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De comissário de bordo a enfermeira: quadrilheiros conciliam trabalho com apresentações no São João; FOTOS

De comissário de bordo a enfermeira: quadrilheiros conciliam trabalho com apresentações no São João; FOTOS
Integrantes de quadrilhas juninas de Pernambuco contam como conseguem trabalhar enquanto precisam ensaiar e se apresentar. Artistas usam férias, banco de horas e contam com ajuda de colegas. Quadrilheiros ensaiam por meses para apresentações no São João
Montagem/g1
Muitos aguardam junho para iniciar os festejos de São João. Mas, para alguns, o ciclo junino começa bem antes: seja porque as quadrilhas juninas escolhem os temas das apresentações já no ano anterior, ou porque os quadrilheiros iniciam os ensaios em janeiro. Muita dedicação está por trás dos espetáculos de música, dança e teatro que encantam a plateia nas quadras e arenas.
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Para ter harmonia entre dezenas de dançarinos, uma quadrilha tem como base a sincronia. É necessário alinhar coreografia, figurino, maquiagem e música. Para isso, é necessário muito treino.
Integrantes das quadrilhas juninas adultas precisam, muitas vezes, conciliar a profissão com a dedicação à arte. Para eles, o São João não tem começo, meio, nem fim, porque já faz parte do cotidiano.
O g1 conversou com algumas dessas pessoas para entender essa jornada dupla. Tem como trabalhar em emergência hospitalar e ainda dançar quadrilha? A técnica de enfermagem Noviane Challisa encontrou um jeito. E pode trabalhar viajando e ainda comparecer aos ensaios semanais? O comissário de bordo Jorge Otacílio faz acontecer.
Conheça a história das quadrilhas juninas que virarem a alma do São João
Fábio Andrade - Cabeleireiro x Quadrilha Lumiar
Fábio Andrade é quadrilheiro há 40 anos, sendo 29 anos dedicados à Quadrilha Junina Lumiar. Hoje, além de dançar, ele é marcador e presidente do grupo.
Cabeleireiro de profissão, no ano passado ele iniciou em uma nova empresa e disse que, já na entrevista de emprego, informou da necessidade das férias em junho. A folga durante o mês serve para conciliar com a rotina pesada de ensaios e apresentações no São João.
Os ensaios da Lumiar começam em janeiro e acontecem nos domingos, o dia todo. A escolha do dia foi para ajudar os componentes a conciliarem com suas rotinas de trabalho e estudo.
Para Fábio, que trabalha também aos domingos, só é possível comparecer aos ensaios quando consegue trocar de horário com algum colega ou fazendo uma jornada dupla.
"Quando eu não consigo trocar, eu vou no ensaio pela manhã, de tarde vou trabalhar e tento retornar ainda para pegar o final do ensaio", conta o quadrilheiro.
Mas o cabeleireiro diz que recebe incentivo de todos: "Meus colegas sabem da quadrilha, até meus clientes sabem da quadrilha! E todo mundo dá o maior apoio, pergunta e fica acompanhando os concursos, é bem interessante", afirma.
De acordo com Fábio, no final do ciclo junino, todo esforço compensa. "Chega um período em que a gente fica cansado, mas quando acaba a gente fica com saudade."
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Noviane Challisa - Téc. em enfermagem x Quadrilha Dona Matuta
Em concursos, um dos critérios de avaliação das quadrilhas juninas é a pontualidade. Para não perder pontos, os componentes devem estar presentes e o cenário montado para quando o cronômetro começar a contar os 25 minutos para apresentação. Com isso, alguns quadrilheiros, por estarem no trabalho, precisam acelerar para chegar na hora.
Noviane Challisa tem 26 anos, dança quadrilha desde os 2 anos e participa da Dona Matuta há nove anos. Desde 2022 ela, que é técnica em enfermagem, precisa conciliar os plantões com os ensaios e espetáculos de São João.
"Já aconteceu de eu estar de plantão e ter que ir para apresentação. Tive que sair 'nas carreiras', me arrumei no trabalho, quando eu larguei, e fui embora correndo para não chegar atrasada e perder ponto", lembrou a jovem.
Em 2022, ela não conseguiu tirar férias no mês de junho e isso pesou muito na rotina. Hoje, além do trabalho em emergências no Recife, Noviane também concilia o São João com a graduação em enfermagem.
Apesar da correria, para ela, quando veste o figurino para se apresentar, todo esforço compensa.
"É uma válvula de escape, uma sensação de liberdade. Quando estou na Dona Matuta, consigo esquecer de todos os problemas. Esqueço que tenho faculdade, que tenho trabalho, até que tenho dívidas", brincou.
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Jorge Otacílio - Comissário de bordo x Quadrilha Lumiar
E quando os ensaios e apresentações no chão das quadras precisam ser conciliados com uma rotina nos ares? Comissário de bordo há sete anos, Jorge Otacílio, de 38 anos, participa da quadrilha Lumiar desde 2014.
Por um período, por causa da dificuldade de conciliar com a profissão, ele precisou se afastar da quadrilha. Mas o amor pelo São João o trouxe de volta.
"Se fosse minha rotina normal, eu não conseguiria. Mas, hoje, trabalho numa empresa que oferece um pouco mais de flexibilidade. Nós podemos pedir três folgas todos os meses. Então, eu peço três domingos de folga por mês, para que eu possa participar dos ensaios. E peço as minhas férias para junho, que é o mês do ciclo junino", diz Jorge.
São seis meses intensos, porque os ensaios começam em janeiro e as apresentações de São João ocupam o calendário de junho.
"É um pouco cansativo, porque muitas vezes eu saio do voo direto para o Recife só para fazer o ensaio, mas vale a pena", afirma.
Segundo Jorge, os colegas de trabalho apoiam sua arte e sempre pedem fotos e vídeos das apresentações da quadrilha. Essa parceria ajuda, também, quando ele precisa trocar a escala em algum voo com outro comissário, para honrar com compromissos juninos.
"Quando você entra em quadra e escuta o grito das pessoas dizendo 'Lumiar', você consegue sentir a emoção que só quem está lá dentro realmente sabe", comenta o quadrilheiro. "É onde realmente eu me sinto completo e mais feliz", disse.
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Flávia Silva - Analista financeira x Quadrilha Raio de Sol
O sentimento de pertencimento é compartilhado por vários quadrilheiros. Para Flávia Silva, de 34 anos, participar da Raio de Sol é como ter uma segunda família.
"Quando o período junino acaba, a gente sente um vazio, porque a gente forma uma família. A quadrilha é uma segunda família. Querendo ou não, a gente está todo final de semana juntos. Ano passado, dançamos até novembro. Então, é como se a gente vivesse o ano todo juntos", diz Flávia.
Há 10 anos, ela concilia a rotina da quadrilha com seu trabalho de analista financeira. Para ela, tirar férias em junho não é necessário, porque a Raio de Sol não viaja para se apresentar durante o mês. "Dá pra sair, dançar e voltar para trabalhar", conta.
Por outro lado, julho e agosto são o período de concursos, e muitos acontecem fora do Recife. Como ela sempre participa das viagens, Silvia prefere repartir as férias entre esses dois meses. Além disso, ela usa o banco de horas da empresa folgar em dias de apresentação.
Para ela, a jornada é tripla, pois ela ainda precisa conciliar o trabalho e a quadrilha junina com a maternidade.
"Eu trabalho longe de casa. Então, acordo todos os dias às 4h, porque tenho um filho de 7 anos. Eu preciso estar no trabalho às 7h, e só volto para casa às 19h. Quando vou dormir, é quase meia-noite", diz.
A partir de janeiro, os ensaios da Raio de Sol acontecem nos finais de semana. Mas, com a aproximação do São João, a rotina intensifica e os ensaios também passam a ocorrer nas quintas e sextas-feiras.
"Quando a gente veste o figurino, é aquele momento de colocar em prática tudo que trabalhamos durante seis meses. Parece que eu estou vestindo uma armadura. [...] Para mim, é muito gratificante", diz Flávia.
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⤵️Veja, no vídeo abaixo, trechos de apresentações das quadrilhas no São João 2025:
Quadrilhas juninas de Pernambuco se apresentam no São João 2025
*Estagiária sob supervisão do editor Pedro Alves.
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