Boituva registrou pelo menos um caso de estelionato por dia em 2024; veja dicas para não cair em golpes

Números da Polícia Civil relevam que mais de 380 casos de estelionato foram registrados em Boituva (SP) em 2024. Já em 2025, os casos chegam a quase 200 só nos primeiros seis meses do ano. Delegacia de Boituva (SP)
Leonardo Vieira/TV TEM
Números da Polícia Civil relevam que mais de 380 casos de estelionato foram registrados em Boituva (SP) em 2024. Isso significa que, aproximadamente, uma pessoa foi vítima de golpe por dia na cidade no ano passado.
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No total, foram 382 boletins de ocorrência registrados no ano de 2024. Já em 2025, de janeiro a junho, foram 199 casos, o que representa 52% do valor do ano passado.
O caso mais recente registrado na delegacia foi o de uma idosa, de 76 anos, segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP). Ela foi vítima de estelionato após ser enganada por um golpista ao telefone, na tarde de 27 de junho. A abordagem utilizada pelos criminosos não foi informada.
O prejuízo estimado foi de aproximadamente R$ 19 mil. Após perceber que caiu no golpe, a idosa apresentou à polícia o número de telefone usado pelo criminoso e se comprometeu a entregar, posteriormente, os comprovantes dos valores subtraídos da sua conta bancária.
O crime foi registrado como estelionato na Delegacia de Polícia de Boituva, que realiza diligências para identificar o criminoso e esclarecer os fatos, conforme a SSP. Até esta segunda-feira (7), ninguém foi preso.
Outros casos
Outros cinco casos parecidos foram divulgados pelo g1 somente neste ano. Dentre eles, uma mulher procurou a delegacia, em maio, para denunciar um prejuízo que pode chegar a mais de R$ 70 mil ao fazer transferências via Pix, após contratar um empréstimo. Ela teria sido enganada por um golpista que se passou por seu advogado.
Outro crime ocorreu também em maio, quando os criminosos aplicaram o golpe do "falso pedido de compras" em uma lojas de pneus. Somados, os prejuízos passam dos R$ 30 mil. Os empresários procuraram a polícia e registraram um boletim de ocorrência.
Mulher denunciou um prejuízo que pode chegar a mais de R$ 70 mil ao fazer transferências via Pix
Reprodução/RPC
O que fazer para não cair em golpes?
Eduardo Sebenelli, advogado especialista em direito digital, explica ao g1 quais são os motivos que mais influenciam a prática recorrente de golpes na internet ou por ligação.
"Desde a pandemia de Covid-19, quando o comércio físico ficou restrito, é mais comum que a população realize operações bancárias, compras e busque atendimento em meios digitais, o que favorece crimes nesse ambiente."
"Muitos criminosos perceberam que conseguem enganar as vítimas com mais facilidade, sem precisar sair de casa. Outro fator fundamental para a proliferação deste tipo de crime é a exposição de dados pessoais", destaca.
Atuando no direito há 18 anos, Eduardo reforça que, mesmo com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que proíbe a comercialização de dados pessoais, as vítimas podem se tornar alvos fáceis a partir da exposição de informações nas redes sociais que, a princípio, parecem inofensivas.
"Essas informações, quando cruzadas, possibilitam o cometimento de fraudes altamente personalizadas. Com informações bancárias de uma vítima, por exemplo, os criminosos podem abordá-la como se fossem funcionários do banco e a pessoa pode acreditar que realmente está em contato com o banco."
Eduardo também é membro da Comissão de Tecnologia e Inovação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/SP) e lista algumas dicas que podem ajudar a evitar um golpe. Confira abaixo:
Desconfiar de mensagens suspeitas pedindo dinheiro por aplicativo de mensagens;
Falar pessoalmente com a pessoa antes de fazer qualquer transferência;
Evitar clicar em links suspeitos e nunca fornecer senhas ou códigos de autenticação por telefone ou WhatsApp;
Caso desconfie que possa haver algum problema real com sua conta bancária, procure ajuda com o gerente ou no aplicativo do banco;
Sempre procure os canais oficiais da instituição financeira;
Antes de realizar compras ou mesmo cadastrar seus dados pessoais no e-commerce, verifique a reputação da página em sites como Reclame Aqui e no Procon;
Checar se a página fornece informações como CNPJ válido e se tem meios de contato em caso de problemas.
O especialista afirma que: "A dica fundamental é sempre desconfiar antes de realizar qualquer operação financeira na internet e tomar cuidado com quem você compartilha dados pessoais na internet".
Dica bônus: empresas como bancos e fintechs (startups - empresas que oferecem serviços financeiros de forma inovadora) não costumam entrar em contato por telefone para confirmar compras, operações bancárias ou pedir informações como senhas e códigos, segundo o advogado.
Especialista explica quais são os motivos que mais influenciam a prática recorrente de golpes na internet ou por ligação
Reprodução/RPC
O que fazer após sofrer o golpe?
Caso a pessoa tenha sido vítima de golpe, um dos primeiros passos é fazer um boletim de ocorrência, alerta Eduardo. "Para formalizar o registro do fato perante a autoridade policial, iniciando uma investigação, e para se prevenir contra problemas judiciais, caso os criminosos utilizem seus dados pessoais para cometer crimes, como abertura de contas bancárias em seu nome para lavagem de dinheiro."
"Ao registrar que foi vítima de golpe ou teve suas informações pessoais roubadas, a pessoa se resguarda de ser acusada do cometimento de crimes após a data do registro da ocorrência", continua.
Além disso, o BO ajuda em casos de uma tentativa de renegociar o prejuízo com o banco no qual a vítima sofreu o golpe. E, também, contribui com os levantamentos estatísticos, que irão orientar as políticas públicas de combate a esse tipo de crime, reforça o advogado.
Outro ponto importante após sofrer um golpe, segundo o especialista, é comunicar as instituições financeiras nas quais a vítima possui conta bancária e realizar o bloqueio de cartões. "Tentar reverter operações bancárias que eventualmente ainda não tenham sido efetivadas e trocar senha do aplicativo."
Caso a pessoa tenha sido vítima de golpe, um dos primeiros passos é fazer um boletim de ocorrência
Vitor Santana/g1
Sofri um golpe, será que consigo meu dinheiro de volta?
De acordo com o advogado especialista em direito digital: "É possível, sim, mas é sempre difícil. Hoje em dia, as instituições financeiras investem muito em segurança digital, e o próprio Banco Central tem iniciativas, como o bloqueio cautelar de Pix, em casos de operações suspeitas. Se a vítima perceber o golpe a tempo e agir com rapidez, é possível reverter as operações junto ao próprio banco."
"Apesar da falsa sensação de anonimato na internet, todo crime no ambiente da internet deixa um rastro digital, então vai depender do sucesso da investigação", declara.
Já no âmbito judicial, a possibilidade é caso a caso, diz Eduardo. "A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ) se consolidou no sentido de ser um direito do consumidor (e o cliente de um banco também é um consumidor) a proteção contra fraudes, caso não haja culpa exclusiva da vítima."
Entretanto, se a vítima colaborou, de alguma forma, enquanto estava sendo enganada pelos golpistas, ao ignorar os mecanismos de segurança fornecidos pelo banco, compartilhando senhas ou dados pessoais sem tomar a cautela devida, a Justiça entende que, nesses casos, não há reparação a ser feita.
"Por outro lado, se ficar caracterizado que a vítima observou as recomendações de segurança do banco e, mesmo assim, estas foram insuficientes, ou que o golpe foi possibilitado pelo vazamento de dados pessoais que deveriam ter sido protegidos pela instituição financeira, aí, sim, é possível ingressar com ação judicial para reaver os valores desviados", finalizada o advogado.
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Leonardo Vieira/TV TEM
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No total, foram 382 boletins de ocorrência registrados no ano de 2024. Já em 2025, de janeiro a junho, foram 199 casos, o que representa 52% do valor do ano passado.
O caso mais recente registrado na delegacia foi o de uma idosa, de 76 anos, segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP). Ela foi vítima de estelionato após ser enganada por um golpista ao telefone, na tarde de 27 de junho. A abordagem utilizada pelos criminosos não foi informada.
O prejuízo estimado foi de aproximadamente R$ 19 mil. Após perceber que caiu no golpe, a idosa apresentou à polícia o número de telefone usado pelo criminoso e se comprometeu a entregar, posteriormente, os comprovantes dos valores subtraídos da sua conta bancária.
O crime foi registrado como estelionato na Delegacia de Polícia de Boituva, que realiza diligências para identificar o criminoso e esclarecer os fatos, conforme a SSP. Até esta segunda-feira (7), ninguém foi preso.
Outros casos
Outros cinco casos parecidos foram divulgados pelo g1 somente neste ano. Dentre eles, uma mulher procurou a delegacia, em maio, para denunciar um prejuízo que pode chegar a mais de R$ 70 mil ao fazer transferências via Pix, após contratar um empréstimo. Ela teria sido enganada por um golpista que se passou por seu advogado.
Outro crime ocorreu também em maio, quando os criminosos aplicaram o golpe do "falso pedido de compras" em uma lojas de pneus. Somados, os prejuízos passam dos R$ 30 mil. Os empresários procuraram a polícia e registraram um boletim de ocorrência.
Mulher denunciou um prejuízo que pode chegar a mais de R$ 70 mil ao fazer transferências via Pix
Reprodução/RPC
O que fazer para não cair em golpes?
Eduardo Sebenelli, advogado especialista em direito digital, explica ao g1 quais são os motivos que mais influenciam a prática recorrente de golpes na internet ou por ligação.
"Desde a pandemia de Covid-19, quando o comércio físico ficou restrito, é mais comum que a população realize operações bancárias, compras e busque atendimento em meios digitais, o que favorece crimes nesse ambiente."
"Muitos criminosos perceberam que conseguem enganar as vítimas com mais facilidade, sem precisar sair de casa. Outro fator fundamental para a proliferação deste tipo de crime é a exposição de dados pessoais", destaca.
Atuando no direito há 18 anos, Eduardo reforça que, mesmo com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que proíbe a comercialização de dados pessoais, as vítimas podem se tornar alvos fáceis a partir da exposição de informações nas redes sociais que, a princípio, parecem inofensivas.
"Essas informações, quando cruzadas, possibilitam o cometimento de fraudes altamente personalizadas. Com informações bancárias de uma vítima, por exemplo, os criminosos podem abordá-la como se fossem funcionários do banco e a pessoa pode acreditar que realmente está em contato com o banco."
Eduardo também é membro da Comissão de Tecnologia e Inovação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/SP) e lista algumas dicas que podem ajudar a evitar um golpe. Confira abaixo:
Desconfiar de mensagens suspeitas pedindo dinheiro por aplicativo de mensagens;
Falar pessoalmente com a pessoa antes de fazer qualquer transferência;
Evitar clicar em links suspeitos e nunca fornecer senhas ou códigos de autenticação por telefone ou WhatsApp;
Caso desconfie que possa haver algum problema real com sua conta bancária, procure ajuda com o gerente ou no aplicativo do banco;
Sempre procure os canais oficiais da instituição financeira;
Antes de realizar compras ou mesmo cadastrar seus dados pessoais no e-commerce, verifique a reputação da página em sites como Reclame Aqui e no Procon;
Checar se a página fornece informações como CNPJ válido e se tem meios de contato em caso de problemas.
O especialista afirma que: "A dica fundamental é sempre desconfiar antes de realizar qualquer operação financeira na internet e tomar cuidado com quem você compartilha dados pessoais na internet".
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Especialista explica quais são os motivos que mais influenciam a prática recorrente de golpes na internet ou por ligação
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O que fazer após sofrer o golpe?
Caso a pessoa tenha sido vítima de golpe, um dos primeiros passos é fazer um boletim de ocorrência, alerta Eduardo. "Para formalizar o registro do fato perante a autoridade policial, iniciando uma investigação, e para se prevenir contra problemas judiciais, caso os criminosos utilizem seus dados pessoais para cometer crimes, como abertura de contas bancárias em seu nome para lavagem de dinheiro."
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Além disso, o BO ajuda em casos de uma tentativa de renegociar o prejuízo com o banco no qual a vítima sofreu o golpe. E, também, contribui com os levantamentos estatísticos, que irão orientar as políticas públicas de combate a esse tipo de crime, reforça o advogado.
Outro ponto importante após sofrer um golpe, segundo o especialista, é comunicar as instituições financeiras nas quais a vítima possui conta bancária e realizar o bloqueio de cartões. "Tentar reverter operações bancárias que eventualmente ainda não tenham sido efetivadas e trocar senha do aplicativo."
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De acordo com o advogado especialista em direito digital: "É possível, sim, mas é sempre difícil. Hoje em dia, as instituições financeiras investem muito em segurança digital, e o próprio Banco Central tem iniciativas, como o bloqueio cautelar de Pix, em casos de operações suspeitas. Se a vítima perceber o golpe a tempo e agir com rapidez, é possível reverter as operações junto ao próprio banco."
"Apesar da falsa sensação de anonimato na internet, todo crime no ambiente da internet deixa um rastro digital, então vai depender do sucesso da investigação", declara.
Já no âmbito judicial, a possibilidade é caso a caso, diz Eduardo. "A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ) se consolidou no sentido de ser um direito do consumidor (e o cliente de um banco também é um consumidor) a proteção contra fraudes, caso não haja culpa exclusiva da vítima."
Entretanto, se a vítima colaborou, de alguma forma, enquanto estava sendo enganada pelos golpistas, ao ignorar os mecanismos de segurança fornecidos pelo banco, compartilhando senhas ou dados pessoais sem tomar a cautela devida, a Justiça entende que, nesses casos, não há reparação a ser feita.
"Por outro lado, se ficar caracterizado que a vítima observou as recomendações de segurança do banco e, mesmo assim, estas foram insuficientes, ou que o golpe foi possibilitado pelo vazamento de dados pessoais que deveriam ter sido protegidos pela instituição financeira, aí, sim, é possível ingressar com ação judicial para reaver os valores desviados", finalizada o advogado.
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