Família acusa hospital de causar queimaduras durante banho em recém-nascida no AC; Saúde investiga

Aurora Maria Oliveira Mesquita apresentou bolhas e, após o banho, a pele das pernas e pés da criança se soltaram. Caso ocorreu em Cruzeiro do Sul no domingo (22). Recém-nascida foi transferida para Rio Branco. VÍDEO: Família acusa hospital de causar queimaduras em bebê recém-nascida no AC
A pequena Aurora Maria Oliveira Mesquita, de apenas três dias de vida, já enfrenta uma grande batalha após um banho dado por uma enfermeira no Hospital da Mulher e da Criança Irmã Maria Inete, em Cruzeiro do Sul, no domingo (22). É que, após o procedimento, a menina apresentou queimaduras na pele e precisou ser transferida em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) aérea para tratamento em Rio Branco. (Veja momento do banho da criança)
O secretário de Saúde do Acre, Pedro Pascoal, se manifestou nas redes sociais, onde informou que a situação será investigada. O Ministério Público (MP-AC) também irá averiguar a situação. (Veja mais detalhes abaixo)
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O pai da menina, Marcos Silva Oliveira, registrou um boletim de ocorrência por conta dos ferimentos. A recém-nascida nasceu saudável às 8h do último sábado (21), sem nenhuma marca no corpo ou pés. Ela já havia recebido alta, porém os pais decidiram esperar o banho que foi indicado pela pediatra antes de irem embora do hospital.
"Acho que nem um pai nem uma mãe queria passar pelo que estamos passando. A pediatra olhou ela, tirou a roupinha, falou que ela estava bem, que era uma menina forte, aí a mãe dela perguntou: 'então já estamos liberados?' e ela [pediatra] disse que sim, então decidimos esperar o banho", disse ele.
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Arquivo pessoal
O pai falou ainda que a enfermeira chegou, arrumou a banheira e quando ia dar banho na primeira criança, ela tirou a água de um chuveirinho, colocou na bacia e, por conta de a criança ter defecado, os pais demoraram a entregar a criança para ela.
"Ela deu o banho, aí o pai da primeira criança pegou e disse: 'meu neném está muito quente, essa água está muito quente' e ela não falou nada. Quando foi a nossa vez, eu estava segurando a banheira porque estava pingando água, triscou [a água] no meu pé e eu disse: 'essa água está um pouco quente', e ela também não falou nada", relembrou.
Criança chorou
O pai narra que assim que ela pegou a pequena Aurora, ela já a colocou na água e a criança chorou muito.
"A neném fez até cocô na hora que triscou os pés na água, de tanta dor. Ela [enfermeira] jogou água, limpou os pés dela e os pés ficaram um pouco dentro, mais do que o resto do corpo. Quando ela levantou já foi saindo couro da perninha dela. Já estava muito vermelho", explicou ele.
Pele da perna e pés do bebê saíram do corpo no AC
Arquivo pessoal
Marcos afirmou que após o banho, ele e a mãe da bebê perceberam que aquilo não era normal, porém a enfermeira insistiu que era apenas uma secreção que estava saindo da pele da criança.
"Ela disse que aquilo ia passar e que iria passar uma pomada. Vestiu a roupa na criança e pôs a meia. Aí eu disse: 'não, isso não é normal' . Cobrimos com uma toalhinha e estava sangrando muito, sujando a roupinha branca", expôs.
Nesse momento, ele pediu para ver a pediatra, porém a mulher apenas dizia que a situação de sua bebê "era normal". Segundo ele, Aurora não parava de chorar e a perna dela não parava de sangrar, enquanto tudo isso acontecia.
"Demorou para a pediatra chegar e fizeram curativo. Colocaram pomada para queimadura e disseram que podia ser uma doença, que não podia ser descartada uma doença. Poxa, se fosse uma doença, o corpo dela todinho era para estar desse jeito, mas foi só o pezinho dela", pontuou ele.
Marcos informou que foi à delegacia e registrou boletim de ocorrência para que o ocorrido seja investigado.
"Eu queria só que mais nenhuma criança passasse por isso, e nenhum pai, porque ninguém merece, até o tratamento aqui não foi bom. Quem estava no quarto viu como ela [enfermeira] estava dando banho. A gente tem que ter mais empatia pelo outro", reiterou ele.
Transferência
Aurora foi transferida para a capital acreana e deve ser tratada no Hospital da Criança
Reprodução
Na manhã desta segunda-feira (23), Aurora foi transferida para Rio Branco através de UTI aérea, deve ficar internada na UTI neonatal e ser feita uma biópsia dos ferimentos da criança para verificar se o caso se trata de queimaduras ou alguma outra doença.
De acordo com o secretário de saúde Pedro Pascoal, a situação será investigada. Ele não descarta negligência, porém, também disse que não pode ser excluído que a criança tenha epidermólise bolhosa, uma doença genética e hereditária rara, que provoca a formação de bolhas na pele.
"Nós não estamos aqui para tapar o sol com a peneira e nem passar a mão na cabeça de ninguém se houver culpado, mas é válido que a gente feche um diagnóstico para que tenhamos a conduta correta para tomar em relação ao paciente. Estamos fazendo tudo para que essa criança esteja em um grande centro, realize uma biópsia para verificar se é uma epidermólise bolhosa ou se foi acometida com água quente", complementou. (Veja vídeo completo abaixo)
VÍDEO: Secretário de saúde do Acre diz que situação de bebê será investigada
MP também investiga o caso
O Ministério Público do Acre (MP-AC) informou, nesta segunda (23), que foi instaurada uma notícia de fato para apurar o caso que é acompanhado pela Promotoria de Justiça Cível de Cruzeiro do Sul.
"Considerando a gravidade da situação e a necessidade de esclarecimento dos fatos, o promotor de Justiça André Pinho expediu notificações ao Hospital da Mulher e da Criança do Juruá e à Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre), solicitando informações detalhadas sobre o caso", falou o órgão.
O MP requisitou ainda:
prontuário médico completo da recém-nascida, incluindo registros de enfermagem e identificação de todos os profissionais envolvidos no atendimento;
protocolos operacionais adotados para o banho e higienização de recém-nascidos, com especificação dos controles de temperatura da água e equipamentos utilizados;
um relatório circunstanciado com a sequência dos fatos, medidas assistenciais adotadas e providências administrativas tomadas pela direção da unidade.
“A eventual existência de doença congênita ou dermatológica não justifica a ausência de tratamento adequado; pelo contrário, impõe ainda maior zelo da equipe médica e do Poder Público, diante da maior vulnerabilidade da criança e da complexidade potencial do quadro”, complementou a promotora Aretuza de Almeida Cruz, que pediu à Sesacre o detalhamento dos exames diagnósticos em andamento.
*Colaborou o vídeorrepórter Mazinho Rogério, da Rede Amazônica Acre
VÍDEOS: g1
A pequena Aurora Maria Oliveira Mesquita, de apenas três dias de vida, já enfrenta uma grande batalha após um banho dado por uma enfermeira no Hospital da Mulher e da Criança Irmã Maria Inete, em Cruzeiro do Sul, no domingo (22). É que, após o procedimento, a menina apresentou queimaduras na pele e precisou ser transferida em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) aérea para tratamento em Rio Branco. (Veja momento do banho da criança)
O secretário de Saúde do Acre, Pedro Pascoal, se manifestou nas redes sociais, onde informou que a situação será investigada. O Ministério Público (MP-AC) também irá averiguar a situação. (Veja mais detalhes abaixo)
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O pai da menina, Marcos Silva Oliveira, registrou um boletim de ocorrência por conta dos ferimentos. A recém-nascida nasceu saudável às 8h do último sábado (21), sem nenhuma marca no corpo ou pés. Ela já havia recebido alta, porém os pais decidiram esperar o banho que foi indicado pela pediatra antes de irem embora do hospital.
"Acho que nem um pai nem uma mãe queria passar pelo que estamos passando. A pediatra olhou ela, tirou a roupinha, falou que ela estava bem, que era uma menina forte, aí a mãe dela perguntou: 'então já estamos liberados?' e ela [pediatra] disse que sim, então decidimos esperar o banho", disse ele.
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Mãe acusa hospital de negligência em morte de gêmeos prematuros no AC: 'a gente não sabe a quem recorrer'
Servidora filma adolescente de 14 anos antes do parto e polícia investiga o caso no interior do Acre
Pais acusam maternidade do interior do AC de negligência após morte do 1º filho durante parto
Família compartilha foto onde bebê não apresentava nenhum sinal de machucado antes do banho no AC
Arquivo pessoal
O pai falou ainda que a enfermeira chegou, arrumou a banheira e quando ia dar banho na primeira criança, ela tirou a água de um chuveirinho, colocou na bacia e, por conta de a criança ter defecado, os pais demoraram a entregar a criança para ela.
"Ela deu o banho, aí o pai da primeira criança pegou e disse: 'meu neném está muito quente, essa água está muito quente' e ela não falou nada. Quando foi a nossa vez, eu estava segurando a banheira porque estava pingando água, triscou [a água] no meu pé e eu disse: 'essa água está um pouco quente', e ela também não falou nada", relembrou.
Criança chorou
O pai narra que assim que ela pegou a pequena Aurora, ela já a colocou na água e a criança chorou muito.
"A neném fez até cocô na hora que triscou os pés na água, de tanta dor. Ela [enfermeira] jogou água, limpou os pés dela e os pés ficaram um pouco dentro, mais do que o resto do corpo. Quando ela levantou já foi saindo couro da perninha dela. Já estava muito vermelho", explicou ele.
Pele da perna e pés do bebê saíram do corpo no AC
Arquivo pessoal
Marcos afirmou que após o banho, ele e a mãe da bebê perceberam que aquilo não era normal, porém a enfermeira insistiu que era apenas uma secreção que estava saindo da pele da criança.
"Ela disse que aquilo ia passar e que iria passar uma pomada. Vestiu a roupa na criança e pôs a meia. Aí eu disse: 'não, isso não é normal' . Cobrimos com uma toalhinha e estava sangrando muito, sujando a roupinha branca", expôs.
Nesse momento, ele pediu para ver a pediatra, porém a mulher apenas dizia que a situação de sua bebê "era normal". Segundo ele, Aurora não parava de chorar e a perna dela não parava de sangrar, enquanto tudo isso acontecia.
"Demorou para a pediatra chegar e fizeram curativo. Colocaram pomada para queimadura e disseram que podia ser uma doença, que não podia ser descartada uma doença. Poxa, se fosse uma doença, o corpo dela todinho era para estar desse jeito, mas foi só o pezinho dela", pontuou ele.
Marcos informou que foi à delegacia e registrou boletim de ocorrência para que o ocorrido seja investigado.
"Eu queria só que mais nenhuma criança passasse por isso, e nenhum pai, porque ninguém merece, até o tratamento aqui não foi bom. Quem estava no quarto viu como ela [enfermeira] estava dando banho. A gente tem que ter mais empatia pelo outro", reiterou ele.
Transferência
Aurora foi transferida para a capital acreana e deve ser tratada no Hospital da Criança
Reprodução
Na manhã desta segunda-feira (23), Aurora foi transferida para Rio Branco através de UTI aérea, deve ficar internada na UTI neonatal e ser feita uma biópsia dos ferimentos da criança para verificar se o caso se trata de queimaduras ou alguma outra doença.
De acordo com o secretário de saúde Pedro Pascoal, a situação será investigada. Ele não descarta negligência, porém, também disse que não pode ser excluído que a criança tenha epidermólise bolhosa, uma doença genética e hereditária rara, que provoca a formação de bolhas na pele.
"Nós não estamos aqui para tapar o sol com a peneira e nem passar a mão na cabeça de ninguém se houver culpado, mas é válido que a gente feche um diagnóstico para que tenhamos a conduta correta para tomar em relação ao paciente. Estamos fazendo tudo para que essa criança esteja em um grande centro, realize uma biópsia para verificar se é uma epidermólise bolhosa ou se foi acometida com água quente", complementou. (Veja vídeo completo abaixo)
VÍDEO: Secretário de saúde do Acre diz que situação de bebê será investigada
MP também investiga o caso
O Ministério Público do Acre (MP-AC) informou, nesta segunda (23), que foi instaurada uma notícia de fato para apurar o caso que é acompanhado pela Promotoria de Justiça Cível de Cruzeiro do Sul.
"Considerando a gravidade da situação e a necessidade de esclarecimento dos fatos, o promotor de Justiça André Pinho expediu notificações ao Hospital da Mulher e da Criança do Juruá e à Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre), solicitando informações detalhadas sobre o caso", falou o órgão.
O MP requisitou ainda:
prontuário médico completo da recém-nascida, incluindo registros de enfermagem e identificação de todos os profissionais envolvidos no atendimento;
protocolos operacionais adotados para o banho e higienização de recém-nascidos, com especificação dos controles de temperatura da água e equipamentos utilizados;
um relatório circunstanciado com a sequência dos fatos, medidas assistenciais adotadas e providências administrativas tomadas pela direção da unidade.
“A eventual existência de doença congênita ou dermatológica não justifica a ausência de tratamento adequado; pelo contrário, impõe ainda maior zelo da equipe médica e do Poder Público, diante da maior vulnerabilidade da criança e da complexidade potencial do quadro”, complementou a promotora Aretuza de Almeida Cruz, que pediu à Sesacre o detalhamento dos exames diagnósticos em andamento.
*Colaborou o vídeorrepórter Mazinho Rogério, da Rede Amazônica Acre
VÍDEOS: g1
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