Mandacarus secos, açudes vazios e plantações mortas: sertão piauiense está há 4 meses sem chuvas

Sem chuva milhares de famílias enfrentam dificuldades para plantar, colher e até para conseguir água para beber. Sem chuva há quase quatro meses, milhares de famílias enfrentam dificuldades para plantar
A seca já atinge os 224 municípios piauienses, conforme o governo do estado. Entre abril e maio deste ano, o número de cidades em situação de seca grave passou de 61 para 134. O fenômeno já é considerado o pior dos últimos oito anos. Municípios como Simões e Caridade do Piauí , no sertão do Piauí, são castigados os efeitos da seca, por exemplo.
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Açudes secaram, plantações foram perdidas e até o mandacaru, símbolo da resistência nordestina, não resistiu. Sem chuva, há quase quatro meses, milhares de famílias enfrentam dificuldades para plantar, colher e até para conseguir água para beber.
Simões
Mandacarus secos, açudes vazios e plantações mortas: sertão piauiense está há 4 meses sem chuvas
Reprodução
A barragem Salgadinham, principal reservatório de Simões, está quase seca. A água bombeada abastece mais de 3000 famílias da zona rural e metade da população da cidade.
"O açude da Serra dos Cláudio, na zona rural da cidade, esse ano a capacidade dele não chegou a atingir 30%. Já que na Chapada do Araripe nós temos mais oito reservatórios nessa situação, os que não estão seco, estão com sua capacidade final de reserva de agua na região", explica Raimundo Nonato Leite, da defesa civil de Simões.
No mesmo período do ano passado, a barragem de Sobradinho tinha mais água. Atualmente, o que se encontra é o solo rachado. Também existia uma criação de peixes em tanques rede no local, mas a medida que a água foi baixando, a produção precisou ser suspensa.
A defesa civil do município calcula que em julho de 2025 a barragem Salgadinha tem apenas 15% da capacidade e se aproxima do volume morto, que é quando a água não dá mais para ser bombeada pelo sistema de captação.
A agricultora Josefa Conceição cultiva mandioca para seu sustento, mas nesta safra, a produção está comprometida. Sem chuva, segundo a produtora rural, as plantas não se desenvolveram e o solo seco inviabilizou o plantio.
"Os pés de mandioca ao invés de ter cinco ou seis batata, tem uma. Nós era pra plantar esse ano, não plantamos. Porque o pessoal aqui era plantando e perdendo. Não nascia e os pés que nasciam, morriam porque aqui não chovia", afirma.
As lavouras de milho e feijão também foram afetadas. A agricultora Daniela Lopes não conseguiu colher nada do que plantou. "A gente teve perca total. Teve uns que até chegaram a crescer, mas infelizmente não teve produção por conta da falta de chuva".
Mandacarus secos, açudes vazios e plantações mortas: sertão piauiense está há 4 meses sem chuvas
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Com o período chuvoso abaixo da média, Maria José da Silva não conseguiu sequer encher a cisterna. Realidade enfrentada por cerca de 200 famílias na comunidade onde ela vive.
"Não tem açude, não tem água encanada. Aqui é um lugar que não tem água perto. É um lugar que as água é tudo distante, o inverno foi fraco e não tem nem água nem torneira", lamenta a agricultora Maria José.
Conforme o secretário de agricultura de Simões, Resenalvo Coelho, o abastecimento através do reservatório Salgadinha vai durar aproximadamente até final de agosto. Ele conta também que os carros-pipa são insuficientes para atender a população.
Caridade do Piauí
Em caridade do Piauí o cenário é parecido. Além das lavouras, a criação de animais já sente os efeitos da estiagem prolongada. Sem pasto para o gado, o produtor Expedito Moraes recorreu ao mandacaru e a macambira como alternativa de ração.
"Estamos enfrentando essa vida desde maio. E está acabando também a água. Quando acabar essa água, daqui pro fim do mês, eu não sei o que é que vai acontecer porque não vai ter solução", explicou.
No município, cerca de 1500 famílias da zona rural dependem do abastecimento por carro-pipa. Auxílio que nem sempre chega, e.esperar pela chuva há muito tempo deixou de ser uma opção.
"Aqui é muito seco, a gente sofre demais. Acha que é brincadeira passar o dia em cima dum jumentinho carregando água pra dar pros bichos? E o carro pipa até agora num socorreu a gente não. Tô me virando com um restinho da lagoa que ainda tem", afirma a agricultora Julieta Carvalho.
Intervenções
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A Defesa Civil do Estado informou que foram liberados R$ 6 milhões para a Operação Carro-pipa, além de conceder auxílio alimentação às famílias em situação de vulnerabilidade nos municípios afetados. Além da operação, estão em andamento diversas obras hídricas.
O agente da defesa civil de Caridade do Piauí informou à TV Clube que todos os anos, de maio a dezembro, é essa mesma luta. Por isso é preciso tomar medidas preventivas como: perfurações de poços artesianos, instalação de sistemas de dessalinização e construções de reservatórios maiores, por exemplo.
"A maioria da população aqui pena por falta de água potável. Nós temos a Operação Carro-pipa do Exército, que é totalmente insuficiente. Para se ter uma ideia, nós temos mais de 1500 cisternas no município e mensalmente só recebe água 90 cisternas. E aí, num raio de 500 metros, em determinada localidade, uma cisterna recebe água e os demais moradores precisam se deslocar, seja de jumento, seja de bicicleta, de moto para pegar água para beber. E muitos não vão porque tem muitos problemas de conflitos, às vezes de problema de saúde", destaca.
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A seca já atinge os 224 municípios piauienses, conforme o governo do estado. Entre abril e maio deste ano, o número de cidades em situação de seca grave passou de 61 para 134. O fenômeno já é considerado o pior dos últimos oito anos. Municípios como Simões e Caridade do Piauí , no sertão do Piauí, são castigados os efeitos da seca, por exemplo.
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Açudes secaram, plantações foram perdidas e até o mandacaru, símbolo da resistência nordestina, não resistiu. Sem chuva, há quase quatro meses, milhares de famílias enfrentam dificuldades para plantar, colher e até para conseguir água para beber.
Simões
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A barragem Salgadinham, principal reservatório de Simões, está quase seca. A água bombeada abastece mais de 3000 famílias da zona rural e metade da população da cidade.
"O açude da Serra dos Cláudio, na zona rural da cidade, esse ano a capacidade dele não chegou a atingir 30%. Já que na Chapada do Araripe nós temos mais oito reservatórios nessa situação, os que não estão seco, estão com sua capacidade final de reserva de agua na região", explica Raimundo Nonato Leite, da defesa civil de Simões.
No mesmo período do ano passado, a barragem de Sobradinho tinha mais água. Atualmente, o que se encontra é o solo rachado. Também existia uma criação de peixes em tanques rede no local, mas a medida que a água foi baixando, a produção precisou ser suspensa.
A defesa civil do município calcula que em julho de 2025 a barragem Salgadinha tem apenas 15% da capacidade e se aproxima do volume morto, que é quando a água não dá mais para ser bombeada pelo sistema de captação.
A agricultora Josefa Conceição cultiva mandioca para seu sustento, mas nesta safra, a produção está comprometida. Sem chuva, segundo a produtora rural, as plantas não se desenvolveram e o solo seco inviabilizou o plantio.
"Os pés de mandioca ao invés de ter cinco ou seis batata, tem uma. Nós era pra plantar esse ano, não plantamos. Porque o pessoal aqui era plantando e perdendo. Não nascia e os pés que nasciam, morriam porque aqui não chovia", afirma.
As lavouras de milho e feijão também foram afetadas. A agricultora Daniela Lopes não conseguiu colher nada do que plantou. "A gente teve perca total. Teve uns que até chegaram a crescer, mas infelizmente não teve produção por conta da falta de chuva".
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Com o período chuvoso abaixo da média, Maria José da Silva não conseguiu sequer encher a cisterna. Realidade enfrentada por cerca de 200 famílias na comunidade onde ela vive.
"Não tem açude, não tem água encanada. Aqui é um lugar que não tem água perto. É um lugar que as água é tudo distante, o inverno foi fraco e não tem nem água nem torneira", lamenta a agricultora Maria José.
Conforme o secretário de agricultura de Simões, Resenalvo Coelho, o abastecimento através do reservatório Salgadinha vai durar aproximadamente até final de agosto. Ele conta também que os carros-pipa são insuficientes para atender a população.
Caridade do Piauí
Em caridade do Piauí o cenário é parecido. Além das lavouras, a criação de animais já sente os efeitos da estiagem prolongada. Sem pasto para o gado, o produtor Expedito Moraes recorreu ao mandacaru e a macambira como alternativa de ração.
"Estamos enfrentando essa vida desde maio. E está acabando também a água. Quando acabar essa água, daqui pro fim do mês, eu não sei o que é que vai acontecer porque não vai ter solução", explicou.
No município, cerca de 1500 famílias da zona rural dependem do abastecimento por carro-pipa. Auxílio que nem sempre chega, e.esperar pela chuva há muito tempo deixou de ser uma opção.
"Aqui é muito seco, a gente sofre demais. Acha que é brincadeira passar o dia em cima dum jumentinho carregando água pra dar pros bichos? E o carro pipa até agora num socorreu a gente não. Tô me virando com um restinho da lagoa que ainda tem", afirma a agricultora Julieta Carvalho.
Intervenções
Mandacarus secos, açudes vazios e plantações mortas: sertão piauiense está há 4 meses sem chuvas
Reprodução
A Defesa Civil do Estado informou que foram liberados R$ 6 milhões para a Operação Carro-pipa, além de conceder auxílio alimentação às famílias em situação de vulnerabilidade nos municípios afetados. Além da operação, estão em andamento diversas obras hídricas.
O agente da defesa civil de Caridade do Piauí informou à TV Clube que todos os anos, de maio a dezembro, é essa mesma luta. Por isso é preciso tomar medidas preventivas como: perfurações de poços artesianos, instalação de sistemas de dessalinização e construções de reservatórios maiores, por exemplo.
"A maioria da população aqui pena por falta de água potável. Nós temos a Operação Carro-pipa do Exército, que é totalmente insuficiente. Para se ter uma ideia, nós temos mais de 1500 cisternas no município e mensalmente só recebe água 90 cisternas. E aí, num raio de 500 metros, em determinada localidade, uma cisterna recebe água e os demais moradores precisam se deslocar, seja de jumento, seja de bicicleta, de moto para pegar água para beber. E muitos não vão porque tem muitos problemas de conflitos, às vezes de problema de saúde", destaca.
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