. Para eles, a expectativa é de vivenciar uma nova fase do amor que chegou na terceira idade.
Lembranças do passado e sonhos de futuro
O casal não enxerga a terceira idade como impedimento para seguir sonhando e planejando o futuro.
Davi Rocha/SVM
Maria do Socorro nasceu em Groaíras, no interior do Ceará. Ela morou na cidade até os sete anos. A família se mudou para Fortaleza, onde ela começou a estudar e acabou abandonando a escola para trabalhar no beneficiamento de castanhas.
Ela se casou aos 33 anos e ficou viúva aos 52, sem ter tido filhos. “O meu esposo era 17 anos mais velho que eu. Parece que eu só gostava de gente idosa”, brinca.
Com a viuvez, Maria voltou a morar com a mãe, no bairro Pirambu. Após a morte do pai, da mãe e da irmã, passou a morar no Lar Torres de Melo, em setembro de 2021.
No mesmo ano, a instituição virou a nova morada de Antônio. Ele nasceu em Teresina e chegou no Ceará na década de 1960. Ele já serviu ao Exército e teve diversas atividades, como técnico em fogões e motorista de ônibus.
Ele já foi casado por oito anos e, depois, morou com uma companheira por 22 anos. Antônio é pai de um filho. Tanto Maria do Socorro como Antônio têm o apoio de sobrinhos como principais contatos deles fora do Lar Torres de Melo.
Para ele, a instituição também é um lugar que auxilia a perseguir novos sonhos. Desde que chegou à casa, ele foi estimulado a concluir o Ensino Fundamental. Agora, estuda para concluir o Ensino Médio, na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA).
Um dos convidados para o casamento dele com Maria do Socorro foi o diretor da escola que ele frequenta todo dia, no Centro. Agora, Antônio se emociona quando confessa o próximo objetivo: tentar uma vaga na universidade.
“Tem gente que diz: ‘o que tu quer estudando agora, e se tu se formar com 80 anos e morrer?’ Eu não tô pensando que eu vou morrer. Se eu for pensar nisso aí, eu não boto nem o pé na rua, achando que o carro vai me atropelar”, diz Antônio.
A vontade dele é se formar em Direito para atuar em defesa dos idosos e dos residentes do Lar Torres de Melo, buscando retribuir o acolhimento que recebeu na instituição.
Assista aos vídeos mais vistos do Ceará:
Para ler a notícia completa, acesse o link original:
0 curtidas
Notícias Relacionadas
Não há mais notícias para carregar
Comentários 0