Conheça a história de Terezinha Corrêa, a santarena que ajudou a alfabetizar gerações e deixou exemplo de dedicação e fé

Por mais de 50 anos, Terezinha Corrêa dedicou sua vida à educação, primando pela disciplina e qualidade no ensino. Terezinha Campos Correa em diferentes fases da vida
Acervo de família
A história de Terezinha Campos Corrêa, que muitos chamavam de Dona Terezinha, ou simplesmente Tia Terezinha, começou em uma época em que ser professora era quase um ato de heroísmo. Ela deixou seu nome marcado na história de Santarém, no oeste do Pará, como uma mulher que transformou desafios em oportunidades, ajudou a alfabetizar gerações e fundou uma das instituições de ensino mais lembradas quando se fala em educação infantil: a Escola Carequinha.
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Filha de Manoel Cornélio Caetano Corrêa e Solange Campos Corrêa, Terezinha teve nove irmãos. Muito dedicada aos estudos desde a tenra infância, foi normalista no Colégio Santa Clara, onde recebeu seu diploma de professora primária em 1947. Mas exercer a profissão que ela tinha abraçado não foi tarefa fácil, considerando que Santarém contava com poucas escolas naquela época e todas tinham quadro completo de professores.
Foi na casa da professora Hilda de Almeida Mota, na travessa dos Mártires, no Centro de Santarém, que Terezinha teve a primeira oportunidade de exercer a profissão de professora. Apesar dos desafios iniciais, ela encontrou na professora Hilda Mota uma parceira na busca pela excelência como educadora. Foi lá que ela adquiriu segurança na profissão que a encantava cada dia mais.
Com a professora Hilda Mota, Terezinha foi nomeada pelo Estado para lecionar na Escola Isolada da Aldeia, que funcionava no Teatro Vitória. Depois, surgiu a oportunidade de trabalhar no Grupo Escolar Ezeriel Mônico de Matos, e não demorou para que ela recebesse o convite do então diretor do Colégio Dom Amando, Dom Floriano Lowenau, para dirigir o curso primário da instituição, convite que ela aceitou.
Terezinha Campos Correa
Acervo de família
No início da década de 60, o colégio Dom Amando deixou de ofertar o ensino primário, passando a lecionar para adolescentes e jovens. Tia Terezinha estava na Alemanha, onde passou um ano fazendo intercâmbio com sua amiga Anne Meschede. No seu retorno a Santarém, com a notícia do fechamento do curso primário do Colégio Dom Amando, nasceu no coração de Tia Terezinha, o desejo de fundar sua própria escola.
"O Dom Amando na década de 60 tinha um curso primário, que depois ele suspendeu e pediu que ela montasse uma escola. Naquela época, era o primário, o ginásio e o segundo grau que era chamado científico, né?. E pediu que ela montasse uma escola que preparasse os alunos para o exame de admissão no ginásio Dom Amando. E ela saiu e fundou uma escola com a amiga Anne Meschede, que no início se chamou escola anexa ao colégio Dom Amando. Nesse período veio a Santarém um palhaço chamado Carequinha e ele visitou a escola, que a partir daí a escola passou a ser chamar Carequinha, se consolidou e permanece até hoje, já são mais de 60 anos", contou Ruy Corrêa, sobrinho de Terezinha.
Perseverança
Para abrir a escola, Terezinha foi incentivada por amigas professoras, entre elas, Tereza Miléo, que trabalhava no Grupo Escolar Frei Ambrósio e ofereceu o prédio para a nova escola, mas não deu certo. Ela também foi incentivada pelos Ruy e Nazaré Corrêa a ter sua própria escola, assim como, por ex-alunos egressos do Dom Amando que fizeram parte da primeira turma de 5ª série, entre eles: Edivaldo Campos de Souza, Luiz Antonio Meschede, Edson Amoedo Corrêa e Laci Diniz Lobato.
O sobrinho lembra que ela dizia que queria ter uma escola que funcionasse, que desse liberdade às crianças e representasse uma continuação de seus lares.
Mas foi aos céus que ela pediu ajuda, recorrendo a São José, do qual se tornou devota na época em que atuou no Colégio Dom Amando, e não era pra menos, afinal na entrada da instituição tem uma estátua enorme do santo. E a promessa foi inusitada. Ela contou a familiares e amigos, que tinha colocado um lírio de cabeça para baixo, como se fosse um castigo para São José, que só cessaria quando seu pedido de encontrar um imóvel para o funcionamento da escola fosse atendido. E a ajuda veio.
Terezinha recebeu a ajuda da professora Sofia Imbiriba, então diretora da Escola de Comércio Rodrigues dos Santos, que usada somente à noite pelos alunos que trabalhavam durante o dia. Foi lá que a Escola Carequinha começou seus primeiros passos, e começou grande, com 248 alunos da 1ª a 5ª séries primárias, em 1962. A abertura foi dia 19 de março, em agradecimento a São José Operário.
Terezinha Campos Correa com alunos da Escola Carequinha
Acervo de família
Na Escola do Comércio, professora Terezinha ficou por dois anos com o Carequinha, mudando-se em seguida para um casarão na Rua Floriano Peixoto até a receber do Sr. Antônio da Costa Pereira uma oferta de compra de uma casa na avenida Rui Barbosa. Movida por seu espírito empreendedor, Terezinha assumiu o compromisso de compra do imóvel, onde a escola foi instalada e funciona no mesmo endereço até os dias atuais.
"Ela enfrentou desafios, ela construiu tudo isso com o esforço do seu trabalho, ela sempre foi muito dedicada. Tia Terezinha era solteira nunca casou, então ela se dedicou a sua vida profissional 100% e sempre desenvolveu o seu trabalho com muito amor. E sempre foi uma pessoa muito correta, íntegra e exigente", ressaltou Ruy Corrêa.
Além de comandar sua escola, Tia Terezinha continuou trabalhando como diretora da Escola Ezeriel Mônico de Matos e como representante da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) em Santarém.
Ternura com firmeza
Terezinha Corrêa enfrentou muitos desafios, mas nunca perdeu o foco na qualidade do ensino. A experiência dela como professora e também como gestora foram determinantes na metodologia aplicada na Escola Carequinha, pautada em valores humanos, no desenvolvimento de habilidades de leitura e escrita em todas as disciplinas, na construção de ideias, autonomia e independência, e mais tarde, na adoção de tecnologias educacionais, e tudo cercado de disciplina.
"Eu acho que a existência dessa escola ao longo desses 60 e poucos anos é um reflexo da sua personalidade, de ser uma professora exigente, mas agindo sempre com ternura com relação aos seus alunos, mas muito exigente na disciplina e no aprendizado. Essa personalidade fez dela uma referência no ensino em Santarém", observou Ruy Corrêa.
Legado
Vinte e quatro anos após sua partida, o legado de Terezinha Corrêa segue vivo nos corredores e nas salas de aula onde sua filosofia de ensino — baseada no amor, na autonomia e nos valores humanos — continua moldando crianças e adolescentes.
Tia Terezinha com alunos da Escola Carequinha
Acervo de família
Ao longo de sua vida profissional, Terezinha dizia sempre: "Trabalho por amor, sem busca de vaidades"! Essa frase, repetida com saudades e emoção pela sobrinha Nazaré Corrêa, sobrinha de Terezinha, resume a essência de uma professora que se dedicou a alfabetizar gerações. Seu nome continua ecoando, com respeito e saudade, como símbolo de dedicação, fé e transformação social.
"Tem aluno participando do Carequinha de uma olimpíada em Cingapura e em Nova York também. Então é esse legado que ela deixou: de um ensino de qualidade. É isso que nós primamos aqui na escola. Obviamente que adotamos os métodos modernos, que hoje você tem instrumentos como o celular, como computador que estão à disposição das pessoas, e você tem que adaptar isso aí, à nova realidade, mas sem perder a essência", enfatizou Ruy Corrêa.
Para Ruy Corrêa, Tia Terezinha foi um exemplo de santarena que deu certo, fruto de um trabalho honesto, dedicado e digno.
"Ela foi um exemplo de pessoas que acreditaram no seu trabalho, respeitando os valores que regem o relacionamento social, exercendo seu trabalho com muita dedicação. Ela é um exemplo de profissional de ensino que ganhou respeito e admiração por todo o seu trabalho", pontuou.
O exemplo de fazer um ensino com disciplina e com qualidade foi absorvido pela sobrinha de Terezinha. Há mais de 20 anos, é Nazaré Corrêa que tem comandado toda a parte pedagógica da Escola Carequinha, levando em frente com a ajuda do irmão Ruy Corrêa, responsável pela parte administrativa da escola, o sonho que Terezinha conseguiu realizar com coragem e muito zelo.
"Nos últimos 20 anos esse trabalho tem sido exercido com muita competência pela minha irmã Nazaré, que é quem comanda a escola nessa parte pedagógica. Depois que a tia Terezinha nos deixou a minha irmã Nazaré deu continuidade, e o que a gente tem hoje é fruto desse trabalho da Nazaré", finalizou Ruy Corrêa.
Hoje, a Escola Carequinha conta com cerca de 600 alunos e segue com o mesmo propósito plantado por Terezinha Corrêa em 1962: ser uma extensão dos lares das crianças, um espaço de acolhimento, liberdade e educação com responsabilidade.
Espírito alegre
Nazaré Corrêa Penna contou ao g1 que Tia Terezinha sempre foi uma mulher de espírito alegre, que gostava de dançar e apesar de não ter formado família, porque nunca teve a preocupação de casar e ter filhos, sempre viveu cercada de pessoas que adoram a sua companhia.
"Tia Terezinha adorava conversar, gostava de dançar. Ela era a primeira que chegava ao Centro Recreativo e a última que saía. Quando já estava fechando, que já estavam varrendo, é que ela estava saindo da festa (risos). Ela ia a pé para casa, pela Travessa dos Mártires. Tia Terezinha sempre foi muito amigueira, suas amigas em sua maioria eram professoras, porque naquela época a profissão para as mulheres desfilava nos desfiles da sociedade, era uma moça muito vaidosa. O aniversário dela na casa da minha avó era cheio de gente, ela adora reunir os amigos", recordou.
Mesmo na idade avançada, na enfermidade que teve, Tia Terezinha ia para a escola em cadeira de rodas, porque adorava estar em volta da educação, de conversar com alunos, promover eventos, como as festas juninas da escola.
"Tia Terezinha era uma pessoa que gostava muito de conversar, com os alunos então, era um prato cheio pra ela. Fazia amizade quando eles ainda eram pequenos, aí eles iam crescendo e a amizade se fortalecendo. E isso se repetia com os filhos dos ex-alunos. Iam se tornando amigos queridos e gostavam de conversar com ela. Ela era uma pessoa que estava sempre pronta a ajudar e a trabalhar. Mesmo já no tempo da sua enfermidade, ela ia pra escola em sua cadeira de rodas, caía pela rua, quebrava a perna, mas continuava indo, sempre com seu chapeuzinho de crochê no final de sua vida, sempre em volta com a educação", relembrou Nazaré.
Para a sobrinha, uma das lembranças mais marcantes que ela tem da tia, é o espírito alegre. Nazaré lembra que a tia estava sempre de bem com a vida, ainda que estivesse passando por alguma adversidade. Tia Terezinha era uma pessoa apaixonada pela vida e à frente do seu tempo.
"Tia Terezinha era sempre procurada por colegas de trabalho, alunos e ex-alunos, sempre com alegria, porque ela era uma pessoa alegre, uma pessoa que gostava de viver. Tia Terezinha partiu, mas deixou um mundo melhor para quem ficou", concluiu Nazaré Corrêa Penna.
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Acervo de família
A história de Terezinha Campos Corrêa, que muitos chamavam de Dona Terezinha, ou simplesmente Tia Terezinha, começou em uma época em que ser professora era quase um ato de heroísmo. Ela deixou seu nome marcado na história de Santarém, no oeste do Pará, como uma mulher que transformou desafios em oportunidades, ajudou a alfabetizar gerações e fundou uma das instituições de ensino mais lembradas quando se fala em educação infantil: a Escola Carequinha.
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Filha de Manoel Cornélio Caetano Corrêa e Solange Campos Corrêa, Terezinha teve nove irmãos. Muito dedicada aos estudos desde a tenra infância, foi normalista no Colégio Santa Clara, onde recebeu seu diploma de professora primária em 1947. Mas exercer a profissão que ela tinha abraçado não foi tarefa fácil, considerando que Santarém contava com poucas escolas naquela época e todas tinham quadro completo de professores.
Foi na casa da professora Hilda de Almeida Mota, na travessa dos Mártires, no Centro de Santarém, que Terezinha teve a primeira oportunidade de exercer a profissão de professora. Apesar dos desafios iniciais, ela encontrou na professora Hilda Mota uma parceira na busca pela excelência como educadora. Foi lá que ela adquiriu segurança na profissão que a encantava cada dia mais.
Com a professora Hilda Mota, Terezinha foi nomeada pelo Estado para lecionar na Escola Isolada da Aldeia, que funcionava no Teatro Vitória. Depois, surgiu a oportunidade de trabalhar no Grupo Escolar Ezeriel Mônico de Matos, e não demorou para que ela recebesse o convite do então diretor do Colégio Dom Amando, Dom Floriano Lowenau, para dirigir o curso primário da instituição, convite que ela aceitou.
Terezinha Campos Correa
Acervo de família
No início da década de 60, o colégio Dom Amando deixou de ofertar o ensino primário, passando a lecionar para adolescentes e jovens. Tia Terezinha estava na Alemanha, onde passou um ano fazendo intercâmbio com sua amiga Anne Meschede. No seu retorno a Santarém, com a notícia do fechamento do curso primário do Colégio Dom Amando, nasceu no coração de Tia Terezinha, o desejo de fundar sua própria escola.
"O Dom Amando na década de 60 tinha um curso primário, que depois ele suspendeu e pediu que ela montasse uma escola. Naquela época, era o primário, o ginásio e o segundo grau que era chamado científico, né?. E pediu que ela montasse uma escola que preparasse os alunos para o exame de admissão no ginásio Dom Amando. E ela saiu e fundou uma escola com a amiga Anne Meschede, que no início se chamou escola anexa ao colégio Dom Amando. Nesse período veio a Santarém um palhaço chamado Carequinha e ele visitou a escola, que a partir daí a escola passou a ser chamar Carequinha, se consolidou e permanece até hoje, já são mais de 60 anos", contou Ruy Corrêa, sobrinho de Terezinha.
Perseverança
Para abrir a escola, Terezinha foi incentivada por amigas professoras, entre elas, Tereza Miléo, que trabalhava no Grupo Escolar Frei Ambrósio e ofereceu o prédio para a nova escola, mas não deu certo. Ela também foi incentivada pelos Ruy e Nazaré Corrêa a ter sua própria escola, assim como, por ex-alunos egressos do Dom Amando que fizeram parte da primeira turma de 5ª série, entre eles: Edivaldo Campos de Souza, Luiz Antonio Meschede, Edson Amoedo Corrêa e Laci Diniz Lobato.
O sobrinho lembra que ela dizia que queria ter uma escola que funcionasse, que desse liberdade às crianças e representasse uma continuação de seus lares.
Mas foi aos céus que ela pediu ajuda, recorrendo a São José, do qual se tornou devota na época em que atuou no Colégio Dom Amando, e não era pra menos, afinal na entrada da instituição tem uma estátua enorme do santo. E a promessa foi inusitada. Ela contou a familiares e amigos, que tinha colocado um lírio de cabeça para baixo, como se fosse um castigo para São José, que só cessaria quando seu pedido de encontrar um imóvel para o funcionamento da escola fosse atendido. E a ajuda veio.
Terezinha recebeu a ajuda da professora Sofia Imbiriba, então diretora da Escola de Comércio Rodrigues dos Santos, que usada somente à noite pelos alunos que trabalhavam durante o dia. Foi lá que a Escola Carequinha começou seus primeiros passos, e começou grande, com 248 alunos da 1ª a 5ª séries primárias, em 1962. A abertura foi dia 19 de março, em agradecimento a São José Operário.
Terezinha Campos Correa com alunos da Escola Carequinha
Acervo de família
Na Escola do Comércio, professora Terezinha ficou por dois anos com o Carequinha, mudando-se em seguida para um casarão na Rua Floriano Peixoto até a receber do Sr. Antônio da Costa Pereira uma oferta de compra de uma casa na avenida Rui Barbosa. Movida por seu espírito empreendedor, Terezinha assumiu o compromisso de compra do imóvel, onde a escola foi instalada e funciona no mesmo endereço até os dias atuais.
"Ela enfrentou desafios, ela construiu tudo isso com o esforço do seu trabalho, ela sempre foi muito dedicada. Tia Terezinha era solteira nunca casou, então ela se dedicou a sua vida profissional 100% e sempre desenvolveu o seu trabalho com muito amor. E sempre foi uma pessoa muito correta, íntegra e exigente", ressaltou Ruy Corrêa.
Além de comandar sua escola, Tia Terezinha continuou trabalhando como diretora da Escola Ezeriel Mônico de Matos e como representante da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) em Santarém.
Ternura com firmeza
Terezinha Corrêa enfrentou muitos desafios, mas nunca perdeu o foco na qualidade do ensino. A experiência dela como professora e também como gestora foram determinantes na metodologia aplicada na Escola Carequinha, pautada em valores humanos, no desenvolvimento de habilidades de leitura e escrita em todas as disciplinas, na construção de ideias, autonomia e independência, e mais tarde, na adoção de tecnologias educacionais, e tudo cercado de disciplina.
"Eu acho que a existência dessa escola ao longo desses 60 e poucos anos é um reflexo da sua personalidade, de ser uma professora exigente, mas agindo sempre com ternura com relação aos seus alunos, mas muito exigente na disciplina e no aprendizado. Essa personalidade fez dela uma referência no ensino em Santarém", observou Ruy Corrêa.
Legado
Vinte e quatro anos após sua partida, o legado de Terezinha Corrêa segue vivo nos corredores e nas salas de aula onde sua filosofia de ensino — baseada no amor, na autonomia e nos valores humanos — continua moldando crianças e adolescentes.
Tia Terezinha com alunos da Escola Carequinha
Acervo de família
Ao longo de sua vida profissional, Terezinha dizia sempre: "Trabalho por amor, sem busca de vaidades"! Essa frase, repetida com saudades e emoção pela sobrinha Nazaré Corrêa, sobrinha de Terezinha, resume a essência de uma professora que se dedicou a alfabetizar gerações. Seu nome continua ecoando, com respeito e saudade, como símbolo de dedicação, fé e transformação social.
"Tem aluno participando do Carequinha de uma olimpíada em Cingapura e em Nova York também. Então é esse legado que ela deixou: de um ensino de qualidade. É isso que nós primamos aqui na escola. Obviamente que adotamos os métodos modernos, que hoje você tem instrumentos como o celular, como computador que estão à disposição das pessoas, e você tem que adaptar isso aí, à nova realidade, mas sem perder a essência", enfatizou Ruy Corrêa.
Para Ruy Corrêa, Tia Terezinha foi um exemplo de santarena que deu certo, fruto de um trabalho honesto, dedicado e digno.
"Ela foi um exemplo de pessoas que acreditaram no seu trabalho, respeitando os valores que regem o relacionamento social, exercendo seu trabalho com muita dedicação. Ela é um exemplo de profissional de ensino que ganhou respeito e admiração por todo o seu trabalho", pontuou.
O exemplo de fazer um ensino com disciplina e com qualidade foi absorvido pela sobrinha de Terezinha. Há mais de 20 anos, é Nazaré Corrêa que tem comandado toda a parte pedagógica da Escola Carequinha, levando em frente com a ajuda do irmão Ruy Corrêa, responsável pela parte administrativa da escola, o sonho que Terezinha conseguiu realizar com coragem e muito zelo.
"Nos últimos 20 anos esse trabalho tem sido exercido com muita competência pela minha irmã Nazaré, que é quem comanda a escola nessa parte pedagógica. Depois que a tia Terezinha nos deixou a minha irmã Nazaré deu continuidade, e o que a gente tem hoje é fruto desse trabalho da Nazaré", finalizou Ruy Corrêa.
Hoje, a Escola Carequinha conta com cerca de 600 alunos e segue com o mesmo propósito plantado por Terezinha Corrêa em 1962: ser uma extensão dos lares das crianças, um espaço de acolhimento, liberdade e educação com responsabilidade.
Espírito alegre
Nazaré Corrêa Penna contou ao g1 que Tia Terezinha sempre foi uma mulher de espírito alegre, que gostava de dançar e apesar de não ter formado família, porque nunca teve a preocupação de casar e ter filhos, sempre viveu cercada de pessoas que adoram a sua companhia.
"Tia Terezinha adorava conversar, gostava de dançar. Ela era a primeira que chegava ao Centro Recreativo e a última que saía. Quando já estava fechando, que já estavam varrendo, é que ela estava saindo da festa (risos). Ela ia a pé para casa, pela Travessa dos Mártires. Tia Terezinha sempre foi muito amigueira, suas amigas em sua maioria eram professoras, porque naquela época a profissão para as mulheres desfilava nos desfiles da sociedade, era uma moça muito vaidosa. O aniversário dela na casa da minha avó era cheio de gente, ela adora reunir os amigos", recordou.
Mesmo na idade avançada, na enfermidade que teve, Tia Terezinha ia para a escola em cadeira de rodas, porque adorava estar em volta da educação, de conversar com alunos, promover eventos, como as festas juninas da escola.
"Tia Terezinha era uma pessoa que gostava muito de conversar, com os alunos então, era um prato cheio pra ela. Fazia amizade quando eles ainda eram pequenos, aí eles iam crescendo e a amizade se fortalecendo. E isso se repetia com os filhos dos ex-alunos. Iam se tornando amigos queridos e gostavam de conversar com ela. Ela era uma pessoa que estava sempre pronta a ajudar e a trabalhar. Mesmo já no tempo da sua enfermidade, ela ia pra escola em sua cadeira de rodas, caía pela rua, quebrava a perna, mas continuava indo, sempre com seu chapeuzinho de crochê no final de sua vida, sempre em volta com a educação", relembrou Nazaré.
Para a sobrinha, uma das lembranças mais marcantes que ela tem da tia, é o espírito alegre. Nazaré lembra que a tia estava sempre de bem com a vida, ainda que estivesse passando por alguma adversidade. Tia Terezinha era uma pessoa apaixonada pela vida e à frente do seu tempo.
"Tia Terezinha era sempre procurada por colegas de trabalho, alunos e ex-alunos, sempre com alegria, porque ela era uma pessoa alegre, uma pessoa que gostava de viver. Tia Terezinha partiu, mas deixou um mundo melhor para quem ficou", concluiu Nazaré Corrêa Penna.
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