Com 'jardins de chuva', ambientalistas transformam ponto de alagamento em área de paisagismo em Itu

Projeto que imita o sistema biológico da natureza ajuda no combate às enchentes e na poluição da água. Espaço foi instalado em outubro de 2023 e, durante quase dois anos, apresentou excelentes resultados, sem necessidade de muitas manutenções, segundo a Fundação SOS Mata Atlântica. Quase dois anos após instalação, especialistas comemoram resultados de jardim de chuva
Um espaço que utiliza a atividade biológica de plantas e microrganismos para filtrar poluentes e aumentar a retenção e infiltração da água da chuva. Esse método, conhecido como "jardim de chuva", é uma solução de engenharia que imita os processos naturais e ajuda a evitar alagamentos em áreas urbanas.
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Em outubro de 2023, o Parque Ecológico do Taboão, em Itu (SP), recebeu a instalação do primeiro "jardim de chuva" em área pública da cidade. A iniciativa foi resultado de uma parceria entre a Fundação SOS Mata Atlântica, uma empresa do setor de limpeza e a prefeitura.
Dois anos após a implantação, o g1 conversou com Gustavo Veronesi, da Fundação SOS Mata Atlântica; Valéria Rusticci, secretária do Meio Ambiente; e Leonardo Tannous, do Águav; para entender o andamento da iniciativa e os resultados alcançados. Em nota, os representantes da ONG explicaram a eficiência do jardim.
"Tivemos um bom controle da erosão dentro do parque. Esse problema praticamente parou, o que é muito positivo. O jardim tem sido eficiente para evitar o transporte de terra e sujeira, tanto dentro do parque — onde isso era comum — quanto no Córrego Taboão, contribuindo para a melhora da qualidade da água", explica o documento.
'Jardim de chuva' foi instalado em 2023 no Parque Municipal de Itu (SP)
SOS Mata Atlântica/Divulgação
Eles ressaltam que, embora ainda não tenha sido feita uma análise técnica dos resultados, é perceptível a melhora na aparência da água. Além disso, quase não houve necessidade de manutenção.
"Os drenos estão funcionando bem, e as plantas se adaptaram facilmente, pois foram escolhidas de acordo com as características do local. Apesar de ainda não haver uma análise para medir a qualidade da água no trecho dentro do parque, foi possível notar melhorias, inclusive na aparência", concluem.
"O jardim está em uma área onde o solo permite a infiltração da água. Por isso, dentro do parque, quase não foi preciso fazer intervenções, nem houve custos. Mas, se estivesse em uma área urbana, com solo impermeável, provavelmente os drenos entupiriam, exigindo manutenção constante e gerando mais gastos", avaliam.
?️ 'Jardim de chuva' ?
Parque municipal recebe instalação de 'jardim de chuva' para ajudar a evitar alagamentos em Itu
Divulgação
Além de reproduzir os processos naturais e oferecer diversos benefícios no combate às enchentes e à poluição da água, o "jardim de chuva" surge como uma alternativa aos piscinões — estruturas de concreto que costumam acumular lixo e, com isso, atrair insetos e animais indesejáveis, de acordo com o geógrafo Gustavo Veronese.
"Os piscinões causam muitos problemas de saúde pública. O 'jardim de chuva', não. O jardim vai reter a água de chuva de uma forma mais harmoniosa com o ambiente. Portanto, os principais benefícios do projeto são evitar enchentes, conter a água de chuva e, ao mesmo tempo, trazer embelezamento e frescor climático para o ambiente local", diz.
O profissional ainda explica que, para a implementação dos jardins, é necessário cavar um buraco no chão, em uma localização onde a água flui naturalmente. Dessa forma, a água é retida no solo com a obra de engenharia que imita a atividade biológica da natureza.
"A estrutura é feita com camadas de brita, camadas de solo e um ajardinamento, de preferência com espécies nativas, para tornar o ambiente, ao mesmo tempo, bonito e controlar essa chegada da água no rio mais próximo", explica.
Além disso, é necessário haver mais de uma estrutura de "jardim de chuva", segundo Gustavo. O espaço fica semelhante a um jardim comum, porém com a função extra de reter a água da chuva e, dessa forma, também filtrá-la.
"A ideia é que o 'jardim de chuva' seja feito por uma pessoa com conhecimento mínimo de engenharia, botânica e questões ambientais. E é sempre desejável — e preferível — que seja feito por um ente público, ou pelo menos com o acompanhamento de um ente público, já que normalmente será implantado em locais públicos, como ruas e praças", complementa.
Geógrafo Gustavo Veronese, de Itu (SP), fala sobre processo de instalação do 'jardim de chuva'
SOS Mata Atlântica/Divulgação
"Além do caminho de água identificado, é necessário compreender por onde a água faz seu percurso, e, claro, precisa haver mais de um 'jardim de chuva'. Um só não resolve. É necessário estruturar, dependendo do tamanho da bacia, da quantidade de água que chega naquela bacia hidrográfica, e mensurar a quantidade de 'jardins de chuva' necessária para fazer a retenção da água", diz.
Apesar de não ser um conceito novo — já que algumas cidades já se beneficiam do espaço — ainda não há um município da região que seja referência na instalação dos "jardins de chuva", segundo Gustavo. Ele ressalta que ainda é necessário aperfeiçoar o conhecimento sobre a implementação para que eles se tornem mais comuns e eficientes.
"Os 'jardins de chuva' são principalmente para serem colocados em áreas urbanas, áreas muito impermeabilizadas. Essa impermeabilização faz com que a água não infiltre no solo. Então, essa água corre com muita velocidade para a parte mais baixa do terreno — que é um rio — ocasionando as enchentes. Por isso, são super indicados principalmente para áreas urbanas", explica.
"Nós somos natureza. Nascemos, crescemos, vivemos. Precisamos de oxigênio, de alimento, de sol, de água — como qualquer outro ser vivo. Precisamos cuidar da nossa casa comum. E não é isso que temos visto, principalmente por parte dos tomadores de decisão, que sempre estão tentando jogar contra isso. Não há oposição entre desenvolvimento econômico e social e a preservação do meio ambiente. As coisas podem — e devem — caminhar juntas", finaliza.
'Jardim de chuva' ajuda a limpar água e retém alagamentos em Parque Municipal de Itu (SP)
SOS Mata Atlântica/Divulgação
'Jardins de chuva' ajudam no combate de enchentes e poluição da água em Itu (SP)
SOS Mata Atlântica/Divulgação
*Colaborou sob supervisão de Júlia Martins
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Um espaço que utiliza a atividade biológica de plantas e microrganismos para filtrar poluentes e aumentar a retenção e infiltração da água da chuva. Esse método, conhecido como "jardim de chuva", é uma solução de engenharia que imita os processos naturais e ajuda a evitar alagamentos em áreas urbanas.
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Em outubro de 2023, o Parque Ecológico do Taboão, em Itu (SP), recebeu a instalação do primeiro "jardim de chuva" em área pública da cidade. A iniciativa foi resultado de uma parceria entre a Fundação SOS Mata Atlântica, uma empresa do setor de limpeza e a prefeitura.
Dois anos após a implantação, o g1 conversou com Gustavo Veronesi, da Fundação SOS Mata Atlântica; Valéria Rusticci, secretária do Meio Ambiente; e Leonardo Tannous, do Águav; para entender o andamento da iniciativa e os resultados alcançados. Em nota, os representantes da ONG explicaram a eficiência do jardim.
"Tivemos um bom controle da erosão dentro do parque. Esse problema praticamente parou, o que é muito positivo. O jardim tem sido eficiente para evitar o transporte de terra e sujeira, tanto dentro do parque — onde isso era comum — quanto no Córrego Taboão, contribuindo para a melhora da qualidade da água", explica o documento.
'Jardim de chuva' foi instalado em 2023 no Parque Municipal de Itu (SP)
SOS Mata Atlântica/Divulgação
Eles ressaltam que, embora ainda não tenha sido feita uma análise técnica dos resultados, é perceptível a melhora na aparência da água. Além disso, quase não houve necessidade de manutenção.
"Os drenos estão funcionando bem, e as plantas se adaptaram facilmente, pois foram escolhidas de acordo com as características do local. Apesar de ainda não haver uma análise para medir a qualidade da água no trecho dentro do parque, foi possível notar melhorias, inclusive na aparência", concluem.
"O jardim está em uma área onde o solo permite a infiltração da água. Por isso, dentro do parque, quase não foi preciso fazer intervenções, nem houve custos. Mas, se estivesse em uma área urbana, com solo impermeável, provavelmente os drenos entupiriam, exigindo manutenção constante e gerando mais gastos", avaliam.
?️ 'Jardim de chuva' ?
Parque municipal recebe instalação de 'jardim de chuva' para ajudar a evitar alagamentos em Itu
Divulgação
Além de reproduzir os processos naturais e oferecer diversos benefícios no combate às enchentes e à poluição da água, o "jardim de chuva" surge como uma alternativa aos piscinões — estruturas de concreto que costumam acumular lixo e, com isso, atrair insetos e animais indesejáveis, de acordo com o geógrafo Gustavo Veronese.
"Os piscinões causam muitos problemas de saúde pública. O 'jardim de chuva', não. O jardim vai reter a água de chuva de uma forma mais harmoniosa com o ambiente. Portanto, os principais benefícios do projeto são evitar enchentes, conter a água de chuva e, ao mesmo tempo, trazer embelezamento e frescor climático para o ambiente local", diz.
O profissional ainda explica que, para a implementação dos jardins, é necessário cavar um buraco no chão, em uma localização onde a água flui naturalmente. Dessa forma, a água é retida no solo com a obra de engenharia que imita a atividade biológica da natureza.
"A estrutura é feita com camadas de brita, camadas de solo e um ajardinamento, de preferência com espécies nativas, para tornar o ambiente, ao mesmo tempo, bonito e controlar essa chegada da água no rio mais próximo", explica.
Além disso, é necessário haver mais de uma estrutura de "jardim de chuva", segundo Gustavo. O espaço fica semelhante a um jardim comum, porém com a função extra de reter a água da chuva e, dessa forma, também filtrá-la.
"A ideia é que o 'jardim de chuva' seja feito por uma pessoa com conhecimento mínimo de engenharia, botânica e questões ambientais. E é sempre desejável — e preferível — que seja feito por um ente público, ou pelo menos com o acompanhamento de um ente público, já que normalmente será implantado em locais públicos, como ruas e praças", complementa.
Geógrafo Gustavo Veronese, de Itu (SP), fala sobre processo de instalação do 'jardim de chuva'
SOS Mata Atlântica/Divulgação
"Além do caminho de água identificado, é necessário compreender por onde a água faz seu percurso, e, claro, precisa haver mais de um 'jardim de chuva'. Um só não resolve. É necessário estruturar, dependendo do tamanho da bacia, da quantidade de água que chega naquela bacia hidrográfica, e mensurar a quantidade de 'jardins de chuva' necessária para fazer a retenção da água", diz.
Apesar de não ser um conceito novo — já que algumas cidades já se beneficiam do espaço — ainda não há um município da região que seja referência na instalação dos "jardins de chuva", segundo Gustavo. Ele ressalta que ainda é necessário aperfeiçoar o conhecimento sobre a implementação para que eles se tornem mais comuns e eficientes.
"Os 'jardins de chuva' são principalmente para serem colocados em áreas urbanas, áreas muito impermeabilizadas. Essa impermeabilização faz com que a água não infiltre no solo. Então, essa água corre com muita velocidade para a parte mais baixa do terreno — que é um rio — ocasionando as enchentes. Por isso, são super indicados principalmente para áreas urbanas", explica.
"Nós somos natureza. Nascemos, crescemos, vivemos. Precisamos de oxigênio, de alimento, de sol, de água — como qualquer outro ser vivo. Precisamos cuidar da nossa casa comum. E não é isso que temos visto, principalmente por parte dos tomadores de decisão, que sempre estão tentando jogar contra isso. Não há oposição entre desenvolvimento econômico e social e a preservação do meio ambiente. As coisas podem — e devem — caminhar juntas", finaliza.
'Jardim de chuva' ajuda a limpar água e retém alagamentos em Parque Municipal de Itu (SP)
SOS Mata Atlântica/Divulgação
'Jardins de chuva' ajudam no combate de enchentes e poluição da água em Itu (SP)
SOS Mata Atlântica/Divulgação
*Colaborou sob supervisão de Júlia Martins
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