Linnpy

G
G1
2h

Vanessa da Mata se eleva, da canção sertaneja à ópera, no altar de ‘Todas elas’, show dirigido por Jorge Farjalla

Kit Costura Viagem Acessórios Agulhas e muito mais
Kit Costura Viagem Acessórios Agulhas e muito mais
Kit Costura Viagem Acessórios Agulhas Linha Tesoura Bolsa c/ Zíper Completo C/ 42 Peças
Shopee Patrocinado
Vanessa da Mata se eleva, da canção sertaneja à ópera, no altar de ‘Todas elas’, show dirigido por Jorge Farjalla
Com tom teatral e pauta feminina, artista estreia no Rio show em que insere ária de Puccini e sucessos de Gal Costa e Donna Summer no roteiro autoral. Vanessa da Mata canta ‘Nada mais’, sucesso de Gal Costa (1945 – 2022) em 1984, no anticlimático bis do show ‘Todas elas’
Divulgação / Qualistage
Vanessa da Mata estreia no Rio de Janeiro o show que levará para todo o Brasil ao longo deste ano de 2025
Mariana Oliver / Reprodução Instagram Vanessa da Mata
♫ OPINIÃO SOBRE SHOW
Título: Todas elas
Artista: Vanessa da Mata
Data e local: 24 de maio de 2025 no Qualistage (Rio de Janeiro, RJ)
Cotação: ★ ★ ★ ★ 1/2
♬ Um violeiro toca, com o rosto na penumbra, escondido sob chapéu de palha. Quando acaba o tema instrumental de cepa ruralista, o palco ilumina Vanessa da Mata, entronizada em altar, vestida com manto e com coroa na cabeça. É como se a artista encarnasse um santa de carne e osso na marcha da procissão que caminha no compasso do maracatu enquanto Vanessa canta Sobre as coisas mais difíceis, música mais inspirada da safra autoral do recém-lançado álbum Todas elas (2025).
Nesse início inesperado, a artista já expôs a veia teatral que pulsa ao longo do show criado sob direção artística de Jorge Farjalla, encenador goiano que tem imprimido marca pessoal no teatro brasileiro. Desde Bicicletas, bolos e outras alegrias (2010), show estreado pela cantora há 15 anos sob direção de Bia Lessa, Vanessa da Mata não apresentava espetáculo de arquitetura cênica tão impactante.
O ótimo show anterior da cantora, Vem doce (2023), também dirigido por Farjalla, veio ambientado nessa atmosfera teatral, mas sem tantas surpresas, ousadias e radicais mudanças de clima como Todas elas, espetáculo que estreou ontem, 24 de maio, no Qualistage, no Rio de Janeiro (RJ), ponto de partida de turnê nacional que seguirá para cidades como Aracaju (SE), Salvador (BA), Ribeirão Preto (SP), São Paulo (SP), Natal (RN) e Olinda (PE) ao longo do ano.
Com o aprimoramento vocal sinalizado no álbum Todas elas, Vanessa da Mata se eleva no altar teatral do show homônimo, indo da canção sertaneja – Você vai ver (Elias Muniz e Carlos Colla, 1993), grande sacada, pois é boa a música associada a Zezé Di Camargo & Luciano desde a gravação da dupla em 1994 – até ária, O mio babbino caro, da ópera Gianni Schicchi (1918), de Giacomo Puccini (1858 – 1924).
Na canção sertaneja, o coro das duas vocalistas – Gil Miranda é uma delas – evidencia a recorrente presença luxuosa das backings no show. Na ária, número que Vanesssa caracterizou em cena como “a hora do sonho”, a cantora subiu os tons e escalou as notas agudas com a segurança com que já elevara o canto em Hoje eu sei (Vanessa da Mata e Jonas Myrin, 2019).
Contudo, Todas elas é show em que a ostentação vocal importa menos do que discurso feminino da compositora engajada com pautas identitárias, mas jamais panfletária e sempre original na abordagem dos temas. A escrita de Vanessa da Mata segue fluxo coloquial, por vezes tão verborrágico que as palavras parecem saltar da métrica das canções, mas dão o recado de forma natural.
Vanessa da Mata canta sucesso da dupla Zezé Di Camargo & Luciano no show que estreou ontem, 24 de maio, na casa Qualistage
Divulgação / Qualistage
É ainda no altar profano, com o manto de um figurino sagrado, que a cantora protesta contra a intolerância religiosa na cadência do afro-samba-rock Eu te apoio em sua fé (Vanessa da Mata, 2025) e apresenta Ciranda (Vanessa da Mata, 2025), esta meio fora das águas pernambucanas.
Enquanto canta o reggae Demorou (Vanessa da Mata, 2025), a cantora vai se despindo do manto e é com vestido azul de sereia que reconta História de uma gata (Luís Enriquez Bacalov, Sergio Bardotti e Chico Buarque, 1977), tema do musical infantil Os saltimbancos (1977) que a intérprete tomou para si desde que o gravou no segundo álbum, Essa boneca tem manual (2004), cujo repertório é bastante revisitado pela artista no roteiro do show Todas elas.
Aliás, a música-título Essa boneca tem manual (Vanessa da Mata, 2004) cai bem no roteiro porque a letra se afina com a pauta feminina do disco que inspirou o show.
Em sintonia com a teatralidade imprimida na cena pelo diretor Jorge Farjalla, Vanessa canta História de uma gata ora sentada ora deitada, terminando o número de costas para a plateia enquanto vê descer do céu do palco um enorme coração cenográfico, deixa para o canto expansivo da canção brega-chique Você vai me destruir (Vanessa da Mata e Fernando Catatau, 2007).
Na sequência, Só você e eu (Vanessa da Mata, 2019), hit pop do álbum Quando deixamos nossos beijos na esquina (2019), ressurge menos radiante e com maior serenidade.
O roteiro do show Todas elas tem um outra música de menor efeito na plateia, casos de Vê se fica bem (Vanessa da Mata, 2010) e Me adora, mas... (Vanessa da Mata, 2025), mas esses números mais opacos não chegam a empanar o brilho geral de show que assume o disco que o inspirou.
Em contrapartida, Boa sorte / Good luck (Vanessa da Mata e Ben Harper, 2007) – com Maurício Pacheco (guitarra, violão e direção musical) cantando a parte em inglês feita por Ben Harper na gravação original do disco Sim (2007) – é tiro certeiro no coração do público.
Só que a grandeza do show Todas elas reside nas surpresas, na recusa em seguir fórmulas para ganhar o público – como fica claro no belo bis anticlimático em que a cantora, já de novo entronizada no alta com a coroa na cabeça, entoa a canção Nada mais (1984), versão em português de Lately (Stevie Wonder, 1980) feita por Ronaldo Bastos para Gal Costa (1945 – 2022) gravar no álbum Profana (Vanessa regravou Nada mais para o álbum Todas elas, mas a faixa será lançada posteriormente em edição deluxe do disco).
Entre as boas surpresas do roteiro, que harmoniza bem todas as 11 músicas do álbum Todas elas com os hits inevitáveis como o aliciante samba Não me deixe só (Vanessa da Mata, 2002), há Zé (Vanessa da Mata e Liminha, 2004), canção ruralista com cheiro de jasmim e hortelã revivida pela cantora no show com o toque da viola de Jaime Alem. Sim, Alem é o violeiro que toca na abertura do espetáculo com chapéu de palha sobre o rosto.
Após o samba-rock Quem mandou (Vanessa da Mata, 2025) reverberar o balanço seminal de Jorge Ben Jor, entra em cena um outro balanço, um balanço físico, daqueles de praças do interior e de parques de diversões.
É no vaivém do balanço – adereço de belo efeito cênico – que a artista dá voz a canções como Esperança (Vanessa da Mata, 2025), Troco tudo (Vanessa da Mata e Jota.Pê, 2025) e Ainda bem (Liminha e Vanessa da Mata, 2004), estas duas últimas em trilho folk com Maurício Pacheco fazendo a parte de Jota.Pê em Troco tudo, além de Amado (Marcelo Jeneci e Vanessa da Mata, 2007), afago bem-vindo no público pela beleza irresistível da canção.
Após o giro por riquezas culturais nacionais em Um passeio com Robert Glasper pelo Brasil, feito na cadência do samba sem a latinidade jazzística da gravação feita com o pianista norte-americano (nomeado no título da música) para o álbum Todas elas, vem a já mencionada ária de Puccini e, na sequência, o set em clima de disco music costurado pela música É por isso que eu danço (Vanessa da Mata).
Um globo espelhado espalha luzes pelo palco e plateia, iluminando a citação de Keep on dancin’ (Gary's Gang, 1978) pelas backings vocals no bloco em que Vanessa da Mata encadeia na pista Ai, ai, ai... (Liminha e Vanessa da Mata, 2004), I feel love (Donna Summer, Giorgio Moroder e Pete Bellotte, 1977) – hit orgiástico da diva das discotecas Donna Summer (1948 – 2012) – e Maria sem vergonha (Vanessa da Mata, 2025), manual contra a repressão feminina.
É em clima de festa, com a retomada de É por isso que eu danço, que Vanessa da Mata celebra a vida, o corpo e a alma feminina no altar teatral de Todas elas, um dos grandes shows da trajetória da artista no palco.
Vanessa da Mata canta várias músicas no balanço que serve de adereço cênico do show ‘Todas elas’
Mariana Oliver / Reprodução Instagram Vanessa da Mata
♪ Eis o roteiro seguido por Vanessa da Mata em 24 de maio de 2025 na estreia nacional da turnê do show Todas elas na casa Qualistage, na cidade do Rio de Janeiro (RJ):
1. Tema instrumental com Jaime Alem na viola
2. Sobre as coisas mais difíceis (Vanessa da Mata, 2025)
3. Eu te apoio em sua fé (Vanessa da Mata, 2025)
4. Ciranda (Vanessa da Mata, 2025)
5. Demorou (Vanessa da Mata, 2025)
6. História de uma gata (Luís Enriquez Bacalov, Sergio Bardotti e Chico Buarque, 1977)
7. Você vai me destruir (Vanessa da Mata e Fernando Catatau, 2007)
8. Só você e eu (Vanessa da Mata, 2019)
9. Vê se fica bem (Vanessa da Mata, 2010)
10. Essa boneca tem manual (Vanessa da Mata, 2004)
11. Boa sorte / Good luck (Vanessa da Mata e Ben Harper, 2007) – com Maurício Pacheco
12. Zé (Vanessa da Mata e Liminha, 2004) – com o toque da viola de Jaime Alem
13. Me adora, mas... (Vanessa da Mata, 2025)
14. Você vai ver (Elias Muniz e Carlos Colla, 1993)
15. Hoje eu sei (Vanessa da Mata e Jonas Myrin, 2019)
16. Quem mandou (Vanessa da Mata, 2025)
17. Esperança (Vanessa da Mata, 2025)
18. Troco tudo (Vanessa da Mata e Jota.Pê, 2025) – com Maurício Pacheco
19. Ainda bem (Vanessa da Mata e Liminha, 2004)
20. Amado (Vanessa da Mata e Marcelo Jeneci, 2007)
21. Não me deixe só (Vanessa da Mata, 2002)
22. Um passeio com Robert Glasper pelo Brasil (Vanessa da Mata, 2025)
23. O mio babbino caro (Giacomo Puccini, 1918) – ária da ópera Gianni Schicchi
24. É por isso que eu danço (Vanessa da Mata, 2025) /
25. Keep on dancin’ (Gary's Gang, 1978) – citação com as vocalistas /
26. Ai, ai, ai... (Liminha e Vanessa da Mata, 2004) /
27. I feel love (Donna Summer, Giorgio Moroder e Pete Bellotte, 1977) /
28. Maria sem vergonha (Vanessa da Mata, 2025) /
29. É por isso que eu danço (Vanessa da Mata, 2025)
Bis:
30. Nada mais (Lately, Stevie Wonder, 1980, em versão em português de Ronaldo Bastos, 1984)

Para ler a notícia completa, acesse o link original:

Ler notícia completa

Comentários 0

Não há mais notícias para carregar