Fruto de promessa de casal espanhol e palco de casamentos icônicos, Igreja da Candelária completa 250 anos

Mais do que templo religioso, construção neoclássica abriga um museu de arte sacra, inspira ações sociais e guarda episódios marcantes da trajetória do Brasil. Fruto de promessa de casal espanhol e palco de casamentos icônicos, Igreja da Candelária completa 250 anos
No coração do centro do Rio, a Igreja da Candelária celebra 250 anos de história. Um dos marcos mais emblemáticos da cidade, o templo segue resistindo ao tempo: é parte da paisagem, da fé e da memória coletiva de milhares de cariocas.
A data marca a bênção da pedra fundamental da atual construção, erguida em 1775, substituindo uma antiga capela. Desde então, a igreja tem sido palco e testemunha de acontecimentos que moldaram não só o Rio, mas o Brasil.
“Ela está sempre presente, porque tem gente usando. Porque ela é viva”, define João Carlos Nara Jr., assessor de patrimônio cultural no Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ.
Vista de diferentes formas por quem a visita, a Candelária também se destaca como um museu de arte sacra. A especialista Márcia Valéria Rosa, coordenadora do projeto Igrejas Históricas no Rio de Janeiro da Unirio, destaca a riqueza artística e arquitetônica da igreja:
“É uma arquitetura do século XIX com artistas de excelência. Um templo cristão, mas também um museu.”
De estilo neoclássico e tombada pelo Iphan, a Candelária abriga obras assinadas por artistas renomados e guarda tesouros históricos em seus detalhes.
Origem ligada a um 'milagre' no mar
Detalhe no teto da Igreja da Candelária que lembra origem do templo, após a chegada de casal de espanhóis pelo mar
Reprodução/TV Globo
O início da história remonta ao século XVII, quando um casal espanhol – Antônio e Leonor Gonçalves – enfrentou uma tempestade em alto-mar durante uma travessia. Salvos, eles fizeram uma promessa: construir uma igreja dedicada a Nossa Senhora da Candelária. Foi o embrião da primeira capelinha, bem mais modesta, que mais tarde daria lugar à construção atual.
Essa passagem está eternizada no teto da igreja — um detalhe que passa despercebido por muitos visitantes.
A Candelária sempre teve papel ativo na vida social da cidade. A igreja é administrada pela Irmandade do Santíssimo Sacramento, uma organização civil que, além do templo, mantém dois colégios com cerca de 500 crianças e oferece assistência a cerca de 300 idosos.
“Essas crianças vêm de comunidades carentes. Oferecemos educação, alimentação, uniformes, livros — tudo até o nono ano”, explica Antônio Soares da Silva, provedor da Irmandade.
Casamentos célebres e episódios históricos
Casamento de Alexandre Frota e Cláudia Raia
Reprodução/TV Globo
O altar da Candelária foi palco de momentos íntimos e também de grande repercussão. Entre os casamentos celebrados ali, estão os de Claudia Raia e Alexandre Frota, além de Belo e Gracyanne Barbosa.
Em 1952, mais de 10 mil pessoas acompanharam o primeiro casamento oficial entre a indígena Diacuí e Ayres Câmara Cunha, um homem branco, união cercada de polêmicas à época - posteriormente, houve denúncias de que a união foi imposta à indígena.
A igreja também esteve no centro de episódios marcantes da política e da sociedade: a missa do 7º dia de Edson Luís, reprimida pelo regime militar em 1968; o início das Diretas Já, em 1984; e a trágica Chacina da Candelária, em 1993. “A vida política, a violência urbana, os anseios por redemocratização, a violência do estado... Acabam se encontrando aqui, porque é um espaço icônico do Rio de Janeiro”, lembra João Carlos.
De igreja a basílica?
Agora, a Candelária busca uma nova identidade. A irmandade responsável pelo local quer que ela seja reconhecida oficialmente como Basílica — o que aumentaria sua visibilidade internacional e reforçaria sua importância histórica e turística.
“Basílica tem outro peso. Dá uma personalidade diferente ao espaço”, justifica Antônio Soares.
Para a pesquisadora Márcia Valéria, esse reconhecimento seria justo: “Ela é um marco na história da arquitetura e da arte do Rio. Precisa ser conhecida, revelada, mostrada.”
Candelária, na tradição católica, é Nossa Senhora da Luz — a santa das candeias. E que, com fé ou não, ela siga acendendo o olhar de quem cruza seu caminho.
Tomada aérea da Igreja da Candelária, no Centro do Rio
Reprodução/TV Globo
Interior da Igreja da Candelária
Reprodução/TV Globo
Detalhe de imagem e vitral na Igreja da Candelária
Reprodução/TV Globo
Detalhe da Cúpula da Candelária
Reprodução/TV Globo
No coração do centro do Rio, a Igreja da Candelária celebra 250 anos de história. Um dos marcos mais emblemáticos da cidade, o templo segue resistindo ao tempo: é parte da paisagem, da fé e da memória coletiva de milhares de cariocas.
A data marca a bênção da pedra fundamental da atual construção, erguida em 1775, substituindo uma antiga capela. Desde então, a igreja tem sido palco e testemunha de acontecimentos que moldaram não só o Rio, mas o Brasil.
“Ela está sempre presente, porque tem gente usando. Porque ela é viva”, define João Carlos Nara Jr., assessor de patrimônio cultural no Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ.
Vista de diferentes formas por quem a visita, a Candelária também se destaca como um museu de arte sacra. A especialista Márcia Valéria Rosa, coordenadora do projeto Igrejas Históricas no Rio de Janeiro da Unirio, destaca a riqueza artística e arquitetônica da igreja:
“É uma arquitetura do século XIX com artistas de excelência. Um templo cristão, mas também um museu.”
De estilo neoclássico e tombada pelo Iphan, a Candelária abriga obras assinadas por artistas renomados e guarda tesouros históricos em seus detalhes.
Origem ligada a um 'milagre' no mar
Detalhe no teto da Igreja da Candelária que lembra origem do templo, após a chegada de casal de espanhóis pelo mar
Reprodução/TV Globo
O início da história remonta ao século XVII, quando um casal espanhol – Antônio e Leonor Gonçalves – enfrentou uma tempestade em alto-mar durante uma travessia. Salvos, eles fizeram uma promessa: construir uma igreja dedicada a Nossa Senhora da Candelária. Foi o embrião da primeira capelinha, bem mais modesta, que mais tarde daria lugar à construção atual.
Essa passagem está eternizada no teto da igreja — um detalhe que passa despercebido por muitos visitantes.
A Candelária sempre teve papel ativo na vida social da cidade. A igreja é administrada pela Irmandade do Santíssimo Sacramento, uma organização civil que, além do templo, mantém dois colégios com cerca de 500 crianças e oferece assistência a cerca de 300 idosos.
“Essas crianças vêm de comunidades carentes. Oferecemos educação, alimentação, uniformes, livros — tudo até o nono ano”, explica Antônio Soares da Silva, provedor da Irmandade.
Casamentos célebres e episódios históricos
Casamento de Alexandre Frota e Cláudia Raia
Reprodução/TV Globo
O altar da Candelária foi palco de momentos íntimos e também de grande repercussão. Entre os casamentos celebrados ali, estão os de Claudia Raia e Alexandre Frota, além de Belo e Gracyanne Barbosa.
Em 1952, mais de 10 mil pessoas acompanharam o primeiro casamento oficial entre a indígena Diacuí e Ayres Câmara Cunha, um homem branco, união cercada de polêmicas à época - posteriormente, houve denúncias de que a união foi imposta à indígena.
A igreja também esteve no centro de episódios marcantes da política e da sociedade: a missa do 7º dia de Edson Luís, reprimida pelo regime militar em 1968; o início das Diretas Já, em 1984; e a trágica Chacina da Candelária, em 1993. “A vida política, a violência urbana, os anseios por redemocratização, a violência do estado... Acabam se encontrando aqui, porque é um espaço icônico do Rio de Janeiro”, lembra João Carlos.
De igreja a basílica?
Agora, a Candelária busca uma nova identidade. A irmandade responsável pelo local quer que ela seja reconhecida oficialmente como Basílica — o que aumentaria sua visibilidade internacional e reforçaria sua importância histórica e turística.
“Basílica tem outro peso. Dá uma personalidade diferente ao espaço”, justifica Antônio Soares.
Para a pesquisadora Márcia Valéria, esse reconhecimento seria justo: “Ela é um marco na história da arquitetura e da arte do Rio. Precisa ser conhecida, revelada, mostrada.”
Candelária, na tradição católica, é Nossa Senhora da Luz — a santa das candeias. E que, com fé ou não, ela siga acendendo o olhar de quem cruza seu caminho.
Tomada aérea da Igreja da Candelária, no Centro do Rio
Reprodução/TV Globo
Interior da Igreja da Candelária
Reprodução/TV Globo
Detalhe de imagem e vitral na Igreja da Candelária
Reprodução/TV Globo
Detalhe da Cúpula da Candelária
Reprodução/TV Globo
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