Do fogo à vida: a jornada da onça-pintada que sobreviveu aos incêndios e deu à luz no Pantanal

Miranda, que foi resgatada em agosto do ano passado após ter as patas queimadas pelo fogo, surpreendeu equipes que monitoram o felino desde seu retorno à natureza. Do fogo à vida: a saga de uma onça sobrevivente dos incêndios no Pantanal
Os incêndios que atingiram o Pantanal em 2024 devastaram 2,6 milhões de hectares em Mato Grosso do Sul, comprometendo a biodiversidade do bioma e afetando especialmente a fauna silvestre. Uma das sobreviventes das chamas tem uma história marcada por força e resiliência: a onça-pintada Miranda. Veja o vídeo acima.
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Na época, diversos animais precisaram ser resgatados para recuperação em centros especializados. A história da onça-pintada Miranda, que foi encontrada por equipes da Polícia Militar Ambiental (PMA), chama atenção. Resgatada com queimaduras de segundo grau nas patas, a onça teve lacerações em várias partes do corpo. Nesta reportagem, você vai ler sobre a história do felino:
? Fogo e resgate
❤️ Luta pela vida
?️ De volta à natureza
?Onça dá à luz filhote
?Fogo e resgate
Agosto de 2024 - O Pantanal vivia um dos piores períodos de queimadas. Mais de 2,62 milhões de hectares foram consumidos pelo fogo em Mato Grosso do Sul, o equivalente a 13,6% da área total do bioma. Apesar de os incêndios serem comuns entre julho e agosto, a temporada foi antecipada para junho, agravada pela seca severa, eventos climáticos extremos e ação humana.
Foi neste cenário que a onça-pintada Miranda foi resgatada com ferimentos graves. Ela foi o primeiro animal da espécie a ser resgatado durante os incêndios daquele ano.
Miranda, que recebeu o nome em homenagem ao município onde foi encontrada, na região do Passo do Lontra, às margens do rio Miranda, tinha aproximadamente dois anos de idade. Antes do resgate, ela já havia sido avistada com dificuldades para andar
❤️Luta pela vida
Miranda foi encontrada escondida em uma manilha de concreto, onde tentava se proteger do fogo. A operação de resgate aconeceu no dia 15 de agosto de 2024 e durou cerca de 26 horas. No local, ela foi sedada pela equipe para receber os primeiros cuidados.
A onça foi resgatada em estado crítico com queimaduras de segundo grau nas patas e lacerações pelo corpo. Após o resgate, foi levada ao Hospital Veterinário Ayty, em Campo Grande (MS), referência no tratamento de animais silvestres na América Latina. O percurso entre as duas cidades tem 207 Km.
O tratamento durou 43 dias e incluiu curativos diários com pomadas cicatrizantes, ozonioterapia e sessões de laser para acelerar a cicatrização. Miranda também passou a receber de 3 a 5 quilos de carne por dia, o que a ajudou a recuperar peso e força.
Exames iniciais apontaram uma infecção, possivelmente causada pelos ferimentos, além de alterações renais e hepáticas. A expectativa da equipe veterinária era positiva. Ao fim do tratamento, Miranda estava pronta para voltar à natureza.
?️ De volta à natureza
Setembro de 2024 - Miranda foi solta em uma área de refúgio ecológico em Miranda e passou a ser monitorada através de um colar eletrônico. O retorno da onça ao habitat natural foi complexo, envolveu vários profissionais:
Veterinários e biólogos do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) e do CRAS;
Equipes do Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal (Gretap) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama);
Polícia Militar Ambiental (PMA).
Antes da soltura, a onça foi equipada com um colar de rastreamento por GPS. O dispositivo permite acompanhar à distância a adaptação ao ambiente e garante maior segurança durante o retorno à natureza.
A veterinária Aline Duarte, gestora do Hospital Ayty e coordenadora do CRAS, disse que Miranda representa um símbolo de resiliência e esperança para a fauna brasileira.
"Miranda é uma jovem onça-pintada, com grande potencial reprodutivo, o que nos traz esperanças de que ela possa, no futuro, contribuir para a continuidade da espécie no Pantanal. Ver Miranda de volta ao Pantanal é uma vitória para todos nós que nos dedicamos à preservação da natureza".
A veterinária também destacou que as onças são mães dedicadas e que Miranda pode gerar até dez filhotes ao longo da vida, o que contribui diretamente para a conservação da espécie no bioma.
?? Onça dá à luz filhote
Registro fotográfico confirmou a presença do filhote.
ONG OnçaFari
Junho de 2025 - Cerca de 10 meses após o resgate, a onça-pintada Miranda deu à luz um filhote, surpreendendo a equipe da ONG Onçafari, responsável pela monitoramento do felino. O registro foi feito por armadilhas fotográficas instaladas na região.
Desde a soltura, Miranda vinha sendo monitorada por rádio-colar. Segundo o biólogo Marcos Ávila, sinais de comportamento maternal foram percebidos dias antes. “Ela ficou em uma área de mata por mais de seis dias seguidos, depois passou a circular em torno do mesmo ponto, comportamento típico de fêmeas com filhotes recém-nascidos".
Durante semanas, a equipe acompanhou os sinais enviados pelo colar de monitoramento até que as armadilhas fotográficas, ativadas por sensores de movimento e infravermelho, confirmaram a suspeita. Miranda foi flagrada ao lado de seu filhote pela primeira vez.
A imagem representa um novo capítulo na trajetória da onça e simboliza o sucesso das ações de resgate, tratamento e monitoramento da fauna impactada pelos incêndios no Pantanal. “Foi um presente para todos que se uniram pela recuperação do Pantanal”, disse a equipe da Onçafari.
Do fogo à vida: a jornada de onça resgatada no Pantanal
Queimadas no Pantanal
O Pantanal enfrentou em 2024 mais um ano devastador devido aos incêndios florestais. As chamas consumiram mais de 2,62 milhões de hectares do bioma neste ano, conforme dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa), da UFRJ.
De acordo com o Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal (Gretap), cobras, jacarés e anfíbios são a maioria entre os animais encontrados mortos pelo fogo.
⚠️O fogo faz parte do ecossistema do bioma, que passa anualmente por dois períodos distintos: o do fogo e o da água. No entanto, especialistas alertam que as mudanças climáticas e a ação humana têm intensificado as queimadas nos últimos anos.
Onça Miranda: das patinhas queimadas ao nascimento do filhote.
Cras, Governo de MS e Onçafari/Reprodução
Onça e filhote foram flagradas por armadilhas fotográficas
Sequência de imagens mostra o horror no Pantanal
Araquém Alcântara
Veja vídeos de Mato Grosso do Sul:
Os incêndios que atingiram o Pantanal em 2024 devastaram 2,6 milhões de hectares em Mato Grosso do Sul, comprometendo a biodiversidade do bioma e afetando especialmente a fauna silvestre. Uma das sobreviventes das chamas tem uma história marcada por força e resiliência: a onça-pintada Miranda. Veja o vídeo acima.
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Na época, diversos animais precisaram ser resgatados para recuperação em centros especializados. A história da onça-pintada Miranda, que foi encontrada por equipes da Polícia Militar Ambiental (PMA), chama atenção. Resgatada com queimaduras de segundo grau nas patas, a onça teve lacerações em várias partes do corpo. Nesta reportagem, você vai ler sobre a história do felino:
? Fogo e resgate
❤️ Luta pela vida
?️ De volta à natureza
?Onça dá à luz filhote
?Fogo e resgate
Agosto de 2024 - O Pantanal vivia um dos piores períodos de queimadas. Mais de 2,62 milhões de hectares foram consumidos pelo fogo em Mato Grosso do Sul, o equivalente a 13,6% da área total do bioma. Apesar de os incêndios serem comuns entre julho e agosto, a temporada foi antecipada para junho, agravada pela seca severa, eventos climáticos extremos e ação humana.
Foi neste cenário que a onça-pintada Miranda foi resgatada com ferimentos graves. Ela foi o primeiro animal da espécie a ser resgatado durante os incêndios daquele ano.
Miranda, que recebeu o nome em homenagem ao município onde foi encontrada, na região do Passo do Lontra, às margens do rio Miranda, tinha aproximadamente dois anos de idade. Antes do resgate, ela já havia sido avistada com dificuldades para andar
❤️Luta pela vida
Miranda foi encontrada escondida em uma manilha de concreto, onde tentava se proteger do fogo. A operação de resgate aconeceu no dia 15 de agosto de 2024 e durou cerca de 26 horas. No local, ela foi sedada pela equipe para receber os primeiros cuidados.
A onça foi resgatada em estado crítico com queimaduras de segundo grau nas patas e lacerações pelo corpo. Após o resgate, foi levada ao Hospital Veterinário Ayty, em Campo Grande (MS), referência no tratamento de animais silvestres na América Latina. O percurso entre as duas cidades tem 207 Km.
O tratamento durou 43 dias e incluiu curativos diários com pomadas cicatrizantes, ozonioterapia e sessões de laser para acelerar a cicatrização. Miranda também passou a receber de 3 a 5 quilos de carne por dia, o que a ajudou a recuperar peso e força.
Exames iniciais apontaram uma infecção, possivelmente causada pelos ferimentos, além de alterações renais e hepáticas. A expectativa da equipe veterinária era positiva. Ao fim do tratamento, Miranda estava pronta para voltar à natureza.
?️ De volta à natureza
Setembro de 2024 - Miranda foi solta em uma área de refúgio ecológico em Miranda e passou a ser monitorada através de um colar eletrônico. O retorno da onça ao habitat natural foi complexo, envolveu vários profissionais:
Veterinários e biólogos do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) e do CRAS;
Equipes do Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal (Gretap) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama);
Polícia Militar Ambiental (PMA).
Antes da soltura, a onça foi equipada com um colar de rastreamento por GPS. O dispositivo permite acompanhar à distância a adaptação ao ambiente e garante maior segurança durante o retorno à natureza.
A veterinária Aline Duarte, gestora do Hospital Ayty e coordenadora do CRAS, disse que Miranda representa um símbolo de resiliência e esperança para a fauna brasileira.
"Miranda é uma jovem onça-pintada, com grande potencial reprodutivo, o que nos traz esperanças de que ela possa, no futuro, contribuir para a continuidade da espécie no Pantanal. Ver Miranda de volta ao Pantanal é uma vitória para todos nós que nos dedicamos à preservação da natureza".
A veterinária também destacou que as onças são mães dedicadas e que Miranda pode gerar até dez filhotes ao longo da vida, o que contribui diretamente para a conservação da espécie no bioma.
?? Onça dá à luz filhote
Registro fotográfico confirmou a presença do filhote.
ONG OnçaFari
Junho de 2025 - Cerca de 10 meses após o resgate, a onça-pintada Miranda deu à luz um filhote, surpreendendo a equipe da ONG Onçafari, responsável pela monitoramento do felino. O registro foi feito por armadilhas fotográficas instaladas na região.
Desde a soltura, Miranda vinha sendo monitorada por rádio-colar. Segundo o biólogo Marcos Ávila, sinais de comportamento maternal foram percebidos dias antes. “Ela ficou em uma área de mata por mais de seis dias seguidos, depois passou a circular em torno do mesmo ponto, comportamento típico de fêmeas com filhotes recém-nascidos".
Durante semanas, a equipe acompanhou os sinais enviados pelo colar de monitoramento até que as armadilhas fotográficas, ativadas por sensores de movimento e infravermelho, confirmaram a suspeita. Miranda foi flagrada ao lado de seu filhote pela primeira vez.
A imagem representa um novo capítulo na trajetória da onça e simboliza o sucesso das ações de resgate, tratamento e monitoramento da fauna impactada pelos incêndios no Pantanal. “Foi um presente para todos que se uniram pela recuperação do Pantanal”, disse a equipe da Onçafari.
Do fogo à vida: a jornada de onça resgatada no Pantanal
Queimadas no Pantanal
O Pantanal enfrentou em 2024 mais um ano devastador devido aos incêndios florestais. As chamas consumiram mais de 2,62 milhões de hectares do bioma neste ano, conforme dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa), da UFRJ.
De acordo com o Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal (Gretap), cobras, jacarés e anfíbios são a maioria entre os animais encontrados mortos pelo fogo.
⚠️O fogo faz parte do ecossistema do bioma, que passa anualmente por dois períodos distintos: o do fogo e o da água. No entanto, especialistas alertam que as mudanças climáticas e a ação humana têm intensificado as queimadas nos últimos anos.
Onça Miranda: das patinhas queimadas ao nascimento do filhote.
Cras, Governo de MS e Onçafari/Reprodução
Onça e filhote foram flagradas por armadilhas fotográficas
Sequência de imagens mostra o horror no Pantanal
Araquém Alcântara
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