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Jogador de futebol Miguelito vira réu na Justiça acusado de ofensa racista contra adversário durante jogo no Paraná

Jogador de futebol Miguelito vira réu na Justiça acusado de ofensa racista contra adversário durante jogo no Paraná
Atleta boliviano foi preso em flagrante na saída do estádio e recebeu liberdade provisória no dia seguinte. Defesa de Miguelito e clube no qual ele atua, América-MG, informam que 'atleta irá apresentar sua defesa'. Em depoimento à polícia, Miguelito, meia do América-MG, negou ter usado expressões racistas contra outro jogador
Polícia Civil
O jogador de futebol boliviano Miguel Angel Terceros Acuña, conhecido como Miguelito, do América Futebol Clube (América-MG), virou réu na Justiça, acusado de injúria racial contra o jogador brasileiro Allano Brendon de Souza Lima, do Operário Ferroviário Esporte Clube (Ofec-PR).
A denúncia foi feita na quarta-feira (7) pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) e aceita no mesmo dia pela 1ª Vara Criminal de Ponta Grossa, cidade paranaense onde aconteceu o caso.
De acordo com a denúncia, no domingo (4), em um jogo válido pela Série B do Brasileirão, aos 30 minutos de jogo Miguelito chamou Allano de "preto do ca**lho". Após receber o relato, o árbitro interrompeu a partida e executou o protocolo "antirracismo" do esporte. Miguelito foi preso na saída do estádio e, no dia seguinte, foi solto para responder em liberdade. Relembre detalhes mais abaixo.
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"As imagens oficiais do jogo aludido demonstram o exato momento em que o denunciado vira o rosto e profere a injúria racial contra a vítima", diz o MP na denúncia, destacando também que outro jogador do Operário relatou ter presenciado o crime.
Em depoimento à polícia, Miguelito negou ter cometido o crime.
Na denúncia criminal do MP-PR, assinada pelo promotor João Conrado Blum Júnior, ele ressalta optar por não oferecer ao jogador um acordo de não-persecução penal - quando uma multa é estabelecida e libera o acusado de um processo criminal.
"Não se tolera, sob nenhuma hipótese, essa forma vil de discriminação das pessoas, uma violência evidente ao direito à existência, que nos divide enquanto seres humanos dotados de racionalidade. Em outras palavras, por ser uma violência evidente e, assim, não ser suficiente para reprovação do delito, a situação fática não permite a aplicabilidade do acordo de não persecução penal", diz o promotor.
Sobre o processo criminal, a defesa de Miguelito e o clube América-MG informaram que "o atleta irá apresentar sua defesa".
O América-MG informou ainda que o jogador vem recebendo "todo o apoio do clube" e vem treinando normalmente. Ele foi suspenso preventivamente pelo STJD até o julgamento do caso na esfera desportiva, o que deve ocorrer na próxima semana.
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Crime de injúria racial
A Lei nº 7.716, de 1989, define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor. Em 2023, ela passou a tipificar o crime de injúria racial:
Art. 2º-A: Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, em razão de raça, cor, etnia ou procedência nacional
A pena prevista para o crime é de dois a cinco anos de prisão, mais multa. Em caso de crime cometido por duas ou mais pessoas, a pena pode ser aumentada.
No inquérito policial do caso de Miguelito e Allano, é citado que “a injúria racial, enquanto forma de exteriorização do racismo, carrega em sua prática especial gravidade, considerando o bem jurídico histórico e globalmente violado que se pretende proteger”.
Relembre o caso
Árbitro executa 'protocolo antirracismo' no Brasileirão; jogador foi preso em flagrante
A situação aconteceu aos 30 minutos do primeiro tempo. O jogo ficou paralisado por cerca de 15 minutos, e depois Miguelito continuou jogando. Ao final da partida, na noite de domingo (4), o jogador foi levado pela Polícia Militar até uma delegacia da Polícia Civil da cidade e detido em flagrante.
"Após lance de disputa de bola seguido de falta a favor da equipe do Operário Ferroviário, o jogador do América-MG teria proferido a expressão 'preto do ca**lho' contra o jogador da equipe paranaense. [...] A ofensa racial foi confirmada tanto pela vítima, quanto pelo jogador Jacy, capitão do Operário Ferroviário, que presenciou o ocorrido", explicou o delegado Gabriel Munhoz, responsável pelo caso.
Após receber o relato do caso, o árbitro principal da partida, Alisson Sidnei Furtado, pausou o jogo e executou o "protocolo antirracismo" previsto pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Assista acima.
O profissional fez um gesto de X com os braços, em frente ao peito. Com isso, a denúncia de injúria racial deve constar na súmula do jogo. O procedimento foi implementado pela CBF após recomendação da Federação Internacional de Futebol Associado (Fifa).
Entenda o que é o protocolo antirracismo
Segundo o delegado, as imagens da transmissão oficial não captaram a ofensa porque o atleta estava de costas para as câmeras no momento da fala. Entretanto, para ele, os depoimentos foram considerados suficientes para a caracterização do flagrante.
Menos de 24 horas depois, a liberdade provisória foi concedida e, com isso, o jogador responderá pelo crime em liberdade.
MAIS SOBRE O CASO: Alvo da injúria foi vítima de ofensa racial em outro jogo do Brasileirão há menos de um ano
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