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Mulher esfaqueada pelo ex enquanto filho dormia teve corda vocal atingida: 'Ele dizia que me amava', afirma

Mulher esfaqueada pelo ex enquanto filho dormia teve corda vocal atingida: 'Ele dizia que me amava', afirma
Vítima de tentativa de feminicídio em Santos (SP) ficou com cicatrizes
Arquivo Pessoal
A mulher que foi esfaqueada pelo ex-companheiro enquanto o filho, de quatro anos, dormia em Santos, no litoral de São Paulo, tenta reconstruir a vida após a tentativa de feminicídio. Além das questões psicológicas, ela contou ao g1 que ficou com sequelas físicas, como dificuldade na fala após alguns dos golpes de faca atingirem uma corda vocal. O homem foi preso e será levado a júri popular.
O caso aconteceu na madrugada de 2 de março, na residência da vítima, de 29 anos, no bairro Embaré. De acordo com a denúncia do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), Lucas Lopes da Silva, também de 29, cometeu o crime porque não aceitava o fim do relacionamento.
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A vítima relatou que havia terminado a relação porque Lucas apresentava um comportamento obsessivo. "Por medo, aceitei continuar amizade com ele, mas ele quebrou todos os limites", afirmou a mulher, que preferiu não ser identificada.
Ainda de acordo com o relato, Lucas atacou a vítima durante uma discussão, após mexer no celular da mulher e constatar que ela trabalhava em um setor majoritariamente masculino.
Apesar de saber que o ex-companheiro era ciumento, a vítima afirmou que nunca imaginou que ele poderia fazer algo contra ela. "Ele dizia que me amava muito, que estaria comigo nas horas boas e ruins. Que éramos uma família", explicou.
Sequelas
A mulher ficou nove dias internada em um hospital da cidade, sendo parte desse tempo na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Quatro meses depois, ela afirmou ainda sofrer com crises de ansiedade e dores musculares. A vítima também relatou dificuldades para respirar e falar.
Atualmente, ela tenta reconstruir a vida com as sequelas físicas e psicológicas deixadas pela tentativa de feminicídio. "Tem sido desafiador, mas me sinto bem por ter muitas pessoas que torcem pela minha recuperação".
Ela acrescentou que tem a vontade de usar a própria história para ajudar outras vítimas: "Eu me sinto uma super mulher, capaz de qualquer coisa. Quero muito ajudar outras mulheres, mas me sinto impotente por não ter muita voz. O meu maior desejo é poder ajudar e ser um grande exemplo".
À esquerda, faca (imagem ilustrativa). À direita, cicatrizes de vítima de tentativa de feminicídio em Santos (SP)
Pixabay e Arquivo Pessoal
Defesa
Por meio de nota, o advogado Giuliano Luiz Teixeira Gaino, que representa Lucas, afirmou refutar a acusação da denúncia oferecida pelo MP-SP e também os relatos da vítima. De acordo com ele, cada depoimento da mulher apresenta uma versão diferente sobre os fatos.
O advogado afirmou que, se for preciso, provará a inocência do acusado ao Conselho de Sentença. "A prova dos autos demonstra que Lucas não agiu com intenção de matar uma vez que ele mesmo chamou a Polícia Militar, o Samu e aguardou pela chegada das viaturas no local", destacou Gaino.
Relembre o caso
Conforme relatado no boletim de ocorrência, o homem acionou a Polícia Militar (PM) e confessou que havia esfaqueado a ex-companheira. A vítima foi levada para um hospital da cidade, onde permaneceu internada por nove dias.
De acordo com a mulher, Lucas estava na casa porque tinha se oferecido para cuidar do filho dela. O homem foi preso em flagrante e a vítima solicitou medida protetiva de urgência.
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Júri popular
O juiz Alexandre Betini recebeu a denúncia do MP-SP em 10 de abril, e decidiu pronunciar Lucas para que ele seja submetido ao julgamento do Tribunal do Júri por tentativa de feminicídio.
Segundo Betini, a materialidade do crime foi demonstrada pelo BO, depoimentos e laudos periciais do local e de lesão corporal da vítima. "Não há como deixar de submeter o réu ao julgamento pelos juízes de fato, que poderão decidir com sua convicção pelas provas que vierem a lhes ser demonstradas".
Assistente de acusação
Ao g1, o advogado Renan Lourenço, que auxilia o MP-SP como assistente de acusação, afirmou estar diante de um dos casos mais dolorosos que já trabalhou. De acordo com ele, a vítima sobreviveu a mais de 20 facadas, mas não saiu ilesa da tentativa de feminicídio.
"Nós, como assistente de acusação, faremos de tudo para que a dor dela não seja esquecida, ignorada ou desvalorizada porque a Justiça precisa ouvir com clareza o grito silencioso de tantas mulheres que foram atacadas, que vivem com medo ou que não tiveram a chance de sobreviver", disse o advogado.
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