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Policial diz que procurou abrigo enquanto sargento matava a esposa com 51 facadas e três tiros

Policial diz que procurou abrigo enquanto sargento matava a esposa com 51 facadas e três tiros
Amanda Fernandes Carvalho foi morta a tiros e facadas pelo marido Samir Carvalho em uma clínica médica em Santos (SP). Em depoimento à Polícia Civil, os policiais afirmaram que procuraram um abrigo e não conseguiram efetuar disparos porque a secretária estava na linha de tiro. Samir Carvalho matou a esposa Amanda Fernandes dentro de clínica médica em Santos, SP
Reprodução/Instagram e Daniela Rucio/TV Tribuna
Um policial militar que estava na clínica médica onde o sargento Samir Carvalho matou a esposa com 51 facadas e três tiros prestou depoimento à Polícia Civil. Segundo o relato, o agente estava acompanhado de um parceiro no atendimento à ocorrência na unidade de saúde em Santos, no litoral de São Paulo, mas ambos abaixaram e procuraram um abrigo quando os disparos começaram.
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O crime aconteceu no dia 7 de maio, dentro de uma clínica localizada na Avenida Pinheiro Machado, no bairro Marapé. Samir foi preso em flagrante e a esposa, Amanda Fernandes Carvalho, teve a morte constatada no local. A filha do casal, de 10 anos, sofreu ferimentos e ficou internada por seis dias.
Quatro policiais militares foram acionados para atender a ocorrência, mas apenas dois deles presenciaram o crime. Os outros ficaram do lado de fora da clínica.
Versão dos PMs
O g1 teve acesso aos depoimentos dos agentes à Polícia Civil. Eles afirmaram que foram levados pela secretária até a sala, onde o médico trancou Amanda e a filha para protegê-las de Samir. Um dos PMs contou que o sargento estava na porta do consultório, calmo e com um sorriso.
De acordo com os policiais, Samir levantou a blusa para mostrar que estava desarmado e se aproximou dizendo que era sargento e tinha apenas discutido com a esposa. Durante a reconstituição do crime, o acusado revelou às autoridades que escondeu a arma dentro das calças para passar pelos PMs.
Samir Carvalho participou da reconstituição do crime em Santos (SP)
Vanessa Rodrigues/A Tribuna Jornal
Os agentes afirmaram que pediram para Samir se afastar e solicitaram que o médico abrisse a porta. Foi neste momento que o sargento passou por trás deles e efetuou os disparos, atingindo a esposa e a filha. Em seguida, ele ainda conseguiu dar 51 facadas na Amanda.
Um dos PMs disse que ele e o outro agente tiveram a reação automática de abaixar e procurar um abrigo. Os dois policiais garantiram que apontaram a arma, mas não efetuaram os disparos porque a secretária estava na linha de tiro. No entanto, eles não explicaram como a mulher não foi atingida pelo sargento se a mesma estaria na porta em que ele entrou atirando.
Em entrevista à TV Tribuna, afiliada da Globo, Claudino Vicente dos Santos, que é advogado da família, afirmou que a secretária contou ter saído da frente dos policiais assim que a porta do consultório foi aberta. "Não tem essa de linha de tiro. Se for essa a argumentação deles, está totalmente furada", garantiu ele.
Os policiais acrescentaram que gritavam para Samir largar o revólver, enquanto pediam para a secretária sair da frente para que pudessem entrar na sala. Quando a mulher saiu, ainda de acordo com os policiais, o sargento já tinha terminado os disparos e saiu com as mãos levantadas.
Um dos policiais algemou Samir, enquanto o outro agente contou com a ajuda do PM que estava do lado de fora para socorrer a criança. Ao chegar perto da viatura, o agente contou que o sargento apenas disse "ela me traiu", sem expressão alguma.
Laudo necroscópico
Laudo do IML mostra onde Amanda Fernandes Carvalho foi esfaqueada pelo marido
Reprodução
O laudo necroscópico, obtido pela equipe de reportagem, indica que a maioria das facadas atingiu o lado direito do corpo de Amanda, com golpes da coxa até a face. O documento aponta também que os tiros foram disparados à distância.
O médico legista responsável pelo documento concluiu que Amanda sofreu "morte violenta, decorrente de anemia aguda por hemorragia interna traumática, em consequência dos ferimentos" causados pelos tiros e facadas.
Laudo do IML aponta partes do corpo de Amanda atingidas pelos tiros
Reprodução
Inativo da PM
Segundo apuração do g1 junto à Justiça Militar, a prisão do sargento resultou na chamada agregação militar, status que o coloca como inativo temporariamente.
Nessa condição, ele perde o direito ao salário e o tempo de serviço não é contabilizado. Samir está detido no Presídio da Polícia Militar Romão Gomes, na capital paulista.
Entenda o caso
O sargento da Polícia Militar (PM) Samir Carvalho foi preso em flagrante após matar a esposa Amanda Fernandes, na tarde do dia 7 de maio, dentro de uma clínica médica na Avenida Senador Pinheiro Machado, no bairro Marapé.
A filha do casal foi levada à Santa Casa de Santos. Ao g1, o hospital informou que a paciente foi atendida pela equipe multidisciplinar da emergência e recebeu alta no dia 13 de maio.
Menina tentou salvar mãe
Menina que tentou salvar a mãe de tiros disparados pelo pai sargento recebe alta
Em depoimento à polícia, o médico proprietário da clínica disse ter sido surpreendido por Amanda e pela filha. Ele aguardava o horário de chamá-las para uma consulta que estava agendada.
O profissional contou às autoridades que Amanda estava muito nervosa e disse que estava sendo ameaçada pelo companheiro.
"Meu marido está comigo, está armado, é policial e ele quer me matar, pois estamos nos separando”, teria dito Amanda ao médico.
O médico contou que trancou o consultório, colocou duas cadeiras atrás da porta e ficou segurando, com medo de que fosse arrombada. Disse ainda que pediu para Amanda chamar a polícia, mas ela respondeu que uma amiga já havia acionado a corporação. Por isso, insistiu por uma nova ligação.
O homem relatou que ouviu uma batida na porta e questionou quem era, mas não teve retorno. Momentos depois, ele escutou a voz da secretária pedindo para a porta ser aberta porque a PM havia chegado. Segundo o relato, também foi possível escutar uma voz masculina dizendo: “pode abrir, é a polícia, está tudo sob controle”.
Amanda Fernandes, de 42 anos, foi morta pelo sargento Samir Carvalho, em Santos (SP)
Redes sociais
Após questionar se os agentes estavam uniformizados, o médico abriu parcialmente a porta e, em seguida, foi para atrás da mesa. Ele disse que viu, no fim do corredor, um policial fardado e depois ouviu uma sequência de mais de dez tiros.
Segundo apurado pelo g1, a menor tentou salvar a mãe, que era o alvo dos disparos, pulando na frente dela. O profissional disse para polícia que se abrigou debaixo da mesa para se proteger e acredita que o atirador tenha começado os disparos do lado de fora da sala. Ele só se levantou depois que o agressor foi contido pelas equipes policiais.
O homem contou que socorreu a filha de Amanda e, logo depois, viu o corpo da mulher com uma faca “cravada no pescoço e banhada em sangue”. Ele garantiu que nunca havia visto as vítimas antes e não chegou a ver o atirador porque se escondeu ao ouvir o primeiro tiro.
Investigação
Em nota, a SSP-SP informou que a PM instaurou um Inquérito Policial Militar para “apurar rigorosamente a conduta dos agentes acionados para atender uma ocorrência que evoluiu para feminicídio e tentativa de homicídio em uma clínica de saúde”.
Anteriormente, a SSP-SP havia informado que os agentes tinham encontrado a mulher já morta e a filha do casal ferida ao chegarem no local da ocorrência, contrariando a versão obtida pelo g1 com a Polícia Civil de que os policiais estavam na clínica na hora dos disparos.
Defesa de Samir
Por meio de nota, o advogado Paulo de Jesus, que representa Samir, afirmou que na tarde do dia 8 de maio foi realizada audiência de custódia e a prisão em flagrante do policial foi convertida em preventiva. Samir foi encaminhado ao presídio Romão Gomes. Paulo de Jesus disse que a defesa se manifestará apenas quando as investigações forem concluídas.
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