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Em acordo com MP, vereador Zé Carlos confessa corrupção passiva em esquema na Câmara de Campinas

Em acordo com MP, vereador Zé Carlos confessa corrupção passiva em esquema na Câmara de Campinas
Parlamentar era investigado desde 2022, junto do ex-secretário de Relações Institucionais da Casa na metrópole, Rafael Creato, que também confessou a prática. O vereador de Campinas Zé Carlos (PSB)
Câmara de Campinas
O vereador Zé Carlos (PSB) confessou que pediu propina para renovar ou manter contratos com empresas terceirizadas da Câmara de Campinas, em um acordo de não persecução penal com o Ministério Público de São Paulo (MPSP). O vereador também afirmou que a propina era destinada a ele mesmo.
O acordo foi realizado no dia 10 de junho, mas o g1 teve acesso às informações nesta quarta-feira (25). Zé Carlos era investigado por corrupção passiva desde 2022 pelo MP, junto do ex-secretário de Relações Institucionais da Câmara da metrópole, Rafael Creato, que também confessou a prática. Com o acordo, os dois investigados têm a punibilidade extinta. Entenda abaixo.
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Também foi acordado que Zé Carlos irá pagar 100 salários mínimos de prestação pecuniária, em 15 parcelas, totalizando R$ 151,8 mil. Já Rafael Creato fará o pagamento de 30 salários mínimos, em 12 parcelas, um total de R$ 45,450 mil.
O g1 entrou em contato com o vereador Zé Carlos por telefone, que informou que questionamentos deveriam ser feitos ao advogado dele.
O advogado Ralph Tórtima Stettinger Filho, que representa Zé Carlos, informou que não irá se manifestar em respeito ao sigilo judicial vigente, mas esclarece que o vereador não foi e não será processado em razão desses fatos.
Já o advogado Haroldo Cardella, que faz a defesa de Creato, reforçou que o ex-secretário obteve o acordo por preencher todos os requisitos legais, e reforçou que o acordo tem caráter sigiloso.
Relembre o caso
No dia 25 de setembro de 2023, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MPSP, denunciou o vereador e o ex-secretário por corrupção passiva. Segundo a acusação, Zé Carlos e Creato pediram vantagens indevidas para renovar ou manter contratos com empresas terceirizadas da Casa, mas o órgão diz que não houve pagamentos.
? Veja, ponto a ponto, o que dizia a denúncia:
O caso foi denunciado pelo empresário Celso Palma, proprietário de uma empresa de telecomunicações responsável por operar a TV Câmara;
Ao MP-SP, Palma informou que o ex-presidente do Legislativo e o ex-secretário solicitaram pagamento de propina para manter o contrato de prestação de serviços;
As reuniões convocadas pelos denunciados foram gravadas pelo empresário (ouça abaixo), que também entregou cópias de e-mails à promotoria;
Durante os encontros, Zé Carlos teria demonstrado preocupação de que Palma estivesse gravando a conversa, pedindo, inclusive, que o empresário retirasse o relógio e o celular e deixasse os itens no banheiro;
A partir das denúncias, o MP-SP deflagrou uma operação e cumpriu uma série de mandados de busca e apreensão, inclusive na Câmara e na casa do parlamentar.
? Depoimento
Em agosto de 2023, Zé Carlos depôs ao MPSP sobre o suposto esquema de propina pela primeira vez e negou a acusação, segundo o promotor de Justiça Rodrigo Lopes. O depoimento levou quase uma hora.
Após o depoimento, o vereador afirmou que respondeu todas as questões, esclareceu dúvidas do Gaeco e alegou ter feito uma “gestão de sucesso” à frente da presidência da Câmara ao mencionar valores de orçamento devolvidos à prefeitura.
“Saio daqui confiante daquilo que falei ao Ministério Público […] Não fizemos nada de errado”, afirmou, à época.
O advogado Ralph Tórtima Stettinger Filho reiterou o posicionamento do cliente. “O vereador esclareceu todos os áudios, diálogos, deixou claro o que foi dito e por que foi dito”, afirmou o defensor.
Áudios embasaram operação
MP investiga presidente da Câmara de Campinas por suspeita de corrupção; ouça áudios
Áudios obtidos com exclusividade pela EPTV, afiliada da TV Globo, que embasaram o Ministério Público a deflagrar a operação para apurar corrupção passiva na Câmara, mostram o então presidente da Casa, Zé Carlos, em conversas com prestadores de serviço para definir a continuidade de contratos.
Em uma delas, o parlamentar afirma que pode renovar o vínculo e não fazer outra licitação se o empresário "o ajudar". Ouça acima.
O vereador e Rafael Creato aparecem nos áudios. As conversas foram gravadas em janeiro de 2021 pelo dono de uma empresa que presta serviços para a Câmara e também estão transcritas em um relatório da Promotoria. O homem disse ao MP que foi pressionado a pagar propina para manter o contrato que ele tinha com o Legislativo. Veja abaixo:
Zé Carlos: "Eu tenho um tempo para fazer uma licitação, tenho 4 meses para fazer uma licitação, eu não quero fazer se você me ajudar".
Empresário: "Claro, eu tô aqui pra isso".
Zé Carlos: "Eu posso fazer essa licitação no ano que vem, se a gente não se acertar. Eu não quero prejudicar você. Eu quero saber onde nós podemos melhorar, onde nós podemos chegar, para a gente dar uma, temos que dar uma enxugada".
Em outro áudio, Rafael Creato afirma que Zé Carlos gostaria de saber qual seria a "contraprestração" para fazer a manutenção de um contrato.
? Apuração na esfera civil e CP arquivada
Na esfera civil, o MP ajuizou, em maio de 2023, ações civis públicas em que pedia à Justiça as condenações de Zé Carlos e Creato por improbidade administrativa e reparações por danos morais coletivos. Relembre aqui detalhes das ações e defesas dos envolvidos.
O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP) informou que os processos tramitam sob segredo de justiça, portanto as informações e documentos nos autos são de acesso restrito às partes e advogados.
Em 3 de maio, a Câmara rejeitou a abertura de Comissão Processante (CP) que poderia terminar na cassação do mandato de Zé Carlos (PSB). A votação ocorreu após relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) verificar, após 203 dias, que ocorreram “fatos graves” na Casa e pedir a investigação.
Zé Carlos oficializou o pedido de afastamento da presidência em 31 de outubro de 2022. Já o ex-subsecretário Rafael Creato já havia pedido exoneração do cargo no Legislativo e a saída foi publicada em 27 de setembro do mesmo ano no Diário Oficial, diz a assessoria da Câmara.
O g1 questionou a Câmara de Campinas sobre possíveis medidas ou procedimentos a partir da confissão de pedido de propina feita pelo vereador, mas a Câmara informou que não vai se manifestar sobre o caso.
Rafael Creato, ex-subsecretário de Relações Institucionais da Câmara
Reprodução/EPTV
Acordo de não persecução penal
O acordo de não persecução penal pode ser realizado entre o Ministério Público e o investigado, assistido por seu defensor, quando o investigado confessa formalmente a prática de uma infração penal sem violência ou grave ameaça, e com pena mínima inferior a quatro anos.
Além disso, o acordo é feito mediante as seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente:
Reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo;
Renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como instrumentos, produto ou proveito do crime;
Prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da execução;
Pagar prestação pecuniária a entidade pública ou de interesse social, a ser indicada pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; ou
Cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde que proporcional e compatível com a infração penal imputada.
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