PF diz já ter aviões prontos para buscar Tuta, chefe do PCC preso na Bolívia

Governo brasileiro aguarda decisão da Justiça boliviana para saber como será a entrega do criminoso. Traficante estava foragido e foi detido por uso de documentos falsos. Chefe do PCC é preso em operação na Bolívia
A Polícia Federal (PF) afirmou neste sábado (17) que já tem aviões prontos para buscar o traficante Tuta, apontado como substituto de Marcola e novo número 1 da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Marcos Roberto de Almeida foi preso na sexta-feira (16), em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia.
"As nossas equipes já estão prontas para sair de Brasília assim que tiver a confirmação [do governo boliviano], se for o caso de expulsão, fazer a transferência", afirmou o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues durante coletiva de imprensa.
Tuta estava foragido e foi capturado em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, com documentos falsos. A ação teve apoio da Fuerza Especial de Lucha contra el Crimen, da Bolívia.
Ele é considerado o sucessor de Marcola, o chefe máximo da facção que está preso no sistema penitenciário federal e cumpre penas de mais de 300 anos.
Preso pela PF, Tuta é considerado o substituto de Marcola no comando do PCC
Reprodução
A polícia boliviana informou que o homem detido se apresentou como Maycon Gonçalves da Silva, nascido em 25 de março de 1971, em um centro comercial da cidade, para tentar renovar a Cédula de Identidade de Estrangeiro (CEI), documento necessário para não bolivianos que residem no país.
Ao consultar o sistema internacional de estrangeiros, surgiu um alerta indicando que se tratava de um procurado pela Interpol. A PF, então, foi comunicada.
Marcos Roberto de Almeida permanece preso, sob suspeita de uso de documentos falsos e falsidade ideológica. A Polícia Federal não quis confirmar o nome completo do traficante.
Próximos passos
O diretor-geral da Polícia Federal, afirmou também que o Brasil aguarda a decisão da Bolívia sobre como vai ser feita a transferência do líder do PCC.
"Aguardaremos as autoridades bolivianas decidir as possibilidades jurídicas a partir do seu regulamento. Aguardaremos a decisão do país, que é soberano", afirmou Rodrigues.
Existem duas possibilidades para Tuta: ser expulso do país, por ser um estrangeiro ilegal, ou via extradição judicial, após pedido do governo brasileiro, o que poderia levar mais tempo para acontecer.
"Esta prevista uma audiência para manhã com autoridades judiciarias da Bolívia, da mesma forma como acontecem as audiências de custódia aqui, e a nossa expectativa é de que amanhã mesmo tenhamos um retorno desse processo: expulsão ou extradição", completou o diretor.
Em relação a logística da expulsão, pode acontecer tanto pela polícia boliviana trazendo o preso até o Brasil ou a uma região de fronteira, ou com a polícia brasileira o buscando.
"Essa audiência é na justiça boliviana e, uma vez se a decisão for pela expulsão, a decisão passa-se a etapa seguinte que é a definição da questão logística, sempre respeitando as regras do país onde está o preso".
Segundo o diretor-geral da PF, se a expulsão se concretizar, ela tem efeitos imediatos e pode ocorrer dentro de horas ou dias.
Assim que chegar ao Brasil, Rodrigues garantiu que o traficante será levado para uma penitenciária federal de segurança máxima.
Tuta tem duas prisões decretadas e já foi condenado
No Brasil, Marcos Roberto de Almeida tem duas prisões decretadas em investigações do Ministério Público de SP. Ele foi um dos principais alvos da Operação Sharks, deflagrada em 2020.
À época, o MP de São Paulo confirmou que Tuta havia assumido o comando do PCC após a transferência de Marcola para um presídio federal, em fevereiro de 2019.
O criminoso já foi condenado em primeira instância por organização criminosa, com pena de 12 anos e seis meses de prisão. Responde ainda a outro processo por organização criminosa e lavagem de dinheiro.
"O Marcos Roberto, vulgo Tuta, já era da sintonia de 1, mas não era o número 1 do PCC. Com a remoção do Marcola, ele foi elencado, nominado pelo Marcola para ser o novo n° 1 do PCC, tanto dentro como fora dos presídios. É um velho conhecido nosso. Só que, em liberdade, ele atingiu o status, seria o novo Marcola na nossa concepção", explicou na ocasião o promotor Lincoln Gakiya, que investiga o PCC há décadas em São Paulo.
Nova estrutura do PCC
O novo organograma da cúpula do PCC em São Paulo, apresentado pelo Ministério Público de SP.
Reprodução
Em 2020, após a primeira fase da Operação Sharks, o MP paulista identificou os 21 suspeitos de integrar a nova cúpula do PCC.
Entre eles estava Tuta, que fazia parte da cúpula, chamada de Sintonia Final da Rua. Alvos foram identificados na Bolívia, no Paraguai e até na África.
Segundo o então procurador-geral de Justiça, Mário Luiz Sarrubbo, Tuta assumiu o comando do PCC por escolha do próprio Marcola.
Marcola, chefe do PCC, está preso no sistema penitenciário federal desde 2019
Arquivo/TV Fronteira
Ele estava foragido e chegou a ser identificado, na época, como ocupante de um cargo de adido no consulado de Moçambique em Belo Horizonte. Seria uma estratégia para ocultar sua identidade.
O termo "adido" é usado para designar um agente diplomático que não é um diplomata de carreira.
"A partir da remoção [para o sistema federal], as ordens passaram a ser nas ruas. E um dos indivíduos, Marcos Roberto, vulgo Tuta, ele assumiu a função do Marcola. É um indivíduo que tem contato em consulado, que transita no país e fora do país. É uma operação hoje que a ordem não está mais centralizada dentro do presídio, mas na rua. Por isso a importância da operação de hoje", afirmou o promotor Lincoln Gakiya.
Além dele, o Ministério Público identificou outros 20 nomes que fazem parte da nova cúpula da facção.
Entre eles três nomes que seriam o braço financeiro da organização criminosa. Eles administram o dinheiro oriundo do tráfico feito belo bando. Entre os nomes que fazem parte do braço financeiro está uma mulher: Carla Luy Riciotti Lima, além de Robson Sampaio Lima e José Carlos de Oliveira.
Operação em 2020 mirou nova cúpula do PCC
Deflagrada em fevereiro de 2020, a Operação Sharks teve como objetivo prender membros da nova cúpula do PCC. Foram cumpridos 12 mandados de prisão, além de 40 de busca e apreensão.
Operação investiga facção criminosa que movimenta R$100 milhões por ano
A força-tarefa envolveu oito promotores e mais de 250 policiais militares.
Três pessoas foram presas na ocasião. A polícia também apreendeu explosivos, armas e carros de luxo usados pela organização.
Explosivos encontrados no endereço de um dos alvos da operação
Divulgação/MP-SP
Durante as buscas, os investigadores encontraram mais de R$ 100 mil em dinheiro vivo.
A operação também desmantelou um esquema de lavagem de dinheiro feito por meio de dólar-cabo, operação informal de câmbio sem registro no sistema financeiro.
Planilhas apreendidas indicaram que a facção movimentava cerca de R$ 100 milhões por ano, com lucros vindos principalmente do tráfico de drogas e da arrecadação entre integrantes.
Para ocultar valores, os investigados compravam veículos e usavam fundos falsos em casas e apartamentos. As transferências eram feitas por meio de doleiros.
A Polícia Federal (PF) afirmou neste sábado (17) que já tem aviões prontos para buscar o traficante Tuta, apontado como substituto de Marcola e novo número 1 da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Marcos Roberto de Almeida foi preso na sexta-feira (16), em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia.
"As nossas equipes já estão prontas para sair de Brasília assim que tiver a confirmação [do governo boliviano], se for o caso de expulsão, fazer a transferência", afirmou o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues durante coletiva de imprensa.
Tuta estava foragido e foi capturado em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, com documentos falsos. A ação teve apoio da Fuerza Especial de Lucha contra el Crimen, da Bolívia.
Ele é considerado o sucessor de Marcola, o chefe máximo da facção que está preso no sistema penitenciário federal e cumpre penas de mais de 300 anos.
Preso pela PF, Tuta é considerado o substituto de Marcola no comando do PCC
Reprodução
A polícia boliviana informou que o homem detido se apresentou como Maycon Gonçalves da Silva, nascido em 25 de março de 1971, em um centro comercial da cidade, para tentar renovar a Cédula de Identidade de Estrangeiro (CEI), documento necessário para não bolivianos que residem no país.
Ao consultar o sistema internacional de estrangeiros, surgiu um alerta indicando que se tratava de um procurado pela Interpol. A PF, então, foi comunicada.
Marcos Roberto de Almeida permanece preso, sob suspeita de uso de documentos falsos e falsidade ideológica. A Polícia Federal não quis confirmar o nome completo do traficante.
Próximos passos
O diretor-geral da Polícia Federal, afirmou também que o Brasil aguarda a decisão da Bolívia sobre como vai ser feita a transferência do líder do PCC.
"Aguardaremos as autoridades bolivianas decidir as possibilidades jurídicas a partir do seu regulamento. Aguardaremos a decisão do país, que é soberano", afirmou Rodrigues.
Existem duas possibilidades para Tuta: ser expulso do país, por ser um estrangeiro ilegal, ou via extradição judicial, após pedido do governo brasileiro, o que poderia levar mais tempo para acontecer.
"Esta prevista uma audiência para manhã com autoridades judiciarias da Bolívia, da mesma forma como acontecem as audiências de custódia aqui, e a nossa expectativa é de que amanhã mesmo tenhamos um retorno desse processo: expulsão ou extradição", completou o diretor.
Em relação a logística da expulsão, pode acontecer tanto pela polícia boliviana trazendo o preso até o Brasil ou a uma região de fronteira, ou com a polícia brasileira o buscando.
"Essa audiência é na justiça boliviana e, uma vez se a decisão for pela expulsão, a decisão passa-se a etapa seguinte que é a definição da questão logística, sempre respeitando as regras do país onde está o preso".
Segundo o diretor-geral da PF, se a expulsão se concretizar, ela tem efeitos imediatos e pode ocorrer dentro de horas ou dias.
Assim que chegar ao Brasil, Rodrigues garantiu que o traficante será levado para uma penitenciária federal de segurança máxima.
Tuta tem duas prisões decretadas e já foi condenado
No Brasil, Marcos Roberto de Almeida tem duas prisões decretadas em investigações do Ministério Público de SP. Ele foi um dos principais alvos da Operação Sharks, deflagrada em 2020.
À época, o MP de São Paulo confirmou que Tuta havia assumido o comando do PCC após a transferência de Marcola para um presídio federal, em fevereiro de 2019.
O criminoso já foi condenado em primeira instância por organização criminosa, com pena de 12 anos e seis meses de prisão. Responde ainda a outro processo por organização criminosa e lavagem de dinheiro.
"O Marcos Roberto, vulgo Tuta, já era da sintonia de 1, mas não era o número 1 do PCC. Com a remoção do Marcola, ele foi elencado, nominado pelo Marcola para ser o novo n° 1 do PCC, tanto dentro como fora dos presídios. É um velho conhecido nosso. Só que, em liberdade, ele atingiu o status, seria o novo Marcola na nossa concepção", explicou na ocasião o promotor Lincoln Gakiya, que investiga o PCC há décadas em São Paulo.
Nova estrutura do PCC
O novo organograma da cúpula do PCC em São Paulo, apresentado pelo Ministério Público de SP.
Reprodução
Em 2020, após a primeira fase da Operação Sharks, o MP paulista identificou os 21 suspeitos de integrar a nova cúpula do PCC.
Entre eles estava Tuta, que fazia parte da cúpula, chamada de Sintonia Final da Rua. Alvos foram identificados na Bolívia, no Paraguai e até na África.
Segundo o então procurador-geral de Justiça, Mário Luiz Sarrubbo, Tuta assumiu o comando do PCC por escolha do próprio Marcola.
Marcola, chefe do PCC, está preso no sistema penitenciário federal desde 2019
Arquivo/TV Fronteira
Ele estava foragido e chegou a ser identificado, na época, como ocupante de um cargo de adido no consulado de Moçambique em Belo Horizonte. Seria uma estratégia para ocultar sua identidade.
O termo "adido" é usado para designar um agente diplomático que não é um diplomata de carreira.
"A partir da remoção [para o sistema federal], as ordens passaram a ser nas ruas. E um dos indivíduos, Marcos Roberto, vulgo Tuta, ele assumiu a função do Marcola. É um indivíduo que tem contato em consulado, que transita no país e fora do país. É uma operação hoje que a ordem não está mais centralizada dentro do presídio, mas na rua. Por isso a importância da operação de hoje", afirmou o promotor Lincoln Gakiya.
Além dele, o Ministério Público identificou outros 20 nomes que fazem parte da nova cúpula da facção.
Entre eles três nomes que seriam o braço financeiro da organização criminosa. Eles administram o dinheiro oriundo do tráfico feito belo bando. Entre os nomes que fazem parte do braço financeiro está uma mulher: Carla Luy Riciotti Lima, além de Robson Sampaio Lima e José Carlos de Oliveira.
Operação em 2020 mirou nova cúpula do PCC
Deflagrada em fevereiro de 2020, a Operação Sharks teve como objetivo prender membros da nova cúpula do PCC. Foram cumpridos 12 mandados de prisão, além de 40 de busca e apreensão.
Operação investiga facção criminosa que movimenta R$100 milhões por ano
A força-tarefa envolveu oito promotores e mais de 250 policiais militares.
Três pessoas foram presas na ocasião. A polícia também apreendeu explosivos, armas e carros de luxo usados pela organização.
Explosivos encontrados no endereço de um dos alvos da operação
Divulgação/MP-SP
Durante as buscas, os investigadores encontraram mais de R$ 100 mil em dinheiro vivo.
A operação também desmantelou um esquema de lavagem de dinheiro feito por meio de dólar-cabo, operação informal de câmbio sem registro no sistema financeiro.
Planilhas apreendidas indicaram que a facção movimentava cerca de R$ 100 milhões por ano, com lucros vindos principalmente do tráfico de drogas e da arrecadação entre integrantes.
Para ocultar valores, os investigados compravam veículos e usavam fundos falsos em casas e apartamentos. As transferências eram feitas por meio de doleiros.
Para ler a notícia completa, acesse o link original:
2 curtidas
Notícias Relacionadas
Não há mais notícias para carregar
Comentários 0