Ministério da Igualdade Racial pede explicações do governo do RJ sobre operação do Bope no Santo Amaro

No ofício, a pasta questiona a motivação da ação, a comunicação com o Ministério Público, o cumprimento de protocolos e quais medidas serão tomadas para reparar os danos e reduzir as mortes por intervenção policial no estado. Pai de rapaz morto no Santo Amaro se emociona ao falar do filho e cobra autoridades
O Ministério da Igualdade Racial enviou um ofício ao Governador Cláudio Castro pedindo informações sobre a operação do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) no morro Santo Amaro, no Catete, que terminou com a morte do jovem Herus Guimarães Mendes, de 24 anos.
No ofício, a Ministra Anielle Franco solicitou informações sobre os seguintes temas:
A motivação da operação?
Houve comunicação prévia com o MP?
Os protocolos foram seguidos?
Que medidas serão tomadas tanto para reparar as famílias?
Que medidas serão tomadas para conter o aumento das mortes por intervenção policial no estado?
Comandante da PM fala sobre operação do Bope no Santo Amaro
Nesta segunda (9), o secretário de Polícia Militar do Rio, Marcelo de Menezes, disse, em entrevista ao Bom Dia Rio que os policiais que participaram da operação na madrugada de sábado (7) não observaram os protocolos da corporação.
“No domingo, eu me reuni com o governador Claudio Castro e avaliamos os desdobramentos e as circunstâncias dessa operação. E avaliamos que os responsáveis pela operação não observaram os protocolos e procedimentos operacionais da corporação. Por conta disso, nós decidimos afastar os oficiais e todos os policiais envolvidos das ruas para que haja lisura nas investigações”, justificou o secretário da PM, Marcelo de Menezes.
Herus foi morto em uma festa junina durante uma ação de agentes do Bope. Ainda de acordo com Menezes, ele só soube da operação na manhã de sábado. Os policiais entraram na comunidade por volta das 3h.
"O policial não sai de casa para errar. Obviamente que os protocolos, esse planejamento, é um organismo vivo que a gente precisa avaliar. A gente se solidariza com a família. Não é um resultado desejável, mas cada vez mais a gente vai entregar um serviço de qualidade para a população, aperfeiçoando protocolos e procedimentos. É uma oportunidade para a gente estudar a nossa ação", disse Menezes.
Neste domingo, o governador Cláudio Castro (PL) exonerou o coronel Aristheu de Góes Lopes, comandante do Batalhão de Operações Especiais (Bope), e o coronel André Luiz de Souza Batista, do Comando de Operações Especiais (COE), e afastou das ruas 12 policiais que participaram da operação.
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Depois de mais de 50 horas, o secretário da PM, coronel Marcelo de Menezes, fala sobre a morte de Herus Guimarães Mendes, que foi morto a tiros no Morro Santo Amaro
Milton Oliveira/TV Globo
Comando da PM não sabia da ação
Ainda de acordo com o secretário, o comando da Polícia Militar não soube previamente que os agentes do Bope realizariam a operação no Santo Amaro.
"Nas primeiras horas do sábado (7), eu fui informado de que na noite anterior [sexta, 6] o Comando de Operações Especiais coordenou uma operação emergencial com o Bope, através de dados, de que vários marginais estariam reunidos fortemente armados para efetuar ataques a facções rivais", disse Menezes.
As armas dos policiais e as câmeras corporais de todos eles foram recolhidas e serão periciadas.
Operação planejada ou emergencial
Ainda segundo o secretário, é importante esclarecer as circunstâncias em que as operações são realizadas.
"Eu quero aproveitar a oportunidade para explicar para a população a diferença de uma operação planejada, que é aquela produzida pela área técnica da corporação de maneira antecipada, e uma operação emergencial, em que o responsável precisa cumprir vários requisitos", destacou Menezes.
Entre os requisitos estão a avaliação de risco (que tipo de impacto a nossa operação vai causar naquela comunidade), o princípio da oportunidade (o dia e horário em que a operação vai ser realizada, se está havendo algum evento na comunidade, etc.), e o principal, que é a preservação das vidas.
Herus Guimarães Mendes
Reprodução
Ainda segundo Menezes, toda a conduta dos agentes será apurada. "A execução será apurada. Todas as testemunhas serão ouvidas, as perícias realizadas e a as imagens das câmeras vão trazer a elucidação do que ocorreu naquela madrugada", alegou o secretário.
O secretário também ressaltou que os policiais não podem ser condenados previamente e que as imagens das câmeras corporais serão fundamentais para esclarecer o que aconteceu na madrugada de sábado.
Imagens serão enviadas ao MP
Segundo a Polícia Militar, as imagens das câmeras corporais dos agentes serão enviadas ao Ministério Público e à Corregedoria.
"Vamos fazer uma avaliação através da elucidação das imagens. As imagens serão disponibilizadas a partir de hoje, tanto para nossa corregedoria quanto para o Ministério Público", afirmou.
Neste domingo (8), a deputada estadual Renata Souza e a deputada federal Talíria Petrone encaminharam uma representação ao Ministério Público do RJ pedindo que os promotores investiguem possíveis violações que teriam sido praticados pelos agentes do Bope.
De acordo com as parlamentares, "tais condutas podem configurar, também, violação a tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil é signatário, como o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos e o Pacto de San José da Costa Rica, que impõem limites claros ao uso da força letal e à atuação das forças de segurança."
No documento, as deputadas destacam que "a ação do estado deve sempre prezar pela legalidade, razoabilidade, necessidade, proporcionalidade e dignidade da pessoa humana."
Mãe diz que agentes arrastaram jovem
Mônica Guimaraes Mendes, mãe de Herus afirmou que um agente do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) mudou o rapaz de lugar ao vê-lo baleado.
‘O policial arrastou o meu filho pela escada’, diz mãe de Herus
“O policial arrastou o meu filho pela escada e gritou que meu filho era vigia [do tráfico]. Botou uma grade para ninguém socorrer o meu filho”, declarou.
Segundo Mônica, o filho estava em frente a uma padaria, a fim de comprar um lanche, quando foi atingido. “Meu filho perguntou se eu queria algo para comer. Ele foi alvejado na barriga com o pagamento de Pix aberto. Botou a mão e caiu em frente à padaria”, narrou.
“Ele foi criado com tanto amor! Eu vigiei, tomei conta, fui atrás para o meu filho não entrar para essa vida. Porque eu não queria perder um filho. Eu não queria enterrar o meu filho. E a polícia, que era para proteger, tirou a vida do meu filho! E não deixaram a gente socorrer!”, prosseguiu.
“Quando levamos o Herus para o carro, eles ainda debocharam”, emendou.
Herus morreu horas depois, no Hospital Glória D’Or, perto do Santo Amaro.
Pais de Herus foram ao velório do filho com uma foto do jovem com o filho e o crachá da empresa onde ele trabalhava
Reprodução/ TV Globo
O Ministério da Igualdade Racial enviou um ofício ao Governador Cláudio Castro pedindo informações sobre a operação do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) no morro Santo Amaro, no Catete, que terminou com a morte do jovem Herus Guimarães Mendes, de 24 anos.
No ofício, a Ministra Anielle Franco solicitou informações sobre os seguintes temas:
A motivação da operação?
Houve comunicação prévia com o MP?
Os protocolos foram seguidos?
Que medidas serão tomadas tanto para reparar as famílias?
Que medidas serão tomadas para conter o aumento das mortes por intervenção policial no estado?
Comandante da PM fala sobre operação do Bope no Santo Amaro
Nesta segunda (9), o secretário de Polícia Militar do Rio, Marcelo de Menezes, disse, em entrevista ao Bom Dia Rio que os policiais que participaram da operação na madrugada de sábado (7) não observaram os protocolos da corporação.
“No domingo, eu me reuni com o governador Claudio Castro e avaliamos os desdobramentos e as circunstâncias dessa operação. E avaliamos que os responsáveis pela operação não observaram os protocolos e procedimentos operacionais da corporação. Por conta disso, nós decidimos afastar os oficiais e todos os policiais envolvidos das ruas para que haja lisura nas investigações”, justificou o secretário da PM, Marcelo de Menezes.
Herus foi morto em uma festa junina durante uma ação de agentes do Bope. Ainda de acordo com Menezes, ele só soube da operação na manhã de sábado. Os policiais entraram na comunidade por volta das 3h.
"O policial não sai de casa para errar. Obviamente que os protocolos, esse planejamento, é um organismo vivo que a gente precisa avaliar. A gente se solidariza com a família. Não é um resultado desejável, mas cada vez mais a gente vai entregar um serviço de qualidade para a população, aperfeiçoando protocolos e procedimentos. É uma oportunidade para a gente estudar a nossa ação", disse Menezes.
Neste domingo, o governador Cláudio Castro (PL) exonerou o coronel Aristheu de Góes Lopes, comandante do Batalhão de Operações Especiais (Bope), e o coronel André Luiz de Souza Batista, do Comando de Operações Especiais (COE), e afastou das ruas 12 policiais que participaram da operação.
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Depois de mais de 50 horas, o secretário da PM, coronel Marcelo de Menezes, fala sobre a morte de Herus Guimarães Mendes, que foi morto a tiros no Morro Santo Amaro
Milton Oliveira/TV Globo
Comando da PM não sabia da ação
Ainda de acordo com o secretário, o comando da Polícia Militar não soube previamente que os agentes do Bope realizariam a operação no Santo Amaro.
"Nas primeiras horas do sábado (7), eu fui informado de que na noite anterior [sexta, 6] o Comando de Operações Especiais coordenou uma operação emergencial com o Bope, através de dados, de que vários marginais estariam reunidos fortemente armados para efetuar ataques a facções rivais", disse Menezes.
As armas dos policiais e as câmeras corporais de todos eles foram recolhidas e serão periciadas.
Operação planejada ou emergencial
Ainda segundo o secretário, é importante esclarecer as circunstâncias em que as operações são realizadas.
"Eu quero aproveitar a oportunidade para explicar para a população a diferença de uma operação planejada, que é aquela produzida pela área técnica da corporação de maneira antecipada, e uma operação emergencial, em que o responsável precisa cumprir vários requisitos", destacou Menezes.
Entre os requisitos estão a avaliação de risco (que tipo de impacto a nossa operação vai causar naquela comunidade), o princípio da oportunidade (o dia e horário em que a operação vai ser realizada, se está havendo algum evento na comunidade, etc.), e o principal, que é a preservação das vidas.
Herus Guimarães Mendes
Reprodução
Ainda segundo Menezes, toda a conduta dos agentes será apurada. "A execução será apurada. Todas as testemunhas serão ouvidas, as perícias realizadas e a as imagens das câmeras vão trazer a elucidação do que ocorreu naquela madrugada", alegou o secretário.
O secretário também ressaltou que os policiais não podem ser condenados previamente e que as imagens das câmeras corporais serão fundamentais para esclarecer o que aconteceu na madrugada de sábado.
Imagens serão enviadas ao MP
Segundo a Polícia Militar, as imagens das câmeras corporais dos agentes serão enviadas ao Ministério Público e à Corregedoria.
"Vamos fazer uma avaliação através da elucidação das imagens. As imagens serão disponibilizadas a partir de hoje, tanto para nossa corregedoria quanto para o Ministério Público", afirmou.
Neste domingo (8), a deputada estadual Renata Souza e a deputada federal Talíria Petrone encaminharam uma representação ao Ministério Público do RJ pedindo que os promotores investiguem possíveis violações que teriam sido praticados pelos agentes do Bope.
De acordo com as parlamentares, "tais condutas podem configurar, também, violação a tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil é signatário, como o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos e o Pacto de San José da Costa Rica, que impõem limites claros ao uso da força letal e à atuação das forças de segurança."
No documento, as deputadas destacam que "a ação do estado deve sempre prezar pela legalidade, razoabilidade, necessidade, proporcionalidade e dignidade da pessoa humana."
Mãe diz que agentes arrastaram jovem
Mônica Guimaraes Mendes, mãe de Herus afirmou que um agente do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) mudou o rapaz de lugar ao vê-lo baleado.
‘O policial arrastou o meu filho pela escada’, diz mãe de Herus
“O policial arrastou o meu filho pela escada e gritou que meu filho era vigia [do tráfico]. Botou uma grade para ninguém socorrer o meu filho”, declarou.
Segundo Mônica, o filho estava em frente a uma padaria, a fim de comprar um lanche, quando foi atingido. “Meu filho perguntou se eu queria algo para comer. Ele foi alvejado na barriga com o pagamento de Pix aberto. Botou a mão e caiu em frente à padaria”, narrou.
“Ele foi criado com tanto amor! Eu vigiei, tomei conta, fui atrás para o meu filho não entrar para essa vida. Porque eu não queria perder um filho. Eu não queria enterrar o meu filho. E a polícia, que era para proteger, tirou a vida do meu filho! E não deixaram a gente socorrer!”, prosseguiu.
“Quando levamos o Herus para o carro, eles ainda debocharam”, emendou.
Herus morreu horas depois, no Hospital Glória D’Or, perto do Santo Amaro.
Pais de Herus foram ao velório do filho com uma foto do jovem com o filho e o crachá da empresa onde ele trabalhava
Reprodução/ TV Globo
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