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Cientista concilia maternidade e pesquisas na Unesp: 'Deixar filhos melhores para o mundo', diz

Cientista concilia maternidade e pesquisas na Unesp: 'Deixar filhos melhores para o mundo', diz
No Dia das Mães, comemorado neste domingo (11), veja como a pesquisadora Juliana Brito do Instituto de Química (IQ) convive com a ciência e os filhos em Araraquara (SP). Dia das Mães: cientista concilia maternidade e pesquisas no IQ da Unesp Araraquara
Conciliar pesquisas, viagens a trabalho, amamentação e rolês no parquinho faz parte da rotina da cientista Juliana de Brito há 5 anos. A professora do Instituto de Química (IQ) da Universidade Estadual Paulista (Unesp), de Araraquara, é mãe de Pietro Brito Lelo, de 5 anos e do bebê Lucca Brito Lelo, de 2 meses.
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A cientista de 36 anos desenvolve pesquisas na área de Eletroanalítica e Química Ambiental, com enfoque tratamento de resíduos alinhado a geração de combustíveis. A área exige bastante estudo e dedicação e é uma de suas paixões. Mas a maternidade chegou e a fez repensar a forma de enxergar o trabalho para equilibrar com a educação dos filhos.
No Dia das Mães, comemorado neste domingo (11), o g1 conta como a pesquisadora se desdobra para atender demandas acadêmicas e maternas.
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Ela explicou que ser mãe e cientista não é uma tarefa tão simples, já que as pesquisas não cessam e os cuidados com as crianças na primeira infância também são primordiais.
“Não é uma tarefa muito simples conciliar as duas coisas, porque a ciência não para. Eu brinco que a licença maternidade do cientista não existe porque os projetos continuam andando e os prazos não esperam a licença maternidade. A gente segue fazendo tudo ao mesmo tempo, tentando com o melhor equilíbrio possível. Meu mundo mudou depois que o Pietro nasceu, passei a ser outra pessoa, parte da pessoa antiga continua aqui, mas como uma outra pessoa. No final é gratificante, é muito bom ser mãe”, disse.
Mãe cientista Juliana com os filhos Pietro e Lucca. Ela é professora do IQ da Unesp Araraquara e concilia a maternidade com a ciência.
Arquivo pessoal
Antes e depois dos filhos
A chegada dos filhos foi um divisor em sua vida e ela teve que se readequar à intensa vida acadêmica. Antes, ela comentou que não tinha dia de descanso, sua dedicação era exclusiva à ciência. Agora as coisas mudaram e sua prioridade, além de ensinar na universidade, é de preparar os filhos da melhor forma possível para o mundo.
“Antes eu vivia para a pesquisa, não tinha final de semana e descanso. Hoje tento trabalhar de forma mais sistemática, meu tempo é mais focado para eu dedicar um tempo aos meus filhos, principalmente nesta primeira infância, é um serviço que não quero terceirizar, quero estar com eles e formar esse relacionamento e formar as pessoas que fiz no mundo. Não quero só fazer ciência, mas quero deixar filhos melhores para o mundo”, disse.
Juliana com Lucca, de 2 meses, e com Pietro ainda bebê durante trabalho em home office na pandemia em Araraquara
Arquivo pessoal
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Mudança e prioridades
Pietro chegou na pandemia e acompanhou a mãe em diferentes fases. O filho acompanhou Juliana em laboratórios, congressos, e inclusive já foi para o Canadá e para Rio Grande do Sul. A próxima viagem para congresso científico é em setembro na Alemanha, e Lucca também vai a tiracolo.
Juliana comentou que apesar de Pietro ter apenas 5 anos, ele entende a importância da profissão e sabe muito bem o que é ser cientista.
“Ele já nasceu nesse mundo, quando tive ele já era pós doc (pós-doutoranda) . Teve a pandemia no meio do caminho e ele me viu trabalhar em casa, já me viu viajar muito, já foi em congresso comigo, tem noção como as coisa funcionam e está imerso no mundo. Ele tem bastante noção do que faço e quando vê um problema ele fala, " mamãe precisamos de um cientista para resolver esse problema"”, contou.
Para ela, ensinar ao filho sobre ciência é fantástico e incentiva a curiosidade e buscas por respostas.
“Vivo dizendo para ele que o que eu faço é buscar respostas, sempre que vejo um problema quero uma resposta e acho que isso incentiva a curiosidade principalmente em crianças, e ele sempre vai tentando entender porque as coisas acontecem”, contou.
Pietro acompanha a trajetória acadêmica da mãe em diversas fases. Já participou de congresso e já visitou laboratórios de pesquisa no IQ Araraquara.
Arquivo pessoal
Olhar materno na ciência
A cientista comentou sobre a importância da presença de mães na universidade. Para ela, o olhar e o cuidado das profissionais que maternam são diferentes e somam na forma de conduzir nas pesquisas e no relacionamento com a equipe.
“As mães tem um outro olhar, um cuidado diferente do profissional que faz pesquisa. Eu participo, incentivo, trago ideias, recursos, mas quem gera os dados das pesquisas está na bancada do laboratório e são os mestrandos, doutorandos e pós docs . São pessoas que você tem que aprender a lidar, e acho que a maternidade traz esse conhecimento , essa forma de olhar o outro. Eu passei a trabalhar de uma forma diferente. Ainda que ame o que faço, eu amo meus filhos e tento dividir as duas coisas ”, comentou.
Pietro e Juliana durante viagens para congresso científico no Canadá (esq) e Rio Grande do Sul (direita)
Arquivo pessoal
Para Juliana, as pesquisadoras devem seguir a vontade para engravidar, não se esquecendo do relógio biológico.
“É um assunto delicado e não existe resposta correta. Infelizmente existe o relógio biológico, e não dá para adiar a maternidade até o momento ideal, porque ele não existe e não adiar os planos. Porque esse adiamento para a mulher é cobrado no futuro, e geralmente a gente só se arrepende do que a gente não fez do que do que a gente fez”, conclui.
Família unida: Juliana, Lucca, Pietro e o marido Miguel Velloso Lelo
Arquivo pessoal
Área de estudo
Juliana desenvolve pesquisas na área de Eletroanalítica e Química Ambiental, com enfoque no tratamento de resíduos alinhado a geração de combustíveis e energia limpa.
“Hoje eu faço uma linha combinada entre o tratamento de águas contaminadas, que chamo de afluente industrial. São águas que foram contaminadas pela indústria e seriam descartadas em geral de forma imprópria para consumo, ou até para os meios aquáticos em que são descartadas , junto com geração de energia”, disse.
Ela explicou que a forma tradicional de gerar energia mais comum é com hidrogênio, que é a energia verde e com água limpa. Porém, a água é uma fonte esgotável e ao usar água tratada, o mundo e gerações futuras agradecem.
“Geramos uma energia que vai onerar a gente em alguma medida no futuro. Então a minha ideia é conseguir conciliar, tratar o resíduo e fazer com que a água seja reposta no ciclo industrial. Você não vai utilizar novos montantes de água, será sempre água tratada e renovada no processo. E ao mesmo tempo você gera energia dentro desse processo industrial. A indústria estaria economicamente viabilizando o tratamento desse resíduo e gerando energia de forma mais sustentável e barata”, conclui.
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