Pesquisadora cega transcreve para o braille partituras de obras de compositores brasileiros; VÍDEO

Fabiana Bonilha trabalha para ampliar a oferta de composições em braille para pessoas com deficiência visual; transcrições de obras de Heitor Villa-Lobos e Camargo Guarnieri nunca tinham sido feitas antes. Pesquisadora cega transcreve partituras de obras clássicas para musicografia Braille
O trabalho de uma pesquisadora cega tem ampliado o acesso de pessoas com deficiência visual às obras de compositores clássicos brasileiros. Fabiana Bonilha atua na transcrição de partituras para o braille, sistema de escrita e leitura tátil baseado em pontos em relevo.
? A transcrição de obras de compositores como Heitor Villa-Lobos e Camargo Guarnieri, por exemplo, nunca tinham sido feitas antes, ampliando o repertório da musicografia em braille.
"Os estudantes cegos quando ingressam em conservatórios ou faculdades de música precisam cumprir um determinado programa, e muitas vezes não têm o material disponível para estudar. A medida que avançamos no conhecimento e na pesquisa sobre a transcrição de material em Braille, essas pessoas podem ter acesso ao mesmo material que os outros alunos", diz.
Fabiana é pesquisadora no Centro de Tecnologia da Informação (CTI) Renato Archer, em Campinas (SP). Ela é uma das referências em trabalhos na área de tecnologia assistiva, conjunto de recursos e estratégias que favorecem a inclusão de pessoas com deficiência.
"Utilizando esses recursos de tecnologia assistiva, nós conseguimos trabalhar, estudar, pesquisar tal como as outras pessoas sem deficiência fazem no dia a dia", destaca a pesquisadora, que é doutora em música pela Unicamp.
Entre os trabalhos atuais, Fabiana tem pesquisado tecnologias que permitam a transcrição de partituras para o braille de forma otimizada, cada vez mais rápido.
#paratodosverem: De frente para nós, ao lado de um notebook com a partitura, Fabiana Bonilha, uma mulher de pele clara num leve sorriso com a boca entreaberta. Ela é cega, usa uma malha canelada bege claro mesclada de traços cinza
Ricardo Custódio/EPTV
Placas em 3D
A pesquisadora também orienta jovens em iniciação científica, e um desses trabalhos envolve o desenvolvimento de um software que converte um texto escrito em um modelo para impressões de placas em 3D em braille.
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Segundo Fabiana, essas placas podem ter diferentes aplicações, incluindo a educação, pois são mais duráveis que as impressões em papel, e possuem uma legibilidade melhor.
Estudante de engenharia biomédica na PUC-Campinas, Letícia Costa Ishiuchi, de 22 anos, trabalha há dois anos sob orientação de Fabiana e foi ela que desenvolveu o código que permite essa transcrição e a criação do arquivo que pode ser impresso em qualquer impressora 3D.
#paratodosverem: Detalhe de mãos delicadas de pele clara sobre o teclado de um piano
Ricardo Custódio/EPTV
Ser Acessível
A entrevista com a pesquisadora Fabiana Bonilha integra a série "Ser Acessível', coprodução do g1 e EPTV que aborda questões sobre a educação para crianças e adolescentes com deficiência.
A série apresenta reportagens em vídeo em um formato visual inédito com o máximo de recursos de acessibilidade.
Os vídeos reúnem, simultaneamente, audiodescrição, intérprete de Libras em tamanho ampliado e legenda descritiva sem necessidade de ativação de qualquer recurso de acessibilidade, seja no televisor, computador ou celular.
Ser Acessível: Criança com paralisa cerebral usa movimento dos olhos para se comunicar
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