Entenda o Processo de Kimberley, certificação pela qual o segundo maior diamante encontrado no Brasil passará

O processo de certificação foi instaurado em 2003 para garantir a origem de pedras preciosas encontrados no mundo e evitar a compra e venda de diamantes de sangue, por exemplo. Diamante encontrado em Coromandel, no Alto Paranaíba, tem 646,78 quilates. Diamante encontrado em Coromandel se tornou o segundo maior do Brasil
ANM/Divulgação
O diamante encontrado em Coromandel, no Alto Paranaíba, MG, passará pelo processo de Certificação de Kimberley antes de ser comercializada e lapidada. A pedra encontrada no Rio Douradinho tem 646,78 quilates e é a segunda maior já encontrada em território brasileiro.
Mas afinal, o que é a Certificação de Kimberley?
➡️ Clique aqui e siga o perfil do g1 Triângulo no Instagram
De acordo com a Agência Nacional de Mineração (ANM), para produzir, comprar ou comercializar um bem mineral é necessário comprovar onde ele foi produzido. E o Certificado do Processo de Kimberley faz exatamente isso.
Criado em 2003, o certificado garante que a gema de Coromandel, por exemplo, não é um diamante de sangue, ou seja, produzido em áreas de conflito, guerras civis ou de abusos aos direitos humanos. Ele garante que a pedra foi encontrada em área autorizada para o garimpo com licença ambiental válida.
Assim, a comercialização e lapidação da pedra só ocorrerá após o processo ser finalizado. Para a certificação é preciso ter um cadastro na AMN e todo o procedimento do certificado está incluído no Serviço de Fiscalização do Certificado de Processo de Kimberley da agência nacional.
O Certificado de Kimberley reconhece oficialmente aas características da pedra preciosa, como tamanho, peso, cor e composição, validando a legalidade. Só depois da emissão do certificado que a nota fiscal aduaneira é feita e o comprador está autorizado a receber o diamante.
Ainda segundo a Agência Nacional de Mineração, a partir do momento que a comercialização é feita, todas as alfândegas por onde a pedra passará são comunicadas.
Diamante encontrado em Coromandel se tornou o segundo maior achado no Brasil.
Reprodução/Redes Sociais
Como o diamante se formou?
O diamante bruto de Coromandel se formou a partir de kimberlitos, rochas raras que se originam a partir do resfriamento lento do magma no interior da Terra. Segundo o geólogo da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), Daniel Fernandes, a origem dessas pedras preciosas é dividida em dois tipos principais: primária e secundária, ambas ligadas a eventos naturais ocorridos há milhões de anos.
A chamada origem primária diz respeito à formação dos diamantes em kimberlitos, rochas raras que se formam a partir do resfriamento lento do magma no interior da Terra. Com o tempo, essas rochas se rompem e liberam diamantes, que são transportados para estruturas conhecidas como paleocanais, espécie de antigos leitos fluviais subterrâneos.
Esses paleocanais concentram os diamantes que, por sua vez, enriquecem o solo da região de forma natural. Esse processo é justamente o que torna Coromandel um dos pontos mais valiosos para a mineração de gemas no Brasil.
Já a origem secundária envolve a movimentação dos diamantes ao longo do tempo. Por estarem sujeitos a processos naturais como erosão e ação da água, essas pedras acabam "rolando" e se deslocando, o que dificulta sua localização precisa.
O diamante pode mudar de cor após lapidação?
Sim, durante o processo de lapidação do diamante ele pode mudar de cor. De acordo com o geólogo, os diamantes tem a composição formada de carbono. Quanto mais puro for o diamante, ou seja, quanto mais a composição for formada apenas por carbono, maior será a transparência e o valor.
Contudo, a pureza é algo extremamente rara na natureza porque pode ser que a gema seja contaminada pelos elementos químicos presentes ao redor.
"Existem casos em que a pedra é contaminada por nitrogênio, por exemplo, o que faz com que ela fique com esse aspecto amarronzado e amarelado. Por isso, esse diamante de Coromandel não é considerado tão valioso, uma vez que 95% dos diamantes são contaminados pelo nitrogênio e apresentam essa coloração", explicou o geólogo.
Além disso, os diamantes podem ter todas as cores do arco-íris, dependendo do elemento químico pelo qual ele é contaminado durante a formação. A cor pode variar, ainda, conforme as regiões brasileiras, uma vez que cada uma delas tem o solo rico em determinado elemento.
Segundo Daniel, ao longo da carreira profissional já observou diversos compradores que tiveram prejuízo ao comprarem um diamante e ele mudar de cor após a lapidação. O fenômeno ocorre porque grande parte das gemas apresenta uma capa de alteração hidrotermal, capa de cloritização ou outro nome a depender do elemento químico pelo qual a capa é formada.
Durante a lapidação essa capa é perdida e é quando o diamante pode mudar de cor, ficando branco ou amarelado.
"Por isso é importante que uma análise microscópica seja feita para saber se o diamante realmente apresenta determinada coloração ou se é apenas uma capa".
Logo, é a cor que determina o valor do diamante de acordo com a pureza, ou seja, quanto mais transparente for o diamante, mais caro ele será. A fluorescência da pedra também interfere na avaliação, uma vez que diamantes mais caros apresentam menor fluorescência.
"É através da fluorescência que conseguimos identificar as zonas de cor do diamante, porque há casos em que ele pode ter apenas uma cor ou até duas. Eu vejo muitos amadores tendo prejuízo com diamantes por conta dessas questões".
Exame de fluorescência mostra que pedras de menor valor tem maior fluorescência
Daniel Fernandes
Como é calculado o valor de um diamante?
Ainda conforme Daniel Fernandes, o primeiro fator considerado é peso em quilates. Depois, a transparência e a pureza também são fatores importantes, porque resultam em uma gema lapidada de alto valor. A cor também interfere diretamente, já que os diamantes existem em praticamente todas as cores do arco-íris, e algumas são mais valiosas que outras.
A pedra encontrada em Coromandel foi avaliada em R$ 16 milhões, segundo a prefeitura municipal, passou a ocupar o posto de segundo maior diamante já encontrado em território brasileiro com 646,78 quilates, segundo a ANM. Ela só é menor que o diamante "Getúlio Vargas" descoberto em 1938 e que tinha 727 quilates.
“No Brasil, não existe uma tabela oficial que defina seu valor, mas não há dúvidas de que se trata de uma gema extremamente rara. Fiquei muito feliz em ver o Brasil novamente em destaque. Isso cria esperança para todo garimpeiro que sonha encontrar uma pedra como essa”, ressaltou Daniel.
Leia também:
Diamante de 646 quilates é descoberto e se torna o segundo maior do país
Saiba como é o processo para legalização e venda de pedras preciosas
Diamante de 646 quilates descoberto pode mudar de cor após lapidação? Entenda
Entenda como se formou o diamante de 646 quilates
Diamante de mais de 500 quilates é encontrado em Coromandel
? Siga o g1 Triângulo no WhatsApp, Facebook e X
VÍDEOS: veja tudo sobre o Triângulo, Alto Paranaíba e Noroeste de Minas
ANM/Divulgação
O diamante encontrado em Coromandel, no Alto Paranaíba, MG, passará pelo processo de Certificação de Kimberley antes de ser comercializada e lapidada. A pedra encontrada no Rio Douradinho tem 646,78 quilates e é a segunda maior já encontrada em território brasileiro.
Mas afinal, o que é a Certificação de Kimberley?
➡️ Clique aqui e siga o perfil do g1 Triângulo no Instagram
De acordo com a Agência Nacional de Mineração (ANM), para produzir, comprar ou comercializar um bem mineral é necessário comprovar onde ele foi produzido. E o Certificado do Processo de Kimberley faz exatamente isso.
Criado em 2003, o certificado garante que a gema de Coromandel, por exemplo, não é um diamante de sangue, ou seja, produzido em áreas de conflito, guerras civis ou de abusos aos direitos humanos. Ele garante que a pedra foi encontrada em área autorizada para o garimpo com licença ambiental válida.
Assim, a comercialização e lapidação da pedra só ocorrerá após o processo ser finalizado. Para a certificação é preciso ter um cadastro na AMN e todo o procedimento do certificado está incluído no Serviço de Fiscalização do Certificado de Processo de Kimberley da agência nacional.
O Certificado de Kimberley reconhece oficialmente aas características da pedra preciosa, como tamanho, peso, cor e composição, validando a legalidade. Só depois da emissão do certificado que a nota fiscal aduaneira é feita e o comprador está autorizado a receber o diamante.
Ainda segundo a Agência Nacional de Mineração, a partir do momento que a comercialização é feita, todas as alfândegas por onde a pedra passará são comunicadas.
Diamante encontrado em Coromandel se tornou o segundo maior achado no Brasil.
Reprodução/Redes Sociais
Como o diamante se formou?
O diamante bruto de Coromandel se formou a partir de kimberlitos, rochas raras que se originam a partir do resfriamento lento do magma no interior da Terra. Segundo o geólogo da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), Daniel Fernandes, a origem dessas pedras preciosas é dividida em dois tipos principais: primária e secundária, ambas ligadas a eventos naturais ocorridos há milhões de anos.
A chamada origem primária diz respeito à formação dos diamantes em kimberlitos, rochas raras que se formam a partir do resfriamento lento do magma no interior da Terra. Com o tempo, essas rochas se rompem e liberam diamantes, que são transportados para estruturas conhecidas como paleocanais, espécie de antigos leitos fluviais subterrâneos.
Esses paleocanais concentram os diamantes que, por sua vez, enriquecem o solo da região de forma natural. Esse processo é justamente o que torna Coromandel um dos pontos mais valiosos para a mineração de gemas no Brasil.
Já a origem secundária envolve a movimentação dos diamantes ao longo do tempo. Por estarem sujeitos a processos naturais como erosão e ação da água, essas pedras acabam "rolando" e se deslocando, o que dificulta sua localização precisa.
O diamante pode mudar de cor após lapidação?
Sim, durante o processo de lapidação do diamante ele pode mudar de cor. De acordo com o geólogo, os diamantes tem a composição formada de carbono. Quanto mais puro for o diamante, ou seja, quanto mais a composição for formada apenas por carbono, maior será a transparência e o valor.
Contudo, a pureza é algo extremamente rara na natureza porque pode ser que a gema seja contaminada pelos elementos químicos presentes ao redor.
"Existem casos em que a pedra é contaminada por nitrogênio, por exemplo, o que faz com que ela fique com esse aspecto amarronzado e amarelado. Por isso, esse diamante de Coromandel não é considerado tão valioso, uma vez que 95% dos diamantes são contaminados pelo nitrogênio e apresentam essa coloração", explicou o geólogo.
Além disso, os diamantes podem ter todas as cores do arco-íris, dependendo do elemento químico pelo qual ele é contaminado durante a formação. A cor pode variar, ainda, conforme as regiões brasileiras, uma vez que cada uma delas tem o solo rico em determinado elemento.
Segundo Daniel, ao longo da carreira profissional já observou diversos compradores que tiveram prejuízo ao comprarem um diamante e ele mudar de cor após a lapidação. O fenômeno ocorre porque grande parte das gemas apresenta uma capa de alteração hidrotermal, capa de cloritização ou outro nome a depender do elemento químico pelo qual a capa é formada.
Durante a lapidação essa capa é perdida e é quando o diamante pode mudar de cor, ficando branco ou amarelado.
"Por isso é importante que uma análise microscópica seja feita para saber se o diamante realmente apresenta determinada coloração ou se é apenas uma capa".
Logo, é a cor que determina o valor do diamante de acordo com a pureza, ou seja, quanto mais transparente for o diamante, mais caro ele será. A fluorescência da pedra também interfere na avaliação, uma vez que diamantes mais caros apresentam menor fluorescência.
"É através da fluorescência que conseguimos identificar as zonas de cor do diamante, porque há casos em que ele pode ter apenas uma cor ou até duas. Eu vejo muitos amadores tendo prejuízo com diamantes por conta dessas questões".
Exame de fluorescência mostra que pedras de menor valor tem maior fluorescência
Daniel Fernandes
Como é calculado o valor de um diamante?
Ainda conforme Daniel Fernandes, o primeiro fator considerado é peso em quilates. Depois, a transparência e a pureza também são fatores importantes, porque resultam em uma gema lapidada de alto valor. A cor também interfere diretamente, já que os diamantes existem em praticamente todas as cores do arco-íris, e algumas são mais valiosas que outras.
A pedra encontrada em Coromandel foi avaliada em R$ 16 milhões, segundo a prefeitura municipal, passou a ocupar o posto de segundo maior diamante já encontrado em território brasileiro com 646,78 quilates, segundo a ANM. Ela só é menor que o diamante "Getúlio Vargas" descoberto em 1938 e que tinha 727 quilates.
“No Brasil, não existe uma tabela oficial que defina seu valor, mas não há dúvidas de que se trata de uma gema extremamente rara. Fiquei muito feliz em ver o Brasil novamente em destaque. Isso cria esperança para todo garimpeiro que sonha encontrar uma pedra como essa”, ressaltou Daniel.
Leia também:
Diamante de 646 quilates é descoberto e se torna o segundo maior do país
Saiba como é o processo para legalização e venda de pedras preciosas
Diamante de 646 quilates descoberto pode mudar de cor após lapidação? Entenda
Entenda como se formou o diamante de 646 quilates
Diamante de mais de 500 quilates é encontrado em Coromandel
? Siga o g1 Triângulo no WhatsApp, Facebook e X
VÍDEOS: veja tudo sobre o Triângulo, Alto Paranaíba e Noroeste de Minas
Para ler a notícia completa, acesse o link original:
0 curtidas
Notícias Relacionadas
Não há mais notícias para carregar
Comentários 0