LGBT+: ‘Foi a arte drag que me resgatou e me salvou’ declara drag queen de Mogi das Cruzes

Dia do Orgulho LGBT+ é celebrado neste sábado (28), e permite a cada um da comunidade expressar o orgulho de pertencer a cada uma dessas letras. Fórum Mogiano LGBT+ aponta que levar a cultura drag queen para as periferias é essencial para dar representatividade aos jovens da comunidade. Dia do Orgulho LGBT+ é celebrado neste sábado (28)
O Dia do Orgulho LGBTQIAP+, celebrado neste sábado (28), traz o orgulho de ser quem se é e de pertencer a cada uma dessas letras. Orgulho de ser uma drag queen, de se montar e performar, seja hoje, ontem, no centro ou na periferia.
O g1 conseguiu, por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), a quantidade de casos registrados como homofobia/transfobia no Alto Tietê.
Em 2023, foram 99 e em 2024 esse número saltou para 131. O primeiro trimestre de 2025 já registrou 45 casos como homofobia/transfobia na região.
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Já no Brasil, em 2024, foram 291 mortes violentas de pessoas LGBTQIAP+ ou movidas por LGBTfobia, de acordo com a Organização Grupo Gay da Bahia (GGB).Desde 1980 o GGB realiza este levantamento.
Ser LGBTQIAP+ no país que mais mata transexuais é uma forma de resistência que é necessária a todos da comunidade. Mas para a arte drag ocupar todos os espaços é, por muitas vezes, um processo difícil e lento, especialmente na periferia.
No dicionário drag queen é definida como: “Homem que se veste com roupas extravagantes, tradicionalmente associadas à mulher, e imita voz e trejeitos tipificadamente femininos, ger. apresentando-se como artista em shows, etc”.
Mas para Jackson Alves Inácio, de 30 anos, que nasceu e cresceu no distrito de Jundiapeba, em Mogi das Cruzes, ser drag queen é muito mais do que isso.
Ser drag queen foi a forma que encontrou para sobreviver, resistir e viver sua verdade.
“Vou fazendo meus eventos e participando de shows, palestras e levando o nome de Mogi e a arte drag. Sou militante da causa, que é minha vida e vivo a luta da valorização dos artistas. Mas tudo isso é graças à arte drag, se não fosse, eu não seria o que eu sou, foi a arte que me resgatou”.
Jackson Inácio dá vida a Tiffany Brandão
May Rabello
Aos 18 anos, quando se assumiu homossexual para a família, seu pai o expulsou de casa. Sem ter para onde ir, montou um barraco em Jundiapeba para morar.
Jackson contou que foi uma época difícil, até conhecer a antiga escola de samba do bairro. Na agremiação, conheceu os artistas que performavam como drag queens.
“[…] foi a arte drag que me resgatou e me salvou, eu peguei um amor que nada mais me abalava[...] A única maneira que tive pra ter a minha vida foi a arte drag”."
Ele relembrou que, nesse período, passou a dar aulas de dança na escola de samba. O carnavalesco da agremiação estava montando uma ala chamada Arco-Íris para o desfile de carnaval e pediu ajuda para Jackson para encontrar 12 drags queens para compor o grupo.
“Foi quando eu me montei pela primeira vez, que se tornou uma arte na vida, foi em 2013, no carnaval. Onde nasceu a drag queen Tiffany Brandão”.
Grupo Arco-Íris no carnaval de 2014 em Mogi das Cruzes
Arquivo pessoal/Jackson Inácio
Com mais de 20 looks, 15 perucas e inúmeros saltos, o nome Tiffany Brandão surgiu porque Jackson estava com um vestido branco, jaqueta de couro, uma pinta e uma peruca loira quando se montou.
Devido ao figurino parecido com que a personagem Tiffany usa no filme 'A Noiva de Chucky’, as amigas sugeriram que batizasse sua drag de Tiffany.
Já o Brandão foi ideia de seu companheiro, com quem está junto há 10 anos, pois, para ele, o sobrenome é sinônimo de empoderamento.
Desde então, Jackson passou a fazer parte do grupo, que saiu das avenidas do samba e passou a desfilar a arte drag por outros espaços.
“Seguimos pelo grupo Arco-Íris, composto por 12 drags de Mogi e Jundiapeba, fazendo performance, dublagem, bate cabelo e acrobacias, principalmente nas paradas LGBTQIAP+ de Santo André e Itaquaquecetuba”.
Os anos se passaram e as drags da periferia de Mogi das Cruzes levaram sua arte por onde passavam. No entanto, só Tiffany continuou na carreira.
“Continuei adiante levando minha arte por onde passo. Levo o nome de Mogi. Sou conhecida como rainha do Alto Tietê. Ganhei o concurso Drag Queen do carnaval de São Paulo em 2023”.
Entretanto, nem tudo são purpurinas e lantejoulas. Jackson explicou que, infelizmente, ainda não consegue sobreviver apenas da arte drag. Por isso, trabalha como açougueiro em um supermercado de Mogi das Cruzes durante a semana. Inclusive, relatou ser muito respeitado pelos colegas de trabalho por ser quem é.
Já aos finais de semana, se apresenta em casas noturnas, eventos, feiras culturais, despedidas de solteiro, aniversários, chás revelação e ministra palestras. “Hoje eu não consigo viver da arte drag, porque mesmo a gente estando na luta, as pioneiras deram a cara a tapa pra gente ser o que é hoje, o mercado não está valorizando ainda a gente”.
Tiffany e Jackson acreditam que a arte drag deveria ser mais valorizada. Eles esperam que mais lugares convidem as drags para mostrarem sua arte, para assim ocuparem seus espaços. “Eu levo performance, levo história pra contar, não é estar ali só pra rebolar, nas minhas performances, quero passar mensagem, tem começo, meio e fim”.
Hoje, Jackson convive com os pais. Sua mãe e seu pai até assistiram sua apresentação no Theatro Vasques.
“Quero mostrar que é uma performance, arte contemporânea, arte de vida, que podemos ser aceitos em todos os lares e lugares”, proclamou.
Antes e depois de Tiffany Brandão e Jackson Inácio
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Arte drag nas periferias
Com mais de 40 mil seguidores nas redes sociais, Kauan de Souza tem 19 anos, vive em Jundiapeba, trabalha em um supermercado do bairro e dá vida à Escarlate Drag.
Ele começou fazendo vídeos para a internet quando ainda era adolescente. Ao completar 18 anos, entendeu que aquilo que representava em frente às câmeras era a arte drag. Assim entrou no mundo das performances.
O nome Escarlate é devido a uma princesa e também por ser uma variação do vermelho, cor que é a preferida de Kauan.
Hoje, a artista tem entre sete e oito roupas de shows. Em todos os itens para se ‘montar’, Kauan já investiu em torno de R$ 1 mil.
A primeira apresentação como drag queen foi na Parada LGBT de Mogi das Cruzes, em 2024. De lá para cá, Escarlate já se apresentou em feira cultural em São Paulo, em bares, eventos e foi jurada de um concurso, além de continuar produzindo conteúdo para a internet.
“Eu tenho vontade de só fazer shows como drag, mudaria a minha vida a gente sente que a arte drag não é muito valorizada, a gente está aí buscando oportunidade e uma resistência entre a gente, pra poder conseguir apoio de políticos, do governo, pra gente ocupar os espaços, que são importantes”, relatou.
Kauan Santos, de 19 anos, dá vida à Escarlate Drag
Arquivo pessoal/Kauan Santos
Segundo Kauan, no bairro onde mora não há muita abertura para a arte drag, por isso, precisa recorrer ao centro da cidade e até a outros municípios para se apresentar.
“Aqui em Jundiapeba não tem muito da representatividade drag, porque não tem locais. Geralmente tem no centro, até que a arte drag é bem vista pelas pessoas, que vão ver a gente nos lugares [...] o pessoal está sempre buscando locais pra que nossa arte aconteça”.
O jovem explicou que, pela falta de oportunidades, muitas drags desistem da carreira. “Em Mogi, tem algumas drags, mas não são muitas, está meio escasso. Acho que se tivesse o apoio pra gente poder cada vez mais mostrar nossa arte, se Mogi apoiasse mais, ia ser ‘babado’”.
Kauan acredita que seria importante ter espaços ocupados pelas drags, para mostrar que elas existem e que resistem. “Pessoas LGBTS e queers, a gente sabe que tem em todo lugar, e se tivesse mais oportunidades para essas pessoas se apresentassem seria ‘uau’’.
Tiffany Brandão acredita que para acabar com o preconceito, é preciso ter a presença da arte drag em cada lugar, pois dessa forma, aqueles que não entendem possam respeitar. “Vou te confessar, que teve uma vez que teve quermesse de rua, fomos com o grupo Arco-Íris, fizemos show, a gente vê que ainda existe preconceito, mas por sermos de Mogi, de Jundiapeba, a gente foi acolhida, foi tão gostoso”, rememorou.
De acordo com Tiffany, muitos possuem uma falsa impressão de que não existe drag queen na cidade, mas isso acontece pela falta de representatividade.
“Mogi tinha que valorizar mais os artistas drag da cidade, você não vê em um aniversário da cidade, nos eventos que tem na cidade”, pontuou.
Para ela, um meio de levar a arte LGBTQIAP+ para todos os lugares e principalmente para as periferias seria através das conversas. “Um bate-papo, mostrar as artes, não só a drag, teatro, hip hop, isso está faltando muito, principalmente as drags, tem gente que mora nas periferias e tem que ir lá pra fora pra ir atrás de uma carreira artística”.
Escarlate Drag se apresentou pela primeira vez na Parada LGBT+ de Mogi das Cruzes em 2024
Arquivo pessoal/Kauan Santos
Fórum LGBT+ de Mogi das Cruzes
Para o presidente da Associação Fórum Mogiano LGBT+, Edrei Freitas, levar a cultura drag para as periferias é essencial para a representatividade, empoderamento e acesso à arte entre jovens LGBTQIAP+ marginalizados.
De acordo com Freitas, essa arte atua como resistência e abre caminhos para a formação profissional e inclusão social. “Isso pode ser feito por meio de oficinas, festivais, eventos e parcerias com coletivos locais. O poder público pode apoiar, com editais específicos, centros culturais inclusivos, contratação de artistas drag e campanhas educativas”, salientou.
O presidente do Fórum LGBT explicou que o apoio pode vir através da construção do conselho municipal LGBTQIAPN+ e garantir cotas em leis de incentivo.
“A descentralização cultural é um ato de justiça social”, finalizou.
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O Dia do Orgulho LGBTQIAP+, celebrado neste sábado (28), traz o orgulho de ser quem se é e de pertencer a cada uma dessas letras. Orgulho de ser uma drag queen, de se montar e performar, seja hoje, ontem, no centro ou na periferia.
O g1 conseguiu, por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), a quantidade de casos registrados como homofobia/transfobia no Alto Tietê.
Em 2023, foram 99 e em 2024 esse número saltou para 131. O primeiro trimestre de 2025 já registrou 45 casos como homofobia/transfobia na região.
✅ Clique para seguir o canal do g1 Mogi das Cruzes e Suzano no WhatsApp
Já no Brasil, em 2024, foram 291 mortes violentas de pessoas LGBTQIAP+ ou movidas por LGBTfobia, de acordo com a Organização Grupo Gay da Bahia (GGB).Desde 1980 o GGB realiza este levantamento.
Ser LGBTQIAP+ no país que mais mata transexuais é uma forma de resistência que é necessária a todos da comunidade. Mas para a arte drag ocupar todos os espaços é, por muitas vezes, um processo difícil e lento, especialmente na periferia.
No dicionário drag queen é definida como: “Homem que se veste com roupas extravagantes, tradicionalmente associadas à mulher, e imita voz e trejeitos tipificadamente femininos, ger. apresentando-se como artista em shows, etc”.
Mas para Jackson Alves Inácio, de 30 anos, que nasceu e cresceu no distrito de Jundiapeba, em Mogi das Cruzes, ser drag queen é muito mais do que isso.
Ser drag queen foi a forma que encontrou para sobreviver, resistir e viver sua verdade.
“Vou fazendo meus eventos e participando de shows, palestras e levando o nome de Mogi e a arte drag. Sou militante da causa, que é minha vida e vivo a luta da valorização dos artistas. Mas tudo isso é graças à arte drag, se não fosse, eu não seria o que eu sou, foi a arte que me resgatou”.
Jackson Inácio dá vida a Tiffany Brandão
May Rabello
Aos 18 anos, quando se assumiu homossexual para a família, seu pai o expulsou de casa. Sem ter para onde ir, montou um barraco em Jundiapeba para morar.
Jackson contou que foi uma época difícil, até conhecer a antiga escola de samba do bairro. Na agremiação, conheceu os artistas que performavam como drag queens.
“[…] foi a arte drag que me resgatou e me salvou, eu peguei um amor que nada mais me abalava[...] A única maneira que tive pra ter a minha vida foi a arte drag”."
Ele relembrou que, nesse período, passou a dar aulas de dança na escola de samba. O carnavalesco da agremiação estava montando uma ala chamada Arco-Íris para o desfile de carnaval e pediu ajuda para Jackson para encontrar 12 drags queens para compor o grupo.
“Foi quando eu me montei pela primeira vez, que se tornou uma arte na vida, foi em 2013, no carnaval. Onde nasceu a drag queen Tiffany Brandão”.
Grupo Arco-Íris no carnaval de 2014 em Mogi das Cruzes
Arquivo pessoal/Jackson Inácio
Com mais de 20 looks, 15 perucas e inúmeros saltos, o nome Tiffany Brandão surgiu porque Jackson estava com um vestido branco, jaqueta de couro, uma pinta e uma peruca loira quando se montou.
Devido ao figurino parecido com que a personagem Tiffany usa no filme 'A Noiva de Chucky’, as amigas sugeriram que batizasse sua drag de Tiffany.
Já o Brandão foi ideia de seu companheiro, com quem está junto há 10 anos, pois, para ele, o sobrenome é sinônimo de empoderamento.
Desde então, Jackson passou a fazer parte do grupo, que saiu das avenidas do samba e passou a desfilar a arte drag por outros espaços.
“Seguimos pelo grupo Arco-Íris, composto por 12 drags de Mogi e Jundiapeba, fazendo performance, dublagem, bate cabelo e acrobacias, principalmente nas paradas LGBTQIAP+ de Santo André e Itaquaquecetuba”.
Os anos se passaram e as drags da periferia de Mogi das Cruzes levaram sua arte por onde passavam. No entanto, só Tiffany continuou na carreira.
“Continuei adiante levando minha arte por onde passo. Levo o nome de Mogi. Sou conhecida como rainha do Alto Tietê. Ganhei o concurso Drag Queen do carnaval de São Paulo em 2023”.
Entretanto, nem tudo são purpurinas e lantejoulas. Jackson explicou que, infelizmente, ainda não consegue sobreviver apenas da arte drag. Por isso, trabalha como açougueiro em um supermercado de Mogi das Cruzes durante a semana. Inclusive, relatou ser muito respeitado pelos colegas de trabalho por ser quem é.
Já aos finais de semana, se apresenta em casas noturnas, eventos, feiras culturais, despedidas de solteiro, aniversários, chás revelação e ministra palestras. “Hoje eu não consigo viver da arte drag, porque mesmo a gente estando na luta, as pioneiras deram a cara a tapa pra gente ser o que é hoje, o mercado não está valorizando ainda a gente”.
Tiffany e Jackson acreditam que a arte drag deveria ser mais valorizada. Eles esperam que mais lugares convidem as drags para mostrarem sua arte, para assim ocuparem seus espaços. “Eu levo performance, levo história pra contar, não é estar ali só pra rebolar, nas minhas performances, quero passar mensagem, tem começo, meio e fim”.
Hoje, Jackson convive com os pais. Sua mãe e seu pai até assistiram sua apresentação no Theatro Vasques.
“Quero mostrar que é uma performance, arte contemporânea, arte de vida, que podemos ser aceitos em todos os lares e lugares”, proclamou.
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Arte drag nas periferias
Com mais de 40 mil seguidores nas redes sociais, Kauan de Souza tem 19 anos, vive em Jundiapeba, trabalha em um supermercado do bairro e dá vida à Escarlate Drag.
Ele começou fazendo vídeos para a internet quando ainda era adolescente. Ao completar 18 anos, entendeu que aquilo que representava em frente às câmeras era a arte drag. Assim entrou no mundo das performances.
O nome Escarlate é devido a uma princesa e também por ser uma variação do vermelho, cor que é a preferida de Kauan.
Hoje, a artista tem entre sete e oito roupas de shows. Em todos os itens para se ‘montar’, Kauan já investiu em torno de R$ 1 mil.
A primeira apresentação como drag queen foi na Parada LGBT de Mogi das Cruzes, em 2024. De lá para cá, Escarlate já se apresentou em feira cultural em São Paulo, em bares, eventos e foi jurada de um concurso, além de continuar produzindo conteúdo para a internet.
“Eu tenho vontade de só fazer shows como drag, mudaria a minha vida a gente sente que a arte drag não é muito valorizada, a gente está aí buscando oportunidade e uma resistência entre a gente, pra poder conseguir apoio de políticos, do governo, pra gente ocupar os espaços, que são importantes”, relatou.
Kauan Santos, de 19 anos, dá vida à Escarlate Drag
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Segundo Kauan, no bairro onde mora não há muita abertura para a arte drag, por isso, precisa recorrer ao centro da cidade e até a outros municípios para se apresentar.
“Aqui em Jundiapeba não tem muito da representatividade drag, porque não tem locais. Geralmente tem no centro, até que a arte drag é bem vista pelas pessoas, que vão ver a gente nos lugares [...] o pessoal está sempre buscando locais pra que nossa arte aconteça”.
O jovem explicou que, pela falta de oportunidades, muitas drags desistem da carreira. “Em Mogi, tem algumas drags, mas não são muitas, está meio escasso. Acho que se tivesse o apoio pra gente poder cada vez mais mostrar nossa arte, se Mogi apoiasse mais, ia ser ‘babado’”.
Kauan acredita que seria importante ter espaços ocupados pelas drags, para mostrar que elas existem e que resistem. “Pessoas LGBTS e queers, a gente sabe que tem em todo lugar, e se tivesse mais oportunidades para essas pessoas se apresentassem seria ‘uau’’.
Tiffany Brandão acredita que para acabar com o preconceito, é preciso ter a presença da arte drag em cada lugar, pois dessa forma, aqueles que não entendem possam respeitar. “Vou te confessar, que teve uma vez que teve quermesse de rua, fomos com o grupo Arco-Íris, fizemos show, a gente vê que ainda existe preconceito, mas por sermos de Mogi, de Jundiapeba, a gente foi acolhida, foi tão gostoso”, rememorou.
De acordo com Tiffany, muitos possuem uma falsa impressão de que não existe drag queen na cidade, mas isso acontece pela falta de representatividade.
“Mogi tinha que valorizar mais os artistas drag da cidade, você não vê em um aniversário da cidade, nos eventos que tem na cidade”, pontuou.
Para ela, um meio de levar a arte LGBTQIAP+ para todos os lugares e principalmente para as periferias seria através das conversas. “Um bate-papo, mostrar as artes, não só a drag, teatro, hip hop, isso está faltando muito, principalmente as drags, tem gente que mora nas periferias e tem que ir lá pra fora pra ir atrás de uma carreira artística”.
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