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Açaí, baião de dois, ovos de Páscoa: substância usada em envenenamento é alvo de projeto de lei para regular venda; entenda

Açaí, baião de dois, ovos de Páscoa: substância usada em envenenamento é alvo de projeto de lei para regular venda; entenda
Casos mostram falha na regulação da venda e facilidade de acesso ao produto tóxico. Além disso, expõe deficiências do sistema de saúde. Substância usada em envenenamento é alvo de projeto de lei
No último dia 31 de maio, a adolescente Ana Luiza Neves, de 17 anos, morreu depois de comer um bolo envenenado. O doce foi entregue em casa, com balas e um bilhete afetuoso, por um motoboy. O presente, no entanto, escondia uma substância letal: trióxido de arsênio, um veneno conhecido há séculos, mas ainda de venda livre no Brasil.
O trióxido de arsênio é uma substância química altamente tóxica, utilizada na indústria e no tratamento de doenças como leucemia. Mas seu nome também está entre os mais antigos da história da toxicologia. “Foi uma das primeiras substâncias utilizadas em crimes de envenenamento”, explicou Rafael Lanara, farmacêutico bioquímico e presidente da Sociedade Brasileira de Toxicologia. (Veja vídeo acima.)
No último ano, centros de intoxicação de várias regiões do país têm registrado casos semelhantes com arsênio e também com o chumbinho — que é proibido.
Houve casos envolvendo alimentos como açaí, baião-de-dois e ovos de Páscoa. No Rio Grande do Sul, quatro pessoas morreram após consumir um bolo envenenado com a mesma substância. Dois projetos de lei foram apresentados para regulamentar a venda.
No Reino Unido, a rainha Vitória proibiu a venda irrestrita de arsênio no século 19. Mas no Brasil é diferente. “Infelizmente o arsênio não é uma substância controlada. Não é proibido”, afirmou Lanara. A jovem que envenenou Ana e Kamilly comprou o produto pela internet.
“O arsênio deveria ser controlado. Frente a esses casos que estão aumentando, é de suma importância que a gente tenha controle da venda desse produto, principalmente pela internet”, alertou Rafael Lanara. O pai de Ana também questiona: “Como é que ela comprou essa substância tão perigosa?”
Ana Luiza de Oliveira Neves se sentiu mal após consumir um bolo entregue por um motoboy com um bilhete misterioso.
Reprodução/Redes Sociais
Sistema de saúde despreparado
Além do fácil acesso ao veneno, o Brasil enfrenta outro desafio: a escassez de antídoto para intoxicação por arsênio. “A gente recomenda que os centros de toxicologia, o Ciatox, sejam consultados na suspeita de intoxicação. Tem que ter antídoto, caso contrário é difícil reverter”, afirmou Lanara.
Mas a realidade nos hospitais é outra. “Hoje nós temos dificuldade de ter esse antídoto na prateleira de uma farmácia dentro de uma unidade de saúde. Não está normatizado e não tem disponível para pronto atendimento”, alertou Patrícia Drummond, médica toxicologista e diretora da Associação Brasileira dos Centros de Intoxicação.
Em nota, o Ministério da Saúde disse que está prevista a implantação de uma linha de cuidados para pessoas intoxicadas até 2030.
Kamilly, a jovem que sobreviveu, ainda se recupera. “Infelizmente, eu e ela não tivemos o mesmo destino. É muito triste saber. Somos jovens, muitos sonhos pela frente. Infelizmente o dela acabou por ali.”
A jovem que confessou os dois envenenamentos está internada na Fundação Casa. Por ser menor de idade, pode cumprir até três anos de reclusão.
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