Centro de Convivência: cercamento gera debate, e associação de arquitetos vê 'retrocesso urbanístico' em Campinas

Fechado há 14 anos, espaço será reaberto com gradil de aço de 2 metros de altura. Prefeitura defende que espaço 'precisa de proteção adequada para garantir sua preservação'. Centro de Convivência Cultural de Campinas ainda depende da conclusão da 2ª fase da reforma para ser reaberto ao público
Fernando Evans/g1
A aprovação pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc) do pedido da Prefeitura para cercamento do Centro de Convivência Cultural (CCC), fechado há 14 anos e cuja reforma será entregue em julho, tem gerado debate nas redes sociais e foi alvo de manifestação da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (Asbea-SP), que definiu a medida como "um retrocesso urbanístico" e elencou uma série de impactos negativos - leia mais abaixo.
De acordo com a administração, o projeto prevê gradis de aço transparentes, de 2 metros de altura, semelhantes ao do Bosque dos Jequitibás, instalados a cinco metros de distância da edificação principal, com 19 portões distribuídos ao longo do perímetro, "respeitando normas do Corpo de Bombeiros".
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Em nota, a Secretaria de Cultura e Turismo defende a medida, e alega que "todo grande espaço público precisa de proteção adequada para garantir sua preservação e pleno funcionamento".
A prefeitura também defende que a Praça Imprensa Fluminense, onde fica o CCC, permanecerá aberta e o funcionamento da Feira Hippie não será alterado. "O cercamento se refere apenas a pontos sensíveis da estrutura do teatro de arena, que precisam de proteção após o investimento de R$ 64 milhões na requalificação", diz a nota.
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'Atentado ao direito à cidade'
Em comunicado enviado ao g1, a Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (Asbea-SP) manifestou contrariedade a decisão do Condepacc, e definiu que a medida representa "um grave retrocesso do ponto de vista urbanístico e um atentado ao direito à cidade."
"O Centro de Convivência foi concebido pelo arquiteto Fábio Penteado como um espaço aberto, democrático e acessível, voltado à convivência, ao encontro e à expressão cultural. Cercá-lo contraria frontalmente sua vocação original e compromete sua função como equipamento público integrador", afirma a associação.
Ainda segundo a Asbea-SP, que pede que a prefeitura e o Condepacc reavaliem a decisão, o fechamento de espaço público com gradis, sob a ótica do urbanismo, acarreta uma série de impactos negativos. São eles:
Rompe com a continuidade e fluidez do tecido urbano, isolando áreas que deveriam ser permeáveis e integradas à vida cotidiana da cidade;
Enfraquece a segurança no longo prazo, ao reduzir a presença ativa de pessoas, favorecendo o esvaziamento e a degradação do espaço;
Desvaloriza o espaço público como lugar de convivência e bem coletivo, substituindo a ideia de cidadania pela lógica do controle e da exclusão.
"É essencial buscar soluções mais sensatas, sustentáveis e coerentes com os princípios de uma cidade inclusiva, acessível e viva", destaca a Asbea.
Segurança e vandalismo
A prefeitura de Campinas argumenta que a proposta de cercamento do CCC "trata-se de uma medida técnica de preservação da estrutura do teatro, aprovada por unanimidade pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc), com o objetivo de proteger as áreas requalificadas do teatro, que já sofreram atos de vandalismo".
"O CCC está fechado desde 2012, quando ainda recebeu algumas peças de teatro no início do ano. Desde então, a população aguarda ansiosamente pela reabertura desse importante espaço cultural. O cercamento é uma das etapas finais para garantir a segurança da estrutura e permitir que o complexo volte a ser plenamente utilizado com qualidade e segurança", enfatiza a nota.
Sobre o tema, a Asbea-SP afirma que medidas como o cercamento afastam a população e "eximem o poder público de sua responsabilidade com a gestão e ativação do espaço".
"A segurança, a conservação e a qualidade dos espaços públicos devem ser garantidas por políticas que estimulem o uso, a ocupação ativa e o cuidado coletivo — não pelo enclausuramento e pela segregação. Medidas como a oferta contínua de programação cultural e comunitária (inclusive em dias úteis), a iluminação adequada, o monitoramento e a atuação da guarda municipal são caminhos muito mais eficazes e duradouros do que o simples cercamento."
"Cercamentos como o que está sendo implantado no CCC são práticas comuns em grandes centros urbanos do Brasil e do mundo, sempre com o objetivo de proteger o patrimônio público, assegurar sua longevidade e garantir o acesso da população com qualidade, segurança e respeito à história", diz a pasta.
'Praça aberta e livre'
A Secretaria de Cultura garante que "o cercamento não impedirá o uso público do espaço", seguindo modelos já implantados em equipamentos históricos pelo mundo, como Coliseu (Roma), Jardim da Estrela (Lisboa) e Jardins Reais (Madri).
"Importante reforçar que a Praça Imprensa Fluminense permanecerá aberta e livre para uso da população, como sempre foi. Além disso, o funcionamento da Feira Hippie não será alterado. O cercamento se refere apenas a pontos sensíveis da estrutura do teatro de arena, que precisam de proteção após o investimento de R$ 64 milhões na requalificação", diz a nota.
Como está o Centro de Convivência por dentro?
VÍDEO: veja como está o Centro de Convivência por dentro e quais tecnologias o teatro de C
Fechado há 14 anos e com sucessivos atrasos na obra ao longo da década, o Centro de Convivência Cultural de Campinas (SP) está na reta final da reforma para ser entregue em julho. O g1 visitou o lugar em maio para mostrar as tecnologias instaladas no teatro, além das novidades da área interna - assista acima.
Com investimento de R$ 38,9 milhões, a reforma vai garantir mais automatização dos sistemas de som, imagem e iluminação - o que deve oferecer melhor experiência ao público durante as peças que serão encenadas.
O Centro de Convivência, interditado desde 2011 por problemas estruturais, contará com comunicação entre camarins, palco e mesa de controle, cabine de audiodescrição e maquinaria cênica totalmente motorizada. Confira abaixo.
As obras
A segunda fase da reforma do Centro teve início em maio de 2024. Esta etapa inclui as novas instalações e automação da luminotécnica de toda a área do complexo, a iluminação cênica, áudio e vídeo e a cenotecnia.
Entre outros serviços executados na segunda etapa da reforma estão a estrutura do piso do palco e fosso da orquestra, estrutura metálica da passarela técnica e urdimento (armação posicionada ao longo do teto do palco que permite o funcionamento e fixação dos dispositivos cênicos).
"Isso vai permitir muito mais produções sem exigir que esses produtores tragam equipamentos de fora", explica Claudio Orlandi, engenheiro responsável pela obra.
"Todo o nosso sistema é automatizado, não só iluminação, tudo você opera por tablet. A mesa de som 'é uma BMW'. Aqui foi priorizado, no teatro, uma parte toda eletrônica e tecnológica de primeira linha. Isso explica um investimento tão alto", afirma.
Segundo a prefeitura, apenas o urdimento, usado para a construção de cenários, por exemplo, custou cerca de R$ 15 milhões. Essa estrutura inclui varas fixadas no teto do palco do teatro com motores para que tenham a altura regulada, além de iluminação, dimmers e equipamentos necessários para a automação.
"A integração entre camarins, palco e mesa de controle, o público não vê. Mas quem usa o teatro vai ser muito beneficiado. O público vai ver tudo isso em termos de iluminação e sonorização, e isso muda toda a experiência dos usuários", diz Orlandi.
Atraso nas obras
A entrega da 2ª fase da reforma do teatro, que, se cumprida, encerrará um impasse de 14 anos com um dos maiores equipamentos culturais da metrópole sem uso, teve um atraso de dois meses - a última previsão do Executivo era para maio.
Por que atrasou? Segundo a prefeitura, o adiamento aconteceu por conta de materiais que precisavam de importação, além de mão de obra. Desde 2011, a licitação para a reforma sofreu uma série de contestações e atrasos, até ser finalmente lançada em outubro de 2020.
A partir disso, a obra foi dividida em duas fases - que também tiveram prorrogações de prazo. Veja abaixo o que foi feito em cada fase e uma galeria de fotos de como ficou o espaço, que, de acordo com a administração, vai receber espetáculos teatrais e apresentações musicais. O valor total da obra foi de R$ 60 milhões.
Reforma do Teatro do Centro de Convivência de Cultural de Campinas
Bárbara Camilotti/g1
Segunda fase
A segunda fase, que custou 38,9 milhões, contemplou instalação dos equipamentos necessários para funcionamento do espaço, como estrutura de som, vídeo e iluminação – é o chamado “coração do CCC”.
A prefeitura afirmou que, no fim de junho, vai iniciar o teste de todos os equipamentos e peças que foram instalados no local. Depois, em julho, a Secretaria de Cultura e Turismo inicia a colocação de mobiliário.
"Com a reforma, ele se transforma em um teatro de ponta, um dos melhores do país sem dúvida. Não só do ponto de vista da experiência do público, mas também operacional de quem vai vir trabalhar. Isso era uma preocupação muito grande da secretaria, de que todos os artistas queiram vir fazer sua turnê. A expectativa é ter todo o cenário nacional aqui", disse a secretária de Cultura e Turismo, Alexandra Capriolli.
O que foi feito:
Novas instalações e automação da luminotécnica de toda a área do complexo, a iluminação cênica, áudio e vídeo e a cenotecnia;
Estrutura do piso do palco e fosso da orquestra;
Maquinaria cênica totalmente motorizada;
Estrutura metálica da passarela técnica e urdimento (armação posicionada ao longo do teto do palco que permite o funcionamento e fixação dos dispositivos cênicos)
Segundo a prefeitura, um dos grandes diferenciais do novo Centro de Convivência Cultural será a infraestrutura para tradução simultânea e cabine para áudio descrição, além da instalação da concha acústica e rebatedores de som para apresentações da Orquestra Sinfônica de Campinas, que terá o local como nova casa.
O equipamento existe em poucos teatros do Brasil, de acordo com secretária. Por outro lado, não foi possível recuperar o famoso lustre que ficava no espaço. Para substituí-lo, a administração prometeu a colocação de uma estrutura nos mesmos moldes.
Reforma do Teatro do Centro de Convivência de Campinas
Bárbara Camilotti/g1
Valor alto
O custo total de R$ 60 milhões foi dividido entre um aporte do governo estadual de R$ 30 milhões e um financiamento da prefeitura com a Caixa Federal da outra metade, com prazo de dez anos para pagamento.
"Realmente é um valor elevado. Nós tentamos fazer desse ambiente um ambiente de última geração em termos de tecnologia, e isso encareceu a obra. O desafio mais sério que tivemos aqui foi a recuperação do espaço para que ele voltasse a ser utilizado, que foi a impermiabilização do teatro de arena. Fizemos uma pesquisa extensa sobre qual material deveria ser usado e utilizamos um com pouquíssimo uso no Brasil, mas usado em países de primeiro mundo", explicou Carlos Barreiro.
Primeira fase
Campinas entregou no dia 7 de novembro de 2023 a 1ª fase da reforma do Centro de Convivência. A obra de R$ 23,5 milhões recuperou toda a estrutura física do espaço, castigada por um problema crônico de infiltração, e a dificuldade técnica foi apontada como o principal motivo para o atraso de 13 meses no prazo inicial desta fase - reveja no vídeo acima.
Nesta 1ª fase da reforma o principal destaque foi a impermeabilização do Teatro de Arena com um material importado (película de polimetilmetacrilato, ou PMMA, utilizada em arquibancadas de estádios e que possui garantia de 10 anos.
Com a obra, além da impermeabilização, foram feitas as seguintes melhorias na 1ª fase:
Instalação de sistema de detecção e combate a incêndio;
Sistema de ar-condicionado em todas as salas e espaços de uso coletivo;
Um poço auxiliar de 13 metros de profundidade para drenagem da água que se acumulava no fosso do teatro;
Substituição de toda a parte hidráulica e elétrica;
Reforma da alvenaria, camarins, áreas de ensaio, de circulação, de exposição e administrativas (incluindo a área da Orquestra Sinfônica);
Revestimento acústico na plateia e no palco;
Acessibilidade - rampas, instalação de plataformas elevatórias e elevadores, banheiros para Pessoas com Deficiência (PCD), corrimão em todas as escadas.
Equipamentos para colocação de concha acústica no Centro de Conviência de Campinas
Bárbara Camilotti/g1
Histórico e estrutura
Inaugurado em 9 de setembro de 1976, o Centro de Convivência Cultural foi projetado pelo arquiteto Fábio Penteado.
O complexo tem 6 mil m² de área, sendo 4 mil m² de área externa, onde fica o Teatro de Arena com capacidade para 3 mil pessoas.
Na área interna, que tem 2 mil m², há saguão, 6 salas (de espetáculo, de ensaio, técnica e administrativas), teatro com 500 lugares, 4 galerias e 10 camarins (6 individuais e 4 coletivos, sendo um para PCD).
Há banheiros masculino e feminino e PCD no espaço do café, no teatro, na praça e nas áreas administrativas.
Centro de Convivência Cultural de Campinas
Bárbara Camilotti/g1
Confira abaixo mais imagens do novo Centro de Convivência Cultural de Campinas
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VÍDEOS: tudo sobre Campinas e região
Fernando Evans/g1
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De acordo com a administração, o projeto prevê gradis de aço transparentes, de 2 metros de altura, semelhantes ao do Bosque dos Jequitibás, instalados a cinco metros de distância da edificação principal, com 19 portões distribuídos ao longo do perímetro, "respeitando normas do Corpo de Bombeiros".
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Em nota, a Secretaria de Cultura e Turismo defende a medida, e alega que "todo grande espaço público precisa de proteção adequada para garantir sua preservação e pleno funcionamento".
A prefeitura também defende que a Praça Imprensa Fluminense, onde fica o CCC, permanecerá aberta e o funcionamento da Feira Hippie não será alterado. "O cercamento se refere apenas a pontos sensíveis da estrutura do teatro de arena, que precisam de proteção após o investimento de R$ 64 milhões na requalificação", diz a nota.
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"O Centro de Convivência foi concebido pelo arquiteto Fábio Penteado como um espaço aberto, democrático e acessível, voltado à convivência, ao encontro e à expressão cultural. Cercá-lo contraria frontalmente sua vocação original e compromete sua função como equipamento público integrador", afirma a associação.
Ainda segundo a Asbea-SP, que pede que a prefeitura e o Condepacc reavaliem a decisão, o fechamento de espaço público com gradis, sob a ótica do urbanismo, acarreta uma série de impactos negativos. São eles:
Rompe com a continuidade e fluidez do tecido urbano, isolando áreas que deveriam ser permeáveis e integradas à vida cotidiana da cidade;
Enfraquece a segurança no longo prazo, ao reduzir a presença ativa de pessoas, favorecendo o esvaziamento e a degradação do espaço;
Desvaloriza o espaço público como lugar de convivência e bem coletivo, substituindo a ideia de cidadania pela lógica do controle e da exclusão.
"É essencial buscar soluções mais sensatas, sustentáveis e coerentes com os princípios de uma cidade inclusiva, acessível e viva", destaca a Asbea.
Segurança e vandalismo
A prefeitura de Campinas argumenta que a proposta de cercamento do CCC "trata-se de uma medida técnica de preservação da estrutura do teatro, aprovada por unanimidade pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc), com o objetivo de proteger as áreas requalificadas do teatro, que já sofreram atos de vandalismo".
"O CCC está fechado desde 2012, quando ainda recebeu algumas peças de teatro no início do ano. Desde então, a população aguarda ansiosamente pela reabertura desse importante espaço cultural. O cercamento é uma das etapas finais para garantir a segurança da estrutura e permitir que o complexo volte a ser plenamente utilizado com qualidade e segurança", enfatiza a nota.
Sobre o tema, a Asbea-SP afirma que medidas como o cercamento afastam a população e "eximem o poder público de sua responsabilidade com a gestão e ativação do espaço".
"A segurança, a conservação e a qualidade dos espaços públicos devem ser garantidas por políticas que estimulem o uso, a ocupação ativa e o cuidado coletivo — não pelo enclausuramento e pela segregação. Medidas como a oferta contínua de programação cultural e comunitária (inclusive em dias úteis), a iluminação adequada, o monitoramento e a atuação da guarda municipal são caminhos muito mais eficazes e duradouros do que o simples cercamento."
"Cercamentos como o que está sendo implantado no CCC são práticas comuns em grandes centros urbanos do Brasil e do mundo, sempre com o objetivo de proteger o patrimônio público, assegurar sua longevidade e garantir o acesso da população com qualidade, segurança e respeito à história", diz a pasta.
'Praça aberta e livre'
A Secretaria de Cultura garante que "o cercamento não impedirá o uso público do espaço", seguindo modelos já implantados em equipamentos históricos pelo mundo, como Coliseu (Roma), Jardim da Estrela (Lisboa) e Jardins Reais (Madri).
"Importante reforçar que a Praça Imprensa Fluminense permanecerá aberta e livre para uso da população, como sempre foi. Além disso, o funcionamento da Feira Hippie não será alterado. O cercamento se refere apenas a pontos sensíveis da estrutura do teatro de arena, que precisam de proteção após o investimento de R$ 64 milhões na requalificação", diz a nota.
Como está o Centro de Convivência por dentro?
VÍDEO: veja como está o Centro de Convivência por dentro e quais tecnologias o teatro de C
Fechado há 14 anos e com sucessivos atrasos na obra ao longo da década, o Centro de Convivência Cultural de Campinas (SP) está na reta final da reforma para ser entregue em julho. O g1 visitou o lugar em maio para mostrar as tecnologias instaladas no teatro, além das novidades da área interna - assista acima.
Com investimento de R$ 38,9 milhões, a reforma vai garantir mais automatização dos sistemas de som, imagem e iluminação - o que deve oferecer melhor experiência ao público durante as peças que serão encenadas.
O Centro de Convivência, interditado desde 2011 por problemas estruturais, contará com comunicação entre camarins, palco e mesa de controle, cabine de audiodescrição e maquinaria cênica totalmente motorizada. Confira abaixo.
As obras
A segunda fase da reforma do Centro teve início em maio de 2024. Esta etapa inclui as novas instalações e automação da luminotécnica de toda a área do complexo, a iluminação cênica, áudio e vídeo e a cenotecnia.
Entre outros serviços executados na segunda etapa da reforma estão a estrutura do piso do palco e fosso da orquestra, estrutura metálica da passarela técnica e urdimento (armação posicionada ao longo do teto do palco que permite o funcionamento e fixação dos dispositivos cênicos).
"Isso vai permitir muito mais produções sem exigir que esses produtores tragam equipamentos de fora", explica Claudio Orlandi, engenheiro responsável pela obra.
"Todo o nosso sistema é automatizado, não só iluminação, tudo você opera por tablet. A mesa de som 'é uma BMW'. Aqui foi priorizado, no teatro, uma parte toda eletrônica e tecnológica de primeira linha. Isso explica um investimento tão alto", afirma.
Segundo a prefeitura, apenas o urdimento, usado para a construção de cenários, por exemplo, custou cerca de R$ 15 milhões. Essa estrutura inclui varas fixadas no teto do palco do teatro com motores para que tenham a altura regulada, além de iluminação, dimmers e equipamentos necessários para a automação.
"A integração entre camarins, palco e mesa de controle, o público não vê. Mas quem usa o teatro vai ser muito beneficiado. O público vai ver tudo isso em termos de iluminação e sonorização, e isso muda toda a experiência dos usuários", diz Orlandi.
Atraso nas obras
A entrega da 2ª fase da reforma do teatro, que, se cumprida, encerrará um impasse de 14 anos com um dos maiores equipamentos culturais da metrópole sem uso, teve um atraso de dois meses - a última previsão do Executivo era para maio.
Por que atrasou? Segundo a prefeitura, o adiamento aconteceu por conta de materiais que precisavam de importação, além de mão de obra. Desde 2011, a licitação para a reforma sofreu uma série de contestações e atrasos, até ser finalmente lançada em outubro de 2020.
A partir disso, a obra foi dividida em duas fases - que também tiveram prorrogações de prazo. Veja abaixo o que foi feito em cada fase e uma galeria de fotos de como ficou o espaço, que, de acordo com a administração, vai receber espetáculos teatrais e apresentações musicais. O valor total da obra foi de R$ 60 milhões.
Reforma do Teatro do Centro de Convivência de Cultural de Campinas
Bárbara Camilotti/g1
Segunda fase
A segunda fase, que custou 38,9 milhões, contemplou instalação dos equipamentos necessários para funcionamento do espaço, como estrutura de som, vídeo e iluminação – é o chamado “coração do CCC”.
A prefeitura afirmou que, no fim de junho, vai iniciar o teste de todos os equipamentos e peças que foram instalados no local. Depois, em julho, a Secretaria de Cultura e Turismo inicia a colocação de mobiliário.
"Com a reforma, ele se transforma em um teatro de ponta, um dos melhores do país sem dúvida. Não só do ponto de vista da experiência do público, mas também operacional de quem vai vir trabalhar. Isso era uma preocupação muito grande da secretaria, de que todos os artistas queiram vir fazer sua turnê. A expectativa é ter todo o cenário nacional aqui", disse a secretária de Cultura e Turismo, Alexandra Capriolli.
O que foi feito:
Novas instalações e automação da luminotécnica de toda a área do complexo, a iluminação cênica, áudio e vídeo e a cenotecnia;
Estrutura do piso do palco e fosso da orquestra;
Maquinaria cênica totalmente motorizada;
Estrutura metálica da passarela técnica e urdimento (armação posicionada ao longo do teto do palco que permite o funcionamento e fixação dos dispositivos cênicos)
Segundo a prefeitura, um dos grandes diferenciais do novo Centro de Convivência Cultural será a infraestrutura para tradução simultânea e cabine para áudio descrição, além da instalação da concha acústica e rebatedores de som para apresentações da Orquestra Sinfônica de Campinas, que terá o local como nova casa.
O equipamento existe em poucos teatros do Brasil, de acordo com secretária. Por outro lado, não foi possível recuperar o famoso lustre que ficava no espaço. Para substituí-lo, a administração prometeu a colocação de uma estrutura nos mesmos moldes.
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Valor alto
O custo total de R$ 60 milhões foi dividido entre um aporte do governo estadual de R$ 30 milhões e um financiamento da prefeitura com a Caixa Federal da outra metade, com prazo de dez anos para pagamento.
"Realmente é um valor elevado. Nós tentamos fazer desse ambiente um ambiente de última geração em termos de tecnologia, e isso encareceu a obra. O desafio mais sério que tivemos aqui foi a recuperação do espaço para que ele voltasse a ser utilizado, que foi a impermiabilização do teatro de arena. Fizemos uma pesquisa extensa sobre qual material deveria ser usado e utilizamos um com pouquíssimo uso no Brasil, mas usado em países de primeiro mundo", explicou Carlos Barreiro.
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Com a obra, além da impermeabilização, foram feitas as seguintes melhorias na 1ª fase:
Instalação de sistema de detecção e combate a incêndio;
Sistema de ar-condicionado em todas as salas e espaços de uso coletivo;
Um poço auxiliar de 13 metros de profundidade para drenagem da água que se acumulava no fosso do teatro;
Substituição de toda a parte hidráulica e elétrica;
Reforma da alvenaria, camarins, áreas de ensaio, de circulação, de exposição e administrativas (incluindo a área da Orquestra Sinfônica);
Revestimento acústico na plateia e no palco;
Acessibilidade - rampas, instalação de plataformas elevatórias e elevadores, banheiros para Pessoas com Deficiência (PCD), corrimão em todas as escadas.
Equipamentos para colocação de concha acústica no Centro de Conviência de Campinas
Bárbara Camilotti/g1
Histórico e estrutura
Inaugurado em 9 de setembro de 1976, o Centro de Convivência Cultural foi projetado pelo arquiteto Fábio Penteado.
O complexo tem 6 mil m² de área, sendo 4 mil m² de área externa, onde fica o Teatro de Arena com capacidade para 3 mil pessoas.
Na área interna, que tem 2 mil m², há saguão, 6 salas (de espetáculo, de ensaio, técnica e administrativas), teatro com 500 lugares, 4 galerias e 10 camarins (6 individuais e 4 coletivos, sendo um para PCD).
Há banheiros masculino e feminino e PCD no espaço do café, no teatro, na praça e nas áreas administrativas.
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