Menor que uma moeda: espécie de mini sapo é protagonista de documentário gravado no interior de SP

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Série documental produzida pelas biólogas Júlia Checchinato e Juliane Lopes busca conscientizar as pessoas a respeito da preservação dos anfíbios. No primeiro episódio, elas acompanharam os sapos-pingo-de-ouro na Serra do Japi, em Jundiaí (SP). Mini sapo é protagonista de documentário gravado na Serra do Japi em Jundiaí
Pequeninos, coloridos e "carismáticos". Os sapos-pingo-de-ouro podem passar despercebidos devido ao tamanho, mas se tornaram os personagens principais de um documentário gravado na Serra do Japi, em Jundiaí, no interior de São Paulo.
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O projeto surgiu da curiosidade das biólogas Júlia Checchinato e Juliane Lopes, que trabalharam durante dois meses na produção do primeiro episódio da série documental, chamada "Fascínio e Declínio dos Anfíbios da Mata Atlântica".
Menor do que uma moeda de R$ 1, sapo-pingo-de-ouro é considerado o menor anfíbio terrestre do mundo
Bruna Lucheze/Arquivo pessoal
Neste primeiro capítulo, "Pingo de Floresta", os protagonistas são os sapinhos pingo-de-ouro, uma espécie que chama a atenção pelo tamanho. Menores que uma moeda, estes animais são os menores vertebrados terrestres do mundo.
"São sapinhos muito especiais e 'carismáticos'. Eu sempre fico impressionada com o tamanho e a cor deles. E, quanto mais eu leio sobre eles, mais fantástico acho o processo de evolução deles. Os ossos brilham sob luz UV. Além disso, são surdos ao próprio canto, têm coração de peixe e, o mais sinistro, têm o mesmo veneno dos baiacus. Parecem seres de outro mundo", explica Juliane.
Julia Checchinato e Juliane Lopes durante o processo de catalogação dos sapos pingo-de-ouro
Bruna Lucheze/Arquivo pessoal
Como esperado, as biólogas tiveram dificuldades para encontrar um ser tão pequenino. Júlia explica que foi preciso "mergulhar" na Serra do Japi e procurar minuciosamente pelos sapos, como garimpeiros atrás de ouro.
Além disso, a bióloga explica que, como a espécie só sai da serapilheira (solo da mata onde há folhas secas e material orgânico) quando chove, a estiagem se tornou um empecilho ainda maior durante a produção do documentário.
"Procurar os sapos é difícil, mas mais complexo ainda é registrar todos os momentos sem ter experiência jornalística. Foi aí que apareceu em nosso caminho a Bruna Lucheze, uma cinegrafista profissional. Ela nos ajudou a conseguir imagens maravilhosas", conta.
"Apesar da falta de chuva, não desanimei. Eu ia com a Juliane Lopes para a fazenda onde eram feitas as gravações, e, quando o tempo estava favorável, nós fazíamos a maior quantidade possível de imagens. Foi difícil estabelecer uma rotina em meio a essa imprevisibilidade climática", completa.
Ambiente ideal para os sapos pingo-de-ouro tem que ser úmido, mas as mudanças climáticas têm dificultado a vida da espécie
Bruna Lucheze/Arquivo pessoal
Em meio à dificuldade para encontrar os sapos, Júlia conta que a dupla acabou, por acaso, encontrando uma pesquisadora que iria devolver alguns animais para a natureza. "Estava chovendo muito nesse dia e demos sorte de encontrá-la. Ela nos 'emprestou' alguns sapinhos para que pudéssemos gravar", lembra.
As biólogas montaram um cenário fiel ao habitat natural dos pingos-de-ouro, que se tornou um ambiente mais controlado para captar imagens dos anfíbios de forma eficiente. Depois de conseguir o material, os animais foram soltos na natureza.
"A natureza segue um ritmo diferente do que a gente planeja, por isso nós não perdíamos muito tempo para fazer nosso trabalho, pois as coisas acontecem em questão de segundos", comenta.
Registro dos sapos pingo-de-ouro para o documentário sobre a espécie
Bruna Lucheze/Arquivo pessoal
? Por que pingo-de-ouro?
Os sapos pingos-de-ouro têm coloração amarelada e fazem parte do gênero Brachycephalus, que tem espécies diferentes. "As outras espécies vivem só em montanhas, agindo principalmente com as neblinas da Mata Atlântica. E esse isolamento foi o que deu origem às espécies diferentes", explica Juliane.
"A espécie da Serra do Japi (Brachycephalus rotembergae) só foi 'descoberta' em 2021 – já se sabia que ela existia lá, mas acreditava-se que era outra espécie, da família dos Brachycephalus ephippium –, e, além do Japi, só ocorre em outro ponto específico da Serra da Mantiqueira", comenta.
O nome pingo-de-ouro dos sapinhos foi dado por ele se parecer com o minério que é encontrado nas minas de ouro. "Eles variam de cores, podem ser amareladas ou mais alaranjadas, daí o nome! Eles são minúsculos e as suas cores se destacam no chão da floresta, como se fossem uma pepita de ouro!", explica.
Sapo pingo-de-ouro é um dos habitantes da Serra do Japi
Bruna Lucheze
? Um trabalho que nunca acaba
O objetivo da série "Fascínio e Declínio dos Anfíbios da Mata Atlântica" é conscientizar as pessoas sobre a importância da preservação e conservação das espécies, principalmente com o avanço das mudanças climáticas.
"A ideia do documentário não é apenas mostrar a vida selvagem, mas fazer um apelo pela preservação e conservação da espécie. Essa situação que os anfíbios enfrentam devido à seca, às queimadas, e o fato de muita gente fora das universidades não saber o quanto é difícil eles sobreviverem em locais que passam por algum evento extremo, como altas temperaturas e incêndios florestais", explica.
Juliane Lopes, Bruna Lucheze e Júlia Checchinato
Arquivo pessoal
Júlia conta que este é somente o primeiro de muitos documentários que pretende fazer. "Eles ainda não têm nomes, mas eu quero muito fazer algo sobre as onças pintadas do contínuo (faixa da Mata Atlântica) de Paranapiacaba e também sobre as pererecas polinizadoras, que foram descobertas recentemente em restingas no Rio de Janeiro. Mas eu também queria muito me envolver em produções maiores."
A produção da série documental foi feita por meio do edital Comunicar Ciência, com uma bolsa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), em parceria com o Canal Futura, da Fundação Roberto Marinho.
"Para mim, cada vez que volto para casa olhando no horizonte a Serra do Japi, não vejo apenas a minha casa, mas a de tantos outros seres vivos que moram neste planeta, que cada vez mais estamos destruindo e esquecendo que é uma cadeia, e um precisa do outro", conclui Júlia.
Sapo pingo-de-ouro tem a mesma tóxina que o peixe baiacu
Bruna Lucheze/Arquivo pessoal
*Colaborou sob supervisão de Júlia Martins
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Pequeninos, coloridos e "carismáticos". Os sapos-pingo-de-ouro podem passar despercebidos devido ao tamanho, mas se tornaram os personagens principais de um documentário gravado na Serra do Japi, em Jundiaí, no interior de São Paulo.
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O projeto surgiu da curiosidade das biólogas Júlia Checchinato e Juliane Lopes, que trabalharam durante dois meses na produção do primeiro episódio da série documental, chamada "Fascínio e Declínio dos Anfíbios da Mata Atlântica".
Menor do que uma moeda de R$ 1, sapo-pingo-de-ouro é considerado o menor anfíbio terrestre do mundo
Bruna Lucheze/Arquivo pessoal
Neste primeiro capítulo, "Pingo de Floresta", os protagonistas são os sapinhos pingo-de-ouro, uma espécie que chama a atenção pelo tamanho. Menores que uma moeda, estes animais são os menores vertebrados terrestres do mundo.
"São sapinhos muito especiais e 'carismáticos'. Eu sempre fico impressionada com o tamanho e a cor deles. E, quanto mais eu leio sobre eles, mais fantástico acho o processo de evolução deles. Os ossos brilham sob luz UV. Além disso, são surdos ao próprio canto, têm coração de peixe e, o mais sinistro, têm o mesmo veneno dos baiacus. Parecem seres de outro mundo", explica Juliane.
Julia Checchinato e Juliane Lopes durante o processo de catalogação dos sapos pingo-de-ouro
Bruna Lucheze/Arquivo pessoal
Como esperado, as biólogas tiveram dificuldades para encontrar um ser tão pequenino. Júlia explica que foi preciso "mergulhar" na Serra do Japi e procurar minuciosamente pelos sapos, como garimpeiros atrás de ouro.
Além disso, a bióloga explica que, como a espécie só sai da serapilheira (solo da mata onde há folhas secas e material orgânico) quando chove, a estiagem se tornou um empecilho ainda maior durante a produção do documentário.
"Procurar os sapos é difícil, mas mais complexo ainda é registrar todos os momentos sem ter experiência jornalística. Foi aí que apareceu em nosso caminho a Bruna Lucheze, uma cinegrafista profissional. Ela nos ajudou a conseguir imagens maravilhosas", conta.
"Apesar da falta de chuva, não desanimei. Eu ia com a Juliane Lopes para a fazenda onde eram feitas as gravações, e, quando o tempo estava favorável, nós fazíamos a maior quantidade possível de imagens. Foi difícil estabelecer uma rotina em meio a essa imprevisibilidade climática", completa.
Ambiente ideal para os sapos pingo-de-ouro tem que ser úmido, mas as mudanças climáticas têm dificultado a vida da espécie
Bruna Lucheze/Arquivo pessoal
Em meio à dificuldade para encontrar os sapos, Júlia conta que a dupla acabou, por acaso, encontrando uma pesquisadora que iria devolver alguns animais para a natureza. "Estava chovendo muito nesse dia e demos sorte de encontrá-la. Ela nos 'emprestou' alguns sapinhos para que pudéssemos gravar", lembra.
As biólogas montaram um cenário fiel ao habitat natural dos pingos-de-ouro, que se tornou um ambiente mais controlado para captar imagens dos anfíbios de forma eficiente. Depois de conseguir o material, os animais foram soltos na natureza.
"A natureza segue um ritmo diferente do que a gente planeja, por isso nós não perdíamos muito tempo para fazer nosso trabalho, pois as coisas acontecem em questão de segundos", comenta.
Registro dos sapos pingo-de-ouro para o documentário sobre a espécie
Bruna Lucheze/Arquivo pessoal
? Por que pingo-de-ouro?
Os sapos pingos-de-ouro têm coloração amarelada e fazem parte do gênero Brachycephalus, que tem espécies diferentes. "As outras espécies vivem só em montanhas, agindo principalmente com as neblinas da Mata Atlântica. E esse isolamento foi o que deu origem às espécies diferentes", explica Juliane.
"A espécie da Serra do Japi (Brachycephalus rotembergae) só foi 'descoberta' em 2021 – já se sabia que ela existia lá, mas acreditava-se que era outra espécie, da família dos Brachycephalus ephippium –, e, além do Japi, só ocorre em outro ponto específico da Serra da Mantiqueira", comenta.
O nome pingo-de-ouro dos sapinhos foi dado por ele se parecer com o minério que é encontrado nas minas de ouro. "Eles variam de cores, podem ser amareladas ou mais alaranjadas, daí o nome! Eles são minúsculos e as suas cores se destacam no chão da floresta, como se fossem uma pepita de ouro!", explica.
Sapo pingo-de-ouro é um dos habitantes da Serra do Japi
Bruna Lucheze
? Um trabalho que nunca acaba
O objetivo da série "Fascínio e Declínio dos Anfíbios da Mata Atlântica" é conscientizar as pessoas sobre a importância da preservação e conservação das espécies, principalmente com o avanço das mudanças climáticas.
"A ideia do documentário não é apenas mostrar a vida selvagem, mas fazer um apelo pela preservação e conservação da espécie. Essa situação que os anfíbios enfrentam devido à seca, às queimadas, e o fato de muita gente fora das universidades não saber o quanto é difícil eles sobreviverem em locais que passam por algum evento extremo, como altas temperaturas e incêndios florestais", explica.
Juliane Lopes, Bruna Lucheze e Júlia Checchinato
Arquivo pessoal
Júlia conta que este é somente o primeiro de muitos documentários que pretende fazer. "Eles ainda não têm nomes, mas eu quero muito fazer algo sobre as onças pintadas do contínuo (faixa da Mata Atlântica) de Paranapiacaba e também sobre as pererecas polinizadoras, que foram descobertas recentemente em restingas no Rio de Janeiro. Mas eu também queria muito me envolver em produções maiores."
A produção da série documental foi feita por meio do edital Comunicar Ciência, com uma bolsa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), em parceria com o Canal Futura, da Fundação Roberto Marinho.
"Para mim, cada vez que volto para casa olhando no horizonte a Serra do Japi, não vejo apenas a minha casa, mas a de tantos outros seres vivos que moram neste planeta, que cada vez mais estamos destruindo e esquecendo que é uma cadeia, e um precisa do outro", conclui Júlia.
Sapo pingo-de-ouro tem a mesma tóxina que o peixe baiacu
Bruna Lucheze/Arquivo pessoal
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