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Comediante aparece nua em fotos manipuladas e denuncia deepfake: 'Minha avó acreditaria nas imagens'

Comediante aparece nua em fotos manipuladas e denuncia deepfake: 'Minha avó acreditaria nas imagens'
Espírito Santo registrou, de janeiro a maio de 2025, 1.131 casos de crimes informáticos. Em um dos casos, uma mulher relatou que um homem enviou fotos suas alteradas por inteligência artificial em que ela aparecia sem roupa. Crimes com deepfake avançam no ES
"A gente acha que só acontece em filme e série. A gente nunca está preparado. A minha avó de 80 anos acreditaria na imagem". Esse foi o desabafo da influencer e comediante Paula Barreto, de 30 anos, moradora de Marataízes, no Sul do Espírito Santo. A mulher foi vítima de deepfake em que criminosos usaram fotos suas já existentes para criar uma montagem falsa simulando que a publicitária estava nua.
O caso aconteceu em fevereiro deste ano e ainda é investigado pela Delegacia de Polícia da cidade. Ninguém foi preso até a última atualização desta reportagem.
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Casos como esse, de crimes digitais, cresceram no Espírito Santo. Segundo dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp), o estado registrou, de janeiro a maio de 2025, 1.131 casos de crimes informáticos, onde se enquadram situações como a sofrida pela comediante.
Os dados também apontaram que, de 2023 para 2024, houve um aumento de quase 30% dos casos.
➡️Deepfake é uma técnica que utiliza inteligência artificial (IA) para manipular imagens, vídeos ou áudios, criando conteúdos falsos que parecem reais. Com ela, por exemplo, é possível trocar o rosto de uma pessoa em um vídeo por outro, alterar expressões faciais, movimentos labiais e até modificar o que a pessoa aparenta estar dizendo.
Paula Barreto, influencer e comediante de Marataízes, Espírito Santo, foi vítima de deepfake
Acervo pessoal
O material falso é criado a partir de conteúdos verdadeiros da pessoa, que são modificados por meio de aplicativos ou programas de edição que já existem no mercado.
Um dos usos mais preocupantes dessas ferramentas é justamente a criação de vídeos pornográficos com o rosto de outras pessoas, e também na política, principalmente durante campanhas eleitorais.
A descoberta
Paula é publicitária e trabalha como humorista fazendo shows de stand up pela cidade. A mulher descobriu sobre as imagens falsas quando foi abordada por um homem nas redes sociais.
"Recebi uma mensagem no meu direct de um rapaz que me seguia e mora na mesma cidade que eu. Ele mandou as imagens alteradas, de prints de vídeos onde apareço, só que removeram minhas roupas com Inteligência Artificial. Ele tentava brincar com a situação, debochava, perguntou se eu era assim como nas fotos, e ficava falando a todo momento que era pra eu mandar fotos comprovando que não era eu", contou.
Paula Barreto, influencer e comediante de Marataízes, Espírito Santo, foi vítima de deepfake
Acervo pessoal
Durante a conversa, o homem não a ameaçou nem chantageou por ter as imagens, mas a publicitária ficou com medo do que ele poderia fazer com o conteúdo falso.
"Foram imagens que me chocaram muito porque não era eu. Imediatamente, a primeira coisa que eu pensei foi abrir o Instagram, gravar alguns stories falando que se alguém recebesse não repassasse. Eu sabia que era crime repassar essas imagens", narrou.
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Em seguida, a influencer procurou uma advogada e foi até a delegacia registrar um Boletim de Ocorrência. A última atualização que a vítima teve sobre o caso é que uma pessoa seria ouvida. A Polícia Civil foi procurada e informou apenas que o caso segue sob investigação da Delegacia de Marataízes e que nenhuma outra informação seria repassada.
"Estou fazendo acompanhamento psicológico e psiquiátrico, tomando remédio para conseguir dormir. Tive muita ansiedade e pânico. Não sei se vão achar a pessoa, se a pessoa está dormindo tranquilamente. Eu tenho filha, então muita coisa passou pela minha cabeça", pontuou.
Dados no estado
De acordo com a Secretaria de estado de Segurança Pública (Sesp), até maio deste ano, o estado registrou 1.131 crimes informáticos. De 2023 para 2024, houve um aumento de quase 30% dos casos.
Crimes informáticos são aqueles cometidos por meio on-line de modo geral, independentemente da tipificação.
Crimes informáticos
Os dados incluem vários tipos de crimes que ocorrem na internet, como o deepfake. O delegado da Delegacia de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC) Brenno Andrade, comentou que na maioria das vezes criminosos se aproveitam do uso do deepfake.
"O que a gente verifica aqui na unidade policial são imagens criadas, editadas. O criminoso pega essa foto, edita e coloca como se a pessoa estivesse nua. A deepfake, quando é utilizada para fins indevidos, tem que ser combatida para não ter uma disseminação muito grande, porque ela pode causar danos para as pessoas: para a própria pessoa que teve a imagem criada e foi editada, e danos a terceiros, que recebem uma informação falsa e repassam essa informação", pontuou.
O delegado destacou que existem algumas formas de tentar identificar uma imagem falsa.
"A pessoa pode identificar geralmente pelas expressões na face de uma pessoa. Se ela tem pixels diferentes, se você vê algum borrado na boca, alguma expressão visual que é diferente de um ser humano normal, alguma gesticulação que foge ao habitual", observou.
A Polícia Civil orientou que vítimas desse tipo de ocorrência realizem o registro, podendo comparecer pessoalmente a uma delegacia ou efetuar o registro por meio da Delegacia Online, acessível pelo site , para que a polícia tome conhecimento do caso e dê início às investigações.
Pessoa mexendo no celular
Reprodução/TV Gazeta
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