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Por que as onças esturram? Som 'misterioso' tem mais sentido do que se imagina

Por que as onças esturram? Som 'misterioso' tem mais sentido do que se imagina
Mais do que um rugido imponente, o esturro é a voz da onça-pintada, uma assinatura vocal única para marcar território, atrair parceiros e “manter a paz” entre vizinhos de floresta. Vídeo de câmera trap mostra onça esturrando na mata
Se você já ouviu o esturro de uma onça-pintada, sabe o quanto esse som é impactante. Grave, repetitivo, capaz de ecoar pela mata com potência e mistério. Mas afinal, por que as onças esturram?
Essa vocalização característica é, na verdade, uma assinatura vocal particular de cada onça e uma das principais formas de comunicação da espécie. Produzido pela laringe e amplificado por estruturas específicas do trato vocal, o esturro permite que a onça diga “estou aqui” sem sequer dar um passo. E isso é mais estratégico do que parece.
Onça-pintada foi flagrada esturrando por armadilha fotográfica
Instituto Impacto
Ao esturrar, o felino marca território, avisando a possíveis concorrentes que a área já tem dono. Em um ambiente onde encontros indesejados podem ser fatais, avisar à distância é uma tática inteligente.
“O esturro é a vocalização mais potente da onça-pintada. Trata-se de um som grave, rouco e repetitivo, que lembra um ‘serrar de madeira’ ou uma tosse profunda. Esse som pode durar vários segundos e ocorre com o animal geralmente imóvel, com o corpo relaxado”, explica o biólogo Paul Raad, especialista nesses felinos.
Além da vocalização em si, o alcance do esturro também impressiona. As pesquisas indicam que ele pode ser ouvido a até 2 km de distância em áreas abertas como o Pantanal. E não são só outras onças que prestam atenção: veados, catetos e até o gado doméstico reagem ao escutar esse “aviso sonoro” que brota da mata.
Onça-pintada no Pantanal de MT
Erisvaldo Almeida
Outro papel importante desse comportamento pode ser observado na época reprodutiva: fêmeas no cio vocalizam desse modo para atrair machos, tornando o “chamado” um verdadeiro anúncio de intenções.
Assim como acontece com o rugido dos leões ou os gritos dos tigres, o esturro não é exclusividade das onças-pintadas, mas tem um ritmo e uma tonalidade tão únicos que são inconfundíveis para quem já escutou.
“Outros grandes felinos do gênero Panthera, como o tigre (Panthera tigris), o leão (Panthera leo) e o leopardo (Panthera pardus), também emitem vocalizações potentes. No caso do leão, por exemplo, o rugido é análogo ao esturro e ambos são usados para comunicação à distância. No entanto, o timbre e o ritmo do esturro da onça são bastante característicos”, comenta.
Segundo Paul, a intensidade sonora varia entre os sexos. Machos geralmente têm um som mais forte e profundo, enquanto fêmeas emitem esturros mais leves. Como os filhotes ainda estão aprendendo a vocalizar dessa forma, eles se comunicam com grunhidos ou miados até que suas cordas vocais amadureçam.
Bioacústica
Mais do que um simples barulho, o esturro é também uma ferramenta de pesquisa. Com ele, cientistas conseguem identificar indivíduos, monitorar populações em vida livre e até avaliar o nível de estresse dos animais - tudo isso sem precisar capturá-los.
“Onças em situação de alerta, por exemplo, podem emitir vocalizações semelhantes (mais curtas ou intensas), como uma forma de aviso. A tonalidade e o ritmo podem fornecer pistas sobre o contexto em que o esturro está sendo emitido”, afirma o biólogo.
Registro de onça-pintada feito no território cedido à ZEG
Divulgação/ZEG
Este monitoramento à distância faz parte de uma área de estudo chamada de bioacústica, uma aliada poderosa da conservação e de biólogos de diferentes especialidades.
“Estudos recentes indicam que o esturro possui características individuais, como frequência, duração e ritmo, que funcionam como uma ‘assinatura vocal’. Isso permite identificar onças individualmente por meio de gravações e softwares de análise acústica, uma ferramenta promissora para o monitoramento não invasivo da espécie”, afirma o biólogo.
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