O que saber antes do turismo de aventura: 5 perguntas básicas

Morte da brasileira Juliana Marins na Indonésia levanta questões sobre riscos e responsabilidades. Veja quais informações precisam ser fornecidas para um passeio seguro. Que informações são essenciais para fazer turismo de aventura?
A morte da brasileira Juliana Marins ao cair durante uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia, levantou questões sobre riscos e responsabilidades no turismo de aventura.
Veja, nesta reportagem, quais informações são essenciais para um passeio seguro.
Juliana caiu depois de ser deixada sozinha pelo guia que acompanhava seu grupo; ela se sentiu muito cansada para continuar o percurso. Quatro dias se passaram até que alguém chegasse até a turista, que foi encontrada morta.
A família entende houve negligência. Juliana contratou uma agência para fazer o passeio. Empresas cobram, em média, R$ 1,6 mil para guiar turistas pela trilha onde ela morreu.
Um guia profissional precisa estar amparado em três bases: experiência, qualificação e formação continuada, disse Silvio Neto, montanhista e presidente da Associação Brasileira de Guias de Montanha ao podcast O Assunto, na última quinta-feira (26).
"E esse guia capacitado precisa fornecer diversas informações ao seu cliente", completou.
“Ninguém procura atividade na natureza porque quer se matar, porque quer se colocar em situações de risco”, destacou Silvio. “A gente procura porque quer desfrutar de um ambiente da natureza, porque quer se desafiar muitas vezes também (...) E a gente pode fazer atividades de montanhismo, trekking, hiking, escalada com segurança."
5 questões essenciais
?♂️Qual é o currículo do guia? Silvio disse que o cliente precisa ter dados sobre a formação do guia, para saber se ele é realmente experiente e capacitado.
"(O guia) precisa ter um currículo com muita experiência em diversas situações, uma qualificação de primeiros socorros em ambientes remotos, de resgate e autorresgate em ambientes verticais, de montanha", enumerou.
Nessa lista também é importante saber se foram feitos cursos de atualização. "Não adianta você querer manter a sua profissão com um curso que fez 15 anos atrás", disse Silvio.
Por outro lado, cabe ao guia dar informações básicas para uma atividade na natureza. Segundo Silvio, o cliente precisa saber:
? Onde? Onde você vai fazer essa atividade: é uma área privada? É uma unidade de conservação?
⏱️Distância e duração? Qual é a distância do percurso. E aí existe um ponto importante a ser considerado: não existe um padrão de duração. O tempo para percorrer essa distância pode ser diferente para uma pessoa em relação a outra, alertou Silvio.
E um mesmo local pode oferecer trajetos mais curtos ou longos. "Tanto que essa atividade que ela (Juliana) estava fazendo é uma atividade que se pode fazer em 1, 2 ou 3 dias. Existem pacotes diferenciados para essa mesma atividade", observou.
⛰️Tem desnível? O relevo do terreno influi na duração da trilha, lembrou Silvio: "Caminhar 1 km no ambiente plano é diferente de 1 km num ambiente de 90 graus (de inclinação)".
Também é importante saber quanto esforço físico será exigido na jornada e quantos obstáculos técnicos existem, apontou o guia.
Alguns pontos destacados como os mais desafiadores por quem fez a trilha onde estava Juliana foram trechos próximos de penhascos e o solo com pedras soltas, por exemplo.
A equipe do programa Planeta Extremo esteve no Monte Rinjani, com 3.721 metros de altitude.
Reprodução TV Globo
??Como me vestir e o que levar? É preciso que a agência oriente o cliente de acordo com as informações sobre o percurso. Se é necessário calçado fechado, casaco para proteger em caso de chuva, vento, frio, repelente, protetor solar, etc.
? Perfil do cliente: neste caso, quem deve perguntar é o contratante. Ele precisa saber qual é a experiência do turista nesse tipo de atividade e pedir para a pessoa preencher uma ficha de saúde, “onde ela possa colocar ali se usa medicação com frequência, se tem alguma questão cardíaca, alguma questão de pressão...”.
“Tudo isso faz com que o trabalho do guia fique mais redondo e ele consiga mitigar qualquer risco de uma forma correta”, resumiu. “Esse é o papel do guia."
Monte Rinjani, na Indonésia, em foto de dezembro de 2014
Skyseeker/Flickr/Creative Commons
Vizinho da famosa ilha de Bali, o Rinjani é uma atração popular do trekking na Indonésia: o prêmio de quem chega ao cume é uma vista espetacular, principalmente no nascer do sol. Mas o trajeto até lá é considerado extenuante.
"Hoje em dia com redes sociais, a pessoa olha uma bonita foto, fala: "Toma, pronto, quero fazer essa aí, eu quero essa foto daí", destacou Silvio.
"Em vez de se preocupar com buscar informações sobre o profissional que vai levá-lo, essas informações todas que eu falei (...), ela se preocupa com a foto e fala: 'Não, esse guia me disse que eu vou conseguir chegar nesse ponto, vou conseguir tirar essa minha foto, então vamos' (...) Só que, muitas vezes esse pseudoguia quer comercializar, ele quer ganhar dinheiro”, lamentou.
Silvio lembrou que não existe regulamentação para a profissão no Brasil. "A nossa legislação não cobre isso. Então, se a nossa profissão não é regulamentada, não tem fiscalização."
Caso Juliana Marins: houve negligência?
A morte da brasileira Juliana Marins ao cair durante uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia, levantou questões sobre riscos e responsabilidades no turismo de aventura.
Veja, nesta reportagem, quais informações são essenciais para um passeio seguro.
Juliana caiu depois de ser deixada sozinha pelo guia que acompanhava seu grupo; ela se sentiu muito cansada para continuar o percurso. Quatro dias se passaram até que alguém chegasse até a turista, que foi encontrada morta.
A família entende houve negligência. Juliana contratou uma agência para fazer o passeio. Empresas cobram, em média, R$ 1,6 mil para guiar turistas pela trilha onde ela morreu.
Um guia profissional precisa estar amparado em três bases: experiência, qualificação e formação continuada, disse Silvio Neto, montanhista e presidente da Associação Brasileira de Guias de Montanha ao podcast O Assunto, na última quinta-feira (26).
"E esse guia capacitado precisa fornecer diversas informações ao seu cliente", completou.
“Ninguém procura atividade na natureza porque quer se matar, porque quer se colocar em situações de risco”, destacou Silvio. “A gente procura porque quer desfrutar de um ambiente da natureza, porque quer se desafiar muitas vezes também (...) E a gente pode fazer atividades de montanhismo, trekking, hiking, escalada com segurança."
5 questões essenciais
?♂️Qual é o currículo do guia? Silvio disse que o cliente precisa ter dados sobre a formação do guia, para saber se ele é realmente experiente e capacitado.
"(O guia) precisa ter um currículo com muita experiência em diversas situações, uma qualificação de primeiros socorros em ambientes remotos, de resgate e autorresgate em ambientes verticais, de montanha", enumerou.
Nessa lista também é importante saber se foram feitos cursos de atualização. "Não adianta você querer manter a sua profissão com um curso que fez 15 anos atrás", disse Silvio.
Por outro lado, cabe ao guia dar informações básicas para uma atividade na natureza. Segundo Silvio, o cliente precisa saber:
? Onde? Onde você vai fazer essa atividade: é uma área privada? É uma unidade de conservação?
⏱️Distância e duração? Qual é a distância do percurso. E aí existe um ponto importante a ser considerado: não existe um padrão de duração. O tempo para percorrer essa distância pode ser diferente para uma pessoa em relação a outra, alertou Silvio.
E um mesmo local pode oferecer trajetos mais curtos ou longos. "Tanto que essa atividade que ela (Juliana) estava fazendo é uma atividade que se pode fazer em 1, 2 ou 3 dias. Existem pacotes diferenciados para essa mesma atividade", observou.
⛰️Tem desnível? O relevo do terreno influi na duração da trilha, lembrou Silvio: "Caminhar 1 km no ambiente plano é diferente de 1 km num ambiente de 90 graus (de inclinação)".
Também é importante saber quanto esforço físico será exigido na jornada e quantos obstáculos técnicos existem, apontou o guia.
Alguns pontos destacados como os mais desafiadores por quem fez a trilha onde estava Juliana foram trechos próximos de penhascos e o solo com pedras soltas, por exemplo.
A equipe do programa Planeta Extremo esteve no Monte Rinjani, com 3.721 metros de altitude.
Reprodução TV Globo
??Como me vestir e o que levar? É preciso que a agência oriente o cliente de acordo com as informações sobre o percurso. Se é necessário calçado fechado, casaco para proteger em caso de chuva, vento, frio, repelente, protetor solar, etc.
? Perfil do cliente: neste caso, quem deve perguntar é o contratante. Ele precisa saber qual é a experiência do turista nesse tipo de atividade e pedir para a pessoa preencher uma ficha de saúde, “onde ela possa colocar ali se usa medicação com frequência, se tem alguma questão cardíaca, alguma questão de pressão...”.
“Tudo isso faz com que o trabalho do guia fique mais redondo e ele consiga mitigar qualquer risco de uma forma correta”, resumiu. “Esse é o papel do guia."
Monte Rinjani, na Indonésia, em foto de dezembro de 2014
Skyseeker/Flickr/Creative Commons
Vizinho da famosa ilha de Bali, o Rinjani é uma atração popular do trekking na Indonésia: o prêmio de quem chega ao cume é uma vista espetacular, principalmente no nascer do sol. Mas o trajeto até lá é considerado extenuante.
"Hoje em dia com redes sociais, a pessoa olha uma bonita foto, fala: "Toma, pronto, quero fazer essa aí, eu quero essa foto daí", destacou Silvio.
"Em vez de se preocupar com buscar informações sobre o profissional que vai levá-lo, essas informações todas que eu falei (...), ela se preocupa com a foto e fala: 'Não, esse guia me disse que eu vou conseguir chegar nesse ponto, vou conseguir tirar essa minha foto, então vamos' (...) Só que, muitas vezes esse pseudoguia quer comercializar, ele quer ganhar dinheiro”, lamentou.
Silvio lembrou que não existe regulamentação para a profissão no Brasil. "A nossa legislação não cobre isso. Então, se a nossa profissão não é regulamentada, não tem fiscalização."
Caso Juliana Marins: houve negligência?
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